Tema 9 -O Papel do Arquiteto na Gestão de Águas Urbanas
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- Adriano Vilarinho Martins
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1 Universidade de São Paulo Escola Politécnica PHD - Departamento de Hidráulica e Sanitária Disciplina PHD 2537 Águas em Sistemas Urbanos Tema 9 -O Papel do Arquiteto na Gestão de Águas Urbanas Prof. Kamel Zahed Alunos: Amanda Minella Aquiles Cravo Bruno Fumach Karla Koyama Rafael Laurindo Raphael Milion Novembro, 2007
2 Papel do Arquiteto na gestão de águas urbanas Atualmente, o senso comum da população tem a ciência de que a função do arquiteto é projetar casas e edifícios, com enfoque na sua distribuição espacial e estética. Entretanto, as funções do arquiteto são mais amplas que estas: ele tem como responsabilidade atender as demandas mais complexas da sociedade em relação a matérias de interesse público e ambiental. Por isso, ele tem um papel muito importante no planejamento do crescimento de qualquer cidade, mesmo que seja no projeto de residências. A responsabilidade de projetos de drenagem e gestão de águas urbanas recaem sobre os engenheiros, mas os arquitetos podem contribuir muito com a melhoria desses projetos pensando seus projetos de tal forma que impactem o mínimo possível o ambiente, desde um planejamento de um novo loteamento até a construção de uma residência unifamiliar. Quando se constrói uma residência esta causa uma mudança na drenagem da região em que se situa. Quando há apenas o terreno, parte da água é absorvida e o escoamento é mais lento. Com a construção, parte do terreno fica impermeabilizada, diminuindo a quantidade de água absorvida e aumentando o escoamento. Com isso, a vazão de pico aumenta muito. A mesma coisa acontece quando se constrói um novo loteamento, principalmente quando não se adotam mitigantes para diminuir esses impactos. Além disso, mesmo com o tratamento de efluentes, muitos rios ainda podem sofrer com a poluição difusa gerada nas cidades. Daí a importância do arquiteto na questão da gestão de águas urbanas: em seu projeto, junto com as soluções de engenharia ele tem o poder de minimizar esses impactos sem que isso agrida esteticamente o ambiente urbano. Um exemplo disso é o projeto de uma casa com um sistema de reuso ou com a utilização de piscininhas para diminuir a vazão de pico. Outra maneira de minimizar os impactos negativos da urbanização na qualidade das águas urbanas que pode ter uma contribuição do arquiteto é diminuir a área impermeabilizada de construções e loteamentos, com a criação de jardins, faixas permeáveis
3 nos passeios públicos, arborização de loteamentos. Tudo isso aumenta a infiltração de água no solo e retarda o escoamento e a vazão de pico, diminuindo os problemas de enchente. Para o controle da poluição difusa, o arquiteto, em seu projeto de um novo loteamento ou áreas próximas a cursos d água, nas margens desses, pode garantir que se criem parques lineares com o objetivo de frear essa poluição que vem com os escoamentos nas ruas. Cabe aos engenheiros valorizar e exigir do trabalho dos arquitetos e urbanistas um planejamento essencialmente sistêmico, com uma escala muito ampla de atuação e conceituação. Do ponto de vista da engenharia, por exemplo, bastaria uma ação pontual como colocar duas traves de futebol num piscinão e achar que é um serviço à comunidade, quando, na realidade cabe ao arquiteto a conceituação de todo o programa, sua inserção na sociedade, a relação com o entorno e também, em demais condicionantes que normalmente escapam à uma visão mais detalhada, característica das atividades eminentemente técnicas. São esses pequenos detalhes que o arquiteto pode ter uma grande contribuição no planejamento dos recursos hídricos junto com os engenheiros. Adotando pequenas medidas, podemos não só termos uma boa gestão dos recursos hídricos como também termos uma melhor qualidade de vida e uma melhor integração com o meio ambiente.
4 Exemplos de projetos com o diferencial do arquiteto Seguem abaixo alguns exemplos de projetos onde a ação do arquiteto foi de extrema importância para que a gestão de águas em sistemas urbanos foi melhorada Projeto Parque Ecológico de Indaiatuba O projeto do Parque Ecológico de Indaiatuba é de autoria de Ruy Ohtake e data de 1989 projeto completo. Sua construção foi dividida em fases, e ocorreu durante a década de 90. O córrego Barnabé era um curso d água poluído e assoreado, apresentando margens sem nenhum atrativo à cidade, desvalorizando as regiões por onde passava. A idéia inicial era reformular o sistema viário da cidade e a proposta de canalizar o córrego e cobri-lo de vias foi apresentada. O projeto apresentado por Ruy Ohtake, ao contrário dos projetos de fundo de vale, propôs vias marginais afastadas do leito do rio, cortando 80% da área urbana como forma de rearticular o trânsito da cidade. Além disso, propunha a requalificação do córrego e a implantação de um parque ao longo do seu leito, com o objetivo de encaminhar o crescimento urbano. Nesse novo parque, são propostas diversos equipamentos de lazer e cultura, como campos, quadras, teatros ao ar livre, pistas de skate, além de uma ciclovia segregada do trânsito de autos e do passeio de pedestres todos esses equipamentos não são seriamente afetados por enchentes. Foi criada uma centralidade linear, que corta praticamente toda cidade. Conseguiu-se com isso, que os vetores noroeste da cidade, adjacentes ao parque, fossem ocupados, mantendo a cidade mais contínua, evitando expansões que poderiam ocorrer em áreas mais distantes do centro. Praticamente qualquer ponto da área urbana dista do Parque Ecológico no máximo 1,5Km. Objetivos alcançados pelo projeto: - requalificação do córrego e de suas margens; - solução de problemas com enchentes;
5 - articulação do sistema viário; - criação de áreas verdes e de lazer públicas para uso da população em geral, de fácil acesso; - encaminhamento do crescimento da cidade conforme planejamento prévio. Edifício Semente da Construção Sustentável no Brasil A empresa Holcim organiza um concurso intitulado Holcim Awards direcionado a melhorias na área da construção civil enfocando por exemplo o quesito sustentabilidade. O concurso é oferecido por regiões do mundo e o realizado na América latina no segundo semestre de 2005 teve como um de seus ganhadores um empreendimento brasileiro. A premiação veio através do Prêmio de Reconhecimento, cujo vencedor foi o edifico projetado pela REM Construtora. O responsável pela obra foi o engenheiro Renato Moura. O Edifício recebe o nome de Edifício Semente da Construção Sustentável no Brasil. Possui 24 pavimentos e 8500 m² de área construída. Como principais destaques apresenta soluções que procuram engrandecer o conceito de sustentabilidade em um edifício residencial, principalmente na parte de águas urbanas. A citar: - economia média mensal de litros de água; - tratamento e reaproveitamento da água do subsolo: - lavagem de pisos e veículos; - descargas nas bacias sanitárias; - irrigação das áreas verdes; - reserva de combate a incêndios.
6 Bibliografia
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