XVIII SBRH A TRADUÇÃO PRÁTICA E A DEFINIÇÃO DE FRONTEIRAS DA SUSTENTABILIDADE: NATUREZA, GENTE E DESENVOLVIMENTO Tema : ÁGUA COMO FATOR DE SUSTENTABILIDADE E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO Francisco Lobato = Eng. Civil, consultor autônomo - fjlobato@uol.com.br
QUESTIONAMENTOS... Quais as dificuldades e desafios metodológicos para uma efetiva visão integrada de problemas e variáveis relacionados à sustentabilidade? Como consolidar a gestão de recursos hídricos como um dos principais fatores de ordenamento e sustentabilidade do território? Quais os principais i i instrumentos t e variáveis i a serem aplicados? Vamos começar pelo conceito básico: Ecológico (visão integrada ou holística) Cuja abrangência e complexidade, por vezes, deixamos de aplicar DS = E 3 Econômico Ético (eqüidade social e arranjos institucionais) (distribuição de custos e benefícios)
VETOR ECOLÓGICO = visão integrada ou holística Como conferir a integração entre diferentes variáveis e abordagens setoriais? Com base em uma... leitura do território Leituras Base Física Atividadesidades Base Institucional Espaciais Inserção Macrorregional. Área Abrangida Natural Construída Produção Consumo Formal Informal Unidades internas.
VETOR ECOLÓGICO = visão integrada ou holística Articulação da Gestão de Recursos Hídricos com Variáveis Supervenientes e Intervenientes Não há como investigar demandas e impactos sobre os recursos hídricos sem abordar as dinâmicas de desenvolvimento regional e de setores usuários, cruzados com restrições e condicionantes ambientais e sociais
Planejamento consistente = no presente e em cenários prospectivos Variáveis Portadoras de Futuro = Desenvolvimento regional + Setores usuários + Restrições e condicionantes ambientais e sociais Conceito de Geometria Variável Referência: Manuel Castells A Sociedade em rede, Paz e Terra, São Paulo, 1999. A internacionalização da produção capitalista resulta em padrões de localização que alteram profundamente as características do espaço industrial e seu impacto no desenvolvimento urbano. Um processo em que os fluxos, em vez das empresas, tornam-se as unidades de trabalho e decisão. Os fluxos tendem a substituir as localidades, numa lógica espacial sem-lugar... = = ocupação sem matéria /espaço abstrato.
Conceito de Geometria Variável Referências: Estudos regionais da OCDE Seminário na Cidade do Porto, out/2008 Avanços no conceito, com base na sobreposição de leituras do território i a partir de dinâmicas e variáveis próprias a cada setor usuário das águas = = Em outras palavras, não obstante a bacia hidrográfica ser a unidade de planejamento e gestão de recursos hídricos, a abordagem e estudos de demandas de setores usuários deve sobrepor outros recortes territoriais, uma vez que, por exemplo, a dinâmica econômica não é determinada pelo perfil do relevo e pela lei da gravidade. d Exemplos: Sistema Interligado Nacional SIN, operado por despachos do ONS, com base em modelos de otimização; Infra-estrutura e Logística Inter-modal de Transporte; Expansão de Cultivos Irrigados e Fronteiras do Agronegócio
Conceito de Geometria Variável Rede de Cidades Infra-estrutura de Transporte Referências: Estudos em curso do PERH/MG O traçado de Unidades Estratégicas de Gestão de Recursos Hídricos (UEGs), a partir de uma leitura espacial que busca identificar recortes territoriais homogêneos, mediante o agrupamento de UPGRHs com base no ZEE/MG e nas seguintes leituras: Geração de Energia Qualidade d da Água Vulnerabilidade
Conceito de Geometria Variável Referências: Estudos em curso do PERH/MG Agropecuária Produção Industrial Produção Mineral Expansão de Cultivos de Cana de açúcar Comitês Federais
Conceito de Geometria Variável Referências: Estudos em curso do PERH/MG Traçado Preliminar das Unidades Estratégicas de Gestão - UEGs
VETOR ECOLÓGICO = visão integrada ou holística Sob tais leituras, o conceito de geometria variável deixa de ser abstrato. Mais do que isso, pode-se conferir transversalidade à gestão de recursos hídricos, capacitando a água como um dos principais fatores para ordenamento das atividades sobre o território Para tanto,......não somente a gestão de recursos hídricos deve considerar as variáveis determinantes de dinâmicas do desenvolvimento regional e dos setores usuários notadamente uso e ocupação do solo, como também os estes devem incorporar variáveis e indicadores relacionados aos recursos hídricos em seus processos de decisão/gestão. Cruzamento de indicadores e variáveis = modelos de simulação hidrológica e de qualidade das águas, para a correlação com o uso e ocupação do solo, demandas por usos múltiplos, etc., em PDMs, manejo de micro-bacias i do meio rural, inventários i do setor hidrelétrico, dentre outras frentes de integração inter-setorial
VETOR ECONÔMICO = distribuição de custos e benefícios Primeiro passo: identificação dos atores e interesses (B/C) envolvidos Abordagem Financeira: receitas e despesas Abordagem Econômica (mais ampla): valoração dos benefícios e custos envolvidos, com particular destaque aos valores que se deve conferir aos recursos ambientais e dos recursos hídricos. Desafio... A adoção de metodologias consistentes e confiáveis: Custos Evitados em médio e longo prazo (CAP); Avaliações Contingentes Pesquisas de Disposição a Pagar (DAP); Preços Hedônicos Pesquisas Indiretas com Base no Mercado Imobiliário.
VETOR ECONÔMICO = custos e benefícios Custos Evitados em médio e longo prazo a identificação de potenciais passivos ambientais e socioeconômicos, com investimentos que serão demandados em perspectivas futuras. Pergunta: os atuais estudos de impactos ambientais (EIA/RIMAs) tem consistência e chegam a este patamar? Muitas das medidas compensatórias impostas tem relação com futuros passivos ambientais e sociais? Avaliações Contingentes Pesquisas de Disposição a Pagar (DAP) seleção do número e do perfil de pessoas a consultar, representativas de fatores como classe de renda, escolaridade e idade, dentre outras; questionários complexos e muito bem formulados (+/- 08 a 10 p.); p); metodologia do referendum para estimar a disposição máxima a pagar: Estaria disposto a pagar R$ X,00/mês, como contribuição para tal melhoria ou preservação ambiental? SIM ( ) ou NÃO ( ) assim, formula-se o equacionamento da utilidade expressa pelo pesquisado: U=f(j j, y, s), onde: j = variável binária (SIM = 1; NÃO = 0); y = nível de renda; e s= outros fatores.
VETOR ECONÔMICO = custos e benefícios Avaliações Contingentes Pesquisas de Disposição a Pagar (DAP) para o pesquisador/economista, a resposta do entrevistado é aleatória com certa distribuição de probabilidade, estimada por equações estatísticas; por seu turno, o consumidor ambiental define qual a escolha máxima para a sua utilidade, em função de sua renda, interesse e demais fatores; Preços Hedônicos Pesquisas Indiretas com Base no Mercado Imobiliário perfil dos preços atuais do mercado imobiliário, com a identificação de variáveis com rebatimentos positivos ou negativos sobre o valor de terrenos e edificações, a exemplo de riscos de inundação, salubridade urbana, proximidade de áreas de lazer e recreação, mobilidade, etc.; traçado de cenários futuros associados aos investimentos que se quer viabilizar, com a indicação das variáveis negativas que serão superadas, por conseqüência, com rebatimentos sobre os preços do mercado imobiliário, assumido como indicativo indireto da Disposição a Pagar.
VETOR ECONÔMICO = custos e benefícios Algumas Perguntas Provocativas: Considerando o grau de precisão de pesquisas eleitorais e outras similares, em determinadas decisões relacionadas à gestão de recursos hídricos por exemplo, valor a ser pago via Cobrança, prioridades de investimentos e/ou de áreas de proteção ambiental,......como assegurar maior representatividade e consistência nas respostas e manifestações sociais obtidas? a) somente pelo voto de representantes em comitês de bacia? Há efetiva representatividade social? Ou devemos reconhecer que há algumas manipulações, capturas de instâncias ou lacunas e deficiências em muitos de nossos representantes sociais, políticos e de setores usuários? b) por procedimentos tecnocráticos e econométricos de Avaliações Contingentes (DAPs), sem prejuízo de que subsidiem instâncias colegiadas como os comitês de bacias? Desafios da Sustentabilidade
VETOR ÉTICO = eqüidade social e arranjos institucionais Que referências temos para uma avaliação consistente de políticas públicas e de arranjos institucionais propostos? Por exemplo do SINGREH? Metodologia APEX Projetos EuroWater e Water 21 Comunidade Européia = Francisco Nunes Correia, Bernard Barraqué e outros... 05 As 05 Ps 03 Eixos da Sustentabilidade
VETOR ÉTICO = eqüidade social e arranjos institucionais Quais as ARENAS (ou Instâncias) onde são tomadas decisões efetivas sobre a gestão de recursos hídricos? Quem são os ATORES envolvidos que, de fato, interferem em tais decisões? 05 As Quais os AIMS / OBJETIVOS traçados pela política pública sob análise? Quais as AÇÕES que asseguram efetividade aos objetivos traçados para as políticas públicas? Como são AVALIADAS as ações e resultados esperados a partir das políticas públicas sob análise?
VETOR ÉTICO = eqüidade social e arranjos institucionais Quais os atores com interesses PARTICULARES / PRIVADOS que participam ou interferem nas políticas públicas sob análise? Quais os órgãos e instâncias PÚBLICAS envolvidas e quais suas efetivas atribuições i e competências? 05 Ps Que abordagens são próprias aos PROFISSIONAIS especializados no tema da política pública sob análise, dentre funcionários de entidades públicas, professores universitários e consultores Como se posicionam os POLÍTICOS que deverão aprovar ou se manifestar sobre tais políticas públicas? Igualmente, como se manifesta a PRESS / IMPRENSA sobre tais políticas públicas?
VETOR ÉTICO = eqüidade social e arranjos institucionais 03 Eixos da Sustentabilidade Como são cruzados os Eixos da Sustentabilidade na Metodologia APEX? Considerações sobre a avaliação em curso do SINGREH: CONTROLE SOCIAL Posição ideológica, i agressiva e incompatível com a sociedade d democrática Não há um caminho único a ser controlado e obedecido PARTICIPAÇÃO E VIGILÂNCIA SOCIAL, TRANSPARÊNCIA E, ESPECIALMENTE, NEGOCIAÇÕES DE CONFLITOS Os interesse não são unificados em uma sociedade plural e democrática Definir consensos ou gerenciar conflitos? (Lobato SBRH, 1997)
Avaliação em curso do SINGREH: Não há qualquer espaço para ações discricionárias de gestores públicos no âmbito do SINGREH. O Sistema deve ser descentralizado e participativo Posição inconsistente e absolutamente irrealista Perguntas Incômodas: As instâncias colegiadas operam no dia-a-dia, onde há seguidas demandas por decisões? Devemos visar somente as instâncias do SINGREH, ou reconhecer que regras e acordos operacionais p. ex., entre o ONS e a ANA repercutem muito mais efetivamente sobre as disponibilidades hídricas? As instâncias colegiadas tem aprimorados critérios de outorga ou persistem espaços discricionários no contexto dos órgãos gestores? Quais as ARENAS onde são tomadas decisões efetivas de gestão? A Micro-física do Poder - Michel Foucault
VETOR ÉTICO = eqüidade social e arranjos institucionais 03 Como são cruzados os Eixos da Eixos da Sustentabilidade na Metodologia APEX? Sustentabilidade Ecológico (visão integrada ou holística) DS = E 3 Ético (eqüidade social e arranjos institucionais) Econômico (distribuição de custos e benefícios) Arranjos Institucionais serão consistentes e sustentáveis se e somente se forem articulados ao conjunto dos interesses econômicos relacionados aos processos sociais de apropriação dos recursos hídricos e ambientais
Em termos gerais, o país parece passar por um turning-point, a partir do qual será possível consolidar conquistas definitivas ou derivar para mais um movimento de dispersão, tão peculiar e recorrente na história das instituições brasileiras, a um só tempo, flexíveis e arrojadas o suficiente para permitir grandes inovações e experimentos, e fluídas a ponto de minguarem com a mesma velocidade com que floresceram. (Estratégia de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Brasil / Lobato, BIRD, 2003)
No Brasil, sobra volatilidade e nos falta Sustentabilidade Institucional! FIM!