DIAGNÓSTICO E PLANO DE AÇÃO PARA OS PROCESSOS LOGÍSTICOS DAS EMPRESAS DO APL DE BIOTECNOLOGIA DA RMBH. Ricardo S. Martins Coordenador UFMG/NIPELOG



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DIAGNÓSTICO E PLANO DE AÇÃO PARA OS PROCESSOS LOGÍSTICOS DAS EMPRESAS DO APL DE BIOTECNOLOGIA DA RMBH Ricardo S. Martins Coordenador UFMG/NIPELOG Belo Horizonte MG Junho de 2013

Diagnóstico e Plano de Ação para os Processos Logísticos das Empresas do Segmento de Serviços e Insumos do APL de Biotecnologia da DIAGNÓSTICO E PLANO DE AÇÃO PARA OS PROCESSOS LOGÍSTICOS DAS EMPRESAS DO APL DE BIOTECNOLOGIA DA RMBH Núcleo Interdisciplinar em Pesquisa e Extensão em Logística (NIPELOG-UFMG) Av. Pres. Antônio Carlos, 6.627 - Face/UFMG - Sala 4.124 CEP 31270-901 - Belo Horizonte - MG Tels.: 31-3409-7033 e 31-8717-9564 Belo Horizonte MG Junho de 2013

Diagnóstico e Plano de Ação para os Processos Logísticos das Empresas do Segmento de Serviços e Insumos do APL de Biotecnologia da SUMÁRIO EXECUTIVO Através do levantamento de informações com 22 empresas do setor de Biotecnologia e Ciências da Vida da Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi desenvolvido um Diagnóstico e um Plano de Ações para o aprimoramento de seus processos com vistas à alavancagem da competitividade. Em geral, o aglomerado de empresas de biotecnologia tem um relacionamento desfavorável com os fornecedores. Com pequeno ou muito pequeno poder de barganha, veem os fornecedores ditarem preços, atrasarem as entregas, pecarem na qualidade dos itens e entregarem de forma inconsistente. Por outro lado, têm estreitas oportunidades de substituí-los. Ademais, estoques de materiais são formados, implicando significativo comprometimento financeiro das empresas. Por força de exigência de lotes de venda dos fornecedores ou da racionalidade dos custos de importação, os estoques de itens de baixo giro e longo prazo de cobertura são inadequados, ao mesmo tempo em que compras emergenciais são, com certa frequência, observadas, para complementar a relação de itens necessárias aos processos de produção. Nas duas situações, custos adicionais são agregados aos produtos, corroendo as margens das empresas, num caso, pelos custos financeiros de manter estoque, e noutro, pelos custos das compras fora da programação. No que se refere às atividades de importação, as empresas importadoras são afetadas pelas ineficiências associadas aos procedimentos burocráticos de inspeção e liberação de cargas, o que torna o tempo de ciclo das importações muito longo e imprevisível. Considerando-se a característica de perecibilidade e periculosidade de boa parte dos materiais adquiridos, há unanimidade na necessidade de se intervir nestes procedimentos burocráticos, bem como no aumento do número de rotas internacionais para Confins. Na esfera da programação da produção e controle dos estoques, sobressaem as ineficiências da gestão, derivadas do uso de procedimentos baseados em sistemas de informações inadequados ou obsoletos, automatizados ou não. São situações individuais que demandam intervenções de cada empresa em seus processos e contratação de sistemas de informações mais qualificados a apoiar suas operações adequadamente. A implicação de tudo isso é a circulação atrasada ou mesmo falha das informações internas, ou por falta de alimentação do sistema, ou por ineficácia do sistema de fazer a informação chegar a quem precisa do compartilhamento. Quanto à distribuição, os problemas detectados estão no âmbito dos processos da armazenagem, da expedição e dos transportes. Na armazenagem, um problema de grande impacto é o espaço insuficiente para o armazenamento de produtos acabados, que pode ser motivado pelos requisitos variados dos itens comercializados, tais como temperatura, umidade e isolamento, pela fabricação guiada pelos lotes econômicos, que gera excedentes e pela desconexão entre a produção e a evolução da demanda.

Diagnóstico e Plano de Ação para os Processos Logísticos das Empresas do Segmento de Serviços e Insumos do APL de Biotecnologia da Mas, não é apenas problema de espaço. Há problemas generalizados entre as empresas de diferenças entre o estoque virtual e a contagem física de itens. Isso provoca custos adicionais, aumento do tempo de atendimento e desgaste de imagem com os clientes. Por outro lado, o frete é considerado alto e esta é a maior reclamação das empresas. Deve-se considerar que as oportunidades de compartilhamento da logística devem ser bem trabalhadas, pois algumas cargas são enviadas de maneira pulverizada para laboratórios de pequeno e médio portes em todo o país, implicando as empresas de courier como potenciais prestadores de serviço. Logicamente, esta solução não atende a todos, tais como os revendedores de equipamentos. Deve-se considerar um universo ainda pouco explorado, que a modalidade aérea. Há também deficiência de treinamento de pessoal, que compromete de maneira significativa os processos de produção e expedição, ao não manterem as informações sobre estoque de materiais e produtos atualizadas e confiáveis, e ao tornarem as atividades de separação de pedidos e emissão de documentos atividades demoradas e com recorrente necessidade de correção.

Diagnóstico e Plano de Ação para os Processos Logísticos das Empresas do Segmento de Serviços e Insumos do APL de Biotecnologia da SUMÁRIO Sumário Executivo CAPÍTULO 1 - DIAGNÓSTICO E PLANO DE AÇÃO PARA OS PROCESSOS LOGÍSTICOS DAS EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE 1. INTRODUÇÃO... 1 2. EMPRESAS DA AMOSTRA... 2 3. CARACTERÍSTICAS GERAIS... 4 3.1 Subsistema de Suprimentos... 5 3.1.1 Aspectos dos relacionamentos com os fornecedores... 5 3.1.2 Aspectos relacionados à importação de materiais... 9 3.2 Subsistema de Produção... 10 3.2.1 Aspectos planejamento da demanda e gestão dos estoques para materiais... 10 3.2.2 Aspectos de armazenagem de materiais... 12 3.3 Subsistema de Distribuição... 12 3.3.1 Aspectos da armazenagem de produtos acabados... 13 3.3.2 Processos da expedição... 14 3.3.3 Aspectos do transporte de produtos acabados... 4. DIAGNÓSTICO SITUACIONAL... 15 5. PLANO DE AÇÕES... 16 14 CAPÍTULO 2 EMPRESAS DO SEGMENTO DE EQUIPAMENTOS 1. INTRODUÇÃO... 23 2. CARACTERÍSTICAS GERAIS... 23 2.1 Subsistema de Suprimentos... 24 2.1.1 Aspectos dos relacionamentos com os fornecedores... 24 2.1.2 Aspectos relacionados à importação de materiais... 28 2.2 Subsistema de Produção... 29 2.2.1 Aspectos planejamento da demanda e gestão dos estoques para materiais... 30

Diagnóstico e Plano de Ação para os Processos Logísticos das Empresas do Segmento de Serviços e Insumos do APL de Biotecnologia da 2.2.2 Aspectos da armazenagem de materiais... 30 2.3 Subsistema de Distribuição... 31 2.3.1 Aspectos da armazenagem de produtos acabados... 32 2.3.2 Processos da expedição... 32 2.3.3 Aspectos do transporte de produtos acabados... 3. DIAGNÓSTICO SITUACIONAL... 33 4. PLANO DE AÇÕES... 35 33 CAPÍTULO 3 EMPRESAS DO SEGMENTO DE SERVIÇOS E INSUMOS 1. INTRODUÇÃO... 40 2. CARACTERÍSTICAS GERAIS... 41 2.1 Subsistema de Suprimentos... 42 2.1.1 Aspectos dos relacionamentos com os fornecedores... 42 2.1.2 Aspectos relacionados à importação de materiais... 47 2.2 Subsistema de Produção... 47 2.2.1 Aspectos planejamento da demanda e gestão dos estoques para materiais... 48 2.2.2 Aspectos da armazenagem de materiais... 49 2.3 Subsistema de Distribuição... 49 2.3.1 Aspectos da armazenagem de produtos acabados... 50 2.3.2 Processos da expedição... 51 2.3.3 Aspectos do transporte de produtos acabados... 3. DIAGNÓSTICO SITUACIONAL... 52 4. PLANO DE AÇÕES... 53 ANEXO JUSTIFICATIVAS DAS EMPRESAS... 58 51

CAPÍTULO 1 DIAGNÓSTICO E PLANO DE AÇÃO PARA OS PROCESSOS LOGÍSTICOS DAS EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE 1. INTRODUÇÃO O objetivo deste relatório foi elaborar um diagnóstico da logística em empresas que compõem o polo de Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. A intenção foi contribuir para que as empresas possam aprimorar suas atividades através do uso estratégico da logística. A justificativa principal para tal produto é a identificação, pelo SEBRAE-MG, da necessidade de aumentar a sua capacidade de resposta às demandas de pequenas e médias empresas que tenham a logística como um dos temas envolvidos. Neste contexto, estabeleceu-se um contrato entre o SEBRAE-MG e a Universidade Federal de Minas Gerais, através do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Extensão em Logística NIPELOG. Este Núcleo foi formado em 2006 e tem como Missão desenvolver atividades de pesquisa e de extensão no campo das operações logísticas, a partir de iniciativas que promovam o conhecimento técnico-científico e prático de sistemas logísticos de empresas públicas e privadas e de cadeias de suprimentos de bens e de serviços. 2. EMPRESAS DA AMOSTRA As informações que compõem este relatório foram obtidas a partir de visitas técnicas realizadas nas empresas listadas na Tabela 1. Estas empresas foram identificadas a partir da lista de associadas da Ambiotec Associação Mineira de Empresas de Biotecnologia e Ciências da Vida e também identificadas pela FIEMG. Ou seja, a amostragem foi não-probabilística e por acessibilidade, tendo atingido cerca de 25% do universo das empresas. Outras empresas da lista foram procuradas ou descartadas, conforme as justificativas contidas na Tabela 2. 1

Tabela 1 Relação de empresas visitadas EMPRESA RESPONSÁVEL DATA ADCA Clip Adilson e Henrique Carvalho 03/04/2013 Alere Gilton 05/04/2013 Catedral Indústria Farmacêutica Antônio Guilherme, Telma 14/05/2013 Celer Biotecnologia Andreas Flug 04/04/2013 Cenatte Embriões Júnior 30/04/2013 Endobrax Comércio de Equipamentos Médicos Cleber Batista Souza 03/04/2013 GCT Global Warley Silva 10/04/2013 Hermes Pardini Grisson Silva, Maria Beatriz e Cleber Miranda 22/04/2013 Labtest Diagnóstica Cláudia 25/04/2013 Linhagem Soluções em Genética Roberto 18/04/2013 MBiolog Diagnósticos Arlei 18/04/2013 Mediphacos Soluções em Genética Equipamentos e Serviços Fernanda e Vinícius Gonçalves 09/04/2013 Medx Indústria e Comércio Écio Figueiredo Cota 04/04/2013 Phoneutria Biotecnologia e Serviços Júnia Victoria 04/04/2013 Pró Criar Rosimeire Soares 09/05/2013 Quibasa Química Básica Sílvio Amdt 29/03/2013 Scholly Latin America Importação e Comércio Marcelo Closel 23/04/2013 Síntese Biotecnologia St. Jude Medical Henrique Vinagre Eduardo Magalhães 13 e 27/05/2013 16 e 24/05/2013 Technodry Liofilizados Médicos Cristina Martins 03/05/2013 Uniclon Biotecnologia Túlio Marcos 17/04/2013 2

Tabela 2 Relação de empresas identificadas mas não visitadas Empresa Justificativa 1 Enzytec Fora do Escopo 2 Ampligenix Biotech Indisponibilidade de agenda 3 Aptivalux Bioengenharia Recusa em participar 4 Axoon Soluções Fora do Escopo 5 Bioaptus Consultoria e Serv. de Biotecnologia Recusa em participar 6 Biocod Biotecnologia Recusa em participar 7 Bioeasy Diagnóstica Indisponibilidade de agenda 8 Bioeletron Localização fora da RMBH 9 Biogenetics Localização fora da RMBH 10 Biológica Des. Proj Proces em Biotecnologia Fora do Escopo 11 Biomm Technology Recusa em participar 12 Bio-Rad Não retornou contatos 13 Biotécnica Indústria e Comércio Ltda Localização fora da RMBH 14 CDMA Diagnóstico Indisponibilidade de agenda 15 Codon Biotecnologia Indisponibilidade de agenda 16 Diamed Não retornou contatos 17 Ecovec Recusa em participar 18 Ferrara Ophtalmics Recusa em participar 19 Fertilize Localização fora da RMBH 20 GE Healthcare Indicaram XPRO (grupo) 21 Hertape Caller Indisponibilidade de agenda 22 Hypofarma Inst. de Hypodermia e Farmácia Não retornou contatos 23 In Vitro Cells Fora do Escopo 24 In Vitro Diagnóstica Localização fora da RMBH 25 JHS Laboratório Recusa em participar 26 Katal Biotecnologia Não retornou contatos 27 Laboratório Analys Indisponibilidade de agenda 28 Laboratório Cera Doutor Lustosa Ltda Localização fora da RMBH 29 Laboratório Humberto Abraão Não retornou contatos 30 Laboratório Ibituruna Ltda Localização fora da RMBH 3

Empresa Justificativa 31 Laboratórios Osório de Moraes Ltda Recusa em participar 32 Laborkit Indústria e Comércio Ltda Localização fora da RMBH 33 Micra Biotecnologia Empresa não foi localizada 34 Nectar Farmaceutica Ltda - ME Não retornou contatos 35 Patologia Geraldo Lustosa Não retornou contatos 36 Philips Healthcare Não retornou contatos 37 Reagens do Brasil Produtos Laboratoriais Indisponibilidade de agenda 38 Renylab Química Farmacêutica Localização fora da RMBH 39 ToLife Soluções Inovadoras Recusa em participar 40 Trymed Clinical Research Não retornou contatos 41 Valid Biotecnologia Fora do Escopo 42 Waycarbon Fora do Escopo 43 XPRO Não retornou contatos 3. CARACTERÍSTICAS GERAIS As empresas do setor de Biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte participantes da pesquisa foram caracterizadas como produtoras de insumos e serviços e/ou produzem e comercializam equipamentos voltados para o suporte a atividades distintas. As empresas possuem grande variedade quanto à data de fundação. A mais antiga foi fundada na década de 1950, mas, em sua maioria, as empresas foram fundadas na década de 2000. Em geral, têm enfoque na área médica e atividades médico-veterinárias, prestam serviços de exames e análises clínicas diversas, montam e revendem equipamentos para apoio a procedimentos laboratoriais e cirúrgicos. Uma das empresas atua no negócio de tratamento de resíduos sólidos e líquidos de indústrias. Podem ser destacados como os principais produtos: exame de paternidade, lente de contate, fertilização in vitro de bovinos, kit para diagnósticos de laboratórios de análise clínicas, reagentes, produção e comercialização de embriões, clonagem, enzimas, clips para aneurismas, Hemostáticos, material biológico para exames, cromatografia, cultivo de bactérias, equipamentos de cirurgia de oftalmologia, desfibriladores, eletrocardiógrafos, monitores de pressão, equipamentos auxiliares para realização de cirurgia vídeo-assistidas, analisador bioquímico, lavador automático de microplacas, leitora de microplacas, comercialização de equipamentos e acessórios importados. 4

As empresas possuem uma diversidade de clientes, dentre eles, podem ser destacados como principais: distribuidores especializados em equipamentos médicos, clínicas, hospitais, consultoria, Órgãos Públicos, tais como Embrapa, Universidades, Institutos de Pesquisa, laboratórios, Bombeiros e SAMUs, Planos de saúde e indústria alimentícia. A empresa que atua no negócio de tratamento de resíduos atende a grandes indústrias localizadas principalmente no sudeste brasileiro. Nenhuma delas exporta. Há concorrentes locais ou internacionais, localizados nos Estados Unidos, Ásia ou Europa. A empresa de tratamento de resíduos alega não ter concorrentes. 3.1 Subsistema de Suprimentos O subsistema de suprimentos tem por função prover o material certo, no local certo de operação, no instante correto e com o mínimo custo possível. Uma boa administração de materiais significa coordenar a movimentação dos suprimentos com as exigências da produção ou das vendas. Ou seja, engloba as atividades tradicionais de compras das empresas sem segmentação organizacional que consideram a logística. No subsistema de suprimento, existem algumas atividades que têm impactos diretos no fluxo e nos custos logísticos. A seguir, serão analisados os fatores que afetam o desempenho da empresa nas atividades de suprimentos. 3.1.1 Aspectos dos relacionamentos com os fornecedores As informações analisadas a seguir levam em consideração a aquisição dos três principais materiais, em termos de impacto financeiro, necessários para os processos de produção dos produtos ou serviços das empresas. O Gráfico 1 apresenta informações referentes à posição das empresas do segmento perante seus fornecedores. É possível perceber que predominam relações puramente de mercado entre empresas e os principais fornecedores. Essa conclusão é possível a partir da alta ocorrência mais de 56% dos casos das situações em que há várias empresas comprando dos fornecedores os mesmos itens, ou seja, os clientes são pequenos frente aos seus fornecedores. Sendo assim, estabelece-se uma relação de competição entre clientes pelo acesso a fontes de suprimento. Nestes casos, aqueles clientes capazes de transacionar maiores volumes obtêm vantagens a partir das economias de escala nas negociações de compra e contratação de transporte de materiais diretos. Essa situação torna-se desfavorável para empresas de pequeno porte, em especial para aquelas consideradas novas entrantes em seus mercados, como é a característica de boa parte das empresas abordadas, que surgiram nos anos 2000, ou das empresas importadoras. 5

Há muitos fornecedores para este item 11% Somos o único cliente do(s) fornecedor(es) 10% Este é um mercado em que há várias empresas comprando do(s) fornecedor(es) 56% Poucas empresas, além da nossa, compram do(s) fornecedor(es) 23% Gráfico 1 Posição das empresas visitadas perante os fornecedores Quando as relações se baseiam em um número restrito de clientes, aumentam as possibilidades de que fornecedores direcionem esforços no estabelecimento e na manutenção de relações duradouras com os clientes. Neste sentido, os laços entre os dois lados seriam reforçados, resultando em uma relação de interdependência. Esse tipo de relação é importante para pequenas e médias empresas, pois assegura benefícios como maior confiabilidade no suprimento, acesso a inovação gerada por fornecedores e oportunidades de inserção em mercados competitivos, dentre outros benefícios. Apenas em 34% das situações foi verificada a condição para a existência deste tipo de relação. As empresas recebem seus principais materiais ou equipamentos com baixa frequência de entrega Gráfico 2. Conforme pode ser verificado, o conjunto das frequências semestral, mensalmente e esporádica significam 80% dos casos, enquanto que frequência quinzenal ou semanal ocorrem em 16% das situações. Esporadicament e 9,09% Semanalment e 9,09% Quinzenalmen te 7,27% Semestralmen te 40,00% Mensalmente 30,91% Gráfico 2 Frequência de entrega dos fornecedores às empresas visitadas 6

Essa situação decorre de alguns fatores associados à origem das fontes de suprimento, quando importadas, ou do baixo consumo dos itens, no caso dos materiais. No primeiro caso, prevalece a necessidade de reunir lotes que justifiquem os custos associados com o transporte internacional. Tal necessidade de consolidação direciona as empresas para estratégias de formação de estoque, afastando-as das possibilidades de produzir guiadas pela demanda confirmada. Nos casos de suprimento nacional, o impacto da baixa frequência é a pequena demanda pelos materiais, decorrente dos volumes reduzidos vendidos pela maior parte das empresas do segmento, que acaba condicionando as compras aos lotes mínimos dos fornecedores. As estratégias de negociação de preços com os fornecedores estão apresentadas no Gráfico 3. Há uma tendência à dispersão entre as estratégias de negociação de preços, sendo a maior frequência de ocorrência no modelo de relacionamentos por contratos. Embora, não deixa de ser significativa a importância das estratégias típicas de mercado puro, em que prevalece a escolha de fornecedores pedido a pedido e aquelas em que o poder de barganha está do lado do mercado fornecedor, que impõe preço. Análise conjunta do custo do item 8,16% Pedido a pedido, pelo preço 20,41% Contrato 34,69% Negociamos um preço 14,29% O fornecedor impõe o preço 22,45% Gráfico 3 Estratégia de negociação de preços com os fornecedores pelas empresas visitadas A distribuição diversificada entre as estratégias de negociação de com fornecedores verificada no Gráfico 3 provavelmente reflete a razoável dispersão relacionada ao poder de barganha das empresas perante seus fornecedores Gráfico 4. No entanto, verifica-se que predominam as opções Pequeno e Muito pequeno 45% das situações enquanto as opções Alto e Muito alto ocorreram em 17,3% das situações. 7

Alto 15,52% Muito alto 1,72% Muito pequeno 25,86% Médio 36,21% Pequeno 20,69% Gráfico 4 Poder de barganha das empresas visitadas perante os fornecedores Como visto anteriormente, os principais fornecedores têm muitos clientes, sendo que estes têm pequeno ou muito pequeno poder de barganha, dando ao fornecedor a oportunidade de impor preço. No entanto, as empresas deste segmento relatam que há grande complexidade para substituir os fornecedores, por razões do conteúdo tecnológico do produto que oferecem ou do posicionamento no mercado, às vezes, por ser importador de itens de difícil acesso. Essas informações estão apresentadas no Gráfico 5. As opções Difícil ou Muito difícil ocorreram em 60% dos casos, contra 6,6% da opção fácil. Muito difícil 40,98% Fácil 6,56% Médio 32,79% Difícil 19,67% Gráfico 5 Grau de facilidade em substituir os fornecedores Ou seja, o cenário resultante das informações presentes nos Gráficos 1, 4 e 5 sugere que as empresas do segmento possuem dificuldades típicas de pequenos negócios nas aquisições estratégicas, uma vez que há competição pelas fontes, mas não há facilidade em substituir estas fontes por outras, tampouco estabelecer poder de barganha equilibrado. 8

O contrato é uma forma de segurança para as empresas regerem os relacionamentos e garantirem acesso aos itens necessários à elaboração de seus produtos ou serviços. 3.1.2 Aspectos relacionados à importação de materiais O recinto alfandegário de preferência é o Aeroporto de Confins, por onde são recebidas a maior parte do volume estimado relativo de cargas importadas. A EADI Granbel é o segundo recinto na preferência das empresas. Quando analisados os entraves da utilização do aeroporto de Confins para importação de cargas, sobressaíram os relatos sobre a ineficácia de operação do aeroporto, gerando custos excessivos e demora nos processos. Ainda, foi apontada a escassez de rotas internacionais diretamente para o aeroporto, que hoje está restrita às rotas Lisboa-Belo Horizonte e Miami-Belo Horizonte. Outro fator de interesse para análise tem a ver com as características das cargas movimentadas nas importações. O Gráfico 7 apresenta as informações. A partir delas, é possível verificar que as cargas importadas possuem como característica predominante o fato de serem classificadas como carga perecível, o que demanda preocupações especiais quanto à movimentação e armazenagem ocorre em 54% das situações. Gráfico 8 Característica do produto importado As maiores expectativas do segmento para que seja dinamizada a utilização do Aeroporto de Confins, seja para fins da distribuição interna, seja para fins de operações de importação e exportação e de Aeroporto Indústria, estão nos seguintes âmbitos: - Redução dos custos de armazenagem; - Ampliação da área de armazenagem; - Atuação mais ágil da ANVISA e da alfândega; - Aumento da capilaridade e do volume de operações aéreas: número de voos, frequência, horários, origens e destinos; - Atração de operadores dinâmicos. 9

3.2 Subsistema de Produção O subsistema de produção utiliza-se dos materiais disponibilizados pelo subsistema de suprimentos e, no processo de produção, origina o primeiro valor do produto final o valor da forma. Para tanto, racionaliza o processo definindo tempos das atividades, estudando a melhor disposição dos equipamentos e estações de trabalho (leiaute), aprimorando os atributos de qualidade, em termos de desempenho, estética, conformidade, segurança e confiabilidade, decidindo sobre atividades a terceirizar ou internalizar, estabelecendo critérios para o estabelecimento das filas e o posicionamento dos pedidos (primeiro a entrar, primeiro a ser atendido; menor tempo de atendimento; prioridade para emergências, ). A seguir, serão analisados os fatores que afetam o desempenho da empresa nas atividades de abastecimento e programação da produção: 3.2.1 Aspectos planejamento da demanda e gestão dos estoques para materiais As empresas deste segmento se dispersão quanto aos métodos utilizados para obtenção da demanda Gráfico 6. Para 39% delas, os pedidos confirmados determinam as necessidades de materiais, em um modelo mais próximo daquele denominado puxado pela demanda. Este é um modelo que prima pela redução de custos da formação de estoque de produtos acabados, mas implica disponibilidade imediata de materiais. Outros 39% utilizam os dados históricos de vendas para estimar demanda, antecipar a demanda e programar suas necessidades, caracterizando um modelo mais próximo daquele denominado de base antecipatória. Pedidos confirmados 39,1% Estudos de mercado 8,7% Feeling 4,3% Estatística 8,7% Gráfico 6 Método de obtenção da demanda Análise histórica 39,1% 10

Tal estratégia tem impacto positivo na formação de estoque de produtos acabados. Mas, deve-se qualificá-la de forma complementar em termos de prazos de atendimentos aos clientes: é interessante checar a satisfação dos clientes quanto aos prazos de atendimento, pois este é um dos itens cada dia de maior relevância na avaliação dos serviços. O cliente valoriza sempre prazos menores, o que traduzse em vantagem competitiva para o negócio, fidelizando o cliente, solidificando a posição da empresa no mercado, aumentando market share e consequentemente faturamento. Esta estratégia de produção deve ter como suporte a formação de estoques de materiais. Foi constatada a ocorrência deste suporte, porém, além do requerido, motivado pelos lotes de compras exagerados frentes às necessidades de um período de planejamento razoável. Este é o principal problema na gestão de estoques de materiais, ao lado da falta de itens, bem como as diferenças entre o estoque registrado e o estoque físico Gráfico 7. Esses problemas foram os que tiveram maior frequência de ocorrência nas empresas do segmento. Os lotes de compra são muito grandes Há falta de materiais no estoque Há diferença entre registro de estoque e estoque físico Há erros de quantidade, mix ou local de entrega dos materiais adquiridos Gráfico 7 Problemas detectados nas compras e gestão de estoque Ou seja, a formação de estoque não é bem dimensionada, ou por excessos forçados pelos lotes mínimos de vendas dos fornecedores ou por falhas de gestão interna, que provoca falta de outros itens, pois as informações não são confiáveis. Ocorre que erros na programação dos materiais, na estimativa da demanda e na acuracidade do estoque podem provocar compras em volumes ou variedade inadequados para as necessidades das empresas, implicando custos adicionais aos produtos, pelo adicional de custo de formação de estoque ou dos custos das compras emergenciais, ou desgastes com clientes, por descumprimento de prazos acordados, pelos atrasos na produção e no ciclo total do pedido. As causas para os problemas de acuracidade do estoque variam, indo da ausência de procedimentos adequados para baixa dos itens no momento do consumo, sistemas de informação inadequados ou inexistentes ou falta de equipe preparada e 11

dedicada às atividades de controle de estoque. Há problemas também originados nos fornecedores, como erros nos mix entregues. 3.2.2 Aspectos da armazenagem de materiais Na análise pertinente às compras e materiais, foram detectadas imperfeições de natureza e impactos diversos. Quando avaliada a percepção quanto ao desempenho dos fornecedores, houve predomínio da ocorrência de problemas relacionados ao nível de serviço no atendimento Gráfico 8. Os principais problemas foram os atrasos nas entregas e longos tempos de ciclo. Em seguida, foi relatada a ocorrência de desdobramentos de problemas na produção, tais como compras emergenciais para completar lista de itens de materiais, e a qualidade dos materiais. Em seguida foram detectados problemas de integração interna, tais como o atraso das informações produção compras e a ineficácia dos sistemas de informações utilizados. Atrasos nas entregas Prazos longos atendimento Compras emergenciais Qualidade dos materiais Informações atrasadas da produção para o setor de compras Sistema de informações não apoia o fluxo de informações Gráfico 8 Problemas dos fornecedores que impactam o desempenho da Produção 3.3 Subsistema da Distribuição Uma vez que o produto esteja acabado, entram em funcionamento atividades relacionadas ao subsistema da distribuição física. A distribuição física trata da movimentação, armazenagem e processamento de pedidos dos produtos finais da empresa. O ponto final da distribuição física pode ser a loja, o varejista, a fábrica ou a residência do consumidor final. O ponto inicial pode ser uma fábrica, um atacadista, um varejista, uma empresa de serviços, etc. A seguir, serão analisados os aspectos que afetam o desempenho da empresa nas atividades de armazenagem e distribuição de produtos acabados. 12

3.3.1 Aspectos da armazenagem de produtos acabados Tal como ocorrido no armazenamento de materiais, as empresas possuem baixa complexidade nas operações de armazenagem de produtos acabados. Isso decorre do fato de comercializarem baixos volumes de cargas pouco volumosas. Além disso, algumas empresas não possuem distribuição física, pois são prestadoras de serviços. Em outras empresas, o estoque de produtos acabados é, na verdade, o estoque de materiais, uma vez que são revendedores. Os principais problemas de armazenagem de produtos acabados estão apresentados no Gráfico 9. Gráfico 9 Problemas detectados na armazenagem do produto acabado O principal problema apontado foi a capacidade inadequada das instalações de armazenagem de produtos acabados. Isso se deve, principalmente, à necessidade de diversidade para armazenar determinados produtos. Dessa forma, há uma complexidade quanto ao arranjo dos produtos nas diferentes unidades de resfriamento ou congelamento. Isso se reflete na ocorrência de problemas relacionados à localização de produtos acabados no armazém. O segundo principal problema é a falta da integração interna desde a expedição, passando pelo controle de estoque, chegando até a produção. Esta situação cria erros na programação da produção ou atrasos no atendimento de pedidos a clientes, pois, vende-se e promete-se entregar prontamente o que às vezes não se tem em estoque, perdem-se vendas daquilo que se tem em estoque, produz-se sem necessidade, e outras situações do gênero. Ademais, o problema da discrepância entre o estoque virtual e a contagem física também gera custos e desgastes com os clientes em situações análogas às descritas acima. 13

3.3.2 Processos da expedição O Gráfico 10 apresenta os principais problemas verificados no setor de expedição de cargas e preparação de documentação fiscal e de transporte. Erros na emissão de documentação (fiscal) Erros na montagem dos pedidos Erros na emissão de documentação para o transporte Emissão demorada de documentos para expedição Gráfico 10 Problemas na expedição e preparação da documentação É possível observar que representam as principais frequências de ocorrência emissão de documentos - documentação fiscal e de transporte. Tais problemas estão relacionados ao fluxo de informações internas às empresas, tal como foi verificado na gestão dos estoques. As causas estão associadas à precariedade de alguns sistemas de informações utilizados e da utilização de procedimentos inadequados para a emissão da documentação, mas principalmente, à falta de especialização das pessoas que executam tais atividades. A expedição é demorada e há a ocorrência de significativo montante de retrabalho na atividade e em seus processos. O segundo principal problema é a ocorrência de erros na montagem dos pedidos que serão despachados aos clientes. A causa principal destes erros é a complexidade do posicionamento dos produtos armazenados, descrita anteriormente. Nestes casos, a dificuldade em localizar produtos no estoque provoca erros de coleta e, consequentemente, de montagem das cargas. Este problema é potencializado pela comunicação insatisfatória entre vendas e estoque. Ao mesmo tempo, este processo é conturbado pela interferência com os processos de emissão de documentos fiscal e de transporte pelo mesmo colaborador. 3.3.3 Aspectos do transporte de produtos acabados Nas atividades de transporte, o problema que sobressai em relação aos demais é o alto valor do frete na distribuição Gráfico 11. O segundo e o terceiro principais problemas estão associados à seleção do prestador de serviço e à qualidade do serviço de transporte prestado. 14

Fretes altos Seleção inadequada de prestadores O serviço não é pontual Gráfico 14 Problemas no transporte de produtos acabados 4. DIAGNÓSTICO SITUACIONAL Em geral, o aglomerado de empresas de biotecnologia da Região Metropolitana de Belo Horizonte tem um relacionamento desfavorável com os fornecedores. Com pequeno ou muito pequeno poder de barganha, veem os fornecedores ditarem preços, atrasarem as entregas, pecarem na qualidade dos itens e entregarem de forma inconsistente. Este desempenho dos fornecedores tem implicações perniciosas para a produção. Alguns itens têm que ser comprados em lotes grandes, muito superior às necessidades de um bom período de tempo das empresas, enquanto, para outros, as empresas têm que recorrer periodicamente às compras emergenciais. Nas duas situações, custos adicionais são agregados aos produtos, corroendo as margens das empresas, num caso, pelos custos financeiros de manter estoque, e noutro, pelos custos das compras fora da programação. No que se refere às atividades de importação, as empresas importadoras são afetadas pelas ineficiências associadas aos procedimentos burocráticos de inspeção e liberação de cargas, o que torna o tempo de ciclo das importações muito longo e imprevisível. Considerando-se a característica de perecibilidade e periculosidade de boa parte dos materiais adquiridos, há unanimidade na necessidade de se intervir nestes procedimentos burocráticos, bem como no aumento do número de rotas internacionais para Confins. Na esfera da programação da produção e controle dos estoques, sobressaem as ineficiências da gestão, derivadas do uso de procedimentos baseados em sistemas de informações inadequados ou obsoletos, automatizados ou não. São situações individuais que demandam intervenções de cada empresa em seus processos e contratação de sistemas de informações mais qualificados a apoiar suas operações adequadamente. A implicação de tudo isso é a circulação atrasada ou mesmo falha das informações internas, ou por falta de alimentação do sistema, ou por ineficácia do sistema de fazer a informação chegar a quem precisa do compartilhamento. 15

Quanto à distribuição, os problemas detectados estão no âmbito dos processos da armazenagem, da expedição e dos transportes. Na armazenagem, um problema de grande impacto é o espaço insuficiente para o armazenamento de produtos acabados, que pode ser motivado pelos requisitos variados dos itens comercializados, tais como temperatura, umidade e isolamento, pela fabricação guiada pelos lotes econômicos, que gera excedentes e pela desconexão entre a produção e a evolução da demanda. Mas, não é apenas problema de espaço. Há problemas generalizados entre as empresas de diferenças entre o estoque virtual e a contagem física de itens. Isso provoca custos adicionais, aumento do tempo de atendimento e desgaste de imagem com os clientes. Por outro lado, o frete é considerado alto e esta é a maior reclamação das empresas. Deve-se considerar que as oportunidades de compartilhamento da logística devem ser bem trabalhadas, pois algumas cargas são enviadas de maneira pulverizada para laboratórios de pequeno e médio portes em todo o país, implicando as empresas de courier como potenciais prestadores de serviço. Logicamente, esta solução não atende a todos, tais como os revendedores de equipamentos. Deve-se considerar um universo ainda pouco explorado, que a modalidade aérea. 5. PLANO DE AÇÕES Problema: Fretes altos e baixo desempenho dos prestadores de serviço logístico Ação: Reavaliação e seleção de operadores e renegociação de fretes Execução: Criar grupo de trabalho para coordenar a renegociação das condições de transporte com os Correios e demais prestadores de serviços em um contrato coletivo, num modelo de logística compartilhada; Identificar os volumes, frequências de despacho e rotas para a distribuição dos equipamentos; Identificar atributos importantes para o desempenho das atividades de transporte para as empresas do setor; Identificar metas de custo do frete e do nível de serviço desejado; Levantar valores e nível de serviço da atual prestação de serviço dos prestadores, inclusive dos Correios; Renegociar condições com os Correios e demais prestadores de serviços; Elaborar modelo de seleção e avaliação dos serviços de transporte; Disponibilizar modelo para as empresas aderentes ao grupo de trabalho; Implantar iniciativa conjunta de negociação de acordos com os prestadores de serviços. Justificativa: As empresas do segmento apontaram que pagam altos valores dos fretes na distribuição, conjugados com o baixo nível de serviço dos 16

prestadores de serviços de transporte. Os Correios são responsáveis por significativa parcela dos fluxos de distribuição, sendo o prestador preferencial para boa parte das empresas do segmento. Além disso, há oferta de outros prestadores de serviços especializados, ainda não explorados. A atuação conjunta entre as empresas para a renegociação das condições do transporte poderá resultar em menores valores para o frete e aumento no nível de serviço. Além disso, há a necessidade de se elaborar um modelo para seleção e avaliação de serviços de transporte, que será útil para as negociações com fornecedores destes serviços. Problema: Diferença no estoque entre o volume registrado e a contagem física Ação: Aprimorar o processo de gestão de almoxarifados Execução: Mapear os processos de gestão dos almoxarifados (registro de entrada, requisição e baixa no consumo dos materiais, dentre outros); Identificar nos processos mapeados os procedimentos para registro das informações de estoque; Avaliar oportunidades de melhoria na execução destes procedimentos; Avaliar necessidade de treinar equipe responsável por executar os procedimentos; Avaliar os sistemas de informação utilizados para gerenciamento destas informações; Padronizar processos de gestão dos almoxarifados; Treinar pessoal Justificativa: O problema da diferença entre o estoque real e o estoque registrado no sistema é bastante recorrente nas empresas deste segmento. Como consequência deste problema há a ocorrência de faltas ou excesso de estoques. Assim, há atrasos nos processos produtivos e/ou no atendimento aos pedidos dos clientes, por um lado, e perdas de materiais por perecibilidade ou obsolescência, de outro lado. Ainda, informações imprecisas sobre necessidades líquidas de materiais geram ações ineficientes em compras, acarretando maiores custos para as empresas. Problema: Fluxo interno de informações entre os setores Ação: Aprimorar a gestão das informações Execução: Formar equipe de trabalho com representantes dos setores envolvidos no fluxo de materiais; Avaliar o sistema de informações utilizado, considerando a capacidade de apoiar o compartilhamento de informações entre os setores; 17

Identificar pontos de fragilidade na captura e disponibilização das informações; Avaliar necessidade de treinar equipe responsável por manusear o sistema de informações; Justificativa: A existência de um fluxo inadequado de informações entre os setores das empresas provoca ineficiências em várias atividades logísticas. No suprimento, a programação dos pedidos junto a fornecedores pode ser feita com atrasos e erros quanto ao mix, volume e prazos de entrega dos materiais. A capacidade dos setores de recebimento e armazenagem dos materiais pode ser comprometida, em virtude de descompasso entre as informações sobre recebimento de materiais. A programação da produção pode ser executada de maneira desalinhada com a real demanda dos produtos ou serviços. As operações de distribuição podem ser feitas de modo ineficiente, provocando aumento nos custos e redução no nível de serviço. Problema: Lotes grandes de compras Ação: Reavaliação do contexto da demanda, dos custos logísticos e aduaneiros e das exigências de lote mínimo do fornecedor Execução: Avaliar oportunidades de aprimoramento dos métodos de previsão de demanda; Aprimorar o fluxo interno de informações entre os setores; Aprimorar os processos de gestão dos almoxarifados; Apoiar ações que sejam direcionadas para a criação de infraestrutura de apoio nos processos de importação; Avaliar oportunidades de renegociação de tamanhos de lote e frequência de atendimento por parte dos fornecedores; Justificativa: Grandes lotes de compra provocam impactos no fluxo financeiro, nos custos de estoque, no risco de perdas por perecibilidade e obsolescência, e no uso da capacidade de armazenagem instalada. Por outro lado, podem provocar impacto positivo na redução dos custos de transporte e aquisição. Cabe a cada empresa avaliar seus processos internos e sua base de fornecedores, em busca de oportunidades de flexibilização dos tamanhos de lote, dentro da especificidade de cada caso. 18

Problema: Padronizar Processos Ação: Avaliar, Redesenhar e Padronizar os processos Execução: Avaliar oportunidade de aprimorar os processos, dentre eles, estes apontados neste relatório como pontos críticos nas operações; Redesenhar os processos, buscando aprimoramento e melhoria do desempenho; Padronização do processo para garantia de estabilidade do melhoria projetada Gestão do processo, com implantação de medidas de desempenho Justificativa: Há processos mal desenhados, o que pode ser facilmente percebido na elaboração de fluxogramas, mas, principalmente, não há uma cultura muito disseminada de padronização dos processos, talvez pela crença de que o porte do negócio não exija tal formalidade. Problema: Especializar pessoas Ação: Treinar as pessoas para executarem os processos padronizados Execução: Avaliar os colaboradores e descobrir compatibilidades de perfis para a execução de processos dentro dos padrões estabelecidos Monitorar desempenho Justificativa: Os processos não estão bem padronizados, tampouco há tarefas especializadas. Muitos fazem de tudo um pouco. Há muitos problemas de retrabalho e falhas típicas causadas por falta de treinamento e repetição. Também neste caso, a lacuna deriva do fato de não haver uma cultura muito disseminada de padronização dos processos, talvez pela crença de que o porte do negócio não exija tal formalidade. Problema: Entraves do comércio exterior Ação: Atuação conjunta, com amparo em instituições tais como AMBIOTEC e FIEMG para buscar soluções para o aprimoramentos dos processos de desembaraço aduaneiro e de embarque na origem. Execução: Criar grupo de trabalho para coordenar levantamento e análise das informações necessárias e aproximação com as entidades de interesse; Identificar e analisar as dificuldades relacionadas ao desembaraço aduaneiro das cargas (custos, atrasos, anuências de órgãos reguladores, dentre outros); 19

Identificar e analisar as dificuldades relacionadas ao embarque das cargas na origem dos itens (tais como tempo de espera para embarque, frequência de voos diretos, diversidade de rotas internacionais e de operadoras destas rotas); Elaborar e apresentar propostas para solução das dificuldades apontadas, considerando o apoio institucional das entidades próximas ao setor; Justificativa: As empresas do segmento enfrentam dificuldades relacionadas ao desembaraço aduaneiro das cargas no Aeroporto de Confins. Além disso, há problemas enfrentados no embarque das cargas na origem. Desta forma, os prazos de atendimento relativos ao suprimento de materiais ou equipamentos são longos e variáveis. Tais efeitos prejudicam a condição competitiva das empresas, pois implicam custos adicionais na formação de estoques e descumprimento de prazos com clientes. Problema: Morosidade dos processos da ANVISA Ação: Melhorar o relacionamento com a ANVISA, buscando amparo em instituições tais como AMBIOTEC e FIEMG para melhor detalhamento dos processos e necessidades das empresas. Execução: Criar grupo de trabalho para coordenar levantamento e análise das informações e aproximação com as entidades de interesse; Levantar características dos materiais, dos processos produtivos e dos produtos comercializados; Identificar e listar os pontos de influência da ANVISA nos processos e decisões das empresas, bem como os problemas resultantes destes pontos de influência; Quantificar os prazos médios de resposta da ANVISA às solicitações peticionadas; Elaborar sugestões para otimizar os processos da ANVISA, tendo como base a lista de pontos de influência nas empresas e as metas ideais de tempo de resposta da Agência; Apresentar propostas para as entidades próximas ao setor, solicitando apoio para a aproximação com a ANVISA. Justificativa: A ANVISA é o principal órgão regulador das atividades afetas às operações das empresas do setor. Suas decisões definem aspectos importantes dos processos de aquisição, importação, manuseio, armazenagem, produção e distribuição dos produtos das empresas. Os resultados do diagnóstico apontam que há uma morosidade na execução dos processos na Agência, o que suscita a existência de oportunidades de aprimoramento nestes processos. Estas ineficiências afetam não somente a competitividade das empresas individualmente, mas também do setor como um todo. Atuando de maneira individual, as empresas terão dificuldades em conseguir solucionar ou o problema ou reduzir o seu impacto. Portanto, a 20

solução deste problema precisa passar pela articulação conjunta entre elas. Problema: Necessidade de infraestrutura externa para apoio às operações de armazenagem e distribuição em Confins Ação: Melhoria da infraestrutura do Aeroporto de Confins Execução: Criar grupo de trabalho para coordenar o levantamento e análise das informações e aproximação com as entidades de interesse; Avaliar legislação referente à criação e operação de depósito alfandegado; Identificar necessidades relacionadas ao armazenamento de materiais e produtos acabados; Dimensionar volumes estimados que seriam destinados ao depósito alfandegado; Justificativa: Há necessidade de contar com infraestrutura externa de apoio que permita a consolidação e armazenagem de materiais para circulação geral (cargas nacionais e internacionais). Tal infraestrutura permitiria que as empresas pudessem operar com economias de escala e ganhos de produtividade. Problema: Dificuldades em internalizar no País a produção de equipamentos ou prestar assistência técnica para clientes internacionais Ação: Criação de Entreposto Aduaneiro no Aeroporto de Confins Execução: Criar grupo de trabalho para coordenar levantamento e análise das informações e aproximação com as entidades de interesse; Identificar e analisar oportunidades para a produção de equipamentos no país; Identificar e analisar oportunidades para a prestação de serviços de assistência técnica no país; Estimar impacto positivo na operação das empresas a partir da operação do entreposto aduaneiro; Apresentar informações e solicitar articulação das entidades próximas ao setor relativas à implantação do entreposto aduaneiro. Justificativa: As empresas do segmento possuem oportunidades de crescimento de suas operações que dependem da implantação do entreposto aduaneiro no Aeroporto de Confins. Estas oportunidades estão associadas com a possibilidade de produzir equipamentos no país para comercialização em mercados vizinhos (América Latina), além 21

da prestação de serviços de assistência técnica a estes mesmos mercados. 22

CAPÍTULO 2 EMPRESAS DO SEGMENTO DE EQUIPAMENTOS 1. INTRODUÇÃO As informações que compõem este relatório foram obtidas a partir de visitas técnicas realizadas nas empresas listadas na Tabela 1. Tabela 1 Relação de empresas visitadas EMPRESA RESPONSÁVEL DATA Celer Andreas Flug 04/04/2013 Endobrax Cleber Batista Souza 03/04/2013 GCT Warley Silva 10/04/2013 Mediphacos Vinícius Gonçalves 09/04/2013 Medx Écio Figueiredo Cota 04/04/2013 Scholly Marcelo Closel 23/04/2013 2. CARACTERÍSTICAS GERAIS As empresas deste segmento produzem e/ou comercializam equipamentos voltados para o suporte a atividades distintas. A maior parte tem enfoque na área médica, montando ou revendendo equipamentos para apoio a procedimentos laboratoriais e cirúrgicos. Uma das empresas atua no negócio de tratamento de resíduos sólidos e líquidos de indústrias. As empresas, em sua maioria, foram fundadas entre 2005 e 2007. As exceções são uma empresa fundada em 1972 e outra fundada em 1998. As empresas possuem como principais clientes distribuidores especializados em equipamentos médicos espalhados pelos principais mercados brasileiros. Algumas atendem diretamente a hospitais e clínicas de grande porte localizadas no país. A empresa que atua no negócio de tratamento de resíduos atende a grandes indústrias localizadas principalmente no sudeste brasileiro. Nenhuma delas exporta. Os principais concorrentes são os distribuidores locais de fabricantes internacionais de equipamentos, localizados na Ásia ou Europa. A empresa de tratamento de resíduos alega não ter concorrentes para o seu tipo de tratamento. 23

2.1 Subsistema de Suprimentos O subsistema de suprimentos tem por função prover o material certo, no local de operação certo, no instante correto e com o mínimo custo possível. Uma boa administração de materiais significa coordenar a movimentação dos suprimentos com as exigências da produção ou das vendas. Ou seja, engloba as atividades tradicionais de compras que consideram a logística nas empresas. No subsistema de suprimentos, existem algumas atividades que têm impactos diretos no fluxo e nos custos logísticos. A seguir, serão analisados os fatores que afetam o desempenho das empresas deste segmento nas atividades de suprimentos: 2.1.1 Aspectos dos relacionamentos com os fornecedores As informações analisadas a seguir levam em consideração a aquisição dos três principais materiais necessários para os processos de produção da empresa, quando se trata de fabricantes de equipamentos. Por outro lado, nos casos em que as empresas adquirem produtos acabados para revenda, a análise foi feita em relação ao(s) principal(is) fornecedor(es) destes equipamentos. O Gráfico 1 a seguir apresenta informações referentes à posição das empresas do segmento perante seus fornecedores. Gráfico 1 Posição das empresas visitadas perante os fornecedores É possível perceber que predominam relações de interdependência entre empresas e os principais fornecedores. Essa conclusão é possível a partir da incidência em apenas um terço dos casos de relações puramente de mercado. Tais relações ocorrem quando os fornecedores atendem a vários clientes para os mesmos itens fornecidos. Sendo assim, estabelece-se uma relação de competição entre clientes pelo acesso a fontes competitivas de suprimento. Nestes casos, os clientes capazes de transacionar maiores volumes obtêm vantagens a partir das economias de escala 24

nas negociações de compra e contratação de transporte de materiais diretos. Essa situação torna-se desfavorável para empresas de pequeno porte, em especial para aquelas consideradas novas entrantes em seus mercados. Por outro lado, quando as relações se baseiam em um número restrito de clientes, aumentam as possibilidades de que fornecedores direcionem esforços no estabelecimento e na manutenção de relações duradouras com os clientes. Neste sentido, os laços entre os dois lados são reforçados, resultando numa relação de interdependência. Esse tipo de relação é importante para pequenas e médias empresas, pois assegura benefícios como maior confiabilidade no suprimento, acesso a inovação gerada por fornecedores e oportunidades de inserção em mercados competitivos, dentre outros benefícios. Por exemplo, este é o caso das empresas que mantêm contrato de exclusividade na distribuição, em todo o território nacional, de equipamentos produzidos por fabricantes internacionais. A prevalência de relações de interdependência afetou a questão do poder de barganha das empresas perante seus fornecedores. Em 60% das situações foi detectado um médio poder de barganha, conforme apresentado no Gráfico 2. Esse resultado contraria a tendência original de predomínio das categorias associadas a reduzido poder de barganha nas negociações conduzidas por clientes de pequeno porte, como é o caso das empresas deste segmento. O poder de barganha é pequeno ou muito pequeno para os demais 40% das situações. Gráfico 2 Poder de barganha das empresas visitadas perante os fornecedores Como consequência destas relações de interdependência predominantes no segmento, há aumento na complexidade para substituir os fornecedores por fontes alternativas de suprimento. Essas informações estão apresentadas no Gráfico 3. 25

Gráfico 3 Grau de facilidade em substituir os fornecedores Naquelas empresas voltadas para a comercialização de equipamentos produzidos fora do país, a substituição dos fornecedores é uma decisão estratégica, pois pode implicar a sobrevivência do próprio negócio. Para as empresas produtoras e comercializadoras de equipamentos de marca própria, a substituição dos fornecedores varia em termos de importância estratégica. Para algumas empresas, implicaria em apenas prospectar fontes alternativas, testar materiais e negociar acordos comerciais. Para outras empresas, no entanto, pode significar o desenvolvimento de nova fonte de suprimento, atividade que pode implicar longos períodos de tempo e razoável investimento financeiro por parte da empresa cliente. As empresas recebem seus principais materiais ou equipamentos com baixa frequência de entrega Gráfico 4. Conforme pode ser verificado, a soma das frequências semestral e esporádica significam 62% dos casos, enquanto frequência mensal ocorre para 38% dos casos. Não houve ocorrência de frequência quinzenal, semanal ou diária. Gráfico 4 Frequência de entrega dos fornecedores às empresas visitadas 26

Essa situação decorre de alguns fatores associados à origem das fontes de suprimento, quando importadas, ou do baixo consumo dos itens, no caso dos materiais. No primeiro caso, prevalece a necessidade de reunir lotes que justifiquem os custos associados com o transporte internacional. Tal necessidade de consolidação direciona as empresas para estratégias de formação de estoque, afastando-as das possibilidades de operar guiadas pela demanda confirmada. Essas situações ocorreram tanto nas aquisições de materiais para transformação quanto de equipamentos para revenda. Nos casos de suprimento nacional, o fator determinante para a baixa frequência é a pequena demanda pelos materiais, decorrente dos volumes reduzidos de equipamentos comercializados pelas empresas do segmento. A ocorrência de tais alternativas de suprimento importação de materiais e/ou equipamentos e compra local de materiais afeta, consequentemente, as estratégias de negociação de preços com os fornecedores, conforme apresentado no Gráfico 5. Nos casos de importação, predomina a dificuldade de negociação de preços com os fornecedores, restando ao cliente a possibilidade de firmar ou não contrato de fornecimento dos itens adquiridos. Nestes últimos casos se enquadram as empresas representantes com exclusividade de marcas de equipamentos importados. Nos casos das negociações locais, surgem as estratégias típicas de mercado puro, onde pode prevalecer a competição com fornecedores e a escolha destes pedido a pedido. Gráfico 5 Estratégia de negociação de preços com os fornecedores pelas empresas visitadas Quando avaliada a percepção quanto ao desempenho dos fornecedores, houve predomínio da ocorrência de problemas relacionados ao nível de serviço das entregas Gráfico 6. Os principais problemas foram os atrasos nas entregas e prazos de atendimento muito longos ou inconsistentes. Em seguida, foi relatada a ocorrência de problemas na qualidade dos materiais ou equipamentos fornecidos falta de materiais em estoque pode ser tanto uma consequência dos problemas de nível de serviço já apontados (prazos de atendimento muito longos ou inconsistentes) problemas estes de cunho externo quanto de problemas de 27

programação das necessidades ou de comunicação entre as áreas funcionais, portanto, internos às empresas. Atrasos nas entregas Prazos longos atendimento Qualidade Falta de materiais Embalagem inadequada Erros no mix ou local Gráfico 6 Problemas dos fornecedores que impactam o desempenho da Produção Tais problemas associados à gestão interna das informações ficam evidenciados na análise do Gráfico 7. Nele, é possível observar que merece destaque a ocorrência de problemas relacionados ao fluxo de informações entre a área de compras e os usuários internos. O primeiro em frequência de ocorrência foi o atraso na comunicação das necessidades de materiais por parte dos usuários. Esse problema pode ser interpretado como uma das causas mais relevantes na necessidade de realização de compras emergenciais, sendo este o segundo problema de maior frequência de ocorrência. Atraso info. s/ necessidades Compras emergenciais Imprecisão disponibiidade estoque Sistema interno prejudica fluxo info Gráfico 7 Incosistência da informação que impactam o desempenho da Produção 2.1.2 Aspectos relacionados à importação de materiais Todas as empresas deste segmento são importadoras de materiais para transformação e/ou equipamentos para revenda. Em nenhum dos casos a empresa possui alternativa de fornecimento local para os itens adquiridos. 28

O recinto alfandegário de preferência é o Aeroporto de Confins, por onde são recebidos 53% do volume estimado relativo de cargas importadas. Pela EADI Granbel são recebidos 33% do volume, enquanto o Porto de Santos movimenta outros 8%. Quando analisados os entraves da utilização do aeroporto de Confins para importação de cargas, sobressaíram os relatos sobre a ineficácia de operação do aeroporto, gerando custos excessivos e demora nos processos. Ainda, foi apontada a escassez de rotas internacionais diretamente para o aeroporto, que hoje está restrita às rotas Lisboa-Belo Horizonte e Miami-Belo Horizonte. Tais fatores provocam efeitos no desempenho da área de suprimentos, avaliado pela habilidade em satisfazer necessidades dos clientes. Foi apontada a inconsistência nos prazos de entrega como sendo o problema de desempenho mais importante na área de suprimentos. Outro fator de interesse para análise tem a ver com as características das cargas movimentadas nas importações. O Gráfico 8 apresenta as informações. A partir delas, é possível verificar que as cargas importadas possuem como característica predominante a fragilidade, principalmente pelos componentes eletrônicos e ópticos dos equipamentos e materiais adquiridos. Outros 17% Perecível 17% Carga perigosa 16% Frágil 50% Gráfico 8 Característica do produto importado 2.2 Subsistema de Produção O subsistema de produção utiliza-se dos materiais disponibilizados pelo subsistema de suprimentos e, no processo de produção, origina o primeiro valor do produto final o valor da forma. Para tanto, racionaliza o processo definindo tempos das atividades, estudando a melhor disposição dos equipamentos e estações de trabalho (leiaute), aprimorando os atributos de qualidade, em termos de desempenho, estética, conformidade, segurança e confiabilidade, decidindo sobre atividades a terceirizar ou internalizar, estabelecendo critérios para o estabelecimento das filas e o posicionamento dos pedidos (primeiro a entrar, 29

primeiro a ser atendido; menor tempo de atendimento; prioridade para emergências, ). A seguir, serão analisados os fatores que afetam o desempenho da empresa nas atividades de abastecimento e programação da produção: 2.2.1 Aspectos de armazenagem de materiais De modo geral, as empresas deste segmento possuem poucos problemas no que se refere à armazenagem dos materiais. Quando levantados os principais problemas, considerando a frequência de sua ocorrência, sobressaiu a dificuldade de destinar corretamente os materiais nos armazéns. As empresas movimentam volumes anuais pequenos, o que demanda baixa capacidade de armazenagem. No entanto, tal capacidade se mostra, em alguns casos, insuficiente para a diversidade de materiais ou equipamentos adquiridos, o que se reflete na dificuldade em definir locais no almoxarifado para endereçamento dos itens. Outros problemas apontados estão apresentados no Gráfico 9. Destinação dos materiais no armazém Tempo longo entre recebeimento e armazenamento Erros de coleta dos materiais Gráfico 9 Problemas recorrentes na armazenagem 2.2.2 Aspectos planejamento da demanda e gestão dos estoques de materiais As empresas deste segmento se dividem quanto aos métodos utilizados para obtenção da demanda Gráfico 9. Para 43% delas, os pedidos confirmados determinam as necessidades de materiais, em um modelo mais próximo daquele denominado puxado pela demanda. Outros 43% analisam os dados históricos de vendas para estimar demanda e programas suas necessidades, caracterizando um modelo mais próximo daquele denominado de base antecipatória. Nestes casos, a empresa toma decisões baseadas em formação de estoque, principalmente. 30

Pedidos confirmados 43% Análise histórica 43% Feeling 14% Gráfico 10 Método de conhecimento da demanda O aspecto que sobressai na gestão dos estoques é a incidência de diferenças entre o estoque registrado e o estoque físico Gráfico 10. Esse fato ocorre em virtude de problemas quanto ao fluxo de informações internas às empresas. As causas variam, indo da negligência dos procedimentos adequados para baixa dos itens no momento do consumo ou venda, sistemas de informação inadequados ou inexistentes ou falta de equipe dedicada com exclusividade a estas atividades de controle de estoque. Diferença entre registro de estoque e estoque físico Perdas por perecibilidade Gráfico 10 Problemas detectados na gestão de estoque 2.3 Subsistema da Distribuição Uma vez que o produto esteja acabado, entram em operação as atividades relacionadas ao subsistema da distribuição física. A distribuição física trata da movimentação, armazenagem e processamento de pedidos dos produtos finais da empresa. O ponto final da distribuição física pode ser a loja, o varejista, a fábrica ou a casa do consumidor. O ponto inicial pode ser uma fábrica, um atacadista, um varejista, uma empresa de serviços, etc. A seguir, serão analisados os fatores que afetam o desempenho da empresa nas atividades de armazenagem e distribuição de produtos acabados: 31

2.3.1 Aspectos da armazenagem de produtos acabados Tal como ocorrido no armazenamento de materiais, as empresas possuem baixa complexidade nas operações de armazenagem de produtos acabados. Isso decorre dos pequenos volumes comercializados e das características dos equipamentos, que são de pequeno porte. Em algumas empresas, o estoque de materiais é, na verdade, o estoque de produtos acabados, uma vez que compram equipamentos para revenda. O Gráfico 12 apresenta os principais problemas verificados na área de armazenagem de produtos acabados. O que se pode verificar é que não há um problema que sobressaia em relação aos demais, e que tenha frequência de ocorrência significativa. Os mais recorrentes são a insuficiência de espaço físico, baixo giro de estoques e diferença entre estoque físico e registrado. Capacidade insuficiente espaço O giro de estoque é baixo Diferença estoque físico/registro Gráfico 12 Problemas detectados na armazenagem do produto acabado 2.3.2 Aspectos da expedição O Gráfico 13 apresenta os principais problemas verificados no setor de expedição de cargas e preparação de documentação fiscal e de transporte. É possível observar que representam as principais frequências de ocorrência os erros de documentação fiscal e o longo tempo para emissão dos documentos. Tais ocorrências estão relacionadas ao fluxo de informações internas às empresas, tal como foi verificado na gestão dos estoques. As causas estão associadas à precariedade de alguns sistemas de informações utilizados e da utilização de procedimentos inadequados. 32

Erros documentação (fiscal) Emissão documentos demorada Erros montagem dos pedidos Gráfico 13 Problemas na expedição e prepação da documentação 2.3.3 Aspectos do transporte de produtos acabados Todas as empresas deste segmento contratam terceiros para as atividades de transporte de produtos acabados. Nestas atividades, o problema que sobressai em relação aos demais é o alto custo do frete na distribuição Gráfico 14. Este principal problema está diretamente associado ao segundo e terceiro principais problemas mais frequentes a seleção inadequada e avaliação inadequada dos prestadores de serviços, respectivamente. Fretes altos Seleção inadequada prestadores Avaliação inadequada prestadores Gráfico 14 Problemas no transporte de produtos acabados 3. DIAGNÓSTICO SITUACIONAL As empresas deste segmento são muito diversas entre si, apesar da maioria atuar no fornecimento de equipamentos de apoio à área médica laboratoriais, cirúrgicos, dentre outros. Algumas montam equipamentos no Brasil, com projeto de elaboração 33

própria. Outras são distribuidores locais de fabricantes internacionais de equipamentos, sem etapas de fabricação no Brasil. Há ainda uma empresa que compra equipamentos para a montagem de plantas de tratamento de resíduos sólidos e líquidos. Ou seja, existe uma diversidade de negócios, que interfere de maneira distinta na logística de cada empresa. No aspecto do suprimento, por exemplo, todas são importadoras. No entanto, algumas importam equipamentos montados para revenda, sendo distribuidores exclusivos de determinados fabricantes, com os quais mantém contrato de exclusividade. Outra é subsidiária de uma empresa alemã, sendo esta, portanto, sua única fornecedora. Outras importam peças e componentes para montagem local de equipamentos, tendo flexibilidade para seleção de fornecedores. No aspecto interno, esta diversidade se reflete nas exigências distintas quanto a área de armazenagem de materiais e/ou produtos acabados. Há relatos de problemas relacionados aos casos individuais, como leiaute do setor de recebimento de materiais, capacidade de armazenamento ou fluxo de informações entre áreas funcionais. No que se refere às atividades de importação, todas são afetadas pelas ineficiências associadas aos procedimentos burocráticos de inspeção e liberação de cargas, o que torna o tempo de ciclo das importações mais longo e imprevisível. Há unanimidade na necessidade de se intervir nestes procedimentos burocráticos, bem como no aumento do número de rotas internacionais para Confins. Na esfera da programação da produção e controle dos estoques, sobressaem as ineficiências da gestão, derivadas do uso de procedimentos baseados em sistemas de informações inadequados ou obsoletos, automatizados ou não. São situações individuais que demandam intervenções de cada empresa em seus processos e contratação de sistemas de informações mais qualificados a apoiar suas operações adequadamente. Quanto à distribuição, as oportunidades de compartilhamento da logística são escassas, uma vez que as rotas principais não são coincidentes para boa parte das empresas. Para algumas, as rotas para o sul do país e Estado de São Paulo são as principais. Para outra, Minas Gerais é o principal e praticamente único mercado. Uma terceira possui Minas Gerais e Rio de Janeiro como principais mercados, enquanto outra distribui para praticamente todo o país. Em decorrência do pequeno volume de cargas, os Correios apareceram como sendo o principal parceiro. No entanto, há apontamento de problemas quanto à ineficaz seleção e avaliação dos prestadores de serviços logísticos, e as empresas apontam o alto custo do frete como sendo o principal problema logístico a ser enfrentado. 34

4. PLANO DE AÇÕES Problema: Atuação individual em questões relativas ao comércio exterior Ação: Atuação conjunta, com amparo em instituições tais como AMBIOTEC e FIEMG para buscar soluções para o aprimoramento dos processos de desembaraço aduaneiro e de embarque na origem. Execução: Criar grupo de trabalho para coordenar levantamento e análise das informações necessárias e aproximação com as entidades de interesse; Identificar e analisar as dificuldades relacionadas ao desembaraço aduaneiro das cargas (custos, atrasos, anuências de órgãos reguladores, dentre outros); Identificar e analisar as dificuldades relacionadas ao embarque das cargas na origem dos itens (tais como tempo de espera para embarque, frequência de voos diretos, diversidade de rotas internacionais e de operadoras destas rotas); Elaborar e apresentar propostas para solução das dificuldades apontadas, considerando o apoio institucional das entidades próximas ao setor; Justificativa: As empresas do segmento enfrentam dificuldades relacionadas ao desembaraço aduaneiro das cargas no Aeroporto de Confins. Além disso, há problemas enfrentados no embarque das cargas na origem. Desta forma, os prazos de atendimento relativos ao suprimento de materiais ou equipamentos são longos e variáveis. Tais efeitos prejudicam a condição competitiva das empresas. Problema: Morosidade dos processos da ANVISA Ação: Melhorar o relacionamento com a ANVISA, buscando amparo em instituições tais como AMBIOTEC e FIEMG para melhor detalhamento dos processos e necessidades das empresas. Execução: Criar grupo de trabalho para coordenar levantamento e análise das informações e aproximação com as entidades de interesse; Levantar características dos materiais, dos processos produtivos e dos produtos comercializados; Identificar e listar os pontos de influência da ANVISA nos processos e decisões das empresas, bem como os problemas resultantes destes pontos de influência; Quantificar os prazos médios de resposta da ANVISA às solicitações peticionadas; Elaborar sugestões para otimizar os processos da ANVISA, tendo como base a lista de pontos de influência nas empresas e as metas ideais de tempo de resposta da Agência; 35

Apresentar propostas para as entidades próximas ao setor, solicitando apoio para a aproximação com a ANVISA. Justificativa: A ANVISA é o principal órgão regulador das atividades afetas às operações das empresas do setor. Suas decisões definem aspectos importantes dos processos de aquisição, importação, manuseio, armazenagem, produção e distribuição dos produtos das empresas. Os resultados do diagnóstico apontam que há uma morosidade na execução dos processos na Agência, o que suscita a existência de oportunidades de aprimoramento nestes processos. Estas ineficiências afetam não somente a competitividade das empresas individualmente, mas também do setor como um todo. Atuando de maneira individual, as empresas terão dificuldades em conseguir solucionar ou o problema ou reduzir o seu impacto. Portanto, a solução deste problema precisa passar pela articulação conjunta entre elas. Problema: Necessidade de infraestrutura externa para apoio às operações de armazenagem e distribuição Ação: Melhoria da infraestrutura do Aeroporto de Confins Execução: Criar grupo de trabalho para coordenar o levantamento e análise das informações e aproximação com as entidades de interesse; Avaliar legislação referente à criação e operação de depósito alfandegado; Identificar necessidades relacionadas ao armazenamento de materiais e produtos acabados; Dimensionar volumes estimados que seriam destinados ao depósito alfandegado; Justificativa: Há necessidade de contar com infraestrutura externa de apoio que permita a consolidação e armazenagem de materiais para circulação geral (cargas nacionais e internacionais). Tal infraestrutura permitiria que as empresas pudessem operar com economias de escala e ganhos de produtividade. Problema: Dificuldades em internalizar no país a produção de equipamentos ou prestar assistência técnica para clientes internacionais Ação: Criação de Entreposto Aduaneiro no Aeroporto de Confins Execução: Criar grupo de trabalho para coordenar levantamento e análise das informações e aproximação com as entidades de interesse; 36

Identificar e analisar oportunidades para a produção de equipamentos no país; Identificar e analisar oportunidades para a prestação de serviços de assistência técnica no país; Estimar impacto positivo na operação das empresas a partir da operação do entreposto aduaneiro; Apresentar informações e solicitar articulação das entidades próximas ao setor relativas à implantação do entreposto aduaneiro. Justificativa: As empresas do segmento possuem oportunidades de crescimento de suas operações que dependem da implantação do entreposto aduaneiro no Aeroporto de Confins. Estas oportunidades estão associadas com a possibilidade de produzir equipamentos no país para comercialização em mercados vizinhos (América Latina), além da prestação de serviços de assistência técnica a estes mesmos mercados. Problema: Fretes altos e baixo desempenho dos prestadores de serviço logístico Ação: Reavaliação e seleção de operadores e renegociação de fretes Execução: Criar grupo de trabalho para coordenar a renegociação das condições de transporte com os Correios e demais prestadores de serviços em um contrato coletivo, num modelo de logística compartilhada; Identificar os volumes, frequências de despacho e rotas para a distribuição dos equipamentos; Identificar atributos importantes para o desempenho das atividades de transporte para as empresas do setor; Identificar metas de custo do frete e do nível de serviço desejado; Levantar valores e nível de serviço da atual prestação de serviço dos prestadores, inclusive dos Correios; Renegociar condições com os Correios e demais prestadores de serviços; Elaborar modelo de seleção e avaliação dos serviços de transporte; Disponibilizar modelo para as empresas aderentes ao grupo de trabalho; Implantar iniciativa conjunta de negociação de acordos com os prestadores de serviços. Justificativa: As empresas do segmento apontaram que pagam altos valores dos fretes na distribuição, conjugados com o baixo nível de serviço dos prestadores de serviços de transporte. Os Correios são responsáveis por significativa parcela dos fluxos de distribuição, sendo o prestador preferencial para boa parte das empresas do segmento. Além disso, há oferta de outros prestadores de serviços especializados, ainda não explorados. A atuação conjunta entre as empresas para a renegociação das condições do transporte poderá resultar em menores valores para o frete e aumento no nível de serviço. Além disso, há a necessidade de se elaborar um modelo para seleção e 37

avaliação de serviços de transporte, que será útil para as negociações com fornecedores destes serviços. Problema: Diferença no estoque entre o volume registrado e a contagem física Ação: Aprimorar o processo de gestão de almoxarifados Execução: Mapear os processos de gestão dos almoxarifados (registro de entrada, requisição e baixa no consumo dos materiais, dentre outros); Identificar nos processos mapeados os procedimentos para registro das informações de estoque; Avaliar oportunidades de melhoria na execução destes procedimentos; Avaliar necessidade de treinar equipe responsável por executar os procedimentos; Avaliar os sistemas de informação utilizados para gerenciamento destas informações; Justificativa: O problema da diferença entre o estoque real e o estoque registrado no sistema é bastante recorrente nas empresas deste segmento. Como consequência deste problema há a ocorrência de faltas ou excesso de estoques. Assim, há atrasos nos processos produtivos e/ou no atendimento aos pedidos dos clientes, por um lado, e perdas de materiais por perecibilidade ou obsolescência, de outro lado. Ainda, informações imprecisas sobre necessidades líquidas de materiais geram ações ineficientes em compras, acarretando maiores custos para as empresas. Problema: Fluxo interno de informações entre os setores Ação: Aprimorar a gestão das informações Execução: Formar equipe de trabalho com representantes dos setores envolvidos no fluxo de materiais; Avaliar o sistema de informações utilizado, considerando a capacidade de apoiar o compartilhamento de informações entre os setores; Identificar pontos de fragilidade na captura e disponibilização das informações; Avaliar necessidade de treinar equipe responsável por manusear o sistema de informações; Justificativa: A existência de um fluxo inadequado de informações entre os setores das empresas provoca ineficiências em várias atividades logísticas. No suprimento, a programação dos pedidos junto a fornecedores pode ser feita com atrasos e erros quanto ao mix, volume e prazos de 38

entrega dos materiais. A capacidade dos setores de recebimento e armazenagem dos materiais pode ser comprometida, em virtude de descompasso entre as informações sobre recebimento de materiais. A programação da produção pode ser executada de maneira desalinhada com a real demanda dos produtos ou serviços. As operações de distribuição podem ser feitas de modo ineficiente, provocando aumento nos custos e redução no nível de serviço. Problema: Lotes grandes Ação: Reavaliação do contexto da demanda, dos custos logísticos e aduaneiros e das exigências de lote mínimo do fornecedor Execução: Avaliar oportunidades de aprimoramento dos métodos de previsão de demanda; Aprimorar o fluxo interno de informações entre os setores; Aprimorar os processos de gestão dos almoxarifados; Apoiar ações que sejam direcionadas para a criação de infraestrutura de apoio nos processos de importação; Avaliar oportunidades de renegociação de tamanhos de lote e frequência de atendimento por parte dos fornecedores; Justificativa: Grandes lotes de compra provocam impactos no fluxo financeiro, nos custos de estoque, no risco de perdas por perecibilidade e obsolescência, e no uso da capacidade de armazenagem instalada. Por outro lado, podem provocar impacto positivo na redução dos custos de transporte e aquisição. Cabe a cada empresa avaliar seus processos internos e sua base de fornecedores, em busca de oportunidades de flexibilização dos tamanhos de lote, dentro da especificidade de cada caso. 39

CAPÍTULO 3 EMPRESAS DO SEGMENTO DE SERVIÇOS E INSUMOS 1. INTRODUÇÃO As informações que compõem este relatório foram obtidas a partir de visitas técnicas realizadas nas empresas listadas na Tabela 1. Tabela 1 Relação de empresas visitadas EMPRESA RESPONSÁVEL DATA Alere Gilson 05/04/2013 Cenatte Júnior 30/04/2013 Labtest Cláudia 25/04/2013 Linhagem Roberto 18/04/2013 Mediphacos Fernanda 09/04/2013 Quibasa Sílvio Amdt 29/03/2013 Technodry Cristina Martins 03/05/2013 Uniclon Túlio Marcos 17/04/2013 Hermes Pardini Grisson Silva, Maria Beatriz e Cleber Miranda 22/04/2013 MBiolog Arlei 18/04/2013 ADCA Adilson e Henrique Carvalho 03/04/2013 Phoneutria Junia Victoria 04/04/2013 Catedral Antônio Guilherme, Telma 14/05/2013 Síntese Henrique Vinagre 13 e 27/05/2013 St. Jude Eduardo Magalhães 16 e 24/05/2013 Pró Criar Rosimeire Soares 09/05/2013 40

2. CARACTERÍSTICAS GERAIS As empresas deste segmento produzem e/ou comercializam insumos voltados para o suporte a atividades médico-veterinárias, bem como prestam serviços de exames e análises clínicas diversas. A Tabela 2 apresenta os principais produtos fornecidos por cada empresa. Tabela 2 Principais produtos fornecidos pelas empresas visitadas EMPRESA Alere Cenatte Labtest PRINCIPAIS PRODUTOS Triage Marcadores Cardíacos Drogas de Abuso - (Exame) HIV testagem e monitoramento Produção e comercializaçã de embriões "girolando" Clonagem de bovinos Prestação de serviços Reagentes e equipamentos para diagnóstico in vitro Linhagem Mediphacos Quibasa Exame de paternidade animal e doenças genéticas Lentes PMMA (Catarata) Lentes Especiais (Dobráveis catarata) Lentes dobráveis Premium Lentes de contato Kit para diagnóstico de laboratório de análise clínica Technodry Uniclon Hermes Pardini MBiolog Tratamento químico com objetivo de purificação do tecido biológico Em torno de 16 Revendedor de produtos químicos => Pro-Clin 300 Envio de insumos para laboratórios Recolhimento de material biológico para análise e diagnóstico Kits de testes diagnósticos in vitro ADCA Clipes para aneurisma. Phoneutria Enzimas TAQ DNA Polimerase; tampões; reagentes As empresas possuem grande variedade quanto à data de fundação. A mais antiga foi fundada na década de 1950; duas foram fundadas na década de 1970; três na década de 1980; uma na década de 1990; e quatro na década de 2000. 41

As empresas possuem uma diversidade razoável de clientes, variando de laboratórios espalhados por todo o país, distribuidores exclusivos no país, hospitais, governos, criadores de gado, franqueados ou fabricantes de kits. Os principais concorrentes são empresas localizadas também no Brasil, mas variando de concorrentes locais, nacionais ou mesmo multinacionais instaladas no país. 2.1 Subsistema de Suprimentos O subsistema de suprimentos tem por função prover o material certo, no local de operação certo, no instante correto e com o mínimo custo possível. Uma boa administração de materiais significa coordenar a movimentação dos suprimentos com as exigências da produção ou das vendas. Ou seja, engloba as atividades tradicionais de compras das empresas sem segmentação organizacional que consideram a logística. No subsistema de suprimento, existem algumas atividades que têm impactos diretos no fluxo e nos custos logísticos. A seguir, serão analisados os fatores que afetam o desempenho da empresa nas atividades de suprimentos. 2.1.1 Aspectos dos relacionamentos com os fornecedores As informações analisadas a seguir levam em consideração a aquisição dos três principais materiais necessários para os processos de produção ou prestação de serviços das empresas. O Gráfico 1 apresenta informações referentes à posição das empresas do segmento perante seus fornecedores. Há muitos fornecedores 16,67% Somos o único cliente do(s) fornecedor(es) 7,14% Poucos compradores 14,29% Há vários compradores 64,29% Gráfico 1 Posição das empresas visitadas perante os fornecedores 42

É possível perceber que predominam relações puramente de mercado entre empresas e os principais fornecedores. Essa conclusão é possível a partir da alta ocorrência mais de 64% dos casos das situações em que há várias empresas comprando dos fornecedores os mesmos itens. Sendo assim, estabelece-se uma relação de competição entre clientes pelo acesso a fontes de suprimento. Nestes casos, os clientes capazes de transacionar maiores volumes obtêm vantagens a partir das economias de escala nas negociações de compra e contratação de transporte de materiais diretos. Essa situação torna-se desfavorável para empresas de pequeno porte, em especial para aquelas consideradas novas entrantes em seus mercados ou aquelas importadoras. Quando as relações se baseiam em um número restrito de clientes, aumentam as possibilidades de que fornecedores direcionem esforços no estabelecimento e na manutenção de relações duradouras com os clientes. Neste sentido, os laços entre os dois lados seriam reforçados, resultando em uma relação de interdependência. Esse tipo de relação é importante para pequenas e médias empresas, pois assegura benefícios como maior confiabilidade no suprimento, acesso a inovação gerada por fornecedores e oportunidades de inserção em mercados competitivos, dentre outros benefícios. Apenas em 21% das situações foi verificada a existência deste tipo de relação. As empresas recebem seus principais materiais ou equipamentos com baixa frequência de entrega Gráfico 2. Conforme pode ser verificado, a soma das frequências semestral e esporádica significam 40% dos casos, enquanto frequência mensal ocorre para 30% dos casos e frequência quinzenal ou semanal ocorrem em 23% das situações. Esporadicamente 7,50% Semanalmente 15,00% Quinzenalmente 7,50% Semestralmente 32,50% Mensalmente 30,00% Gráfico 2 Frequência de entrega dos fornecedores às empresas visitadas Essa situação decorre de alguns fatores associados à origem das fontes de suprimento, quando importadas, ou do baixo consumo dos itens, no caso dos materiais. No primeiro caso, prevalece a necessidade de reunir lotes que justifiquem 43

os custos associados com o transporte internacional. Tal necessidade de consolidação direciona as empresas para estratégias de formação de estoque, afastando-as das possibilidades de produzir guiadas pela demanda confirmada. Nos casos de suprimento nacional, o fator determinante para a baixa frequência é a pequena demanda pelos materiais decorrente dos volumes reduzidos vendidos pela maior parte das empresas do segmento. De qualquer forma, o contexto resulta em formação de estoque de longo prazo de cobertura, o que não é financeiramente saudável. As estratégias de negociação de preços com os fornecedores estão apresentadas no Gráfico 3. Mesmo com a predominância das estratégias típicas de mercado puro, em que prevalece a competição com fornecedores e a escolha dos mesmos pedido a pedido, os contratos predominam. A relação formalizada, por um lado segura as empresas de biotecnologia aos fornecedores por um prazo, por outro dá a elas a segurança da continuidade do suprimento, o que parece ser o ponto crítico do negócio. Análise conjunta com fornecedor 3,23% Pedido a pedido 12,90% O fornecedor impõe o preço 19,35% Contrato 45,16% Preço negociado e fixado 16,13% Gráfico 3 Estratégia de negociação de preços com os fornecedores pelas empresas visitadas Podemos reforçar este argumento ao avaliar o poder de barganha das empresas perante seus fornecedores Gráfico 4. Verifica-se que predominam as opções Pequeno e Muito pequeno 55% das situações enquanto as opções Alto ocorreram em 20% das situações. 44

Alto 20,00% Muito pequeno 32,50% Médio 30,00% Pequeno 22,50% Gráfico 4 Poder de barganha das empresas visitadas perante os fornecedores Como visto anteriormente, predominam as situações em que muitas empresas compram dos principais fornecedores. No entanto, as empresas deste segmento relatam que há grande complexidade para substituir os fornecedores por fontes alternativas de suprimento. Essas informações estão apresentadas no Gráfico 5. As opções Difícil ou Muito difícil ocorreram em 60% dos casos, contra 10% da opção Fácil. Muito difícil 42,50% Fácil 10,00% Difícil 17,50% Médio 37,50% Gráfico 5 Grau de facilidade em substituir os fornecedores Ou seja, o cenário resultante das informações presentes nos Gráficos 1, 4 e 5 sugere que as empresas do segmento possuem dificuldades típicas de pequenos negócios nas aquisições estratégicas, uma vez que há competição pelas fontes, não há facilidade em substituir estas fontes por outras, tampouco estabelecer relações igualitárias típicas de poder de barganha equilibrado. O contrato é uma forma de segurança para as empresas regerem os relacionamentos e garantirem acesso aos itens necessários à elaboração de seus produtos ou serviços. No subsistema Suprimento, quando avaliado o desempenho dos fornecedores, houve predomínio da ocorrência de problemas relacionados ao nível de serviço no 45

atendimento Gráfico 6. Os principais problemas foram os atrasos nas entregas e longos tempos de ciclo. Em seguida, foi relatada a ocorrência de falta de materiais, provavelmente, decorrente dos dois problemas anteriores. O quarto problema de maior ocorrência é a qualidade dos materiais. Atrasos entregas Longos tempos de ciclo Falta de materiais Problemas de qualidade Danos no transporte Erros nos pedidos Gráfico 6 Problemas dos fornecedores que impactam o desempenho da Produção Também foram percebidas falhas nos processos de gestão interna das informações, como fica evidenciado na análise do Gráfico 7. Nele, é possível observar que merece destaque a ocorrência de problemas relacionados à realização de compras emergenciais de materiais. Este problema principal provavelmente está associado com os demais problemas identificados, tais como atrasos no envio de informações, inadequação dos fluxos e dos sistemas de informações. Gráfico 7 Inconsistências da informação que impactam o desempenho da Produção 46

2.1.2 Aspectos relacionados à importação de materiais O recinto alfandegário de preferência é o Aeroporto de Confins, por onde são recebidas a maior parte do volume estimado relativo de cargas importadas. A EADI Granbel é o segundo recinto na preferência das empresas. Quando analisados os entraves da utilização do aeroporto de Confins para importação de cargas, sobressaíram os relatos sobre a ineficácia de operação do aeroporto, gerando custos excessivos e demora nos processos. Ainda, foi apontada a escassez de rotas internacionais diretamente para o aeroporto, que hoje está restrita às rotas Lisboa-Belo Horizonte e Miami-Belo Horizonte. Outro fator de interesse para análise tem a ver com as características das cargas movimentadas nas importações. O Gráfico 8 apresenta as informações. A partir delas, é possível verificar que as cargas importadas possuem como característica predominante o fato de serem classificadas como cargas perigosas, o que demanda preocupações especiais quanto à movimentação e armazenagem ocorre em 46% das situações. A seguir, aparecem as cargas perecíveis 27% das situações e as congeladas 18% das situações. Gráfico 8 Característica do produto importado 2.2 Subsistema de Produção O subsistema de produção utiliza-se dos materiais disponibilizados pelo subsistema de suprimentos e, no processo de produção, origina o primeiro valor do produto final o valor da forma. Para tanto, racionaliza o processo definindo tempos das atividades, estudando a melhor disposição dos equipamentos e estações de trabalho (leiaute), aprimorando os atributos de qualidade, em termos de desempenho, estética, conformidade, segurança e confiabilidade, decidindo sobre atividades a terceirizar ou internalizar, estabelecendo critérios para o estabelecimento das filas e o posicionamento dos pedidos (primeiro a entrar, primeiro a ser atendido; menor tempo de atendimento; prioridade para emergências, ). A seguir, serão analisados os fatores que afetam o desempenho da empresa nas atividades de abastecimento e programação da produção: 47

2.2.1 Aspectos planejamento da demanda e gestão dos estoques de materiais As empresas deste segmento se dividem quanto aos métodos utilizados para obtenção da demanda Gráfico 9. Para 30% delas, os pedidos confirmados determinam as necessidades de materiais, em um modelo mais próximo daquele denominado puxado pela demanda. Outros 30% analisam os dados históricos de vendas para estimar demanda e programas suas necessidades, caracterizando um modelo mais próximo daquele denominado de base antecipatória. Nestes casos, a empresa evitam a formação de estoque de produtos acabados, principalmente, por trabalharem com uma informação qualificada sobre a demanda. Pedidos confirmados 30,4% Estudos de mercado 8,7% Feeling 4,3% Estatística 4,3% Gráfico 9 Método de obtenção da demanda Análise histórica 30,4% Os aspectos que sobressaem na gestão dos estoques de materiais de suporte à produção são a incidência de perdas de itens por perecibilidade e obsolescência, as diferenças entre o estoque registrado e o estoque físico e problemas de acuracidade dos dados Gráfico 10. Esses problemas foram os que tiveram maior frequência de ocorrência nas empresas do segmento. As perdas estão associadas às características de parte dos materiais utilizados pelas empresas, de natureza química e biológica em algumas empresas, e tecnológica, em outras, que pode fazer parte do negócio. Ocorre que erros na programação dos materiais, na estimativa da demanda e na acuracidade do estoque podem provocar compras em volumes ou variedade inadequados para as necessidades das empresas, gerando as perdas citadas. As causas para os problemas de acuracidade do estoque variam, indo da ausência de procedimentos adequados para entrada e baixa dos itens no momento do consumo, sistemas de informação inadequados ou inexistentes ou falta de equipe preparada e dedicada às atividades de controle de estoque. 48

Perdas por perecibilidade Diferença estoque físico/registro Perdas por obsolescencia Baixa acuracidade Produção programada não é realizada Gráfico 10 Problemas detectados na gestão de estoque 2.2.2 Aspectos da armazenagem de materiais De modo geral, as empresas deste segmento possuem poucos problemas no que se refere à armazenagem dos materiais. Quando levantados os principais problemas, considerando a frequência de sua ocorrência, sobressaiu a dificuldade de destinar corretamente os materiais nos armazéns Gráfico 11. As empresas movimentam volumes anuais pequenos, o que demanda baixa capacidade de armazenagem. No entanto, tal capacidade se mostra insuficiente para a diversidade de materiais ou equipamentos adquiridos, o que se reflete na dificuldade em definir locais no almoxarifado para endereçamento dos itens. Outros problemas apontados estão apresentados no referido Gráfico 11. Erros na coleta dos materiais Tempo longo para armazenar Tempo longo para coleta Tempo longo descarga veículos Gráfico 11 Problemas recorrentes na armazenagem 2.3 Subsistema da Distribuição Uma vez que o produto esteja acabado, entram em funcionamento atividades relacionadas ao subsistema da distribuição física. A distribuição física trata da movimentação, armazenagem e processamento de pedidos dos produtos finais da empresa. O ponto final da distribuição física pode ser a loja, o varejista, a fábrica ou 49

a casa do consumidor. O ponto inicial pode ser uma fábrica, um atacadista, um varejista, uma empresa de serviços, etc. A seguir, serão analisados os aspectos que afetam o desempenho da empresa nas atividades de armazenagem e distribuição de produtos acabados: 2.3.1 Aspectos da armazenagem de produtos acabados Tal como ocorrido no armazenamento de materiais, as empresas possuem baixa complexidade nas operações de armazenagem de produtos acabados. Isso decorre do fato de comercializarem baixos volumes de cargas pouco volumosas. Além disso, algumas empresas não possuem distribuição física, pois são prestadoras de serviços. Os principais problemas de armazenagem de produtos acabados estão apresentados no Gráfico 12. Gráfico 12 Problemas detectados na armazenagem do produto acabado O principal problema apontado foi a capacidade inadequada das instalações de armazenagem de produtos acabados. Isso se deve, principalmente, à necessidade de armazenar determinados produtos em câmaras frias, que não podem ser compartilhadas com outros produtos acabados ou materiais. Dessa forma, há uma complexidade quanto ao arranjo dos produtos nas diferentes unidades de resfriamento ou congelamento. Isso se reflete na ocorrência de problemas relacionados à localização de produtos acabados no armazém, o terceiro principal problema identificado. O segundo principal problema é a baixa acuracidade dos registros de estoque, o que reflete, muitas vezes, em erros na programação da produção ou atrasos no atendimento de pedidos a clientes. Em seguida, o baixo giro dos estoques. Neste caso, sendo que o consumo ocorre de maneira fracionada, é uma decorrência da economia de escala na fabricação de lotes, uma vez que alguns produtos possuem alto custo para serem produzidos em lotes inferiores a uma quantidade mínima. A consequência é a formação de estoques para aguardar uma venda futura. 50

2.3.2 Processos da expedição O Gráfico 13 apresenta os principais problemas verificados no setor de expedição de cargas e preparação de documentação fiscal e de transporte. Erros documento fiscal Erros montagem pedidos Erros documento transporte Gráfico 13 Problemas na expedição e preparação da documentação É possível observar que representam as principais frequências de ocorrência os erros de documentação fiscal e erros de documentação de transporte, respectivamente o primeiro e o terceiro principais em frequência de ocorrência. Tais problemas estão relacionados ao fluxo de informações internas às empresas, tal como foi verificado na gestão dos estoques. As causas estão associadas à precariedade de alguns sistemas de informações utilizados e da utilização de procedimentos inadequados para a emissão da documentação. O segundo principal problema é a ocorrência de erros na montagem dos pedidos que serão despachados aos clientes. A causa principal destes erros é a complexidade do posicionamento dos produtos armazenados, descrita anteriormente. Nestes casos, a dificuldade em localizar produtos no almoxarifado provoca erros de coleta e, consequentemente, de montagem dos pedidos. 2.3.3 Aspectos do transporte de produtos acabados Nas atividades de transporte, o problema que sobressai em relação aos demais é o alto valor do frete na distribuição Gráfico 14. O segundo e o terceiro principais problemas estão associados com a qualidade do serviço de transporte prestado em termos de pontualidade e cuidado com a carga. Tais problemas podem ser uma decorrência do quarto principal problema a seleção inadequada dos prestadores de serviços de transporte. 51

Gráfico 14 Problemas no transporte de produtos acabados 3. DIAGNÓSTICO SITUACIONAL O segmento é caracterizado por uma considerável diversidade de negócios. Algumas empresas produzem kits para diagnósticos e insumos para laboratórios, outras, insumos que serão utilizados em procedimentos cirúrgicos ou de tratamento. Há ainda aquelas que lidam com a saúde animal, atendendo produtores rurais ou clínicas veterinárias. Ou seja, existe uma diversidade de negócios, que interfere de maneira distinta na logística de cada empresa. No aspecto interno, esta diversidade se reflete nas exigências distintas quanto à área de armazenagem de materiais e/ou produtos acabados. Há relatos de problemas relacionados aos casos individuais, como capacidade de câmara frigorificada, tanto para materiais quanto para produtos acabados, leiaute do setor de recebimento de materiais, capacidade de armazenamento ou fluxo de informações entre áreas funcionais, dentre outros problemas. No que se refere às atividades de importação, as empresas importadoras são afetadas pelas ineficiências associadas aos procedimentos burocráticos de inspeção e liberação de cargas, o que torna o tempo de ciclo das importações muito longo e imprevisível. Considerando-se a característica de perecibilidade e periculosidade de boa parte dos materiais adquiridos, há unanimidade na necessidade de se intervir nestes procedimentos burocráticos, bem como no aumento do número de rotas internacionais para Confins. Na esfera da programação da produção e controle dos estoques, sobressaem as ineficiências da gestão, derivadas do uso de procedimentos baseados em sistemas de informações inadequados ou obsoletos, automatizados ou não. São situações individuais que demandam intervenções de cada empresa em seus processos e contratação de sistemas de informações mais qualificados a apoiar suas operações adequadamente. 52