Piscinões e Parques Lineares Soluções ou Problemas?

Documentos relacionados
Piscinões na Região Metropolitana de São Paulo: Análise Crítica da Situação Atual

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIV. DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária

Piscinões na RMSP Situação Atual Avaliação de Eficiência.

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária

PREFEITURA MUNICIPAL NOVA VENEZA

Tema 9 -O Papel do Arquiteto na Gestão de Águas Urbanas

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária PHD2537-Águas em Ambientes Urbanos.

Principais problemas enfrentados

PROPOSTAS PARA USOS ALTERNATIVOS DOS RESERVATÓRIOS PARA CONTROLE DE CHEIAS

RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

Piscinões na Região Metropolitana de São Paulo: Análise Crítica da Situação Atual

Plano e projeto em São Paulo. Instituto de Engenharia 20 de setembro de 2011 Paula Freire Santoro

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária

LEI Nº , 04 DE JANEIRO DE 2002

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo PHD2537 Água em Ambientes Urbanos

RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

TEMA 7. A Qualidade da Água e o Uso do Solo em Áreas Urbanas: problemas e soluções. Grupo: Dina, Jaqueline Raquel e Walter

PHA Hidrologia Ambiental. Hidrologia e Drenagem

Gestão de Inundações urbanas. Dr. Carlos E M Tucci Rhama Consultoria e IPH - UFRGS

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária PHD 2537 Água em Ambientes Urbanos

Seminário PDMAT - PLANO DIRETOR DE MACRODRENAGEM DO ALTO TIETÊ

PROC. Nº /13 PLL Nº /13 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

Diagnóstico do Parque Augusta

GESTÃO DOS RIOS URBANOS: OS DESAFIOS DA REVITALIZAÇÃO E AS NOVAS TECNOLOGIAS DE MANEJO DE ÁGUAS URBANAS. Jaime Cabral

PHD 2537 Água em Ambientes Urbanos. Tema: Renaturalização de Rios em Ambientes Urbanos

O Projeto Calha do Tietê

PHD 2537 ÁGUAS EM AMBIENTES URBANOS INUNDAÇÕES EM GRANDES METRÓPOLES MUNDIAIS

PHD2537 Água em Ambientes Urbanos. Profº: Dr. Kamel Zahed Filho SEMINÁRIO

Universidade Federal de Pelotas Centro de Engenharias. Disciplina de Drenagem Urbana. Professora: Andréa Souza Castro.

março/2013 ÍNDICES URBANÍSTICOS E SEU REFLEXO NO TECIDO URBANO: HABITAÇÃO PIQUERI, REORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO

Histórico das Medidas Sustentáveis na RMSP ATÉ 1994 APÓS FUTURO PLANO DIRETOR DE CONTINUIDADE NO CANALIZAÇÃO

CARGAS DIFUSAS URBANAS DE POLUIÇÃO

Controle de impactos de edificações sobre o sistema público de drenagem: Vazões pluviais e poluição difusa

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Qualidade da Água em Rios e Lagos Urbanos

Medidas de Controle na Drenagem Urbana

Qualidade e Conservação Ambiental TH041

DRENAGEM URBANA EM SÃO PAULO. Eng o PEDRO LUIZ DE CASTRO ALGODOAL PROJ 4 SIURB/PMSP

Programa Córrego Limpo Operação natureza

Aspectos Ambientais em Obras de Grande Porte na RMSP. Caso: Aprofundamento da Calha do Rio Tietê

Planejamento Territorial e Saneamento Integrado

Chuvas Intensas e Cidades

Saneamento Urbano TH419

ENCHENTES URBANAS CAUSAS E SOLUÇÕES

Câmara Municipal de Cubatão

LEI Nº 200, DE

AULA DE CAMPO. Visita ao Parque Rio Uberabinha e outras nascentes

Estudos de viabilidade para implantação do Campus Embu das Artes da UNIFESP. Pró-Reitoria de Planejamento Universidade Federal de São Paulo

Macrozona 7 Caracterização Rodovias e Leitos Férreos

Seminários EXEMPLOS DE PLANOS DIRETORES DE DRENAGEM URBANA

LEI COMPLEMENTAR Nº 929, DE 28 DE JULHO DE 2017 (Autoria do Projeto: Poder Executivo) Dispõe sobre dispositivos de captação de águas pluviais para

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária PHD 2537 Águas em Ambientes Urbanos POLUIÇÃO DIFUSA

Programa de Melhoria da Qualidade de Vida e da Governança Municipal de Teresina. Teresina (PI), Fevereiro de 2016

Política de Recursos Hídricos e Saneamento. Prof. Carlos E. M. Tucci

Disciplina de Drenagem Urbana: Aula 2

O PROBLEMA DAS ENCHENTES

MICRODRENAGEM NAS GRANDES CIDADES: PROBLEMAS E SOLUÇÕES. Douglas Toshinobu Kamura Fabio Hideo Mori Renato Akyra Oshiro Rodrigo Nakazato

Processo de implantação de sistemas de manejo das águas pluviais urbanas

CAPÍTULO 12 SANEAMENTO AMBIENTAL

URBANIZAÇÃO E DRENAGEM URNANA EM PORTO ALEGRE. Joel Avruch Goldenfum - IPH/UFRGS

A metrópole sob a visão municipal

Disciplina de Drenagem Urbana: Aula 2

Tema 9 -O O papel do Arquiteto na Gestão de Águas Urbanas

Projeto de Lei Ordinária nº /2015 Autor: Vereador Marmuthe Cavalcanti

IPH Hidrologia II. Controle de cheias e Drenagem Urbana. Walter Collischonn

PROGRAMA MANANCIAIS. Seminário PHD Águas Urbanas Cinthia R. Martins NºUSP: Novembro 2008

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO SEMPLAN PROGRAMA DE MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA E DA GOVERNANÇA MUNICIPAL DE TERESINA FASE II

Plano Diretor Estratégico

4.2 O Plano da Bacia do Rio Cabuçu de Baixo 12

PUBLICADO DOC 29/09/2011, PÁG 92

Objetivo Geral Principais secretarias envolvidas: SMC, SEME, SMMA, SAS, SEMAB, SEHAB, SIURB, SSO, SEMPLA, SMT, SIS, SF, SMA, SJ e GP.

Disciplina de Drenagem Urbana: Aula 1

OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR E TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE CONSTRUIR

GESTÃO AMBIENTAL E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

Atividade: Individual. Módulo: Visita Técnica e Diagnostico do Local Título do trabalho: Praça Kant Aluno: Rober Duarte da Silva

MBA EM DESENVOLVIMENTO IMOBILIÁRIO TURMA 8

MINI CURSO 04: IMPLEMENTANDO A OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR NO MEU MUNICÍPIO

Controle da Poluição POLUIÇÃO DIFUSA. Fontes de poluição das águas

Decreto que regulamenta o artigo 115 do Código de Obras de Guarulhos

Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos

O QUE É SANEAMENTO? SANEAMENTO BÁSICO. - água. - esgoto. - resíduos sólidos (lixo) - drenagem pluvial

TEMA 9 Ocupação do Solo Urbano e Poluição de

FERRAMENTA DE GESTÃO AMBIENTAL - MUNICÍPIO

POLUIÇÃO DIFUSA RESUMO

DOTS Aplicado nos instrumentos de planejamento urbano municipais. LUIZA DE OLIVEIRA SCHMIDT Coordenadora de Cidades, WRI Brasil

Planos Diretores de Drenagem Urbana

TÍTULO: CAPTAÇÃO, MANEJO E USO DA ÁGUA DA CHUVA EM PRAÇAS ADAPTADAS AO CLIMA TROPICAL DE ALTITUDE NO ESTADO DE SÃO PAULO.

São Paulo e os desafios territoriais

BACIAS DE CONTENÇÃO: MÉTODOS ALTERNATIVOS PARA CONTENÇÃO DE CHEIAS 1 DETECTION BASINS: ALTERNATIVE METHODS FOR CONTAINING RAINWATER

POLUIÇÃO DAS ÁGUAS URBANAS: PROGRAMA CÓRREGO LIMPO ESTUDO DE CASO DO CÓRREGO DO BREJO EM PARAISÓPOLIS -SP DÉBORA PEREIRA DE ARAUJO

72ª. SOEA MÉTODOS ALTERNATIVOS DE DRENAGEM URBANA E APROVEITAMENTO DAS ÁGUAS DE CHUVA. Aparecido Vanderlei Festi

Extra. passarela. Figura 41: Trecho em frente ao supermercado Extra, onde será implantada passarela para pedestres Duplicação... (2003).

Regularização Fundiária

SISTEMAS PÚBLICOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Deliberação Normativa COPAM nº., de XX de janeiro de 2010

OPERAÇÕES URBANAS CONSORCIADAS

USO DO SOLO E ADENSAMENTO AO LONGO DOS CORREDORES DE TRANSPORTE DE BELO HORIZONTE

Manejo de Águas Pluviais Urbanas em Porto Alegre - RS

Transcrição:

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Novembro 2008 TEMA 34 Piscinões e Parques Lineares Soluções ou Problemas? Alessandra Mayumi Nakata 3632219 Ester Tseng 3727100 Fábio Yabeku Takey 3730702 Julio Shinji Takahashi 5073561 Luiz Fernando Arashiro 4939004 Micael U Cho 3752186

ÍNDICE 1. RESUMO... 3 2. OBJETIVOS... 4 3. INTRODUÇÃO... 5 4. METODOLOGIA... 6 4.1 PISCINÕES... 6 4.1.1 EXEMPLOS DE PISCINÕES... 7 4.2 PARQUES LINEARES... 9 4.2.1 EXEMPLOS DE PARQUES LINEARES... 11 4.3 PISCINÕES X PARQUES LINEARES... 13 5. CONCLUSÃO... 14 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 15 Página 2 de 15

1. RESUMO O presente trabalho faz parte da disciplina PHD2537 Água em Ambientes Urbanos ministrada na Escola Politécnica da USP e procura discutir sobre parques lineares e piscinões. Primeiramente serão definidos os conceitos que definem cada um destes termos, apresentando as vantagens e desvantagens que cada um acarreta. Em seguida o trabalho apresentará uma comparação entre estas duas soluções para o combate de inundações e finalmente apresentaremos nossas conclusões sobre o assunto. Página 3 de 15

2. OBJETIVOS O objetivo do trabalho é de apresentar duas soluções correntes de combate às inundações apresentando suas vantagens e desvantagens para que o leitor possa ter uma visão crítica sobre o assunto. Página 4 de 15

3. INTRODUÇÃO A crescente taxa de urbanização, principalmente a partir dos anos 60, com o surgimento de novas construções e com o aumento da área impermeabilizada no solo urbano, tem levado a graves problemas de inundações. Com a pavimentação de ruas, a construção de novos imóveis e a diminuição das áreas verdes na cidade, o coeficiente de escoamento aumenta e o tempo de concentração diminui, aumentando os picos de vazão das águas pluviais durante os períodos de precipitação. Esse problema pode ser contornado de certa forma com a canalização de córregos e rios, que melhoram a eficiência do transporte das águas pluviais. Entretanto, essa solução não é ideal, pois somente altera o comportamento das enchentes transferindo o problema para as áreas que estão à jusante. Além disso, as várzeas dos rios e córregos são muitas vezes ocupadas indevidamente tornando-se áreas impermeáveis, fruto de um planejamento e um controle urbano não eficazes. É o caso, por exemplo, das marginais do rio Tietê e Pinheiros, que sofreram muitos problemas por estarem em áreas de várzea. A população de baixa renda, por falta de espaço nos grandes centros urbanos, se instala ilegalmente nas margens dos rios, ficando sujeitas a perdas materiais e até humanas por problemas de inundação em épocas de cheias. Além de perdas materiais e humanas, as inundações levam ao espalhamento de lixo, poluição e disseminação de doenças. Na região metropolitana de São Paulo (RMSP), as inundações atingem toda a população, as indústrias e o comércio, provocando prejuízos econômicos e sociais incalculáveis. Em vista disso, pensou-se em soluções para amortecer os picos de vazão durante as precipitações, evitando inundações sem transferir o problema para jusante. A idéia seria escoar a água de forma contínua durante um intervalo de tempo maior que a duração da precipitação. Nesse sentido, duas propostas serão estudadas nesse trabalho: os piscinões - reservatórios de amortecimento de cheias e os parques lineares. Página 5 de 15

4. METODOLOGIA 4.1 PISCINÕES Os reservatórios de contenção de cheias, mais conhecidos como piscinões, foram criados como solução de curto prazo ao crescimento de vazões associados à forte urbanização, vazões estas que não eram comportadas pela capacidade de descargas dos rios. Não são soluções novas, já havendo sendo utilizados nos EUA e na Europa. São basicamente grandes reservatórios que fazem o papel hidráulico da vegetação e dos terrenos anteriores à urbanização em sua capacidade de retardar o tempo de escoamento das águas da chuva. Em um episódio de chuva intensa, uma parte das águas de um córrego é desviada para o enchimento do reservatório, aliviando naquele momento crítico o córrego e as drenagens de jusante de um determinado volume de água. Após o pico de precipitação, a água é liberada lentamente, diminuindo o risco de haver inundações. Do ponto de vista hidráulico, esta solução funciona perfeitamente, entretanto, são soluções de alto custo devido não só a sua construção, mas também à necessidade de desapropriações e de regulares manutenções. Possuem, além do custo, outras desvantagens conseqüentes de sua implantação. Os piscinões, não são uma solução ao problema da poluição. A enorme carga de lixo, entulho e sedimentos originados, levados pelas águas das chuvas, acabam por assorear e entulhar todo o sistema natural construído de drenagem, exigindo que seja feita uma manutenção constante para que as funções dos piscinões sejam mantidas. Operações de desassoreamento ficam como responsabilidade dos municípios, que normalmente estão despreparados financeira e fisicamente para proceder a esta operação. Sem uma manutenção constante, os piscinões podem servir como criadouros de mosquitos, como foi constatado por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP, que identificou 13 espécies de mosquitos em piscinões da grande São Paulo. O ambiente extremamente poluído favorece o desenvolvimento de larvas, acarretando em uma superpopulação de mosquitos que além de incomodar a população podem ser vetores de agentes de doenças. O problema é maior em piscinões concretados, pois a água não penetra no solo, ficando acumulada toda a matéria orgânica que serve de alimento às larvas. Página 6 de 15

Além disso, um reservatório não tratado leva ao mau cheiro e ao acúmulo de substâncias químico-biológicas poluentes, implicando riscos de possíveis contaminações e acidentes. É necessário que, ao proceder à sua limpeza, o produto gerado seja devidamente encaminhado em bota-foras sem risco de contaminação de solos, águas ou diretamente da população. 4.1.1 EXEMPLOS DE PISCINÕES - Eliseu de Almeida Detalhes: Local: Taboão da Serra / Córrego Pirajuçara Capacidade: 113.000 m³ - Jardim Maria Sampaio Detalhes: Local: São Paulo / Pirajuçara Capacidade: 120.000 m³ Página 7 de 15

- Canarinho Detalhes: Local: São Bernardo / Córrego Saracantam Capacidade: 95.000 m³ - Jardim Nova República Detalhes: Local: Embu das Artes / Córrego Pirajuçara Capacidade: 110.000 m³ Página 8 de 15

4.2 PARQUES LINEARES Os parques lineares têm esse nome, pois são implantados em uma faixa ao longo de um rio, canal ou córrego. Suas funções são diversas, sendo as principais a implantação de áreas verdes em ambientes urbanos e o amortecimento de cheias através da redução da velocidade de escoamento e da melhoria da permeabilidade do solo. Além disso, protegem as áreas ribeirinhas da ocupação irregular, protegem as margens contra erosões, combatem as ilhas de calor típicas de grandes centros urbanos, recompõe a vegetação ciliar, reduzem a poluição difusa, e criam áreas de lazer para a população aumentando sua qualidade de vida. A instalação dos parques lineares é prevista pelo Plano Diretor estratégico da cidade de 2002, que passou a considerar a rede hídrica como um elemento estruturador urbano, prevendo a implantação de pelo menos 300 parques junto do vale de rios. O intuito da inserção deste no Plano Diretor é de recuperar fundos de vale e cursos d água recompondo o sistema de drenagem natural e acrescentando-lhe uma função social. A longo prazo, espera-se alcançar um resultado semelhante àquele obtido no Parque Ecológico do Tietê, na zona leste, criado pelo arquiteto Ruy Ohtake nos anos 70 como um grito contra a política da canalização; sendo hoje uma área totalmente repovoada com fauna e flora. Art. 106 - Fica instituído o Programa de Recuperação Ambiental de Cursos D Água e Fundos de Vale compreendendo um conjunto de ações, sob a coordenação do Executivo, com a participação de proprietários, moradores, usuários e investidores em geral, visando promover transformações urbanísticas estruturais e a progressiva valorização e melhoria da qualidade ambiental da Cidade, com a implantação de parques lineares contínuos e caminhos verdes a serem incorporados ao Sistema de Áreas Verdes do Município. 1º - Parques lineares são intervenções urbanísticas que visam recuperar para os cidadãos a consciência do sítio natural em que vivem, ampliando progressivamente as áreas verdes. (Plano Diretor estratégico da cidade Seção II DOS ELEMENTOS ESTRUTURADORES) Essa política mostra um olhar totalmente diferente àquele da década de 40, em que preservar as margens dos rios paulistanos não era parte das do interesse público. Pelo contrário, naquela época, se valorizava a canalização e o tapamento de sistemas pluviais por ruas e avenidas (como por exemplo, a 9 de Julho e a 23 de Maio), gerando grandes problemas de inundação. Página 9 de 15

Os fundos para a implantação dos parques são oriundos de duas fontes principais: o Fundo de Desenvolvimento Urbano (FUNDURB) - R$ 38 milhões e as compensações ambientais. O FUNDURB é o fundo gerado pelo pagamento de potencial construtivo, isto é, do pagamento feito por empresas que queiram construir em uma área mais extensa do que aquela que a legislação permite. A verba é gerida pelas Secretarias de Infra- Estrutura Urbana e Obras, de Habitação, de Cultura e do Verde e do Meio Ambiente, e são investidas em ações como regularização fundiária, urbanização de favelas e criação de parques lineares. As compensações ambientais vinculam o licenciamento de obras que envolvem corte de árvores com a criação de parques lineares como compensação ambiental. Os parques criados a partir desse recurso são implantados em etapas, pois dependem da destinação de recursos da Câmara de Compensação Ambiental e da aprovação do empreendedor (de converter as mudas em obras). São, portanto, de implantação mais demorada que aqueles implantados a partir do FUNDURB. O projeto dos parques lineares são exeqüíveis e democráticos, visto que por sua geometria não favorecem apenas a população de uma forma pontual. Podem ser vistos também como vias de acesso, podendo ser utilizados para ir ao trabalho, à escola, às compras, etc. Além disso, sua geometria evita perigos de isolamento e desconexões de parques urbanos tradicionais. Esses corredores apresentam possibilidades econômicas que compensam os investimentos necessários para criá-los e mantê-los. Como atravessam diversas áreas, e com características distintas, devem ser feitas pro diversos profissionais de projeto, que devem contar com a ajuda de fóruns aos quais participem todos os segmentos da sociedade que tenham a ver com o que se encontra no percurso. As áreas de intervenção urbana destinadas à criação dos parques lineares compreendem o conjunto formado pelas seguintes áreas: - faixa de metros ao longo de cada uma das margens dos cursos d água e fundos de vale, como área non aedificandi; - planície aluvial com prazos de recorrência de chuvas de pelo menos 20 (vinte) anos e as áreas de vegetação significativa ao longo dos fundos de vale do Município que juntamente com a área non aedificandi formarão os parques lineares; Página 10 de 15

- contidas na faixa envoltória de até 200 (duzentos) metros de largura, medidos a partir do limite do parque linear referido no inciso II, destinadas à implantação de empreendimentos residenciais e não residenciais, a serem executados pela iniciativa privada, com possibilidade de utilização da transferência do direito de construir originado nos lotes das áreas destinadas ao parque linear ou por outorga onerosa. 4.2.1 EXEMPLOS DE PARQUES LINEARES - Parque linear Parelheiros Detalhes: Área: 30.000 m² Duas fontes de água potável, 1.500 árvores, espaço para caminhadas, campo de futebol, playground e praça. - Parque do Fogo Detalhes: Área: 30.000 m² Binquedos para crianças, alamedas e equipamentos esportivos, mudas de pau-brasil, araucária e ipê-amarelo. Página 11 de 15

- Parque Linear Recanto dos Humildes Detalhes: Obras de canalização, implantação de playgrounds, paisagismo e iluminação. Página 12 de 15

4.3 PISCINÕES x PARQUES LINEARES Os piscinões são soluções mais antigas que os parques lineares, sendo seu conceito vindo da implantação na cidade de Bordeaux, onde durante o período de estiagem, o piscinão era utilizado como área de lazer. Seu funcionamento hidráulico mostrou-se mais eficaz que a solução anteriormente utilizada, de canalizar córregos. Aqui no Brasil, a idéia do piscinão foi proposta pela primeira vez em 1925 pelo engenheiro Saturnino de Brito, como forma de controlar as enchentes na cidade de São Paulo. Entretanto, o que se observa hoje é que os piscinões no Brasil não têm atendido satisfatoriamente sua funções hidráulicas, quanto mais tornar-se área de lazer. A falta de manutenção e limpeza destes têm transformado o que seria uma solução em uma área de acúmulo de lixo, poluição e mau cheiro, ameaçando a saúde da população. Não se trata de um erro de projeto, mas de uma falta de cuidado das administrações municipais. Em vista dos problemas ocasionados pelos piscinões, outra solução preconizada é a construção de parques lineares. Estes atuam efetivamente como áreas de lazer, beneficiando a população ao seu entorno e trazendo áreas verdes para a cidade. Não eliminam totalmente o problema da poluição, podendo também ter água suja e mau cheirosa correndo nos córregos, porem é uma solução muito mais interessante do ponto de vista estético e social. Sua desvantagem é sua capacidade hidráulica, o piscinão é mais eficiente para precipitações de alta intensidade, sendo capaz de amortecer melhor o pico de vazão. Além disso, existe a questão do espaço disponível. Os piscinões são soluções muito mais compactas que os parques lineares. Página 13 de 15

5. CONCLUSÃO Antes de se preocupar com a construção de novos piscinões, as municipalidades devem se preocupar com as condições dos já existentes. A implantação de um reservatório de contenção de cheias, apesar de seus efeitos hidráulicos positivos, implica graves problemas para a municipalidade e para a população, devendo, portanto ser submetido a ponderações técnicas, econômicas e sociais. Sua eficácia pode também ser fortalecida por ações não estruturais, tais como a educação ambiental em escolas e comunidades locais, promovendo visitas e explanações sobre os piscinões. Tanto os piscinões como os parques lineares são soluções válidas para o combate às enchentes. O piscinão é uma solução hidraulicamente mais interessante, porém necessita um programa de manutenção rígido para que não se torne um problema. Os parques lineares, por outro lado, trazem um benefício a mais que o simples combate às inundações, atuando como lugares de lazer e descontração. Além das soluções de controle de cheias citadas nesse trabalho, existem outras de execução e manutenção mais simples, como por exemplo os reservatórios domésticos que armazenam água da chuva para posterior uso, os reservatórios médios em edificações maiores (supermercados, prédios, indústrias, etc.) para o mesmo fim, os lagos de recebimento de água, as praças drenantes, as valetas drenantes, as calçadas drenantes, a arborização intensiva, etc. Página 14 de 15

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS http://www.capital.sp.gov.br http://www.ecoviagem.com.br http://www.agsolve.com.br http://aprender.unb.br http://www.democratassp.org.br http://www.itaimpaulista.com.br http://www.nossasaopaulo.org.br http://planetasustentavel.abril.uol.com.br http://books.google.com.br http://www.ipt.br http://www.cidades.gov.br http://www.spnoticias.net http://www.sabesp.com.br http://noticias.ambientebrasil.com.br http://www.hidrostudio.com.br Página 15 de 15