Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Novembro 2008 TEMA 34 Piscinões e Parques Lineares Soluções ou Problemas? Alessandra Mayumi Nakata 3632219 Ester Tseng 3727100 Fábio Yabeku Takey 3730702 Julio Shinji Takahashi 5073561 Luiz Fernando Arashiro 4939004 Micael U Cho 3752186
ÍNDICE 1. RESUMO... 3 2. OBJETIVOS... 4 3. INTRODUÇÃO... 5 4. METODOLOGIA... 6 4.1 PISCINÕES... 6 4.1.1 EXEMPLOS DE PISCINÕES... 7 4.2 PARQUES LINEARES... 9 4.2.1 EXEMPLOS DE PARQUES LINEARES... 11 4.3 PISCINÕES X PARQUES LINEARES... 13 5. CONCLUSÃO... 14 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 15 Página 2 de 15
1. RESUMO O presente trabalho faz parte da disciplina PHD2537 Água em Ambientes Urbanos ministrada na Escola Politécnica da USP e procura discutir sobre parques lineares e piscinões. Primeiramente serão definidos os conceitos que definem cada um destes termos, apresentando as vantagens e desvantagens que cada um acarreta. Em seguida o trabalho apresentará uma comparação entre estas duas soluções para o combate de inundações e finalmente apresentaremos nossas conclusões sobre o assunto. Página 3 de 15
2. OBJETIVOS O objetivo do trabalho é de apresentar duas soluções correntes de combate às inundações apresentando suas vantagens e desvantagens para que o leitor possa ter uma visão crítica sobre o assunto. Página 4 de 15
3. INTRODUÇÃO A crescente taxa de urbanização, principalmente a partir dos anos 60, com o surgimento de novas construções e com o aumento da área impermeabilizada no solo urbano, tem levado a graves problemas de inundações. Com a pavimentação de ruas, a construção de novos imóveis e a diminuição das áreas verdes na cidade, o coeficiente de escoamento aumenta e o tempo de concentração diminui, aumentando os picos de vazão das águas pluviais durante os períodos de precipitação. Esse problema pode ser contornado de certa forma com a canalização de córregos e rios, que melhoram a eficiência do transporte das águas pluviais. Entretanto, essa solução não é ideal, pois somente altera o comportamento das enchentes transferindo o problema para as áreas que estão à jusante. Além disso, as várzeas dos rios e córregos são muitas vezes ocupadas indevidamente tornando-se áreas impermeáveis, fruto de um planejamento e um controle urbano não eficazes. É o caso, por exemplo, das marginais do rio Tietê e Pinheiros, que sofreram muitos problemas por estarem em áreas de várzea. A população de baixa renda, por falta de espaço nos grandes centros urbanos, se instala ilegalmente nas margens dos rios, ficando sujeitas a perdas materiais e até humanas por problemas de inundação em épocas de cheias. Além de perdas materiais e humanas, as inundações levam ao espalhamento de lixo, poluição e disseminação de doenças. Na região metropolitana de São Paulo (RMSP), as inundações atingem toda a população, as indústrias e o comércio, provocando prejuízos econômicos e sociais incalculáveis. Em vista disso, pensou-se em soluções para amortecer os picos de vazão durante as precipitações, evitando inundações sem transferir o problema para jusante. A idéia seria escoar a água de forma contínua durante um intervalo de tempo maior que a duração da precipitação. Nesse sentido, duas propostas serão estudadas nesse trabalho: os piscinões - reservatórios de amortecimento de cheias e os parques lineares. Página 5 de 15
4. METODOLOGIA 4.1 PISCINÕES Os reservatórios de contenção de cheias, mais conhecidos como piscinões, foram criados como solução de curto prazo ao crescimento de vazões associados à forte urbanização, vazões estas que não eram comportadas pela capacidade de descargas dos rios. Não são soluções novas, já havendo sendo utilizados nos EUA e na Europa. São basicamente grandes reservatórios que fazem o papel hidráulico da vegetação e dos terrenos anteriores à urbanização em sua capacidade de retardar o tempo de escoamento das águas da chuva. Em um episódio de chuva intensa, uma parte das águas de um córrego é desviada para o enchimento do reservatório, aliviando naquele momento crítico o córrego e as drenagens de jusante de um determinado volume de água. Após o pico de precipitação, a água é liberada lentamente, diminuindo o risco de haver inundações. Do ponto de vista hidráulico, esta solução funciona perfeitamente, entretanto, são soluções de alto custo devido não só a sua construção, mas também à necessidade de desapropriações e de regulares manutenções. Possuem, além do custo, outras desvantagens conseqüentes de sua implantação. Os piscinões, não são uma solução ao problema da poluição. A enorme carga de lixo, entulho e sedimentos originados, levados pelas águas das chuvas, acabam por assorear e entulhar todo o sistema natural construído de drenagem, exigindo que seja feita uma manutenção constante para que as funções dos piscinões sejam mantidas. Operações de desassoreamento ficam como responsabilidade dos municípios, que normalmente estão despreparados financeira e fisicamente para proceder a esta operação. Sem uma manutenção constante, os piscinões podem servir como criadouros de mosquitos, como foi constatado por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP, que identificou 13 espécies de mosquitos em piscinões da grande São Paulo. O ambiente extremamente poluído favorece o desenvolvimento de larvas, acarretando em uma superpopulação de mosquitos que além de incomodar a população podem ser vetores de agentes de doenças. O problema é maior em piscinões concretados, pois a água não penetra no solo, ficando acumulada toda a matéria orgânica que serve de alimento às larvas. Página 6 de 15
Além disso, um reservatório não tratado leva ao mau cheiro e ao acúmulo de substâncias químico-biológicas poluentes, implicando riscos de possíveis contaminações e acidentes. É necessário que, ao proceder à sua limpeza, o produto gerado seja devidamente encaminhado em bota-foras sem risco de contaminação de solos, águas ou diretamente da população. 4.1.1 EXEMPLOS DE PISCINÕES - Eliseu de Almeida Detalhes: Local: Taboão da Serra / Córrego Pirajuçara Capacidade: 113.000 m³ - Jardim Maria Sampaio Detalhes: Local: São Paulo / Pirajuçara Capacidade: 120.000 m³ Página 7 de 15
- Canarinho Detalhes: Local: São Bernardo / Córrego Saracantam Capacidade: 95.000 m³ - Jardim Nova República Detalhes: Local: Embu das Artes / Córrego Pirajuçara Capacidade: 110.000 m³ Página 8 de 15
4.2 PARQUES LINEARES Os parques lineares têm esse nome, pois são implantados em uma faixa ao longo de um rio, canal ou córrego. Suas funções são diversas, sendo as principais a implantação de áreas verdes em ambientes urbanos e o amortecimento de cheias através da redução da velocidade de escoamento e da melhoria da permeabilidade do solo. Além disso, protegem as áreas ribeirinhas da ocupação irregular, protegem as margens contra erosões, combatem as ilhas de calor típicas de grandes centros urbanos, recompõe a vegetação ciliar, reduzem a poluição difusa, e criam áreas de lazer para a população aumentando sua qualidade de vida. A instalação dos parques lineares é prevista pelo Plano Diretor estratégico da cidade de 2002, que passou a considerar a rede hídrica como um elemento estruturador urbano, prevendo a implantação de pelo menos 300 parques junto do vale de rios. O intuito da inserção deste no Plano Diretor é de recuperar fundos de vale e cursos d água recompondo o sistema de drenagem natural e acrescentando-lhe uma função social. A longo prazo, espera-se alcançar um resultado semelhante àquele obtido no Parque Ecológico do Tietê, na zona leste, criado pelo arquiteto Ruy Ohtake nos anos 70 como um grito contra a política da canalização; sendo hoje uma área totalmente repovoada com fauna e flora. Art. 106 - Fica instituído o Programa de Recuperação Ambiental de Cursos D Água e Fundos de Vale compreendendo um conjunto de ações, sob a coordenação do Executivo, com a participação de proprietários, moradores, usuários e investidores em geral, visando promover transformações urbanísticas estruturais e a progressiva valorização e melhoria da qualidade ambiental da Cidade, com a implantação de parques lineares contínuos e caminhos verdes a serem incorporados ao Sistema de Áreas Verdes do Município. 1º - Parques lineares são intervenções urbanísticas que visam recuperar para os cidadãos a consciência do sítio natural em que vivem, ampliando progressivamente as áreas verdes. (Plano Diretor estratégico da cidade Seção II DOS ELEMENTOS ESTRUTURADORES) Essa política mostra um olhar totalmente diferente àquele da década de 40, em que preservar as margens dos rios paulistanos não era parte das do interesse público. Pelo contrário, naquela época, se valorizava a canalização e o tapamento de sistemas pluviais por ruas e avenidas (como por exemplo, a 9 de Julho e a 23 de Maio), gerando grandes problemas de inundação. Página 9 de 15
Os fundos para a implantação dos parques são oriundos de duas fontes principais: o Fundo de Desenvolvimento Urbano (FUNDURB) - R$ 38 milhões e as compensações ambientais. O FUNDURB é o fundo gerado pelo pagamento de potencial construtivo, isto é, do pagamento feito por empresas que queiram construir em uma área mais extensa do que aquela que a legislação permite. A verba é gerida pelas Secretarias de Infra- Estrutura Urbana e Obras, de Habitação, de Cultura e do Verde e do Meio Ambiente, e são investidas em ações como regularização fundiária, urbanização de favelas e criação de parques lineares. As compensações ambientais vinculam o licenciamento de obras que envolvem corte de árvores com a criação de parques lineares como compensação ambiental. Os parques criados a partir desse recurso são implantados em etapas, pois dependem da destinação de recursos da Câmara de Compensação Ambiental e da aprovação do empreendedor (de converter as mudas em obras). São, portanto, de implantação mais demorada que aqueles implantados a partir do FUNDURB. O projeto dos parques lineares são exeqüíveis e democráticos, visto que por sua geometria não favorecem apenas a população de uma forma pontual. Podem ser vistos também como vias de acesso, podendo ser utilizados para ir ao trabalho, à escola, às compras, etc. Além disso, sua geometria evita perigos de isolamento e desconexões de parques urbanos tradicionais. Esses corredores apresentam possibilidades econômicas que compensam os investimentos necessários para criá-los e mantê-los. Como atravessam diversas áreas, e com características distintas, devem ser feitas pro diversos profissionais de projeto, que devem contar com a ajuda de fóruns aos quais participem todos os segmentos da sociedade que tenham a ver com o que se encontra no percurso. As áreas de intervenção urbana destinadas à criação dos parques lineares compreendem o conjunto formado pelas seguintes áreas: - faixa de metros ao longo de cada uma das margens dos cursos d água e fundos de vale, como área non aedificandi; - planície aluvial com prazos de recorrência de chuvas de pelo menos 20 (vinte) anos e as áreas de vegetação significativa ao longo dos fundos de vale do Município que juntamente com a área non aedificandi formarão os parques lineares; Página 10 de 15
- contidas na faixa envoltória de até 200 (duzentos) metros de largura, medidos a partir do limite do parque linear referido no inciso II, destinadas à implantação de empreendimentos residenciais e não residenciais, a serem executados pela iniciativa privada, com possibilidade de utilização da transferência do direito de construir originado nos lotes das áreas destinadas ao parque linear ou por outorga onerosa. 4.2.1 EXEMPLOS DE PARQUES LINEARES - Parque linear Parelheiros Detalhes: Área: 30.000 m² Duas fontes de água potável, 1.500 árvores, espaço para caminhadas, campo de futebol, playground e praça. - Parque do Fogo Detalhes: Área: 30.000 m² Binquedos para crianças, alamedas e equipamentos esportivos, mudas de pau-brasil, araucária e ipê-amarelo. Página 11 de 15
- Parque Linear Recanto dos Humildes Detalhes: Obras de canalização, implantação de playgrounds, paisagismo e iluminação. Página 12 de 15
4.3 PISCINÕES x PARQUES LINEARES Os piscinões são soluções mais antigas que os parques lineares, sendo seu conceito vindo da implantação na cidade de Bordeaux, onde durante o período de estiagem, o piscinão era utilizado como área de lazer. Seu funcionamento hidráulico mostrou-se mais eficaz que a solução anteriormente utilizada, de canalizar córregos. Aqui no Brasil, a idéia do piscinão foi proposta pela primeira vez em 1925 pelo engenheiro Saturnino de Brito, como forma de controlar as enchentes na cidade de São Paulo. Entretanto, o que se observa hoje é que os piscinões no Brasil não têm atendido satisfatoriamente sua funções hidráulicas, quanto mais tornar-se área de lazer. A falta de manutenção e limpeza destes têm transformado o que seria uma solução em uma área de acúmulo de lixo, poluição e mau cheiro, ameaçando a saúde da população. Não se trata de um erro de projeto, mas de uma falta de cuidado das administrações municipais. Em vista dos problemas ocasionados pelos piscinões, outra solução preconizada é a construção de parques lineares. Estes atuam efetivamente como áreas de lazer, beneficiando a população ao seu entorno e trazendo áreas verdes para a cidade. Não eliminam totalmente o problema da poluição, podendo também ter água suja e mau cheirosa correndo nos córregos, porem é uma solução muito mais interessante do ponto de vista estético e social. Sua desvantagem é sua capacidade hidráulica, o piscinão é mais eficiente para precipitações de alta intensidade, sendo capaz de amortecer melhor o pico de vazão. Além disso, existe a questão do espaço disponível. Os piscinões são soluções muito mais compactas que os parques lineares. Página 13 de 15
5. CONCLUSÃO Antes de se preocupar com a construção de novos piscinões, as municipalidades devem se preocupar com as condições dos já existentes. A implantação de um reservatório de contenção de cheias, apesar de seus efeitos hidráulicos positivos, implica graves problemas para a municipalidade e para a população, devendo, portanto ser submetido a ponderações técnicas, econômicas e sociais. Sua eficácia pode também ser fortalecida por ações não estruturais, tais como a educação ambiental em escolas e comunidades locais, promovendo visitas e explanações sobre os piscinões. Tanto os piscinões como os parques lineares são soluções válidas para o combate às enchentes. O piscinão é uma solução hidraulicamente mais interessante, porém necessita um programa de manutenção rígido para que não se torne um problema. Os parques lineares, por outro lado, trazem um benefício a mais que o simples combate às inundações, atuando como lugares de lazer e descontração. Além das soluções de controle de cheias citadas nesse trabalho, existem outras de execução e manutenção mais simples, como por exemplo os reservatórios domésticos que armazenam água da chuva para posterior uso, os reservatórios médios em edificações maiores (supermercados, prédios, indústrias, etc.) para o mesmo fim, os lagos de recebimento de água, as praças drenantes, as valetas drenantes, as calçadas drenantes, a arborização intensiva, etc. Página 14 de 15
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS http://www.capital.sp.gov.br http://www.ecoviagem.com.br http://www.agsolve.com.br http://aprender.unb.br http://www.democratassp.org.br http://www.itaimpaulista.com.br http://www.nossasaopaulo.org.br http://planetasustentavel.abril.uol.com.br http://books.google.com.br http://www.ipt.br http://www.cidades.gov.br http://www.spnoticias.net http://www.sabesp.com.br http://noticias.ambientebrasil.com.br http://www.hidrostudio.com.br Página 15 de 15