COMO É QUE O ALUNO APRENDE? ARTIGO COMPLETO

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Transcrição:

COMO É QUE O ALUNO APRENDE? ARTIGO COMPLETO Fernanda Aparecida Silva Dias 1 Resumo: O texto se constitui em torno da pergunta, como é que o aluno aprende? Responder a essa questão é um processo de aprendizagem, pois não temos uma tecla que ao ser acionada nosso cognitivo aprende, precisamos fazer parte das transformações para entender como é que se aprende. Para aproximar-nos de uma possível resposta, consideramos os objetivos específicos: inserir-se na realidade escolar para coletar dados sobre a compreensão que alguns professores possuem sobre o processo de aprender; apontar semelhanças e diferenças nos argumentos apresentados pelos professores entrevistados; analisar as respostas por questão e por professor para verificar as respostas e se remetem as teorias estudadas. A análise das respostas tem como propósito estabelecer reflexões de como é que o professor define, se percebe e vê o aluno no processo de aprendizagem. Para a coleta dos dados definimos como técnica a entrevista com questões semiestruturadas direcionando as falas deixando o discurso livre possibilitando uma interação próxima entre pesquisador e pesquisado. Garantimos ao entrevistado a não identificação pessoal e o sigilo quanto às informações. Assim, para os professores entrevistados utilizaremos a inicial P seguida de um número. Não podemos afirmar apenas uma resposta, pois cada ser humano aprende na viva em vida. Entender como o aluno aprende, não poderia ser esgotado as respostas nestas poucas páginas, há muito que pesquisar e aprofundar, considerando que aprender é vida. Palavras-chave: Processos de Aprendizagens. Teorias. Epistemologias. Modelos Pedagógicos. CONSIDERAÇÕES INICIAIS O presente texto é motivado pela pergunta que já perpetua a um bom tempo entre os educadores, como é que o aluno aprende? A base empírica desse texto é uma coleta de dados efetuada com cinco professores de escolas públicas do estado de Santa Catarina, que lecionam diferentes disciplinas. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas préagendadas e gravadas. Consideramos importante a pesquisa qualitativa já que, trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. (MINAYO, 1994, p. 21-22). 1 Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd) da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) Joaçaba - Especialista em Educação à Distância pela UNOPAR. e-mail: ferdias08@hotmail.com 1

A análise das respostas tem como propósito estabelecer reflexões de como é que o professor define, se percebe e vê o aluno no processo de aprendizagem. Para a coleta dos dados definimos como técnica a entrevista com questões semiestruturadas direcionando as falas deixando o discurso livre, por gravação préagendada, possibilitando uma interação próxima entre pesquisador e pesquisado. Garantimos ao entrevistado a não identificação pessoal e o sigilo quanto às informações. Assim, citamos os entrevistados, na reflexão interpretativa a partir da identificação específica. Para os professores entrevistados utilizaremos a inicial P seguida de um número. Destacamos que a pesquisa se classifica qualitativa exploratória. Inicialmente faremos o estudo de materiais já publicados sobre a temática, decorrentes de outras pesquisas efetuadas. COMO O ALUNO APRENDE? Responder a essa questão é um processo de aprendizagem, pois não temos uma tecla que ao ser acionada nosso cognitivo aprende, precisamos fazer parte das transformações para entender como é que se aprende. Do ponto de vista humano e teórico, o aprender/a aprendizagem, é compreendido como um processo complexo. Dentre os modelos epistemológicos e as teorias de aprendizagem que abordam o processo do aprender optamos, nesse texto, embasar a discussão perspectivada em: modelo epistemológico empirista e a teoria de aprendizagem comportamental; modelo epistemológico construtivista e a teoria de aprendizagem Piagetiana e Vygostyana. Primeiramente, vamos refletir sobre a Teoria de aprendizagem comportamental/ behaviorista/associacionista. A qual baseia se no empirismo, ou seja, o conhecimento é resultante da interferência do objeto (meio social/cultural) no sujeito. O modelo pedagógico correspondente é a pedagogia diretiva, ou seja, a ação efetiva e determinante do professor para o aluno. Para a teoria comportamentalista (aqui vale a pena indicar a fonte que está embasando esse posicionamento) o aluno é passivo e o professor caracteriza-se como um repassador de conhecimento. A aprendizagem é influenciada por fatores 2

biológicos de conduta (estímulo resposta) e a metodologia baseia-se na instrução programada modelo pedagógico denominada pedagogia diretiva. E segundo o modelo epistemológico empirista o sujeito é totalmente determinado pelo mundo do objeto ou pelos meios físico e social. Assim, o professor acredita no mito da transferência do conhecimento. Na teoria cognitivista aprender é um processo interno que não se realiza de forma imediata. Nas palavras de Furtado (2010, p 47), implica mudar formas de comportamento anteriores que podem oferecer risco de não darmos conta do processo ensino aprendizagem. É um processo complexo que envolve a pessoa em dimensões cognitivas afetivas e sociais. Fundamenta-se na aprendizagem afetiva, mediando pelo professor o aluno reconstrói o conhecimento baseado na mudança cognitiva que ocorre por substituição, por enriquecimento ou por reorganização do pensamento. Segundo Furtado (2010), a mediação da aprendizagem realizada num clima de afetividade aumenta a autoconfiança do aluno para aprender e reforça sua autoestima. Com isso, ele passa a acreditar na sua leitura de mundo e enfrenta os desafios necessários à reconstrução do conhecimento. Na abordagem comportamentalista de Skinner, o meio planeja, controla, avalia os comportamentos e reações dos indivíduos em relação a estímulos que foram lançados em virtude de determinados objetivos. Assim para aprender, o aluno depende daqueles que ensinam. O homem é produto do meio e o meio seleciona o comportamento que pode ser mudado alterado. E o conhecimento é o resultado direto da experiência nesse modelo empirista cujo precursor é John Locke, o motivo para modelar o comportamento vem de dentro do indivíduo e o estímulo vem de fora do indivíduo. As motivações são fatores internos que dirige e sustenta o comportamento no processo aprendizagem. Em outra perspectiva temos a teoria de aprendizagem da Gestalt e o modelo epistemológico o apriorismo/inatismo em que o sujeito determina sua ação de aprender/conhecer. O modelo pedagógico correspondente ao modelo epistemológico apriorista é a pedagogia não-diretiva, ou seja, o aluno já traz um saber que precisa apenas de organização, de um recheio de conteúdo. Dando sequência a esse panorama teórico em relação ao aprender e a como o aluno aprende mencionamos as teorias cognitivas/cognitivistas. Vinculado a esse grupo 3

teórico temos as teorias da aprendizagem verbal, significativa, construtivista e sócio construtivista/ histórico cultural. Considerando essas compreensões teóricas a aprendizagem se constrói a partir da interação entre o sujeito e objeto, ou seja, um modelo pedagógico, baseado na pedagogia relacional entre professor aluno. Embasados nos autores Ausubel (1978), Piaget (1983), Vygotsky (1991). A teoria cognitiva interessa-se por processos mentais significativos que provoquem no aluno desiquilíbrio e interesse do sujeito em aprender. Essa teoria se opõe a teoria comportamental porque os subsunçores que são as estruturas do aprender estão ligados a apreensão mental significativa para o aluno. A teoria da aprendizagem de Ausubel (1978), propõe que os conhecimentos prévios dos alunos sejam valorizados, para que possam construir estruturas mentais utilizando, como meio, mapas conceituais que permitem descobrir e redescobrir outros conhecimentos, caracterizando, assim, uma aprendizagem prazerosa e eficaz. As ideias de Ausubel também se caracterizam por basearem-se em uma reflexão específica sobre a aprendizagem escolar e o ensino, em vez de tentar somente generalizar e transferir à aprendizagem escolar conceitos ou princípios explicativos extraídos de outras situações ou contextos de aprendizagem. Ausubel considera que o aluno chega na escola com um conhecimento prévio e devemos considerar a realidade que o aluno trás para a sala de aula. Segundo o autor a aprendizagem se efetiva quando uma nova ideia se relaciona aos conhecimentos prévios do indivíduo. Motivado por uma situação que faça sentido, proposta pelo professor, o aluno amplia, avalia, atualiza, e reconfigura a informação anterior, transformando-a em nova. (AUSUBEL, 1918-2008) Uma condição importante para que a aprendizagem significativa ocorra é a disposição para fazê-lo. Essa disposição psicológica depende de muitas coisas. Conhecer o estilo cognitivo de cada aluno, os estilos pessoais de estudar e aprender. Ensinar e aprender com significado requer interação, aceitação ou rejeição, caminhos diversos, percepção das diferenças, busca constante de todos os envolvidos na ação de conhecer. A aprendizagem significativa segue um caminho que não é linear, mas uma trama de relações cognitivas e afetivas. 4

Aprender exige envolver-se, pesquisar, ir atrás, produzir novas sínteses fruto de descobertas. Aprender é buscar, comparar, pesquisar, produzir, comunicar. Os alunos não pesquisam, não gostar de ler, as situações não são significativas. Um professor que fala bem, que conta histórias interessantes, que tem sensibilidade para sentir o estado de ânimo da classe; que se adapta às circunstâncias, que sabe jogar com as metáforas, que usa o humor, que usa as tecnologias adequadamente; que traga novidades, que varie suas técnicas e métodos de organizar o processo de ensino-aprendizagem são condições para aprendizagem. Na teoria construtivista de Jean Piaget (1983), são consideradas as vivências com o meio a relação entre sujeito e objeto. O ser humano tem a capacidade criativa de interpretar e representar o mundo, não somente de responder a ele. O aluno deixa de ser visto como mero receptor de conhecimento e passa ser considerado agente da construção de sua estrutura cognitiva. Esse modelo pedagógico enfatiza o aprendiz, a auto realização da pessoa, além do intelecto, considera sentimentos e ações e o domínio afetivo. O ensino é centrado no aluno o professor tem o papel de mentor dos processos de desenvolvimento autônomo de conceitos. A aprendizagem ocorre por meio da interação sujeito objeto e na relação direta com o desenvolvimento nas experiências de aprendizagem. Piaget (1983) acredita que a aprendizagem, subordina-se ao desenvolvimento e tem pouco impacto sobre ele. Com isso, ele minimiza o papel da interação social. Vygotsky (1991), ao contrário, postula que desenvolvimento e aprendizagem são processos que se influenciam reciprocamente, de modo que, quanto mais aprendizagem, mais desenvolvimento. A teoria construtivista sócio interacionista, de Vygotsky, considera linguagem como processo de aprendizagem, que nos remete a um pré-requisito para aprender (conhecimento anterior) como base para dar sequência dos processos de aprendizagem. O aluno é interativo, responsável pelo aprendizado. O professor se configura como mediador, parceiro e realiza o elo entre a ZDR (zona de desenvolvimento real) e ZDP (zona de desenvolvimento proximal) do aluno. A aprendizagem ocorre por interiorização gradual de atos externos e suas transformações em ações mentais. Abrange a pedagogia e o modelo epistemológico 5

relacional. Aprender nessa teoria é proceder uma síntese indefinidamente renovada entre continuidade e novidade. As teorias apresentadas são clássicas, mas nos remetem a um novo olhar sobre como é que o ser humano aprende, num contexto envolto por tecnologias digitais. Visto que muitas são as possibilidades de aprender em um mundo moderno e sistematizado tecnologicamente. Apresentamos uma outra teoria do que significa aprender. Numa perspectiva mais contemporânea o aprender é um processo de êxito crescente num meio determinado, ou seja, realizar diversas atividades com êxito. Aprender também não é a mesma coisa que resolver problemas. Para aprender segundo Assmann envolve a tomada de decisões sobre como superar a distância entre o ponto em que se está e o estado que se deseja chegar. (p.132, 2001). E ainda, aprender tampouco é pura adaptação, que implica reagir em resposta a um contexto não necessariamente de êxito crescente. Trata-se de compreender, antes de mais nada, quais são as consequências disso tudo para a transformação das/e nas relações pedagógicas e educacionais. O conteúdo social e ético político dessa nova visão do aprender é muito desafiador Assmann, (2001, p. 132). Reafirmamos que a aprendizagem humana gera muitas reflexões as quais os educadores, muitas vezes não dão a devida importância. Devido a muitos empecilhos que vão além da sala de aula. Como por exemplo a carga horária, dos professores, que não dispõe de tempo suficiente para discussões e reflexão de como o aluno aprende. Diante de todo esse aporte teórico e reflexão a respeito do aprender compreendemos que esse é um processo singular, pois cada ser humano aprende na vida em vida. Análise por questão A análise dos dados propõe compreender os dados coletados por meio das entrevistas realizadas com professores. Depois sintetizamos trechos que tem relação intrínseca com as teorias estudadas. Na questão, Como você define aprendizagem? Os professores entrevistados têm diferenças e algumas redundâncias nas respostas, pois o contexto de sua 6

atuação é diferente em alguns pontos, principalmente quando falamos em tempo de atuação no magistério. Os entrevistados acenam para o modelo epistemológico construtivista, na questão pedagógica apontam para a pedagogia relacional, isso é perceptível pelo uso da palavra processo nas respectivas respostas. O professor 1 defende que a aprendizagem é um processo contínuo e que o aluno aprende sempre pelas relações culturais sociais que esta evolvido. Na fala do P5 chama atenção quando se refere ao processo de aquisição de conhecimento individual e coletiva, isso está ligado ao convívio social e cultural. Na argumentação do P3 parece voltar-se para a Teoria da Ausubel (1968), pois leva em consideração as variáveis cognitivas para aprendizagem para deixar claro que o aprendemos sempre. O professor 5 se referem a atividade coletiva aproximando se da teoria de que, A aprendizagem é uma experiência social, a qual é mediada pela interação entre a linguagem e a ação Vygotsky, (1991). Subentende-se que a coletividade pode gerar a linguagem e ação necessária para a aprendizagem. Todas as respostas dessa primeira questão evidenciam as características das teorias cognitivistas, construtivista. Na segunda questão - Qual o papel do professor no processo de aprender? - percebemos a presença de elementos interessantes, porém em duas respostas, o professor é considerado um mediador. As respostas dos entrevistados apresentam elementos do papel do professor com um mediador, um favorecedor de processos de descobrimento autônomos de conceitos. As evidências acenam para o modelo epistemológico construtivista, cognitivista. Nesse modelo o professor é um fornecedor dos processos de descobrimento autônomo de conceitos. Também é mediador parceiro do educando no processo aprendizagem. Na continuidade da entrevista, Qual o papel do aluno no processo de aprender? As respostas desta questão apresentam termos e contextos que caracterizam o papel do aluno como ativo, lembramos que o grupo teórico cognitivista de Ausubel (1978), Piaget (1983), Vygotsky (1991) compreende o aluno como ativo. 7

As respostas apontam para a pedagogia relacional, porém com o professor mediador favorecendo a autonomia do aluno no processo aprender. Nesse modelo a aprendizagem acontece pela ação, interação entre sujeito e objeto. A construção do conhecimento é sequencial, tem uma relação direta com o desenvolvimento. Na teoria de Vygotsky, o desenvolvimento cognitivo do aluno se dá por meio da interação social, ou seja, de sua interação com outros indivíduos e com o meio. A interação entre os indivíduos possibilita a geração de novas experiências e conhecimento. Os argumentos dos professores nesta questão, aproximam-se da teoria da Vygotsky, que trata do Nível de Desenvolvimento Proximal e Real do educando que oportuniza aprendizagem significativa. Perguntamos aos entrevistados, Que recursos você utiliza para que a aprendizagem ocorra? Por que você os utiliza? No critério de escolhas dos recursos utilizados pelos professores ficou evidente o uso da reflexão diálogo como metodologia pedagógica. A aprendizagem é uma experiência social, mediada pela utilização de instrumentos e signos, de acordo com os conceitos utilizados pelo próprio autor. Na teoria construtivista Vygostyana, um signo seria algo que significaria alguma coisa para o indivíduo, como a linguagem falada e a escrita. Nesse caso consideramos também matérias pedagógicos significativos. Os recursos utilizados pelos professores entrevistados estão ligados ao método de aulas expositivas, desenvolvimento de pesquisas e soluções de problemas além utilizar referencial teórico também acena para trabalhos com projetos. A maioria dos professores mantiveram uma linha teórica na sua resposta pois foi perceptível através dos termos indicado como por exemplo o P1. Suas respostas apontaram para a teoria cognitivista construtiva suscetíveis nos termos processo, planejador, mediação/mediador, ativo que remetem nossa análise aos modelos epistemológicos cognitivistas relacional e ao modelo pedagógico da pedagogia relacional o qual tem características próximas. o professor acredita que o aluno é capaz de aprender sempre Becker (2001, p.26). 8

O P1 apresentou maior clareza nas suas respostas pois sua argumentação girou em torno do grupo de teorias cognitivista dos autores Ausubel, Piaget e Vygotsky. Os modelos epistemológicos cognitivistas construtivistas ficaram evidenciados nas palavras processo, professor planejador, mediação e aluno ativo citadas nas respostas. O P2 apresentou elementos muito interessantes na sua argumentação, como por exemplo professor que media, aluno tem que ser ativo, o professor tem a missão de instiga o aluno. Esses elementos se aproximam da teoria cognitivista que caracteriza a pedagogia relacional por meio da linguagem e da ação. O P3 manteve-se em uma perspectiva cognitivista construtivista próxima da Teoria Piagetiana onde o processo de aprendizagem ocorre por meio das vivencias com o meio relação entre sujeito e objeto. Considerando que a construção dos conceitos é fortalecida por estímulo resposta e reforço no processo de aprender. O P4 não manteve sua argumentação na mesma teoria. O professor na sua primeira resposta aproxima-se da teoria cognitivista significativa de Ausubel. Na segunda aponta para a pedagogia diretiva professor transmissor de conteúdo. E na terceira questão o professor direciona sua argumentação para a teoria comportamentalista coincide com as palavras de Mizukami, (1986, p.31) aos educandos caberia o controle do processo de aprendizagem, um controlo científico, o professor teria a responsabilidade de planejar e desenvolver o sistema de ensino aprendizagem. Porém na quarta questão o entrevistado aponta novamente para a perspectiva cognitivista, em vista que considera que os alunos não aprendem todos da mesma forma. P4 A argumentação do P5 apresenta elementos que se aproxima do grupo cognitivista em especial do construtivismo e da teoria sócio interacionista de Vygotsky. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando os dados apresentados e a análise dos mesmos, tendo em vista o referencial dos modelos epistemológicos e pedagógicos e das teorias de aprendizagem evidenciamos que alguns professores têm clareza teórica dos 9

conceitos apresentados e alguns professores mostram fragilidade na compreensão do que é aprendizagem e do papel do professor e do aluno. Isso se evidencia nas respostas do professor que se aproximam de diferentes teorias de aprendizagem em uma análise individual por professor. Os professores valorizam a afetividade com os alunos, podemos perceber nas argumentações, por exemplo do P3 na questão 2 quando se refere que o professor precisa conhecer o aluno. O estudo apresentou possibilidades para continuarmos a refletir e aprofundar a pesquisa como é que o aluno aprende? Também sugere que os professores vivenciem formação continuada e o uso de tecnologias digitais para que as fragilidades teóricas identificadas possam ser sanadas e não venham interferir no aprender dos educandos. O processo de aprendizagem é complexo, mas sabemos que aprendemos sempre. Reafirmamos que não podemos afirmar apenas uma resposta, pois cada ser humano aprende na viva em vida. Entender como o aluno aprende, não poderia ser esgotado as respostas nestas poucas páginas, há muito que pesquisar e aprofundar, considerando que Aprender é vida. REFERÊNCIAS ASSMANN, Hugo. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. 5 ª ed. Petrópolis, RJ.: Vozes, 2001. ASUBEL, David P. et. al. Aprendizagem por recepção versus aprendizagem por descoberta. 1978. ASUBEL, David P. et. Al A importância da aprendizagem significativa na aquisição de conhecimento. 1978. FURTADO, J. C. Entender Como Se Aprende Para Aprender Como Se Ensina. In: WAJNSZTEJN, A. C. et al org. Desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem escolar: o que o professor deve dominar para ensinar bem? Curitiba: ed. Melo, 2010, p. 47-52 MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 11.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. MIZUKAMI, M. da G.N. Abordagem comportamentalista. 1986. PIAGET, J. O tempo e o desenvolvimento intelectual da criança. 1993. VYGOTSKY, L.S. A Internalização das funções psicológicas superiores. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. 10