Semeadura direta para restauração do Cerrado. Alexandre Sampaio

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Transcrição:

Semeadura direta para restauração do Cerrado Alexandre Sampaio

Sabemos o tamanho de desafio? Nível de conformidade ao novo Cód. Florestal 12000 espécies de plantas Apenas 352 com algum conhecimento para restauração CERRADO 5 MILHÕES DE HA (Adap. Soares Filho et al. 2014)

Sabemos o que não dá certo! Ações de restauração sem considerar: o ambiente, os fatores de degradação, a capacidade de regeneração natural e sem gerar benefícios sociais.

Sabemos o caminho que devemos seguir Soluções que resolvam os fatores de degradação e que considerem o ambiente e a capacidade de regeneração. Restauração inclusiva e que promova benefícios sociais. Monitoramento, metas definidas e avaliação dos resultados em um escopo de manejo adaptativo.

O que geramos de conhecimento até o momento... Experimentos: Testamos a semeadura de 75 espécies nativas de formações savânicas do Cerrado, incluindo árvores, arbustos e ervas. (Pellizzaro et al. 2017) Compilamos informações de 119 espécies para incentivar que sejam testadas na semeadura direta. (www.webambiente.gov.br) Testamos a densidade de semeadura de espécies de cobertura do solo. (Sampaio et al. submetido) Testamos diferentes intensidades de preparo do solo para promover o controle de gramíneas invasoras. (Sampaio et al. submetido)

O que geramos de conhecimento até o momento... Experimentos: Testamos diferentes composições de espécies de cobertura do solo. (Sampaio et al. submetido) Comparamos semeadura direta vs. plantio de mudas. (Cordeiro 2018) Testamos a semeadura em diferentes tipos de solo. (Sampaio et al. submetido) Avaliamos as trajetórias sucessionais (Coutinho et al. no prelo) e as dinâmicas populacionais de braquiária vs. arbusto nativo. (Motta 2016) Avaliamos o potencial alelopático de um arbusto nativo em reduzir a cobertura de braquiária. (Lopes et al. 2017 e 2018)

1 ano após a semeadura

3 anos após a semeadura

5 anos após a semeadura

Sobrevivência (%) Cada ponto uma espécie Emergência (%) Pelizzaro et al.2017

Espécies Sementes/m² % cobertura após 1a estação chuvosa % cobertura após 2a estação chuvosa Andropogon fastigiatus (Poaceae) 7 30 10 Aristida gibbosa (Poaceae) 13 8 19 Schizachyrium sanguineum (Poaceae) Achyrocline satureioides (Asteraceae) 29 3 20 9 1 7 Lepidaploa aurea (Asteraceae) 13 16 35 Stylosanthes capitata e Stylosanthes macrocephala (Fabaceae) Espécies do estrato herbáceo arbustivo 75 5 10 Pelizzaro et al.2017

Espécies lenhosas do Cerrado baixo crescimento Altura média: 1a estação chuvosa: 8 cm 2a estação chuvosa: 11 cm Espécie Emergência no campo (%) /sobrevivência 1a seca (%) Altura 1o ano (cm) Anacardium humile A. St.-Hil. 89 ± 30 99 7,9 ± 6,9 Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F.Macbr. 80 ± 18 92 ± 9 17,5 ± 6,4 Anacardium occidentale L. 70 ± 15 88 ± 9 7,7 ± 7,3 Magonia pubescens A. St.-Hil. 65 ± 27 98 ± 2 7,5 ± 5,0 Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos 58 ± 58 82 ± 59 2,0 ± 1,7 Vatairea macrocarpa (Benth.) Ducke 56 99 6,9 ± 2,4 Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne 43 ± 34 92 ± 9 16,0 ± 8,2 Dipteryx alata Vogel 42 ± 25 100 9,3 ± 5,4 Pelizzaro et al. 2017

Densidade de plântulas de árvores Média de 4,5 plântulas/m² Igual a 45.000 ind/ha R$ 6000/ha 1m2 Assemelha-se a densidades de plântulas de árvores em áreas naturais (Salazar 2010) Sampaio et al. submetido

Parte aérea Alelopatia Concentração de extrato de folha de Lepidaploa aurea (Asteraceae) Arbusto nativo EXÓTICAS Raiz NATIVAS Lopes et al. 2018

Altura (cm) Muda x semente Amburana cearensis Astronium fraxnifolium Copaifera langsdorffii Tabebuia aurea Cordeiro 2016 Meses (1, 12, 20)

Amburana 3 anos Muda Semente

Gonçalo 3 anos Muda Semente

Ipê caraiba 3 anos Muda Semente

Copaíba 3 anos Muda Semente

40 20 0 133 133 532 Sampaio et al. submetido

Sampaio et al. submetido

Sampaio et al. submetido

% de nativas em 2017 % de nativas em 2016 Coutinho et al. no prelo

Motta 2016

Implicações práticas A cobertura do solo por gramíneas e arbustos em alta densidade é essencial para o sucesso da restauração Há sucessão de espécies, sendo que as espécies que cobrem o solo mais rapidamente no início são substituídas por espécies de crescimento mais lento Sem o controle adequado das espécies invasoras a chance de sucesso é muito baixa. Solos mais aptos para as gramíneas invasoras são mais difíceis de restaurar.

Próximos passos... Testar semeadura com técnicas de plantio direto forma de melhorar o controle das invasoras. Estudar a restauração das propriedades químicas dos solos acidificar os solos. Ampliar o número de espécies do estrato arbustivoherbáceo na restauração. Medir os serviços ambientais produzidos por áreas em restauração em comparação com as áreas degradadas.

Instituições Financiadores

Contatos: Alexandre Bonesso Sampaio alexandre.sampaio@icmbio.gov.br sampaio.ab@gmail.com Para saber mais https://goo.gl/jb3vv5