DIREITO CONSTITUCIONAL Organização Político-Administrativa do Estado Profª. Liz Rodrigues
- Art. 18, CF/88: A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. - Repartição de competências: princípio da predominância dos interesses.
- Pacto Federativo: esta ideia está relacionada à distribuição constitucional de competências entre os entes, tanto no que diz respeito à arrecadação e partilha de tributos quanto em relação aos encargos e serviços públicos que estão sob suas respectivas responsabilidades.
- Silva explica que a autonomia das entidades federativas pressupõe a repartição de competências para o exercício e desenvolvimento de sua atividade normativa, sendo que esta distribuição de poderes é o ponto nuclear da noção de Estado Federal. - A CF/88 adotou um sistema que combina competências exclusivas e privativas com competências comuns e concorrentes.
- A CF/88 busca alcançar o equilíbrio federativo por meio de uma repartição de competências baseada na enumeração dos poderes da União (arts. 21 e 22 da CF/88), poderes remanescentes para os Estados (art. 25, 1º) e poderes definidos indicativamente para os Municípios (art. 30). - Há algumas possibilidades de delegação, temas que são de competência comum e outros em que se prevê a atuação concorrente da União e dos Estados.
- Competências são as diversas modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades estatais para realizar suas funções (Silva). - Classificação: 1. Quanto à sua natureza:
a. Competências materiais (ou administrativas): dizem respeito à prática de atos de gestão, ações que devem ser realizadas. Algumas competências materiais são comuns a todos os entes federativos. b. Competências legislativas: dizem respeito à capacidade de elaboração de leis sobre determinados assuntos. Alguns temas são de competência concorrente a União cria as regras gerais e os Estados fazem a suplementação.
- União: competências de interesse geral (art. 21 a 24 da CF); - Municípios: competências de interesse local (art. 30); - Estados: compete tudo o que não for vedado ou não tiver sido atribuído a outro ente (interesse regional, competência residual ou remanescente - art. 25). - Distrito Federal: acumula as competências legislativas e administrativas dos Estados e dos Municípios.
2. Quanto à forma: a. Enumeradas ou expressas: são atribuições específicas feitas pela CF/88 para cada entidade federativa no caso, para a União e para os Municípios. b. Reservadas ou remanescentes: são as restantes, que não foram atribuídas especificamente a nenhum ente. Em se tratando de competências materiais ou legislativas, cabem aos Estados.
- Obs.: em se tratando de matéria tributária, a competência residual é da União a CF/88 atribui especificamente determinados tributos aos Estados e Municípios (e à União também, mas esta pode instituir novos tributos poder que é negado aos outros entes). c. Implícitas, resultantes, inerentes ou decorrentes: decorrem da natureza do ente federativo, mas não estão expressamente previstas na CF/88.
3. Quanto à extensão: a. Exclusivas: são atribuídas a uma única entidade federativa, sem possiblidade de delegação ou competência suplementar. b. Privativas: são atribuídas a uma única entidade federativa, mas com a possiblidade de delegação em questões específicas.
c. Comuns, cumulativas ou paralelas: são atribuídas a todas entidades federativas em relação a determinadas matérias (art. 23, CF/88), estando todas no mesmo nível hierárquico. - Nesse caso, lei complementar fixará as normas de cooperação entre as entidades federativas (a LC ainda não existe a doutrina entende que, se houver mais de uma norma sobre o mesmo assunto, deverá prevalecer a mais rigorosa).
d. Concorrentes: também são atribuídas a todas entidades federativas. Cabe à União estabelecer as normas gerais e os Estados e o DF podem complementar a normatização de modo mais específico. e. Suplementares: atribuída aos Estados para desdobrar as normas gerais criadas pela União, dentro da competência legislativa concorrente (Pinho).
f. Supletiva: se não existir norma federal em matéria de competência concorrente, os Estados podem exercem a competência legislativa plena para atender às suas peculiaridades (Pinho).
- Há quem defenda que a competência suplementar pode ser dividida em duas espécies, as complementares (que dependem da prévia existência de lei federal a ser especificada) e as supletivas (que surgem diante da inércia da União em criar as normas gerais). - Municípios: não tem competência concorrente, mas podem suplementar a legislação federal e estadual no que couber (art. 30, II, CF/88) e nos casos de interesse local.
4. Quanto à origem: a. Originárias: atribuições que a CF/88 dá a determinado ente. b. Delegadas: são recebidas por um ente em razão de repasse de competência originária de uma entidade federativa para outra (Pinho).
- Repartição horizontal: a CF/88 atribui poderes enumerados à União e aos Municípios e poderes remanescentes aos Estadosmembros. O DF acumula competências estaduais e municipais. - Repartição vertical: a CF/88 atribui a regulamentação de determinado assunto a mais de um ente cabe à União criar a legislação federal fundamental e cabe aos estados o preenchimento, conforme suas peculiaridades e exigências.