Principais problemas enfrentados
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- Jónatas Teixeira Meneses
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1 Principais problemas enfrentados Introdução O desenvolvimento intenso dos centros urbanos traduziu-se em uma urbanização extensiva e esse processo levou a grandes desequilíbrios estruturais de distribuição desigual da população e de oportunidades econômicas. Quais as consequências disso: problemas ambientais extremamente graves, como a ocupação de áreas de mananciais e de áreas ambientalmente frágeis; a ocupação dos fundos de vales; e a alta impermeabilização do solo urbano. A questão das inundações apresenta-se como um dos principais sintomas desses desequilíbrios estruturais. Ao se planejar os sistemas de drenagem urbana, faz-se necessário identificar e conhecer os principais problemas a serem enfrentados. Ao final desta aula, você será capaz de: reconhecer os principais problemas enfrentados para planejar a drenagem urbana, identificando as taxas de ocupação do solo e de impermeabilização. Uso e ocupação do solo A tendência de urbanização das cidades provoca impactos significativos na população e no meio ambiente que diminuem a qualidade de vida das pessoas. Um dos impactos associado à urbanização é o aumento da frequência e do nível das inundações, que reduz a qualidade das águas e aumenta a quantidade de materiais sólidos no escoamento superficial. O desenvolvimento dos centros urbanos altera a cobertura vegetal provocando vários efeitos que alteram os componentes do ciclo hidrológico. Com o aumento da impermeabilização das cidades, com a pavimentação dos solos em ruas, calçadas e pátios, as águas que infiltravam no solo passam a escoar e alcançar rapidamente os rios, aumentando o escoamento superficial. O processo de gestão da drenagem urbana deve considerar a interação entre a quantidade de chuva precipitada sobre a cidade e a infraestrutura natural e construída pela qual as águas pluviais fluem, bem como os cursos de água aos quais ela eventualmente chegará. A infraestrutura urbana altera e polui o regime natural de escoamento superficial. O desenvolvimento das grandes cidades resultou na canalização de rios, aterramento de córregos, drenagem de águas paradas e construção de redes de drenagem planejadas para remover as águas pluviais o mais rápido possível do ambiente urbano (PHILLIP, 2011). Além do agravamento das inundações, a urbanização desordenada tem outros efeitos maléficos, como o aumento da velocidade do escoamento superficial que aumenta a erosão e o transporte sólido
2 FIQUE ATENTO Dos problemas relacionados às inundações, destacam-se o aumento dos índices de congestionamento, o risco de contaminação por doenças de veiculação hídrica e os prejuízos de perdas materiais e humanas (SMDU, 2012a). A Figura 1 ilustra, de maneira simplificada, o efeito produzido pela urbanização no comportamento das enchentes e nos problemas com apoluição e as várias rotas que o fluxo de água pode seguir antes de entrar em um curso de água receptor. Figura 1 - Efeito da urbanização no aumento das inundações e da poluição Fonte: SMDU, 2012, p. 14 Na Figura 2, observam-se cenários típicos relacionados ao desenvolvimento de uma cidade. Os três cenários mostram situações distintas. Cenário 1: apresenta a situação antes do completo desenvolvimento da cidade, quando as várzeas ainda estão desocupadas. Cenário 2: a ocupação e o uso do solo é intensa e provavelmente desordenada onde as várzeas foram invadidas. Estas áreas estão sujeitas a inundações. Cenário 3: mostra que os problemas de inundações foram minimizados porque foram construídas estruturas de micro e macrodrenagem eficientes
3 Figura 2 - Desenvolvimento urbano e seu impacto no sistema de drenagem Fonte: SMDU, 2012, p. 71 Entenda-se que a chuva ou a precipitação de projeto utilizada nas simulações da Figura 2 foi a mesma nos três cenários. No entanto, pode-se notar que, no Cenário 1, houve maior infiltração das águas pluviais, com menor escoamento superficial e, portanto, o alagamento da várzea do rio foi menor. No Cenário 2, a impermeabilização é grande ehá menor infiltração e maior escoamento superficial, com isso, o alagamento da várzea ocupou uma área muito maior, provocando uma inundação com efeitos certamente sentidos pela população. Já no Cenário 3, os efeitos ou os impactos foram minimizados com a implantação de medidas estruturais e não estruturais de drenagem urbana. Inundações, alagamento, transbordamento e enchentes Para entender a dinâmica das inundações, é necessário entender as diversas formas que conhecemos por inundação, como cheias ou alagamentos, transbordamentos e enchentes. O termo inundação é definido, pela Defesa Civil de São Bernardo do Campo SP (EQUIPE DA DEFESA CIVIL DE SÃO BERNARDO DO CAMPO, 2011), como o transbordamento das águas de um curso d água que atinge a planície de inundação ou área de várzea do referido curso d água. Já as enchentes ou cheias são definidas como a elevação do nível d água no canal de drenagem devido ao aumento da vazão, quando a cota máxima do canal é atingida, mas não extravasa. O alagamento é o acúmulo temporário de águas em locais deficientes de sistema de drenagem. Estas definições são ilustradas na Figura
4 Figura 3 - Enchente, inundação e alagamento Fonte: Equipe da Defesa Civil de São Bernardo do Campo, 2011 Como cheias ou alagamentos referem-se ao incremento das vazões nos rios, entende-se que isso é devido ao aumento do escoamento superficial decorrente, principalmente, pela maior impermeabilização do solo. FIQUE ATENTO O primeiro pensamento que ocorre para as pessoas, quando chove, é evitar se molhar, contudo, com as frequentes enchentes nos centros urbanos, que causam cada vez mais transtornos para a população, há um movimento para estimular os moradores a recolher a água que flui das calhas e armazená-la em cisternas, aproveitando essa água para a irrigação de jardins, por exemplo (PHILLIP, 2011). Já a inundação temporária ou enchente das várzeas é um fato natural que ocorre devido ao aumento da vazão do rio. Geralmente, isso se dá por causa da construção de residências nas várzeas, provocando eventos de inundações que podem se agravar e atingir áreas à jusante de determinada bacia (SMDU, 2012)
5 SAIBA MAIS A ICLEI-LACS Brasil, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais, adaptou algumas partes do material Treinamento SWITCH para o contexto brasileiro. O kit de treinamento SWITCH foi desenvolvido para workshops e treinamentos, assim como para leitura geral. Ele contém seis módulos que abordam os principais aspectos da gestão das águas urbanas. Para mais informações acesse: O sistema de microdrenagem deve ser projetado com o objetivo de eliminar praticamente os alagamentos na área urbana, evitando, assim, a influência das enxurradas no tráfego de pedestres e de veículos. EXEMPLO O rio Tietê é o principal curso d água que drena a Região Metropolitana de São Paulo e sofreu várias intervenções em sua bacia. As mais importantes foram a implantação de estruturas no rio Pinheiros e a sua canalização, revertendo o curso do rio e de seus contribuintes em direção aos Reservatórios Billings e Pedras. A maior consequência da implantação desse conjunto de obras foi a transformação natural do rio Pinheiros numa grande bacia de retenção de sedimentos, a partir do que se tornaram inevitáveis os serviços regulares de desassoreamento (SMDU, 2012b). De maneira geral, os alagamentos, as inundações ou as enchentes causam transtornos, em maior ou menor grau, à população. No entanto, temos que entender que o fixação do homem às margens, nas várzeas, ou nas proximidades dos rios, foi a interferência antrópica que originou estes problemas. Fechamento Agora você já sabe os efeitos da urbanização sobre os sistemas de drenagem urbana de um município e consegue reconhecer que a concentração de população em aglomerados urbanos causam muitos problemas para o escoamentos das águas pluviais. Além disso, compreende a necessidade de se fazer uma boa gestão dos sistemas de drenagem urbana para enfrentar os problemas. Nesta aula, você teve a oportunidade de: identificar e conhece os principais problemas a serem enfrentados na gestão da drenagem urbana; entender a dinâmica das inundações
6 Referências EQUIPE DA DEFESA CIVIL DE SÃO BERNARDO DO CAMPO. Enchente, Inundação, Alagamento ou Enxurrada? Defesa Civil de São Bernardo do Campo SP. São Bernardo do Campo, 19/6/2011. Disponível em: < Acesso em: 19/12/2017. PHILLIP, R. (Org.). Módulo 4: manejo de águas pluviais Explorando opções. São Paulo: ICLEI Brasil, (Kit de treinamento SWITCH: gestão integrada das águas na cidade do futuro). Disponível em: < switchtraining.eu/fileadmin/template/projects/switch_training/files/modules/modules_portuguese/modulo_4. pdf>. Acesso em: 19/12/2017. SMDU. Manual de drenagem e manejo de águas pluviais Gerenciamento do sistema de drenagem urbana. São Paulo, 2012a. v.1.. Manual de drenagem e manejo de águas pluviais Aspectos tecnológicos: fundamentos. São Paulo, 2012b. v
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