EPIDERMÓLISE BOLHOSA NUTRIÇÃO. Andréa Gislene do Nascimento Nutricionista Chefe Serviço de Nutrição e Dietética 16 de agosto de 2014.



Documentos relacionados
10 Alimentos importantes para sua saúde.

ALIMENTAÇÃO/APETITE como lidar com a situação!

Cuidado nutricional no tratamento quimioterápico

RESPOSTA RÁPIDA 364/2014 Isosource Soya

Amamentação: sobrevivência infantil e. qualidade de. vida. 2 Nutricionista Materno Infantil Rejane Radunz

RESPOSTA RÁPIDA 222/2014 Isosource Soya baunilia

Orientações para alimentação saudável de crianças menores de dois anos

Nutrição no tratamento da AIDS

PROTÉICO-CALÓRICACALÓRICA. Prof a. Dr a. Andréia Madruga de Oliveira Nutrição p/ Enfermagem 2009/2

Alimentação no primeiro ano de vida. Verônica Santos de Oliveira

EMEF TI MOACYR AVIDOS DISCIPLINA ELETIVA: COZINHANDO COM OS NÚMEROS

RESPOSTA RÁPIDA 147/2014 Peptamen Junior, fibra em pó, equipos

Anamnese Alimentar Infantil

Muito obrigada por baixar nosso e-book. Quem somos?

Residência Saúde Nutrição Clínica. Discursiva C COORDENADORIA DE DESENVOLVIMENTO ACADÊMICO D A. wwww.cepuerj.uerj.br ATIVIDADE DATA LOCAL

Guia de nutrição para pacientes e cuidadores

NUTRIÇÃO E SÍNDROME DE RETT

Assistência Nutricional à. Pacientes em. Radioterapia

Hospital de grande porte e alta complexidade, exclusivamente SUS São 419 leitos ativos (55 de UTI adulto e 10 de UTI Ped) 44 especialidades médicas,

Alimentação Saudável

ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR

Alimentação complementar. Prof. Orlando Antônio Pereira Faculdade de Ciências Médicas Unifenas

Criança nutrida & criança Vitaminada

RESPOSTA RÁPIDA 427/2014 Nutrison Soya Multifiber

ROTEIROS E ORIENTAÇÕES PARA OS RELATÓRIO DE ESTÁGIO NA ÁREA DE:

COMPLICAÇÕES DIGESTIVAS DE CRIANÇAS COM CDG

CIÊNCIAS PROVA 2º BIMESTRE 8º ANO PROJETO CIENTISTAS DO AMANHÃ

Fenilcetonúria Tratamento e Acompanhamento Nutricional

Nutrientes. E suas funções no organismo humano

Vida saudável. Dicas e possibilidades nos dias de hoje.

A DIETA CERTA SAÚDE IATE

Guia. Nutricional. para gestantes

Nutrição & cuidados no tratamento do câncer. Valéria Bordin Nutricionista CRN3-4336

TERAPIA NUTRICIONAL NUTRIÇÃO ENTERAL

Nossa Linha de Produtos

O PRÉ-ESCOLAR DE DOIS A CINCO ANOS DE IDADE: COMO ANDA SUA ALIMENTAÇÃO?

Alimentação na Gestação

Dossier Informativo. Osteoporose. Epidemia silenciosa que afecta pessoas em Portugal

Método de Amenorréia Lactacional

Nutrição. Diana e Silva, Marta Rola

A DESNUTRIÇÃO DO PACIENTE ONCOLÓGICO

Análise Nutricional do Contador de Pontos (Carinhas)

Maio Mais saúde e bem estar para você e seus colaboradores. Maior produtividade para sua empresa.

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA: INTRODUÇÃO DOS VEGETAIS NA REFEIÇÃO DAS CRIANÇAS

PEDIALYTE 45 Zinco cloreto de sódio gliconato de zinco glicose monoidratada citrato de sódio diidratado citrato de potássio monoidratado

DIGEDRAT. (maleato de trimebutina)

MEDICINA PREVENTIVA HÁBITOS ALIMENTARES

A importância da Albumina Sérica no processo de cicatrização de feridas

Índice de Impactos Odontológicos no Desempenho das Atividades Diárias da Criança (OIDP-Infantil)

Bettercreme. Experimente esta novidade! Informações cadastrais

Intolerância à Lactose

CURSO AVANÇADO DE MANUTENÇÃO DA VIDA EM QUEIMADURAS

Trimeb. (maleato de trimebutina)

Alimentação Escolar Saudável. Apresentação: Lidiane Farias

E E R D A B DISEB SO O RA S FALOM VA

conhecer e prevenir DIABETES MELLITUS

Guia Nutricional de Alta Hospitalar

QFase REVISTA TJ 11. Tiago Elias Junior. Volume 02 julho/2014 Ano 1 Bebedouro SP. Redator chefe. Experiências. Bebe da Semana. Obesidade infantil

Hábitos alimentares e estilo de vida saudáveis

5.1 Doenças do esôfago: acalasia, esofagite, hérnia hiatal, câncer de cabeça e pescoço, câncer de esôfago, cirurgias

Receitas de sobremesas do programa SESI Cozinha Brasil fazem sucesso no verão

NUTRICIONISTA PORTUGUÊS

15/08/2013. Acelerado crescimento e desenvolvimento: IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NESSA FASE. Atinge 25% da sua altura final

Alface lisa: possui sabor suave, folhas solta e lisas. É o tipo de alface mais utilizado no Brasil. Muito boa para saladas, pesto e fazer charutos.

O Batido. O leite e a fruta apresentam na sua constituição um. Os batidos constituem-se como uma excelente fonte de

Dieta Sólida Recomendações:

A COUVE-FLOR NA ESCOLA DO SABOR

Apresentação. O que significam os itens da Tabela de Informação Nutricional dos rótulos

ô.,i^n,,, clc 06) suptemento arimentar padrão para desnutrição protéico carórica

Granola Soft. Benefícios

Especialista explica a importância do consumo de frutas e verduras 12/11/2011 TAGS: ALIMENTAÇÃO, COMPORTAMENTO

VITAMINA K2. Saúde Óssea e Cardiovascular

Dia Mundial da Diabetes - 14 Novembro de 2012 Controle a diabetes antes que a diabetes o controle a si

5.1 Doenças do esôfago: acalasia, esofagite, hérnia hiatal, câncer de cabeça e pescoço, câncer de esôfago, cirurgias

Amadora Sintra ALIMENTAÇÃO

GUIA DIETA ONLINE UM DIA COM UMA ALIMENTAÇÂO SAUDÁVEL DIETA ONLINE. por Nutricionista Dr.ª Joana Carido. Dr.ª Joana Carido

Tema: Receitas para amenizar os efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia

GUIA DE BOLSO. Está na hora de incluir a fruta e os hortícolas na alimentação! SAIBA PORQUÊ

O que comer quando não tem apetite

Pão de banana e laranja

Nutrição. O alimento como aliado da sua saúde.

Quiche de palmito. levíssima massa recheada com palmito fresco temperado com cúrcuma.

TECNOLOGIA DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

A maioria das pessoas sente-se apta para comer outra vez após a cirurgia, aumentando o seu apetite à medida que os dias passam.

Página 1 / 7 FICHA DE DADOS DE SEGURANÇA de acordo com o Regulamento (UE) nº 1907/2006 redacção dada. Toner - Preto

O ovo passou de vilão a mocinho!

Tinta seca Highlight Color LPS - Vermelho cardeal

Cuidados simples são fundamentais para o sucesso desta fase de criação e muitas vezes são negligenciados pelo produtor. Saiba quais são eles.

NECESSIDADES NUTRICIONAIS DO LACTENTE

Aleitamento Materno Por que estimular?

EMAGREÇA COM CHÁ DE GENGIBRE

Tabela 1 - conteúdo de umidade em alguns alimentos:

Processo de envelhecimento

Através do projeto vivenciando valores na saúde o Colégio Adventista Ellen G. White com informações do site R7.com, fornecerão a você receitas

controlar para crescer NUTRIENTE IDEAL PARA FLORAÇÃO, FRUTIFICAÇÃO E FORMAÇÃO DE SEMENTES FLORAÇÃO

2. Vitamina C- Funções, Carência e Sobredosagem Bibliografia..7

Transcrição:

EPIDERMÓLISE BOLHOSA NUTRIÇÃO Andréa Gislene do Nascimento Nutricionista Chefe Serviço de Nutrição e Dietética 16 de agosto de 2014.

Bolhas orofaringeanas Constipação Fibrose submucosa Cáries dentárias Bolhas e rigidez esofágicas Deformidades das mãos Ingestão inadequada Anorexia Apatia Perda de nutrientes pela pele Deficiências nutricionais Déficit de crescimento Cicatrização deficiente Shaw e Lawson. Clinical Paediatric Dietetics; 2001. Haynes. Nutrition for Babies with Epidermolysis Bullosa; 2008. Haynes. Nutrition for Epidermolysis Bullosa for children over 1 year of age.

Manifestações clínicas e repercussões nutricionais Obstipação Refluxo gastroesofágico Disfagia Anemia Desnutrição: aumento das necessidades, baixa ingestão Fine et al. JPGN 2008; 46: 147-58. - Fewtrell et al. Brit J Dermatol 2006; 154: 959-962. Freeman et al. Brit J Dermatol 2008; 158: 1308-14. - Haynes. Clinical Practice Guidelines for Nutrition Support in infants and children with EB. SHS/ Nutricia. 2007

Manifestações clínicas e repercussões nutricionais Retardo de crescimento e desenvolvimento Osteoporose, osteopenia Problemas com dentição Atraso do desenvolvimento sexual Atinge as condições físicas e psicológicas Fine et al. JPGN 2008; 46: 147-58. / Fewtrell et al. Brit J Dermatol 2006; 154: 959-962. Freeman et al. Brit J Dermatol 2008; 158: 1308-14 / Haynes. Clinical Practice Guidelines for Nutrition Support in infants and children with EB. SHS/ Nutricia. 2007

Objetivos: Terapia nutricional Promover crescimento adequado para idade e sexo Promover funcionamento adequado do sistema imunológico e cicatrização de feridas Promover mobilidade Promover qualidade de vida Haynes L. Brit J Nurs 2006; 15 (20): 1097-1101.

Objetivos: Terapia nutricional Aliviar o estresse associado com a dificuldade em se alimentar Compensar os nutrientes perdidos pelas feridas e lesões, avaliando as deficiências de macro e micronutrientes Aliviar a dor associada à evacuação e promover função intestinal normal Haynes L. Brit J Nurs 2006; 15 (20): 1097-1101.

Avaliação nutricional Antropometria (dificuldades): Peso/ Estatura Crescimento Exames laboratoriais Avaliação da ingestão alimentar Presença de lesões e infecções

Avaliação alimentar Dia alimentar habitual Capacidade de mastigação/deglutição Consistência dos alimentos Temperatura dos alimentos Tempo da refeição Alimentos ricos em ferro e fibras Hábito Instestinal Náuseas e Vômitos

Energia: Planejamento dietético 100 150% das recomendações 130-180 kcal/kg peso atual até 225 kcal/kg (se há lesão importante de pele e déficit de crescimento) Proteínas: 115-200% das recomendações 2,5 a 4g/kg de peso Micronutrientes (casos graves): 150-200% das recomendações Haynes. Dermatol Clin 28(2010): 289-301. Shaw e Lawson. Clinical Paediatric Dietetics; 2001.

Vitaminas Não há recomendação específica Pode ser necessário suplementação Vitamina A: integridade da pele Vitamina C: aumenta absorção de ferro e tem papel na síntese de colágeno Vitamina D: falta de exposição solar Não ultrapassar UL Haynes. Dermatol Clin 28(2010): 289-301. Shaw e Lawson. Clinical Paediatric Dietetics; 2001.

Ferro e anemia Maior risco: EB distrófica recessiva, juncional, Dowling-meara na infância Avaliar parâmetros de ferro Hb, VCM, Ferritina, CTLF Interpretação: infecção, processo inflamatório Efeitos colaterais da suplementação: constipação e irritação gástrica (dividir a dose) Shaw e Lawson. Clinical Paediatric Dietetics; 2001.

Zinco Papel importante Crescimento Cicatrização Função imune Estabilidade de membrana Suplementar quando há lesão grave Efeitos colaterais: náusea (dividir a dose, junto com alimentos) Shaw e Lawson. Clinical Paediatric Dietetics; 2001.

Selênio e Carnitina Miocardiopatia dilatada Suplementação: 50mcg/dia 50-100mg/kg/d de carnitina Shaw e Lawson. Clinical Paediatric Dietetics; 2001.

Quando suplementar? Lesões na boca Dificuldade para mastigar e engolir os alimentos Aumento dos requerimentos nutricionais Haynes. Nutrition for Babies with Epidermolys Bullosa. 2008

Prebióticos e Probióticos Melhoram a integridade do cólon e a imunidade Reduz a incidência de infecções intestinais Regulam o hábito intestinal Haynes. Dermatol Clin 28(2010): 289-301.

Dieta: Características Hipercalórica Hiperprotéica Pastosa Rica em ferro Rica em fibras Temperatura morna/fria Sem ácidos

Terapia nutricional Lactentes Indicado o aleitamento materno Lubrificar os lábios do bebê e mamilos para evitar atritos com bochechas, lábios e gengivas Respeitar o tempo de amamentação do bebê Retirar o leite materno para oferecer com colher ou conta-gotas Haynes. Nutrition for Babies with EB. 2008.

Lactentes: Terapia nutricional Fórmula com acréscimos ou aumento da concentração Aumento gradual de volume Bico de fenda palatina, xícara,colher Lubrificar o bico com água ou alimento Aumentar o buraco do bico da mamadeira Analgésico oral Haynes L. Nutrition for babies with Epidermolysis Bullosa; 2008. Haynes L. Brit J Nurs 2006; 15 (20): 1097-1101.

Lactentes: Terapia nutricional Introdução de alimentos Colher rasa, de plástico, macia ou dedo do cuidador ou com alimento macio Novos sabores e texturas Evitar jejum Alimentos cítricos X bolhas Alimentos duros, crocantes Haynes L. Brit J Nurs 2006; 15 (20): 1097-1101.

Terapia nutricional Crianças: Aumentar a densidade energética: Suplementação lipídica Leite em pó, queijo, cream cheese, ovo Manteiga, margarina, maionese, geléia, mel Suplementos nutricionais Birge K. J Am Diet Assoc 1995; 95: 575-9. Haynes L. Brit J Nurs 2006; 15 (20): 1097-1101.

Terapia nutricional Crianças: Alimentos liquidificados: Problemas de mastigação e deglutição Sopa e sorvete são monótonos Visualizar o alimento antes de bater Alimentos batidos separadamente Haynes L. Nutrition in Epidermolysis Bullosa for children over 1 year of age; 2008.

Orientações Nutricionais Utilizar utensílios de metais ou plástico sem bordas afiadas Não oferecer alimentos que possam machucar a boca da criança (duros, crocantes, torradas) Oferecer os alimentos na consistência de purê, liquidificados Evitar frutas cítricas (lesões na boca)

Orientações Nutricionais Não oferecer alimentos salgados e com condimentos picantes Acrescentar alimentos hipercalóricos nas refeições O açúcar deve ser oferecido junto com as principais refeições Ingerir líquidos

Orientações Nutricionais Oferecer os alimentos em porções pequenas Fracionar as refeições Evitar o uso de mamadeiras Momento das refeições deve ser tranquilo Não forçar a alimentação Criança precisa ter um tempo para realizar outras atividades

Orientações Nutricionais Oferecer os alimentos separados As refeições devem ser atraentes e coloridas Permitir que a criança experimente sabores diferentes Oferecer os alimentos na temperatura fria Utilizar leite, leite de coco, suco de frutas, caldo de legumes e carne para diluir as preparações

Nutrição Enteral Sonda nasogástrica: Lactentes com lesão importante Pós-operatório de cirurgia dentária na EBDR Haynes et al. Brit J Dermatol 1996; 134: 872-9. Shaw e Lawson. Clinical Paediatric Dietetics; 2001.

Gastrostomia: Nutrição Enteral Atraso do crescimento O ato de se alimentar é doloroso Dificuldade para administrar suplementos Momento das refeições passa a ser estressante e demorado Dilatação do esôfago não resolve as questões acima Haynes. Dermatol Clin 28(2010): 289-301.

Benefícios - Gastrostomia Recuperar a desnutrição Menor interferência da aversão alimentar Permite administrar suplementos nutricionais Melhora do hábito intestinal Melhora da qualidade de vida Procedimento reversível Haynes. Dermatol Clin 28(2010): 289-301.

Desvantagens - Gastrostomia Crianças não gostam de mudanças Problemas com enurese e evacuação noturna grandes volumes período da noite Risco de contaminação Haynes. Dermatol Clin 28(2010): 289-301.

Gastrostomia Iniciar com pequenos volumes Não é recomendado utilizar fórmulas artesanais Não é recomendado administrar no período noturno

Obrigada! andrea.nascimento@hc.fm.usp.br