A colheita mecanizada da cana-de-açúcar na região norte do Espírito Santo e seu impacto sócio-econômico

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Transcrição:

A colheita mecanizada da cana-de-açúcar na região norte do Espírito Santo e seu impacto sócio-econômico Daniel Alves Mundim* Jonnyr Gonçalves Moreira* Fernando José Arrigoni** Roberto Amadeu Fassarella** 1 RESUMO: A colheita mecanizada da cana-de-açúcar no norte do Espírito Santo e seu Impacto Socioeconômico é uma pesquisa de campo em 5 agroindústrias canavieiras. Em 2010/11 estima-se processar 3.525,6 mil toneladas no Espírito Santo. A colheita sofre mudanças devido leis prevendo o final da queimada, adotando a colheita mecanizada. Uma colhedora pode substituir 80 homens/dia e requer qualificação da mão-de-obra e adequação da frota de transporte da cana-de-açúcar além de substituir os cortadores braçais. Para mecanizar todo o processo de colheita serão necessárias, até 2019, 15 colhedoras e 357 trabalhadores especializados e dispensará 921 cortadores braçais. Como a mão-de-obra a ser dispensada advém de estados nordestinos, espera-se um pequeno impacto social na região e por outro lado, um impacto econômico positivo uma vez que a mão-de-obra sazonal será substituída por pessoas que fixarão residência na região. O custo da colheita reduzirá em 46,5%, impactando o custo do produto final em 32,6%. Palavras-chave: Cana-de-açúcar, colheita mecanizada, impacto sócio-econômicoambiental. Introdução A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) é umas das culturas mais antigas cultivadas comercialmente no Brasil sendo introduzida na região nordeste do Brasil no século XVI ocupando, atualmente, 7,5 milhões de hectares, com produção estimada 612,00 milhões de toneladas, sendo que 49,33% da área plantada se encontra no estado de São Paulo, bem como 45,46% da cana-de-açúcar colhida na safra de 2009/10 (CONAB, 2009). No estado do Espírito Santo, a cultura da cana-de-açúcar ocupa cerca de 70 mil hectares pertencentes a fornecedores e às unidades processadoras os quais, de acordo com dados das agroindústrias pesquisadas, geram, aproximadamente, 15 mil empregos diretos. Dos trabalhadores diretamente envolvidos no corte da cana-de-açúcar, 70% são 1 * Alunos do curso de especialização em Gestão de Agronegócios UFES/EAD. dmundim@disa.com.br e jmoreira@disa.com.br ** Professor - UFES/EAD/PRESENCIAL arrigonii@bol.com.br e rafassarella@hotmail.com

oriundos de outros estados, prioritariamente dos estados do nordeste. Esses trabalhadores vivem do corte da cana-de-açúcar, trabalhando como nômades, deslocando-se para o local onde há colheita a fazer. Por ser uma planta cultivada em grande parte do mundo, a cana-de-açúcar tornou-se uma importante commodity agrícola amplamente estudada com destaque para o impacto ambiental causado pelo seu cultivo, principalmente na etapa da colheita onde o processo de queima além de poluir o meio ambiente, o solo permanece descoberto por um tempo relativamente longo, acelerando o seu processo de erosão e prejudicando suas propriedades físicas (MOLINA, 1997 & MENDONZA, 1996) Governos Estaduais já aprovaram leis que datam o fim da prática da queimada em canaviais. No caso do Espírito Santo a lei nº 9.073/08 estabeleceu o ano de 2014. Para os outros 30% de área cultivada, a erradicação total da queimada está prevista para até 2019. Já nas áreas com declividade superior a 12% a Lei prevê o fim da queima em 30% da área cultivada até o ano de 2014 e a erradicação completa da queima nessas áreas até 2020. Além disso, a referida Lei não permitirá a prática da queima em áreas de expansão dos canaviais. (IEMA, 2010). Já no estado de São Paulo apesar da Lei nº 11.941/02 estabelecer prazos para erradicação da prática da queima em áreas mecanizáveis até 2021 e em áreas não mecanizáveis até 2031; no ano de 2007 as Secretarias de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento e a União da Indústria da Cana-de-açúcar (UNICA) firmaram o Protocolo Agroambiental reduzindo esses prazos para 2014 e 2017, respectivamente (IEA, 2007). Como alternativa às queimadas, tem-se adotado o sistema de colheita mecanizada utilizando-se de colhedoras autopropelidas que cortam e trituram as folhas, bainhas, ponteiros, além de uma quantidade variável de pedaços de colmo e em seguida lançam-nos ao solo, formando uma cobertura de resíduo vegetal, denominada palha ou palhada (SOUZA, 2005). Essa prática, embora contribua para conservação do solo, uma vez que evita a queimada pode causar problemas relacionados à proliferação de pragas que se abrigam e se multiplicam sob a palha (MACEDO; CAMPOS, 2003). Além do aspecto ambiental, a mecanização da colheita da cana-de-açúcar agiliza o desempenho da atividade. De acordo com Medeiros & Christoffoleti (2001), uma colhedora substitui até 80 homens por dia, podendo trabalhar durante 24 horas e chegar a uma capacidade de 15 a 20 toneladas/hora contra 5 a 6 toneladas/dia por pessoa. Hoje existem colhedoras com capacidade de colher 15 a 50 toneladas/hora já que houve melhora na qualidade das mesmas e os terrenos estão sendo melhor preparados para tal. Com a implementação da colheita mecanizada, em cumprimento à Lei nº 9.073/2008, vários postos de trabalho serão eliminados, enquanto outros, supõe-se em menor número, serão criados, tal como o operador da máquina colhedora e espera-se que isso venha ter um impacto, não somente ambiental, mas também sócio-econômico. Para tanto o presente trabalho propõe-se a responder às seguintes perguntas: quantos trabalhadores envolvidos no corte de cana-de-açúcar queimada serão dispensados com a mecanização? Quantos novos postos de trabalho especializado serão criados? Qual o possível impacto sócio-econômico na região estudada? Qual o impacto no custo do produto final? Essa pesquisa é um estudo exploratório, uma vez que não foram encontrados estudos que trata do impacto sócio-econômico-financeiro na região norte do Estado do Espírito Santo e que visa antever os impactos sócio-econômicos causados pela mecanização da

colheita da cana-de-açúcar. São utilizados dados secundários e primários coletados junto às usinas localizadas no norte do Estado do Espírito Santo. De acordo com Gil (2002), dados primários são os que estão a cargo do pesquisador e ainda não foram coletados; já os secundários são aqueles que estão disponíveis em outras fontes e que foram coletados por outros pesquisadores. Os dados secundários foram adquiridos por meio da pesquisa bibliográfica; já os dados primários foram coletados por meio de estudo com base em levantamentos, consultas a dados e registros fornecidos por 5 unidades de agroindústrias canavieiras em operação na região norte do Estado do Espírito Santo. Foi levantado, em cada unidade produtora, o total colhido em toneladas na safra 2009/2010, separando por corte manual e mecânico, dando assim a conhecer o quanto cada sistema (colheita mecanizada e queimada) está sendo utilizado por cada agroindústria. Para cada unidade produtora, foi estimado o total de toneladas/homem/ano de cana-deaçúcar colhida manualmente no processo com queima prévia e o total em toneladas/máquina/ano de cana-de-açúcar colhida sem queima. Também o equivalente de fiscais/medidores, mecânicos, auxiliares de produção, operadores e outros em cada sistema de corte. De posse desta informação e da quantidade necessária a ser colhida sem queima por cada período, foi calculada a quantidade de trabalhadores que serão substituídos bem como a quantidade a ser contratada com aquisição de novas colhedoras. Cana-de-açúcar A cana-de-açúcar, considerada historicamente como um dos principais produtos agrícolas do Brasil, vem sendo cultivada desde a época da colonização. De seu processamento obtêm-se o açúcar (nas suas mais variadas formas e tipos), o álcool (anidro e hidratado), o vinhoto e o bagaço. Devido à grandeza dos números do setor sucroalcooleiro no Brasil a cana-de-açúcar é tida como o principal tipo de biomassa energética, base para todo o agronegócio sucroalcooleiro. Embora haja estudos sobre cana-de-açúcar elaborados por diversas instituições do país, a maioria deles está voltada para solucionar problemas locais, fato que implica na implantação e desenvolvimento de pesquisas voltadas para a região norte do estado do Espírito Santo. De acordo com Rodrigues & Saab (2007), a colheita mecanizada da cana-deaçúcar mostrou-se técnica e economicamente promissora e em um estudo de caso realizado na USIBAN no norte do Paraná, chegou-se aos custos relacionados ao tipo de colheita apresentados na Tabela 01. Tabela 01 - Custo unitário por área e produção para a colheita manual com queima e mecanizada sem queima da cana-de-açúcar. Tipo de Colheita Custo Área (R$/ha) Custo Produção (R$/t) Manual com queima 904,04 8,90 Mecanizada sem queima 668,36 6,58 Fonte: RODRIGUES & SAAB, 2007.

Observa-se uma redução de 8,9 R$/tonelada para 6,58 R$/tonelada, ou seja, uma queda que representa 26,06% no custo da operação de colheita mecanizada de cana-deaçúcar sem queima em relação à colheita manual com queimada. Ainda de acordo com esses autores, a máquina executa a colheita na área estudada em aproximadamente 12 dias de 15 horas cada, a um custo total de R$ 52.045,86. Em relação à colheita manual, a mecanizada representa uma redução de 35,26% nos custos. A eficiência no uso dos recursos tem reflexo direto no custo da produção; o que pode aumentar a competitividade da usina. Cabe destacar que o sistema de colheita é composto por três subsistemas: o de corte e carregamento, o de transporte e o subsistema de recepção, os quais devem ser re-adequados para compor o novo arranjo técnico, assim como as condições do campo. Com respeito à mão-de-obra, estudo realizado no Estado de São Paulo pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) mostra que, no período de 2007 a 2009, o número de trabalhadores relacionado ao corte da cana-de-açúcar reduziu em 13%, representando 23 mil postos de trabalho que foram substituídos por 3,6 mil trabalhadores especializados. Dessa forma, o número de trabalhadores especializados cresceu em 14% no referido período e número de vagas extintas foi de 15,65% (MUTO, 2009). De acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA, 2010), estima-se que a introdução de máquinas na colheita da cana-de-açúcar desemprega cerca de 2.700 pessoas por safra para cada um por cento de área mecanizada. Em decorrência da mecanização da colheita as usinas vão precisar contratar e formar novos funcionários para operarem as colhedoras sendo que cada uma delas operando 24 horas por dia, necessita de 4 operadores contando com o folguista (a Gazeta Mercantil, 2010). O tipo de colheita da cana-de-açúcar pode influenciar a produção e longevidade da cultura, os atributos físicos, químicos e biológicos do solo, o meio ambiente e a saúde pública, uma vez que a queima contribui para com o agravamento do efeito estufa e diminui o teor de matéria orgânica no solo (SOUZA ET AL., 2005). O Setor Sucroalcooleiro Capixaba Abrigando atualmente 7 das 343 unidades processadoras de cana-de-açúcar para a produção de açúcar e álcool no Brasil, o Estado do Espírito Santo foi responsável pelo processamento de 0,8 % do total de matéria prima processada na safra de 2008/9. Valor que corresponde a 3.907 mil toneladas e estima-se que na safra de 2010/11 o estado produza 669,69 mil toneladas de açúcar e 2.855,7 mil litros de álcool o que, respectivamente, correspondem a 0,22 e 0,78% da produção nacional (CONAB, 2010). Os primeiros engenhos de cana-de-açúcar para produção de açúcar e aguardente surgiram em São Mateus em 1605. No entanto, a partir do ano de 1815, quando o café começou a ser cultivado no Estado, a cana-de-açúcar começou a perder espaço sendo superada com o primeiro surto cafeeiro no ano de 1850 (ROCHA & COSSETI, 1983). Jerônimo Monteiro, então governador do Estado do Espírito Santo, instalou entre 1911-12 a Usina Paineiras, no sul do Estado, com o objetivo de dinamizar a economia da região a qual era extremamente dependente do café. A partir de 1973 a era do milagre econômico brasileiro perde seu impulso e os conflitos no Oriente Médio levaram a Organização dos Países Produtores de Petróleo

(OPEP) a lançar um embargo ao fornecimento de petróleo aos EUA, refletindo negativamente na economia mundial e no Brasil. Em 01/01/1974 o preço do petróleo elevou-se de US$ 2,84 para US$ 13,00 ao barril. Fato esse que contribuiu para impulsionar o governo a criar o Programa Nacional do Álcool (PROALCOOL) por meio do Decreto presidencial nº 76.595, de 14/11/1975. Isso contribuiu para que a canade-açúcar se firmasse como principal matéria prima para o etanol brasileiro (UNICA, 2010). E, dadas suas potencialidades na produção do álcool, o Estado do Espírito Santo implantou mais 6 destilarias além de modernizar a usina Paineiras. Com a superação da crise do petróleo, o Governo promoveu a desregulamentação do setor e os benefícios criados com o PROALCOOL foram pouco a pouco retirados e em 1989 foi abolido o uso de recursos do Tesouro Nacional para compra e venda de açúcar para exportação. No ano seguinte, o IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool), símbolo da intervenção Estatal, foi extinto por meio da Medida Provisória 151, de 15 de março de 1990 e, em 1997/1998, deixou o setor à própria sorte, dificultando ainda mais o setor, sem crédito e sem investimentos para crescer. Apesar de todas as adversidades, o estado do Espírito Santo acreditou na produção, tornando-se quase auto-suficiente na oferta de álcool, embora continuasse um grande importador de açúcar (INCAPER, 2009). Além do que, o Estado não recebe nenhum subsídio e/ou intervenção do governo, como o faz os Estados do nordeste brasileiro e a região de Campos - RJ. Fato esse que contribui para a independência e o compromisso de construir uma atividade economicamente viável (UDOP, 2010). O Estado do Espírito Santo criou, em 2003, o Plano Estratégico 2025 que estabelece metas e estratégias setoriais a alcançar ao longo de duas décadas. Este plano relaciona ações para todos os setores do agronegócio capixaba, inclusive o setor sucroalcooleiro que terá ações nas esferas jurídicas, ambientais, trabalhistas, logística e pesquisas para elevar a produtividade dos canaviais do Estado (SEAG, 2007). Numa prévia avaliação no período de 2003/2006 observou-se que, se por um lado houve incremento de 12% na área colhida e 16% no volume de cana-de-açúcar processado e aumento de 26% na produção de álcool; por outro lado houve queda na produção de açúcar passando de 1.200 mil para 979 mil sacas em 2006 (ZANOTTI, 2007). Mas vale ressaltar que os resultados obtidos nesse período se devem a recursos do setor privado uma vez que não se identificou a existência de políticas públicas para tal, a não ser no que se refere à questão da substituição da colheita com queimada pela mecanizada. Análise dos dados e resultados da pesquisa A preocupação ambiental e as fortes pressões da população no entorno de centros canavieiros motivaram os governos, federal e paulista, a repensarem o uso da queima na colheita da cana-de-açúcar. Tal ato levou, inicialmente, à criação do Decreto Federal nº 2.661/98 o qual estabelece normas de precaução ao emprego do fogo em práticas agropastoris e florestais. No ano 2002 o estado de São Paulo decretou a lei nº 11.241 que escalonou a redução gradativa da queima da palha da cana-de-açúcar (Tabela 02); extinguindo tal prática até 2021 para áreas mecanizáveis (declividade

menor que 12%), e até 2031 para áreas não mecanizáveis (declividade maior que 12%) e/ou queimas menores que 150 ha. Tabela 02 - Cronograma de Eliminação da Queima da Cana-de-açúcar no Estado de São Paulo segundo Lei nº 11.241/2002 Período Ano Área mecanizável onde não se pode efetuar a queima da cana-deaçúcar (%) 1º Ano 2002 20% da queima eliminada 5º Ano 2006 30% da queima eliminada 10º Ano 2011 50% da queima eliminada 15º Ano 2016 80% da queima eliminada 20º Ano 2021 Eliminação total da queima Período Ano Área não mecanizável, declividade superior a 12% e/ou da queima menor de 150ha (%) 1º Ano 2011 20% da queima eliminada 5º Ano 2016 30% da queima eliminada 10º Ano 2021 50% da queima eliminada 15º Ano 2026 80% da queima eliminada 20º Ano 2031 Eliminação total da queima Fonte: SÃO PAULO (Estado). Lei n 11.241, de 19/09/2002. Com a intenção de adiantar esse processo de redução de queima o Governo de São Paulo, através da Secretaria de Meio Ambiente e de Agricultura e Abastecimento, ÚNICA (União da Indústria Sucroalcooleira) e ORPLANA (Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil) assinaram o Protocolo Agro- Ambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista em 04 de junho de 2007. Tal protocolo, de adesão voluntária, antecipa para 2014 a eliminação total da queima da cana-de-açúcar na colheita nas áreas mecanizáveis. Já nas áreas não mecanizáveis, o prazo da eliminação total da queima da cana-de-açúcar pode ser, voluntariamente, antecipado para 2017, quando a Lei prevê até 2031 (Tabela 03). As usinas que aderirem ao Protocolo e cumprirem as metas estabelecidas serão beneficiadas com o Certificado Agro-Ambiental que facilitará a comercialização do produto final. Tabela 03 - Cronograma de Eliminação da Queima da Cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, segundo Protocolo Agro-Ambiental Ano Área mecanizável onde não se pode efetuar a queima da cana-de-açúcar (%) 2010 70% da queima eliminada 2014 Eliminação total da queima Ano Área não mecanizável, declividade superior a 12% e/ou da queima menor de 150ha (%) 2010 30% da queima eliminada 2017 Eliminação total da queima Fonte: UNICA, 2007.

Nesse contexto o estado do Espírito Santo cria a lei nº 9.073/08 que dispõe sobre a eliminação da queima da palha para a colheita da cana-de-açúcar (Tabela 04). A lei é claramente baseada no Protocolo Agro-Ambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista, de forma que, para áreas mecanizáveis o prazo para redução da queima da palha é dividida em dois períodos. O primeiro define a redução de 70% da queima já no ano de 2014, e o segundo marcando a eliminação total do uso do fogo no processo de colheita da canade-açúcar. Tabela 04 - Cronograma de Eliminação da Queima da Cana-de-açúcar no Estado de Espírito Santo, segundo Lei nº 9.073/2008 Ano Área mecanizável onde não se pode efetuar a queima da cana-de-açúcar (%) 2014 70% da queima eliminada 2019 Eliminação total da queima Ano Área não mecanizável, declividade superior a 12% (%) 2014 30% da queima eliminada 2019 60% da queima eliminada 2020 Eliminação total da queima Fonte: IEMA, 2010. O gráfico 01 mostra um comparativo do prazo para eliminação da queima, levando em consideração as áreas mecanizáveis e não mecanizáveis. Gráfico 01 - Comparativo do prazo para a eliminação da Queima Fonte: ÚNICA, 2008.

O processo de mecanização da colheita se iniciou na safra 2006/2007 de forma incipiente. Segundo Borgo, [...] apesar das unidades do norte capixaba já terem iniciado investimentos na colheita mecanizada, essa mudança ocorre em passos curtos. Só com a melhoria no preço dos produtos finais (álcool e açúcar) e/ou injeção de capital por meio de financiamentos, capital estrangeiro, fusões é que haverá possibilidade de incrementar a colheita mecanizada na região e atender em tempo hábil a legislação vigente (BORGO, 2009, p.65). A crise iniciada em 2008 impediu que investimentos importantes no setor fossem realizados, principalmente a aquisição de máquinas colhedoras e, consequentemente, a expansão da área colhida mecanicamente sem queima. Na Tabela 05 têm-se os resultados do total de cana-de-açúcar colhida por sistema de corte com e sem queima prévia na safra 2009/10 e a proporção de cada processo na região pesquisada. Tabela 05 - Cana Colhida por Sistema de Colheita na região norte do Estado do Espírito Santo. Sistema de Colheita Produção (t) (%) Corte Mecanizado 550.767 17,6% Cana Crua 46.165 1,5% Cana Queimada 504.602 16,1% Corte Manual 2.574.634 82,4% Cana Crua 2.514.610 80,5% Cana Queimada 60.024 1,9% Total Safra 2009/10 3.125.402 100,0% Fonte: Dados colhidos junto às usinas pesquisadas e sistematizados pelos autores (2010). A participação da colheita mecanizada na safra 2009/10 está longe de atingir o que a lei nº 9.073/08 estabelece, principalmente, devido ao baixo rendimento das colhedoras na região. O que ainda é reflexo da crise financeira de 2008, a qual impediu maiores investimentos na reforma dos canaviais, assim como os tratos culturais dos plantios já estabelecidos; criando um cenário desfavorável para o corte mecanizado, com redução significativa na manutenção das colhedoras, alta infestação de plantas daninhas e baixa produtividade dos canaviais colhidos. A região estudada contou, na safra 2009/10, com 12 colhedoras distribuídas entre 5 usinas (Tabela 06). A produtividade por colhedora foi de 296,7 toneladas/máquina/dia; produtividade muito baixa se comparada com regiões que já fazem uso do corte mecanizado e com o potencial das máquinas que o mercado oferece. A Tabela 06 também mostra o total e a participação do volume de cana-deaçúcar colhida presente em áreas mecanizáveis e não mecanizáveis.

Tabela 06 Cana-de-açúcar colhida por Sistema de Colheita na região norte do estado do Espírito Santo. Sistema de Colheita Produção (t) (%) Mecanizável 2.477.341 100,0% Cana Crua Atual 504.603 20,4% Cana Queimada Atual 46.165 1,8% Manual Cana Crua 1.926.573 77,8% Nº de colhedoras: 12 Produtividade (máquina/dia): 296,7 Fonte: Dados colhidos junto às usinas pesquisadas e sistematizados pelos autores (2010). Com base nessas informações foram elaboradas as simulações para atender o que estabelece a lei nº 9.073/08: redução de 70% da queima em áreas mecanizáveis até o ano de 2014 e de 100% até o ano de 2020 e as consequências decorrentes, como a substituição do corte com queima, para o processo de corte mecanizado sem queima, assim como o total de mão-de-obra dispensada e contratada pela mudança. Na tabela 08 tem-se que o total de cana-de-açúcar a ser colhido em áreas não mecanizáveis (21,3%) não há condições técnicas para a mudança no processo de corte. Essas áreas referem-se àquelas de difícil acesso, declividade desfavorável à mecanização, próximas às redes de transmissão elétrica e no perímetro urbano. Como resultado da safra 2009/10 foram colhidos, mecanicamente, 22,2% do total da área mecanizável com as colhedoras existentes nas usinas pesquisadas. Para que a região norte capixaba possa ter 100% da área mecanizável colhida sem queima em 2020 terá que aumentar anualmente a área colhida conforme a Tabela 07. Tabela 07 - Porcentagem Anual de Redução da Queima na região norte do Espírito Santo. Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Eliminação de Queima 22,2% 27,8% 36,1% 45,2% 56,4% 70,0% Ano 2015 2016 2017 2018 2019 Eliminação de Queima 75,3% 80,9% 87,0% 93,5% 100,0% Incremento anual (2010 a 2014) 25,0% Incremento anual (2015 a 2020) 7,5% Fonte: Dados colhidos junto às usinas pesquisadas e sistematizados pelos autores (2010). A Tabela 08 apresenta as simulações, com base apenas nas áreas mecanizáveis e nas consequências que serão causadas no emprego, isto é, os possíveis efeitos sociais e econômicos que sofrerão as regiões onde se localizam as agroindústrias. Os efeitos serão, de certa forma, imediatos em áreas mecanizáveis, visto que nas áreas não mecanizáveis a lei nº 9.073/08 estabelece que seja eliminada a queima em 30% em 2014, 60% em 2019, e atingindo os 100% da área de cana-de-açúcar cortada crua em 2020. Finalizando, nesse período, o cultivo de cana-de-açúcar nessas áreas, visto que o rendimento de corte manual sem queima é cerca de 46% menor que o corte manual da cana-de-açúcar queimada.

Tabela 08 - Quantidade de cana-de-açúcar a ser cortada crua para atender a lei nº 9.073/08 e as dispensas/contratações decorrentes na região norte do estado do Espírito Santo. Variáveis 2010 a 2014 2015 a 2019 2009 a 2019 70% 100% Total Dias Estimados de Safra 244 244 Toneladas Programadas - Conforme a Lei nº 9.073/2008 1.734.138 2.477.340 2.477.340 Corte Mecanizado Cana Crua Atual 504.603 1.734.138 A Cortar Mecanicamente - Cana Crua 1.229.535 743.202 2.477.340 Total a Cortar Mecanicamente S/Queima 1.734.138 2.477.340 2.477.340 toneladas/máquina/ano 87.840 99.552 Máquinas necessárias 8 7 Total Máquinas 8 15 15 Estrutura Colheita Manual toneladas/homem/ano - Cana Queimada 1.586 1.586 Cortadores Equivalentes -429-469 -897 Fiscal/Medidor (1/38) -11-12 -24 Dispensa de Mão-de-obra Rural -440-481 -921 Estrutura Colheita Mecanizada Operadores de Colhedora (3,5/máq.) 27 26 53 Operadores Trator Transbordo (3,5/máq.) 27 26 53 Mecânicos (3,5/máq) 27 26 53 Auxiliar de Mecânica (1/máq) 8 7 15 Eletricista (1/máq) 8 7 15 Soldador (1/máq) 8 7 15 Lubrificador (2/máq.) 15 15 30 Auxiliar de Lubrificador (2/máq) 15 15 30 Auxiliar de Produção (6/máq.) 46 45 91 Contratação de Trabalhador Especializado 182 175 357 Emprego Líquido Acumulado -258-305 -564 Fonte: Dados colhidos junto às usinas pesquisadas e sistematizados pelos autores (2010). Para atender a legislação vigente as usinas atuantes na região terão que adquirir no período 2010 a 2014 exatamente 8 colhedoras, além de reformar as 12 já existentes, elevando a produtividade do corte das máquinas para 360,0 toneladas/ máquina/dia, para que possam realizar o corte mecanizado sem queima de 1.734.138 toneladas de cana-de-açúcar, que corresponde ao volume produzido em 70% da área mecanizável. Como nesse estudo se está analisando as mudanças no cenário da operação da colheita mecanizada e da colheita manual e o aumento do número de colhedoras, para atender a nova demanada de corte de cana-de-açúcar crua, haveria necessidade de contratação de uma quantidade expressiva de mão-de-obra especializada para suprir adequadamente o funcionamento das máquinas. Seriam abertos até 2014 um total de

182 novos postos de trabalho especializado, dentre eles operadores de colhedoras, operadores de trator, mecânicos, eletricistas e pessoal de apoio relacionados na tabela 8. No período compreendido entre 2015 a 2019, segundo o estudo, será necessário adquirir mais 7 colhedoras e nesse período espera-se produtividade do corte mecanizado de 408,0 toneladas/máquina/dia devido a melhoria das técnicas de preparo de solo, plantio, tratos culturais e consequentemente da produtividade da cana-de-açúcar colhida. Os postos de trabalho especializado criados nesse período seriam da ordem de 175. A distribuição dos cargos e vagas estão também na Tabela 08. Em contrapartida a tabela 07 mostra o quantitativo de mão-de-obra agrícola substituida pelas colhedoras adquiridas. Até 2014 seriam dispensados 429 cortadores e 11 fiscais/medidores, totalizando 440 demissões. E ao final do segundo período, de 2015-2020 ocorreriam 481 demissões, sendo 469 de cortadores e 12 fiscais/medidores. Em ambos os períodos há impacto social e econômico, haja vista que, aproximadamente, 30% da mão-de-obra é proveniente da região norte do Espírito Santo. Esses trabalhadores têm baixa escolaridade e encontram nas atividades braçais como corte, capina e plantio um meio de obter ganhos para o sustento de suas famílias. Sendo muitas vezes essa renda complementada por programas sociais do Governo Federal, garantindo assim acesso ao consumo de bens diversos e serviços, gerando renda e emprego na economia local. Em princípio, poder-se-ia inferir como muito preocupantes para a região norte do estado do Espírito Santo os dados apresentados na tabela nº 09, principalmentes as consequências sociais decorrentes do cumprimento da lei nº 9.073/08. Veja tabela 09r: Tabela 09 - Impacto econômico decorrente das dispensas/contratações de mão-de-obra na região norte do estado do Espírito Santo. Variáveis 2010 a 2014 2015 a 2020 Total Estrutura Colheita Manual tonelada/homem/ano - Cana Queimada Montante Monetário (R$) Cortadores Equivalentes -2.652.226-2.898.488-5.550.714 Fiscal/Medidor (1/38) -71.173-77.781-148.954 Dispensa de Mão-de-Obra Rural -2.723.399-2.976.269-5.699.668 Estrutura Colheita Mecanizada Operadores de Colhedora (3,5/máq.) 255.191 246.076 501.268 Operadores Trator Transbordo (3,5/máq.) 170.913 164.808 335.722 Mecânicos (3,5/máq.) 232.051 223.762 455.812 Auxiliar de Mecânica (1/máq.) 34.267 33.043 67.309 Eletricista (1/máq.) 63.170 60.913 124.083 Soldador (1/máq.) 61.932 59.719 121.651 Lubrificador (2/máq.) 71.304 68.757 140.061 Auxiliar de Lubrificador (2/máq.) 65.793 63.443 129.235 Auxiliar de Produção (6/máq.) 197.378 190.328 387.706 Variáveis 2010 a 2014 2014 a 2020 Total Montante Monetário (R$) Emprego líquido acumulado -1.571.401-1.865.420-3.436.821 Fonte: Elaborada pelos autores com dados fornecidos pelas usinas pesquisadas (2010).

A relação de substituição de mão-de-obra nessa simulação é de 2,5 dispensas para cada emprego criado. Sendo assim, a economia local sofreria uma perda considerável em seu faturamento. No primeiro período (2010 a 2014) mesmo com a criação de 182 postos de trabalho especializado, que traria um aporte financeiro na ordem de R$ 1.151.998, a perda acumulada no período seria de R$ 1.571.401, devido principalmente a de mão-de-obra substituída que representa 41,3% das vagas. Essa situação não é diferente no segundo período para a redução da queima (2015 a 2020). A mão-de-obra substituída representa 36,4% dos empregos gerados. Fato que causaria grande impacto na circulação de renda na economia local, que deixaria de contar com R$ 1.865.420 no período. Ao fim de 5 anos a região deixaria de contar com a circulação de R$ 3.436.821 em seus estabelecimentos comerciais. De acordo com Muto (2009), os cortadores de cana-de açúcar que serão gradualmente substituídos, representam cerca de 50% do total dos empregos gerados no setor e parte destes cortadores poderão ser absorvidos como operadores de máquinas e auxiliares de produção. Para entanto, a participação de instituições públicas, como o SENAR, será fundamental nesta transição, pois se tratam de máquinas sofisticadas que requerem operadores qualificados. A lei nº 9.073/08 veio estabelecer prazos para a redução da área colhida com queima no estado do Espírito Santo assim como nomear órgãos reguladores/fiscalizadores para tal. Acelerando o processo de mecanização do corte de cana-de-açúcar sem queima, a pressão maior será sobre as unidades processadoras da matéria-prima, visto que muitas vezes estas são as responsáveis diretas pelo corte, carregamento e transporte da cana-de-açúcar de seus fornecedores e parceiros. É importante lembrar que apenas 30%, aproximadamente, da mão-de-obra sem qualificação é radicada no norte do estado do Espírito Santo. Os outros 70% provém dos estados do nordeste do Brasil, principalmente dos estados de Alagoas e Pernambuco. Entende-se que para aqueles estados da região nordeste do Brasil o impacto será ainda maior que o esperado no norte do Estado do Espírito Santo o qual, na qualidade de menor fornecedor de mão-de-obra não qualificada, presume-se será o local onde o trabalhador qualificado vá fixar moradia. Com isso a economia local perderá, aproximadamente, 30% da parcela que as usinas pagarão a menos devido a substituição da mão-de-obra braçal para a qualificada e contará com um giro constante da moeda na região onde os trabalhadores qualificados fixarão residência. A tabela 10 mostra a composição do custo operacional agrícola para o volume de 2.477.340 toneladas de cana-de-çúcar e o comparativo entre os sitemas de colheita adotados. Tabela 10 - Comparativo da colheita de cana-de-açúcar por sistema de colheita na região norte do estado do Espírito Santo. Custo da Colheita Sistema de Colheita Manual Mecanizada Custo Total Safra R$ 57.127.462 R$ 30.545.603 Custo Operacional Agrícola 23,06 R$/ton 12,33 R$/ton Corte 12,92 R$/ton 3,44 R$/ton Carregamento/Transbordo 3,05 R$/ton 1,80 R$/ton Transporte 7,09 R$/ton 7,09 R$/ton Fonte: Elaborado pelos autores com dados fornecidos pelas usinas pesquisadas (2010).

É significativo o ganho auferido pelas usinas com a mecanização do processo de colheita, uma vez que a redução do valor da cana-de-açúcar repassada à industria é na ordem de 46,5%. Vale notar a disparidade entre o custo da operação de corte manual quando comparado ao corte mecanizado. Isso se deve ao contigente de mão-de-obra utilizada para o corte manual o qual demanda toda uma estrutura de alojamento, transporte, alimentação, EPI (Equipamento de Proteção Individual), benefícios, entre outros. Tabela 11 - Impacto da redução do custo de produção agrícola no produto final na região norte do estado do Espírito Santo. Custo Operacional Custo da Colheita Variação Manual Mecanizada Agrícola R$ 57.127.462 R$ 30.545.603-46,5% Industrial R$ 24.483.198 R$ 24.483.198 0,0% Custo de Produção Total R$ 81.610.660 R$ 55.028.801-32,6% Fonte: Dados obtidos junto às usinas pesquisadas e sistematizados pelos autores (2010). A redução do custo operacional agrícola é fator preponderante no sucesso do desempenho financeiro de toda a unidade agroindústrial, uma vez que o custo agrícola corresponde a, aproximadamente, 70% do custo do produto final. A aquisição de novas colhedoras de cana-de-açúcar para o cumprimento da lei nº 9.073/08, apesar do alto investimento, reduzirá em 32,6% o custo de produção total. Fato esse que se refletirá no aumentando do lucro da atividade sucroenergética. Se por um lado espera-se desemprego de grande parte da massa trabalhadora cuja mão-de-obra não é qualificada, por outro espera-se que o trabalhador qualificado tenha, individualmente, maiores ganhos. Como os trabalhadores sem qualificação vem, em sua maioria, do nordeste do país, infere-se que o impacto do desemprego no norte do estado do Espírito Santo será ínfimo. Por outro lado, a economia local não sofrerá impacto. Muito pelo contrário, espera-se haver ganho uma vez que o trabalhador qualificado, com maior ganho individual, pressupõe-se que venha fixar residência na região. Pelo que foi pesquisado junto às empresas, a mão-de-obra qualificada deixará de ser sazonal. Mesmo nas entresafras a mão-de-obra será remanejada para o plantio e manutenção do canavieiro. E com o fornecedor de mão-de-obra qualificada radicado na região, juntamente com sua família, espera-se dar maior impulso à economia local. Fato esse que não acontecia com aproximadamente 70% da contratação da mãode-obra não qualificada e sazonal, cujo interesse do trabalhor era prestar seus serviços no corte da cana-de-açúcar, ganhar seu dinheiro e enviá-lo para seus familiares localizados na região nordeste do Brasil. Conclusão A colheita mecanizada é uma realidade no norte do estado do Espírito Santo uma vez que, pela proibição da queima estabelecida por lei, esse sistema deverá ser cada vez mais implementado nas usinas pesquisadas. Até o ano de 2020 será necessário adquirir pelo menos 15 máquinas colhedoras para realizar a colheita da canade-açúcar crua.

Pelas projeções que foram realizadas, para os 357 postos de trabalho que serão criados com mão-de-obra qualificada para atender o bom funcionamento operacional das máquinas, haverá a substituição de 921 postos de trabalho ocupados por trabalhadores com mão-de-obra não qualificada. Aparentemente isso causará grande impacto social na região, principalmente desemprego e possível aumento da criminalidade; deixando de circular na economia local algo em torno de 3,4 milhões de reais até o fim do período da eliminação total da queima de cana-de-açúcar. Mas como a grande maioria dos atuais fornecedores de mão-de-obra não qualificada vem outros estados do nordeste brasileiro, esse impacto praticamente não será sentido pela sociedade local, uma vez que a oferta de trabalhadores com mão-de-obra não qualificada pela região norte do estado do Espírito Santo representa apenas 30%. Além do que, espera-se que muitos deles possam qualificar sua mão-de-obra, tornando-se habilitados para nova demanda. Analisando-se por outro lado, a economia local tenderá a crescer uma vez que o trabalhador qualificado tenderá radicar-se no norte do estado do Espírito Santo, juntamente com seus familiares. Fato que esse leva ao entendimento que os ganhos daqueles trabalhadores serão gastos, prioritariamente, nas necessidades das suas respectivas famílias. Como elas estarão radicadas aqui no Espírito Santo, entende-se que as mesmas se abastecerão no mercado local. Fato esse que não ocorre com o fornecedor de mão-de-obra sazonal, ou seja, o sistema atual, com a mão-de-obra não qualificada, o qual para sustentar sua família, envia dinheiro para sua região de origem; prioritariamente nos estados do nordeste brasileiro (Alagoas e Pernambuco). A qualificação dessa mão-de-obra para ocupar as novas oportunidades de emprego é de fundamental importância. E isso será possível com parcerias públicoprivadas para treinamento e recolocação desses trabalhadores no mercado de trabalho, seja no setor sucroenergético ou em outros setores da economia local. Quanto ao impacto final da adequação à lei de redução da queima e a substituição do processo de colheita manual pela colheita mecanizada, segundo a simulação, reduzirá o custo de produção operacional agrícola em 46,5% e, em conseqüência, o custo do produto final diminuirá em 32,6%, fazendo com que haja uma alavancagem do setor sucroenergético do norte capixaba elevando-o a um patamar mais alto ao que se encontra atualmente. REFERÊNCIAS AUDE, M. I. S.; MARCHEZAN, P. L.; DARIVA, T.; PIGNATARO, L. H. B. Manejo do palhiço da cana-de-açúcar: efeito na produção de colmos industrializáveis e outras características agronômicas. Ciência Rural, v.23, p.281-286, 1993. BLAIR, G.J.; CHAPMAN, L.; WHITBREAD, A.M.; BALLCOELHO, B.; LARSEN, P.; TIESSEN, H. Soil carbon changes resulting from sugarcane trash management at two locations in Queensland, Australia, and in North-East Brazil. Australian Journal of Soil Research, v.36, p.873-882, 1998. BLAIR, N. Impact of cultivation and sugar-cane green trash management on carbon fractions and aggregate stability for a Chromic Luvisol in Queensland, Australia. Soil & Tillage Research, v.55, p.183-191, 2000.

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