Anais do 38º CBA, p.1956

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Transcrição:

1 MÁSCARA LARÍNGEA COMO ALTERNATIVA À SONDA ENDOTRAQUEAL EM CUTIAS (DASYPROCTA PRYMNOLOPHA) ANESTESIADAS SOB RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA OU CONTROLADA Mask Laríngea as alternative to sounding lead endotraqueal in agoutis (Dasyprocta prymnolopha) anestesiadas under spontaneous or controlled breath Bruno Leandro Maranhão DINIZ 2 ; Paula Patricia Viana de Holanda BARBOSA 1 ; Raffaella Maria de Oliveira BATISTA 1 ; Flavio Ribeiro ALVES 3 ; Ney Rômulo de Oliveira PAULA 2 ; Francisco Solano FEITOSA JUNIOR 2 e Rozeverter Moreno FERNANDES 3 1 Estudante de graduação de Medicina Veterinária, CPCE Universidade Federal do Piauí 2 Professor do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária, Universidade Federal do Piauí, brunoleandrodiniz@ufpi.edu.br 3 Professor do Departamento de Morfofisiologia Veterinária, Universidade Federal do Piauí Resumo Objetivando-se avaliar a máscara laríngea (ML) como alternativa para ventilação em cutias anestesiadas sob respiração espontânea ou controlada, empregou-se 12 cutias, 06 machos e 06 fêmeas. Foram avaliados temperatura retal (TR), frequência respiratória (FR), frequência cardíaca (FC) e a saturação de oxigênio (SpO2), ocorrência de regurgitação e tempo de recuperação (RE). Os animais foram divididos em dois grupos, GI foi mantido em regime de ventilação espontânea (VE) e GII em ventilação controlada (VC). Todos os animais receberam a associação de cetamina (20 mg/kg) e midazolam (0,5 mg/kg) na mesma seringa (IM). Os animais foram induzidos com halotano e inserido a ML nº1 para manutenção também com halotano e oxigênio a 100%, por 60 min. A ocorrência de regurgitação foi avaliada mediante aplicação de 5ml de sulfato de bário e avaliada por radiografias realizadas após inserção da ML e no término da anestesia. Os resultados foram submetidos à análise de variância, seguidos pelo teste Student-Newman-Keuls (SNK), com nível de significância estipulado em 5%(p< 0,05). Os parâmetros FC, FR, TR e SpO2 não apresentaram diferença estatística, sendo mantidas as médias de FC durante todo o procedimento. A FR nos dois grupos sofreu acentuado declínio após aplicação da associação cetamina/midazolan. A TR caiu de forma gradativa nos dois grupos, mas não representou risco de morte e a SpO2 manteve-se constante, não sendo inferior a 95%. O RE foi prolongado com o protocolo utilizado e não houve regurgitação, nem óbito de nenhum animal experimentado. A ML é uma alternativa viável à sonda Anais do 38º CBA, 2017 - p.1956

2 endotraquel na anestesia inalatória em cutias (Dasyprocta prymnolopha), podendo ser usado com segurança nesta espécie. Palavras-chave: Máscara laríngea, cutia, cetamina, midazolan, halotano Keywords: Laringeal Mask, cutia, cetamine, midazolan, halothane. Introdução A maioria dos roedores silvestres, como a cutia são animais de eleição para estudos, como modelo experimental. Entraves no manejo de animais silvestres são decorrentes de reduzidas informações sobre anestesia segura, principalmente em roedores, como a cutia (OLIVEIRA et al., 2006). A Mascara Laríngea (ML) é um equipamento para uso em anestesia inalatória que viabiliza o acesso às vias respiratórias, de fácil inserção, dispensando o uso de relaxantes musculares e de laringoscópio, reduzindo as alterações hemodinâmicas provocadas pelo uso da sonda endotraqueal. Na tentativa de ampliar os conhecimentos acerca de uma adequada contenção química dos animais silvestres, objetivou-se avaliar a ML como alternativa para ventilação em cutias (Dasyprocta prymnolopha) anestesiadas sob respiração espontânea ou controlada. Metodologia e Métodos Após aprovação da Comissão de Ética no Uso de Animais da UFPI, foram empregadas 12 cutias adultas e saudáveis, sendo 06 machos e 06 fêmeas. Antes do procedimento anestésico (M0), os animais tinham a temperatura retal (TR) em ºC aferida com auxílio do termômetro digital, a frequência respiratória (FR) avaliada pela observação dos movimentos respiratórios na região torácica durante um minuto, a frequência cardíaca (FC) avaliada a partir do eletrocardiograma na derivação II e a saturação de oxigênio (SpO 2 ) mensurada através do oxímetro de pulso. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos de 06 animais, sendo 03 machos e 03 fêmeas, denominados de grupo I (GI) e grupo II (GII), sendo submetidos a jejum alimentar por doze horas e hídrico por seis horas. Todos os animais foram induzidos com a associação de cetamina (20 mg/kg) e midazolam (0,5 mg/kg) na mesma seringa por via IM. Anais do 38º CBA, 2017 - p.1957

3 Posteriormente, foram avaliados novamente os parâmetros FR, FC, TR e SpO 2 (M1), sendo então realizada a administração estomacal de 5ml do contraste radiográfico, para a avaliação de possível regurgitação, sendo imediatamente realizado o exame radiográfico. Realizou-se a indução com halotano, utilizando a máscara facial, e constatado o plano anestésico adequado, foi realizada a inserção da ML n 01 na região orofaríngea, inflando-se o balonete com no máximo 10 ml de ar. A anestesia foi mantida com halotano e oxigênio a 100% por 60 minutos, sob dois regimes de ventilação. Durante todo o procedimento anestésico todos os parâmetros foram mensurados em intervalos de 10 minutos (M2, M3,M4,M5,M6,M7). Após o término da anestesia, seguido da retirada da ML, foi realizado exame radiográfico para avaliação de possível regurgitação. Os animais foram colocados em ambiente calmo para ser avaliado o tempo de recuperação (RE) em minutos. Os animais do GI foram mantidos em regime de ventilação espontânea (VE) e os do GII em regime de vetilação controlada (VC) com frequência ventilatória de 32 respirações por minuto, com aparelho ciclando a volume de 10 ml/kg de peso vivo. Os parâmetros foram avaliados estatisticamente pelo delineamento inteiramente casualizado através de parcelas subdivididas com 10 repetições. Os resultados foram submetidos a análise de variância, seguidos pelo teste Student- Newman-Keuls (SNK), com nível de significância estipulado em 5%(p<0,05). O momento controle (M0), foi avaliado com os demais através do programa de SAS. Resultados e Discussão Os animais se recuperaram de forma satisfatória, sem apresentar nenhum sinal de excitação e não foi registrado óbito. A FC variou de 122,33±54,00 a 158,33±52,24 e de 135,67±43,15 a 182,17±35,21 batimentos por minuto nos GI e GII, respectivamente, não apresentando diferença estatística (P>0,05) entre os tempos e os grupos. De acordo com Bateman et al. (2005), a associação de cetamina e midazolan não provoca depressão cardiovascular em roedores e animais de laboratório. No parâmetro FR, os mov/min variaram de 30,00±20,03 a 92±16,97 no GI e de 32±0,00 a 92,67±25,60 no GII, não apresentando diferença estatistica (P>0,05) entre os grupos, no entanto, apresentou diminuição do M0 para o M1, sendo estatisticamente significativa (P<0,05). Anais do 38º CBA, 2017 - p.1958

4 A diminuição da FR pode estar relacionada com a depressão da função respiratória provocada pela cetamina, que dissocia o córtex cerebral de maneira seletiva. O efeito do midazolam, de acordo com Massone (2003) produz efeitos respiratórios mínimos elevando discretamente a FR. Observando-se o parâmetro TR, pôde-se verificar uma diminuição gradativa desse parâmetro ao longo do tempo, concordando com achados de Oliveira et al. (2006) em cutias. A SpO2 manteve-se constante com média 100% durante todo o procedimento no GII e no GI a média foi de 98,55% (figura 5), não havendo diferença significativa (P>0,05) entre os dois grupos e nem entre as médias de cada grupo. A inserção da ML foi de fácil manejo, apesar da necessidade de se relatar a cianose lingual no momento da tentativa de acoplamento da ML em 03 animais experimentados, sendo rapidamente contornada a situação com uma nova tentativa. Esse problema também foi relatado por Kazakos et al. (2007) que avaliando a eficácia da ML relataram cianose lingual em 04 coelhos, julgando este fato reversível e provavelmente devido à compressão vascular pelo dispositivo. O grupo ventilado espontaneamente não mostrou diferença estatística quando comparado com o grupo submetido a VC em nenhum dos parâmetros avaliados (P>0,05). A ML, com isso, mostra-se uma alternativa para a anestesia de cutias (Dasyprocta prymnolopha) quando a intubação endotraqueal for contra-indicada, concordando com Bateman et al. (2005), Cassu e Luna (2006), Fulkerson e Gustafson (2007) e Kazakos et al. (2007). A ocorrência de regurgitações com o uso da ML tem se mostrado extremamente variável (JOSHI et al., 1996), no entanto não foi registrado regurgitação em nenhum dos animais dos grupos avaliados concordando com achados de Cassu et al. (2004). A média do RE apresentado pelo GI foi de 47,67±23,18 minutos e 65,17±28,31 minutos no GII. O longo tempo de recuperação registrado nos grupos experimentados concorda com Oliveira et al. (2006) que descreveram prolongado tempo de recuperação em cutias utilizando anestésicos dissociativos. Conclusão: A Máscara Laríngea é uma alternativa viável à sonda endotraquel em anestesia geral inalatória em cutias (Dasyprocta prymnolopha). Anais do 38º CBA, 2017 - p.1959

5 Referências BATEMAN, L.; LUDDERS, J. W.; GLEED, R. D.; ERB, H. N. Comparison between facemask and laryngeal mask airway in rabbits during isoflurane anesthesia. Veterinary Anaesthesia and Analgesia, v. 32, n. 5, p. 280 288, 2005. CASSU, R. N.; LUNA, S.P.; TEIXEIRA NETO, F.J.; BRAZ, J.R.; GASPARINI, S.S.; CROCCI, A.J. Evaluation of Laryngeal Mask as an alternative to endotraqueal tube in cats anaesthetised under spontaneous or controlled ventilation. Veterinary Anaesthesia and Analgesia, v. 31, n. 3, p. 213-221, 2004. CASSU, R. N.; LUNA, S. P. L. Uso de Máscara Laríngea em Anestesiologia Veterinária: Revisão. Veterinária e Zootecnia, v. 13, n. 01, p. 18-27, 2006. FULKERSON, P. J.; GUSTAFSON, S. B. Use of laryngeal mask airway compared to endotracheal tube with positive-pressure ventilation in anesthetized swine. Veterinary Anaesthesia and Analgesia, v. 34, n. 4, p. 284 288, 2007. JOSHI, G. P.; MORRISON, S. G.; OKONKWO, N. A.; WHITE, P. F. Continuos hypopharyngeal ph measurements in spontaneously breathing anesthestised outpacients: laryngeal mask airway versus tracheal intubation. Anesthesia and analgesia, v. 82, n. 2, p. 254-257, 1996. KAZAKOS, G. M.; ANAGNOSTOU, T.; SAVVAS, I.; RAPTOPOULOS, D.; PSALLA, D.; KAZAKOU, I. M. Use of the laryngeal mask airway in rabbits: placement and efficacy. Lab Animal, v. 36, n. 4, p. 29-34, 2007. MASSONE, F. Anestesiologia Veterinária. In: MASSONE, F. Anestesiologia veterinária: farmacologia e técnicas. 4 ed. São Paulo: Guanabara Koogan. 2003. 344p. OLIVEIRA, F. S. MARTINS, L. L.; DUQUE, J. C.; PAULONI, A. P. VALADÃO, C. A. A. Anestesia epidural em cutias (Dasyprocta azarae). Acta Scientiae Veterinariae. v. 34, n. 1, p. 89-91, 2006. Anais do 38º CBA, 2017 - p.1960