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COMISSÃO DO CONCURSO DECISÃO

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Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

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O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos deficientes.

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR LUIZ SÍLVIO RAMALHO JÚNIOR

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DECISÕES» ISS. 3. Recurso especial conhecido e provido, para o fim de reconhecer legal a tributação do ISS.

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DECISÃO. Relatório. Tem-se do voto condutor do julgado recorrido:

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AGRAVO INTERNO EM APELACAO CIVEL

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL MINUTA DE JULGAMENTO FLS. *** QUARTA TURMA ***

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Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

SÍNTESE DO MEMORIAL:

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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº DF ( ) : MINISTRA LAURITA VAZ

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL MINUTA DE JULGAMENTO FLS. *** TERCEIRA TURMA ***

TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA - TRUJ

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Transcrição:

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 19.257 - DF (2004/0169336-4) RELATOR : MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA RECORRENTE : JOSÉ FRANCISCO DE ARAÚJO ADVOGADO : ANTÔNIO VALE LEITE E OUTRO T. ORIGEM : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS IMPETRADO : DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS RECORRIDO : UNIÃO EMENTA ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. PORTADOR DE VISÃO MONOCULAR. DIREITO A CONCORRER ÀS VAGAS DESTINADAS AOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSICA. RECURSO ORDINÁRIO PROVIDO. 1. O art. 4º, III, do Decreto 3.298/99, que define as hipóteses de deficiência visual, deve ser interpretado em consonância com o art. 3º do mesmo diploma legal, de modo a não excluir os portadores de visão monocular da disputa às vagas destinadas aos portadores de deficiência física. Precedentes. 2. Recurso ordinário provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Felix Fischer, Gilson Dipp e Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 10 de outubro de 2006 (Data do Julgamento) MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA Relator Documento: 654981 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/10/2006 Página 1 de 7

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 19.257 - DF (2004/0169336-4) RELATOR : MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA RECORRENTE : JOSÉ FRANCISCO DE ARAÚJO ADVOGADO : ANTÔNIO VALE LEITE E OUTRO T. ORIGEM : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS IMPETRADO : DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS RECORRIDO : UNIÃO RELATÓRIO MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA: Trata-se de recurso ordinário em mandado de segurança interposto por JOSÉ FRANCISCO DE ARAÚJO, com fundamento no art. 105, II, "b", da Constituição Federal, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios assim ementado (fl. 99): MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. VAGAS RESERVADAS A PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSICA. NÃO ENQUADRAMENTO AOS PARÂMETROS ESTABELECIDOS NO ART. 4º DO DEC. N.º 3.298/99. SEGURANÇA DENEGADA. Não basta a alegação de que o candidato possui alguma deficiência, para que faça jus a concorrer a uma das vagas destinadas aos portadores de deficiência física. Por isso mesmo, o Decreto n.º 3.298/99 estabeleceu o padrão mínimo de deficiência, a partir do qual haverá de ser deferido o benefício. Verificando-se que a deficiência visual do impetrante não se amolda aos parâmetros estabelecidos para fins de atendimento das diretrizes previstas na Lei n.º 7.853/89, denega-se a ordem de segurança impetrada. O recorrente impetrou mandado de segurança objetivando sua inclusão na lista dos candidatos qualificados a concorrer a vaga destinada a portador de deficiência física no concurso público para provimento de cargos de Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, pois é portador de Ambliopia no olho esquerdo, sendo considerada cegueira legal neste olho (acuidade visual 20/400 com correção). No presente recurso ordinário, sustenta que (a) está comprovado nos autos que é portador de visão monocular, já que o laudo médico que apresentou à Comissão do Concurso não foi impugnado; (b) o art. 4º do Decreto 3.298/99, por não considerar deficiente físico quem é portador de cegueira em apenas um olho, "é injusto e deve ser interpretado pelo Documento: 654981 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/10/2006 Página 2 de 7

aplicador do direito atendendo-se aos fins sociais da norma, princípio da razoabilidade e da finalidade" (fl. 114); (c) possui direito de concorrer a vaga destinada a portador de deficiência, em observância ao princípio da isonomia. A UNIÃO apresentou contra-razões (fls. 124/127). O Ministério Público Federal, pelo Subprocurador-Geral da República JOSÉ FLAUBERT MACHADO ARAÚJO, opina pelo provimento do recurso ordinário (fls. 134/137). É o relatório. Documento: 654981 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/10/2006 Página 3 de 7

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 19.257 - DF (2004/0169336-4) EMENTA ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. PORTADOR DE VISÃO MONOCULAR. DIREITO A CONCORRER ÀS VAGAS DESTINADAS AOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSICA. RECURSO ORDINÁRIO PROVIDO. 1. O art. 4º, III, do Decreto 3.298/99, que define as hipóteses de deficiência visual, deve ser interpretado em consonância com o art. 3º do mesmo diploma legal, de modo a não excluir os portadores de visão monocular da disputa às vagas destinadas aos portadores de deficiência física. Precedentes. 2. Recurso ordinário provido. VOTO MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA (Relator): Conforme relatado acima, o recorrente impetrou mandado de segurança objetivando sua inclusão na lista dos candidatos qualificados a concorrer a vaga destinada a portador de deficiência física no concurso público para provimento de cargos de Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, pois é portador de Ambliopia no olho esquerdo, sendo considerada cegueira legal neste olho (acuidade visual 20/400 com correção). Ressalto, inicialmente, que a deficiência de que o recorrente é portador não restou contestada nos autos, restringindo-se a discussão apenas na hipótese de o portador de visão monocular possuir direito a concorrer às vagas destinadas aos portadores de deficiência física em concursos públicos. A matéria é regulada pelo Decreto 3.298/99, que, na época em que foi realizado o certame em debate, continha a seguinte redação: Art. 3º. Para os efeitos deste Decreto, considera-se: I - deficiência toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II - deficiência permanente aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e III - incapacidade uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho Documento: 654981 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/10/2006 Página 4 de 7

de função ou atividade a ser exercida. Art. 4º. É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias:... III - deficiência visual acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (tabela de Snellen), ou ocorrência simultânea de ambas as situações;.... Art. 37. Fica assegurado à pessoa portadora de deficiência o direito de se inscrever em concurso público, em igualdade de condições com os demais candidatos, para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que é portador. 1º. O candidato portador de deficiência, em razão da necessária igualdade de condições, concorrerá a todas as vagas, sendo reservado no mínimo o percentual de cinco por cento em face da classificação obtida. 2º. Caso a aplicação do percentual de que trata o parágrafo anterior resulte em número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro número inteiro subseqüente. Ocorre que, conforme salientado pelo Ministério Público Federal no parecer apresentado no Tribunal de origem (fls. 87/88): A interpretação da norma legal deve levar em conta o sistema no qual a mesma encontra-se inserida. Desta forma, a interpretação do inciso III do artigo 4º do referido decreto não deve ocorrer de forma isolada. O conceito estabelecido no artigo 3º do citado diploma legal é fundamental para a compreensão do tema, e nos parece óbvio que a imprestabilidade de um órgão tão importante como o olho insere-se na expressão "perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano", referida no caput. A deficiência é permanente, nos termos do inciso II, sendo necessário o uso de aparelho (prótese), nos termos do inciso III, para minorar a dificuldade de integração social oriunda da deficiência. As hipóteses descritas no artigo 4º tratam de conceitos específicos, que não excluem aqueles estabelecidos no artigo 3º supracitado..... Ora, o Impetrante é portador de cegueira legal, conforme atesta o laudo de fl. 56. O mesmo posicionamento encampado pela decisão atacada foi rejeitado pela 1ª Turma do TRF da 1ª Região, onde entendeu-se que "a visão monocular cria barreiras físicas e psicológicas na disputa de oportunidades no mercado de trabalho", situação esta que o benefício de reserva de vagas tem por objetivo compensar. Em caso semelhante ao dos autos, assim decidiu o Superior Tribunal de Justiça: Documento: 654981 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/10/2006 Página 5 de 7

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DEFICIENTE VISUAL. VISÃO MONOCULAR. EXCLUSÃO DO BENEFÍCIO DA RESERVA DE VAGA. ILEGALIDADE. RECURSO PROVIDO. I - A deficiência visual, definida no art. 4º, III, do Decreto n.º 3.298/99, não implica exclusão do benefício da reserva de vaga para candidato com visão monocular. II - "A visão monocular cria barreiras físicas e psicológicas na disputa de oportunidades no mercado de trabalho, situação esta que o benefício da reserva de vagas tem o objetivo de compensar". III - Recurso ordinário provido. (RMS 19291/PA, Rel. Min. FELIX FISCHER, Quinta Turma, DJ 3/4/2006, p. 372) Ante o exposto, dou provimento ao recurso ordinário. Concedo a segurança para incluir o recorrente entre os candidatos qualificados a concorrer às vagas destinadas aos portadores de deficiência. Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nos termos da Súmula 105 do Superior Tribunal de Justiça. É o voto. Documento: 654981 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/10/2006 Página 6 de 7

CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA Número Registro: 2004/0169336-4 RMS 19257 / DF Número Origem: 20030020076271 PAUTA: 10/10/2006 JULGADO: 10/10/2006 Relator Exmo. Sr. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. BRASILINO PEREIRA DOS SANTOS Secretário Bel. LAURO ROCHA REIS AUTUAÇÃO RECORRENTE : JOSÉ FRANCISCO DE ARAÚJO ADVOGADO : ANTÔNIO VALE LEITE E OUTRO T. ORIGEM : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS IMPETRADO : DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS RECORRIDO : UNIÃO ASSUNTO: Administrativo - Concurso Público - Deficiente Físico CERTIDÃO Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator." Os Srs. Ministros Felix Fischer, Gilson Dipp e Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 10 de outubro de 2006 LAURO ROCHA REIS Secretário Documento: 654981 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/10/2006 Página 7 de 7