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Transcrição:

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO GABINETE DO DES. SAULO HENRIQUES DE SÁ E BENEVIDES. ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N. 001.2007.024438-7/001 7a Vara Cível da Capital. RELATOR :Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides. APELANTE :CAMED Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil. ADVOGADO :Jaime Yoshio de A. Sakaki e outros. APELADA :Klenia Maria Camelo. ADVOGADOS :Alexandre B. Lucena Leal. APELAÇÃO CÍVEL RESCISÃO CONTRATUAL PLANO DE SAUDE IMPOSIÇÃO DE OBRIGAÇÃO INÍQUA E ABUSIVA ART. 51 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR CLÁUSULA NULA DE PLENO DIREITO / PROCEDÊNCIA DO PEDIDO MANUTENÇÃO DA SENTENÇA DESPROVIMENTO DO RECURSO. Considera-se abusiva a imposição de cláusula contratual que transfere ao consumidor, beneficiário de plano de saúde, a responsabilidade pelo risco do negócio, fazendo com que o cancelamento do contrato em prazo inferior a dois anos, fique condicionado ao pagamento da totalidade dos gastos eventualmente realizados pelo plano de saúde em favor do beneficiário, durante o período de filiação. acima nominados. VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS os presentes autos ACORDA a Egrégia Terceira Câmara Cível do Colendo Tribunal de Justiça do Estado, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto relator. RELATÓRIO. Cuida-se de Apelação Cível interposta pela Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil CAMED em face da sentença de fls. 95/98, proferida nos autos da Ação de Rescisão Contratual proposta por Klenia Maia Camelo em desfavor do recorrente. Na sentença, a magistrada a quo julgou parcialmente procedente o pedido para declarar rescindido o vínculo contratual da autora, na qualidade de dependente, desde a data de 28.02.2007, condenando a ré, ora recorrente, a

ressarcir os valores cobrados relativos a autora, a partir desta data, acrescidos de correção monetária e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês. Inconformada, a recorrente alega, em síntese, que a autora não tem direito à devolução dos valores cobrados a partir de 29/02/2007, pois o contrato somente teria sido efetivamente cancelado em 30/06/2008. Observou, ainda, que a exclusão de dependente em período inferior a 02 (dois) anos, consoante disposição contratual, imputará ao associado o ressarcimento à contratada da diferença existente entre as contribuições e os auxílios concedidos. Contrarrazões pelo desprovimento às fls. 110/121. Instada a se pronunciar, a douta Procuradoria de Justiça, em seu parecer de fls. 128/132 opinou pelo desprovimento do recurso. É o relatório. Voto. Em termos objetivos, a recorrida propôs a presente ação, objetivando a rescisão de um contrato de plano de saúde firmado com a CAMED (recorrente), na qual figura na qualidade de dependente. Afirmou, em sua exordial, que aderiu a um plano de coparticipação junto a empresa recorrente, mas que em 28/02/2007, em razão da não aceitação do plano de saúde no mercado, decidiu cancelar seu contrato com a promovida, solicitando, através de pedido formal (fl. 21), a sua exclusão do Plano Família. Observou que, nesta oportunidade, a representante da promovida (recorrente), ao receber a solicitação, pediu a sua carteira de beneficiária e, após exigir assinatura em alguns papeis, garantiu que a exclusão requerida já estava efetivada. Contudo, um mês após, recebeu uma ligação de uma funcionária da CAMED (recorrente), informando que o pedido realizado em 28/02/2007 só poderia ser atendido mediante o pagamento da diferença do valor pago a título de contribuição e os auxílios concedidos a contratada (fl. 31), conforme determinação contratual, que em sua cláusula 14 prediz que a exclusão do dependente em período inferior a 02 (dois) anos, imputará ao associado o ressarcimento à contratada de diferença existente entre as contribuições e os auxílios concedidos: 14.1.2. A perda da condição de DEPENDENTE no Plano Família se dará: (...) e) Por autorização expressa da CONTRATADA, atendendo à solicitação do associado, observada a ausência de perda financeira para a CONTRATADA, mediante ressarcimento de diferença entre o valor pago a título de contribuição e os auxílios concedidos pela contratada. (...) Dirimindo a controvérsia, a magistrada a quo julgou parcialmente procedente o pedido, para declarar rescindido o vínculo contratual da 2

autora, na qualidade de dependente, desde a data de 28.02.2007, condenando a ré, ora recorrente, a ressarcir os valores cobrados relativos a autora, a partir do pedido de cancelamento, acrescidos de correção monetária e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês. Ressaltou, em sua fundamentação: "Pode o consumidor se retirar de plano de saúde ou tem que ressarcir a diferença entre o valor pago a título de contribuição e os auxílios concedidos pela contratada? A resposta é fácil. O consumidor não pode ser obrigado a ficar num plano que não deseja, sendo írrita e abusiva a cláusula que imponha a devolução de diferença, pois ai o plano estaria transferindo o risco do negócio para o consumidor. Ademais, hoje existe a portabilidade, podendo o consumidor sair de um plano de saúde para outro, sem carência, a seu critério. Assim, é procedente o pedido de rescisão, com efeitos desde o dia 28.02.2007, data do recebimento do primeiro pedido de exclusão, devendo os valores cobrados a partir dessa data, ser devolvidos, com correção monetária e juros. Quanto ao pedido de indenização por ausência de informações claras, entendo que falta legitimidade à autora, pois somente o titular do plano poderia reclamar que não teria recebido o contrato e informações." De fato, as provas coligidas aos autos demonstram a efetiva realização do pedido por parte da autora, ora recorrida, no sentido de ver-se excluída do Plano Familiar, a qual havia ingressado na qualidade de dependente. Para tanto, citemse os documentos de fls. 21 e 23. A questão, porém, é que a exclusão da recorrida não fora realizada pela recorrente, ao argumento de que, pelo fato do plano ter sido firmando há menos de dois anos, a recorrida deveria efetuar o pagamento da diferença entre as contribuições vertidas em prol do plano de saúde e o serviço efetivamente prestado, o que, de acordo com o documento de fl. 31, alcançaria o montante de R$ 2.041,25 (dois mil e quarenta e um reais e vinte e cinco centavos). Registre-se, no entanto, que a imposição dessa obrigação para fins de cancelamento do plano de saúde, revela nítida a abusividade contratual, na medida em que transfere ao consumidor a responsabilidade pelo risco do negócio, fazendo com que o beneficiário do plano de saúde, que deseja o cancelamento em prazo inferior a dois anos, arque com a totalidade dos gastos eventualmente realizados pelo plano de saúde durante o período de filiação. De se atentar, que o Código Consumerista veio dar guarida a vulnerabilidade do consumidor no âmbito das relações de consumo, fazendo valer nas contratações princípios próprios, como o da isonomia e da boa-fé objetiva entre os contratantes. Uma dos desígnios do estatuto é o de minorar a autonomia da vontade, evitando arbitrariedades pelo fornecedor ao ditar as cláusulas formadoras do contrato de consumo. Muitas vezes, tais ajustes são elaborados de forma unilateral, fazendo surgir 3

injusto benefício, sendo facilmente constatável o abuso, o que afronta a função social do contrato. Com fins de se proporcionar equilíbrio entre os litigantes, que inqüestionavelmente partem de condições desiguais, fica autorizado ao Magistrado o reconhecimento de cláusulas abusivas e ilícitas, de forma a fazer valer a igualdade, a funcionalização do contrato e a boa-fé objetiva'. E nessa perspectiva, dispõe o Código de Defesa do Consumidor: Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (...) IV estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade; Além disso, como bem observado pelo douto parecer ministerial, a décima cláusula do contrato, que trata das carências, prevê prazos para que o beneficiário possa usar o plano contratado. Disso decorre, que se a autora efetivamente utilizou o plano de saúde é porque cumpriu com a carência devida, sendo absolutamente exagerada a imposição da obrigação de pagar a diferença pleiteada pelo plano de saúde, para fins de mero cancelamento do contrato. Nesse contexto, deve ser mantida a sentença recorrida, pelos seus próprios fundamentos, para que seja declarada a rescisão contratual, garantindo-se à autora o direito ao ressarcimento de eventuais valores indevidamente cobrados após o pedido de cancelamento, que segundo consta dos autos, ocorrera em 28.02.2007. Em precedentes análogos, a jurisprudência dos Tribunais tem se pronunciado: CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. PEDIDO EXPRESSO DE CANCELAMENTO COMPROVADO NOS AUTOS. DESCONTO INDEVIDO DAS MENSALIDADES APÓS O REFERIDO PEDIDO. RESSARCIMENTO DO VALOR INDEVIDAMENTE DESCONTADO. DEVOLUÇÃO EM SUA FORMA SIMPLES. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida. Condenação em custas processuais e honorários advocatícios que fixo em 10% do valor da condenação. (TJDF; Rec 2012.07.1.004829-4; Ac. 635.240; Segunda Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal; Rel. Juiz José Guilherme; DJDFTE 2311112012; Pág. 330) APELAÇÃO CÍVEL. PREVIDÊNCIA PÚBLICA. CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO FAS/RS (IPE-SAÚDE). CARÁTER FACULTATIVO. DESCONTOS EFETUADOS APÓS O PEDIDO ADMINISTRATIVO DE CANCELAMENTO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. VIABILIDADE. Admite-se a repetição do indébito das parcelas descontadas ao Fundo de Assistência à Saúde (FAS/RS) instituído pela Lei Complementar Estadual n 12.066/04, quando comprovado documentalmente que os descontos ocorreram depois de protocolado requerimento administrativo de desligamento do plano. O termo inicial da restituição corresponde à data em que formulado o requerimento, a partir daí incidindo correção monetária pelo IGP-M desde cada desembolso. APELO PROVIDO. (Apelação Cível N Apelação Cível N 70035984582, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Roberto Carvalho Fraga, Julgado em 01/11/2011 4

70047575113, Vigésima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Miguel Ângelo da Silva, Julgado em 09/10/2012) RECURSO INOMINADO. RELAÇÃO DE CONSUMO. PLANO DE SAÚDE. AÇÃO INDENIZATÓRIA. Cobrança de mensalidade após o cancelamento do plano. Alegação da seguradora quanto a previsão de aviso prévio de 30 dias. Vicio de informação. Cláusula abusiva, pois coloca o consumidor em desvantagem exagerada frente a operadora do plano de saúde. Art. 51, inciso IV, do CDC. Divida inexistente. Inscrição indevida. Pessoa jurídica. Dever de indenizar. Dano moral. Honra objetiva. Embora não seja titular de honra subjetiva que vem a ser dignidade, o decoro e a autoestima, caracteres exclusivos do ser humano, a pessoa jurídica detém honra em seu substrato objetivo. Súmula n 227 do STJ. Quantum indenizatório fixado sem lastro nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Cobrança de valor fundada em cláusula contratual sob discussão. Sentença reformada. Recurso conhecido e provido em parte para reduzir o valor da indenizar e determinar a restituição de forma simples. (TJBA; Rec. 0004199-17.2010.805.0126-1; Segunda Turma Recursal; ReP Juíza Martha Cavalcanti Silva de Oliveira; RIBA 0211012012) Face ao exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo a sentença de fls. 95/98 em todos os seus termos. É como voto. Presidiu a Sessão o Exmo. Sr. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides. Participaram do julgamento, o Exmo. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides (relator), o Exmo. Dr. Ricardo Vital de Almeida, juiz convocado para substituir o Des. José Aurélio da Cruz, e a Exma. Des. Maria das Graças Morais Guedes. Presente ao julgamento o Dr. Francisco de Paula Ferreira Labor, Promotor de Justiça convocado. João Pessoa, 05 de março de 2013. Des. Saulo He7, es de Sá e Benevides Relator

TRUilkIPIAL DE-.10.9. Difet0Tia Registrado e A