EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EMBRAPA- PESCA E AQUICULTURA FUNDAÇÃO AGRISUS RELATÓRIO PARCIAL-01/10/2016
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1 1 EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EMBRAPA- PESCA E AQUICULTURA FUNDAÇÃO AGRISUS RELATÓRIO PARCIAL-01/10/2016 CONSÓRCIO DE MILHO COM BRAQUIÁRIA: COMPREENDENDO OS RISCOS DO ESTRESSE HÍDRICO NA SAFRINHA DO TOCANTINS. PA-1635/15 Rodrigo Estevam Munhoz de Almeida Pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, núcleo de Sistemas Agrícolas. Classificação do Projeto: C Embasamento da educação, C1- pesquisa agronômica Palmas Tocantins Outubro de 2016
2 2 1.0-INTRODUÇÃO O sistema integração lavoura pecuária (ILP) consiste em integrar na mesma área, a produção agrícola e pecuária, e atende muitas diretrizes para estabelecer o manejo sustentável de produção agropecuária. É um sistema para uso eficiente da terra, exploração agrícola e pecuária com menor prejuízo ao meio ambiente e obtenção de maior produtividade. No Brasil o consórcio de milho com braquiária é amplamente utilizado na ILP para se recuperar pastagens degradadas e produção de forragem durante a seca ou no sistema de plantio direto (SPD) para produção de massa vegetal para cobertura do solo e formação de palha. Em parte da área agrícola do cerrado brasileiro, como no estado do Tocantins, o sistema de produção adotado é o cultivo de soja na safra e o milho na safrinha, e ainda é incipiente o consórcio com braquiária por desconhecimento e receios. Determinar critérios técnicos de recomendação é importante para difusão da tecnologia na região. Várias pesquisas demonstraram que não há redução de produtividade de milho quando consorciado com braquiária em situações que não há falta de água, luz e nitrogênio. Em relação ao N, sabe-se uma pequena parte do N-fertilizante aplicado é absorvido pela braquiária consorciada, de tal forma que não é necessário aumentar a dose de N no cultivo em consórcio. Entretanto, não se sabe qual a importância do fator água e como reduzir o risco de perdas na produtividade de milho consorciado com braquiária no cultivo durante a safrinha, época de maior ocorrência de restrição hídrica. No estado do Tocantins a distribuição das chuvas é caracterizada por uma estação chuvosa e outra seca, portanto as últimas chuvas do período úmido são importantes para a viabilidade do cultivo em safrinha. Não se sabe qual o impacto na produtividade do milho safrinha consorciado com braquiária no decorrer do período de semeadura que se estende após a colheita da soja, nem existem critérios de recomendação baseados em dados concretos para recomendar as datas limites para a semeadura de milho com braquiária na safrinha do Tocantins. É importante estudar também os benefícios que o sistema com maior diversificação biológica traz para o agroecossistema, principalmente nas culturas subsequentes ao milho com braquiária. Propõe-se estudo com quatro datas de plantio de milho safrinha em sistema solteiro e consorciado com braquiária, uma vez que o atraso da data de plantio é diretamente proporcional à ocorrência de chuvas na safrinha, permitindo a avaliação do estresse hídrico nas relações interespecíficas do milho com braquiária e os efeitos na cultura da soja subsequente.
3 3 2.0-OBJETIVO DA PESQUISA O objetivo deste projeto é avaliar a interação entre milho e braquiária em condições de deficiência hídrica para gerar critérios de recomendação do uso do consórcio de milho com braquiária na safrinha, e quantificar os benefícios ao sistema de produção praticado no estado do Tocantins. 3.0-MATERIAL E MÉTODOS: 3.1-LOCAL E CONDIÇÕES DO EXPERIMENTO O experimento foi implantado em área de produtor rural, na Fazenda Brejinho, localizado a 140 km ao norte de Palmas, onde o Núcleo de Sistemas Agrícolas da Embrapa vem desenvolvendo atividades de pesquisa desde Anteriormente ao experimento amostras de solo foram coletadas para caracterização química do solo. Em outubro de 2015 foi implantada soja de ciclo precoce (100 dias). Em fevereiro de 2016, imediatamente após a colheita da soja foi semeado o milho safrinha em duas condições de manejo: solteiro e consorciado com braquiária (Urochloa ruziziensis) com 10 kg ha-1 de sementes com valor cultura de 50%, e em quatro épocas de semeadura totalizando 8 tratamentos (4 épocas de plantio x 2 sistemas de cultivo [solteiro e consorciado]) com quatro repetições. A primeira época de semeadura foi dia 12/02/2016, a segunda no dia 24/02/2016, a terceira no dia 04/03/2016 e a última no dia 15/03/2016. A adubação de cobertura com 140 kg ha-1 de N e 140 kg ha-1 de K2O foi feita de acordo com o crescimento de cada época de implantação, quando o milho atingiu quatro folhas expandidas. A adubação de cobertura da época 1 foi feita no dia 03/03/2016, para a época dois o fertilizante foi aplicado no dia 16/03/2016, na época 3 foi feita no dia 22/03/2016, e a época 4 no dia 06/04/2016. As folhas diagnósticas (primeira abaixo e oposta à espiga) para monitoramento do status nutricional do milho foram coletadas no dia 06/04/2016 para a época 1, 19/04/2016 para a época 2, 28/04/2016 para a época 3, e no dia 11/05/2016 para a época 4. As folhas foram secas em estufa de circulação de ar forçada, moídas e serão encaminhadas para análise de tecido vegetal.
4 4 O monitoramento da massa seca das plantas de milho e braquiária foram foi feito em 6 aferições quando cada época de plantio estava em estágio fenológico V4/5; V11/12; R1; R4; R5; e R6. Coletou-se três plantas de milho e braquiária com corte rente ao solo e toda a parte aérea foi seca em estufa de circulação de ar forçada para determinação da massa seca, e futuramente serão encaminhadas para análise de tecido vegetal para determinação dos nutrientes. O monitoramento do IAF e da umidade no solo foi feita para todos os tratamentos no momento do florescimento de cada época, e os dados ainda serão processados. As variáveis climáticas foram monitoradas na estação meteorológica de Pedro Afonso, e os dados serão utilizados para montar o balanço hídrico da safra agrícola. A colheita das parcelas foram feitas com a coleta de todas as espigas das 3 linhas centras com cinco metros de comprimento. As espigas foram debulhadas, os grãos pesados e então foi determinada a umidade dos grãos para fazer a correção para massa de grãos por hectare com 13% de umidade. A colheita da época 1 foi no dia 31/05/2016, e época 2 no dia 09/06/2016, a época 3 no dia 14/06/2016 e a época 4 no dia 29/06/2016. As Figuras de 1 a 16 mostram detalhes do experimento em campo durante a fase de execução. Figura 1- Semeadura de milho da época 2 no dia 24/02/2016 em palha de soja.
5 5 Figura 2 Vista da área experimental da época 1 (esquerda) e época 2 (direita) no dia 15/03/2016, mesmo dia da implantação da época 4 e um dia antes da adubação de cobertura da época 2 Figura 3 Vista da área experimental da época 4 (esquerda) e época 1 (direita) no dia 15/03/2016, mesmo dia da implantação da época 4 e um dia antes da adubação de cobertura da época 2.
6 6 Figura 4- Detalhe do tratamento de milho consorciado com braquiária na época 1 no dia 15/03/2016. Figura 5- Detalhe do tratamento de milho consorciado com braquiária na época 3 no dia 15/03/2016
7 7 Figura 6 Vista da área experimental no dia 22/03/2016 (época 1 ao fundo, época 2 ao centro e época 3 a frente), mesmo dia da adubação de cobertura da época 3. Figura 7 - Detalhe do tratamento de milho consorciado com braquiária na época 1 no dia 22/03/2016
8 8 Figura 8- Detalhe do tratamento de milho consorciado com braquiária na época 2 no dia 22/03/2016 As Figuras 9, 10, 11 e 12 mostram os tratamentos de consórcio de milho com braquiária em 23 de março de 2013, próximo à colheita do milho. Figura Detalhe do tratamento de milho consorciado com braquiária na época 3 no dia 22/03/2016
9 9 Figura Detalhe do tratamento de milho consorciado com braquiária durante o florescimento da época 1 (esquerda), e vista geral do experimento com época 1 ao fundo e época 3 à frente (direita), ambas no dia 06/04/2016 Figura 11- Época 2 consorciada com braquiária no momento do florescimento. Foto 19/04/2016.
10 10 Figura 12- Florescimento da época 3 (esquerda), época 4 ao centro e época 1 à direita no dia 28/04/2016. Figura 13- Florescimento da época 4 no dia 11/05/2016
11 11 Figura 14- Desenvolvimento das espigas da época 1, 2,3 e 4 (da esquerda para a direita), no dia 18/05/2016 Figura 15- Colheita da época 1 no dia 31/05/2015
12 12 Figura 16- Colheita da época 3 no dia 14/06/ RESULTADOS E DISCUSSÃO O acúmulo de massa seca de milho foi, em ordem decrescente, seguido pelas épocas 1, 2, 3 e 4 (Figura 17). Quanto mais cedo se implanta o milho safrinha no estado do Tocantins, maior parte do ciclo do milho ocorrerá durante o período de excedente hídrico. Com o atraso do plantio do milho, a deficiência hídrica ocorre antes ou durante o estágio reprodutivo do cereal, comprometendo o crescimento das plantas. A presença da braquiária interfere o crescimento do milho nas épocas de maior atraso na semeadura. Se a planta de milho cresce menos por causa da seca, mais luz fica disponível para a braquiária, que é mais rústica, e assim cresce mais (Figura 18), e compromete o crescimento do milho. O acúmulo de massa seca da braquiária está representado na figura 18. A braquiária cultivada na época 4 teve um crescimento exponencial em relação às demais, isso ocorre pois o milho cresceu menos (Figura 17), e desta forma a braquiária tem acesso a maior quantidade de luz, que favorece seu crescimento.
13 13 Figura 17- Acúmulo de massa seca de milho em função das épocas de plantio e cultivado solteiro ou consorciado Figura 18- Acúmulo de massa seca da braquiária em função das épocas de plantio do milho safrinha. A produtividade de grãos de milho foi drasticamente afetada pela época de plantio (Figura 19), uma vez que quanto mais cedo é a semeadura maior quantidade de água disponível durante o ciclo do milho. Não houve diferença de produtividade entre o milho solteiro e consorciado da época 1, uma vez que as plantas de milho cresceram satisfatoriamente (Figura 17), e promoveram bom controle cultural em relação à braquiária. A medida que se atrasa a semeadura (época 2, 3 e 4), o milho acumula menos massa seca e a braquiária aumenta crescimento, e assim, a presença da braquiária vai, paulatinamente, causando interferência na produção de milho (Figura 19).
14 14 Figura 19- Produtividade de milho em função das épocas de semeadura e em razão do cultivo consorciado com braquiária ou não CONCIDERAÇÕES FINAIS O experimento de milho foi concluído, mas o projeto está em andamento como planejado. As análises de IAF, umidade do solo, diagnose nutricional e compilação dos dados climáticos serão feitas no decorrer dos próximos meses. Está prevista para a segunda quinzena de outubro, a semeadura da soja nas áreas cultivadas com milho safrinha em diferentes épocas com ou sem braquiária, como previsto no projeto. Rodrigo Estevam Munhoz de Almeida Pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura
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