AVALIAÇÃO DO EFEITO TRANQUILIZANTE DA ACEPROMAZINA EM FELINOS POR MEIO DA FARMACOPUNTURA
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- Guilherme Fonseca de Oliveira
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1 1 AVALIAÇÃO DO EFEITO TRANQUILIZANTE DA ACEPROMAZINA EM FELINOS POR MEIO DA FARMACOPUNTURA EVALUATION OF SEDATIVE EFFECT OF ACEPROMAZINE IN CATS BY PHAMACOPUNCTURE Kathryn Nóbrega ARCOVERDE¹; Simone Barcelos ARAÚJO²; José de Jesus Cavalcante DOS SANTOS¹; José Paulo de Araújo SOBRINHO¹; Maurílio Kennedy Feitoza SOARES¹; Simone BOPP³ 1Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Paraíba 2Médica Veterinária Autônoma 3Docente do Departamento de Ciências Veterinárias, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba Resumo: A farmacopuntura consiste na administração de fluidos em acupontos específicos, onde o volume gerado causa uma pressão, estimulando o ponto, e a substância administrada pode gerar seu efeito por meio do acuponto. O acuponto Yintang (IT) é tradicionalmente utilizado por seus efeitos ansiolítico e tranquilizante, nos seres humanos e animais. Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito tranquilizante de 1/3 da dose de acepromazina aplicada no IT em gatos. Seis animais foram submetidos a três tratamentos: IMA, administração de acepromazina por via intramuscular, na dose 0,1mg/Kg; ITA, administração de 0,0333mg/kg de acepromazina no IT; e ITSF, administração de NaCl (0,9%) no IT, no mesmo volume administrado no ITA. Foram avaliados FC, FR, TR e o grau de tranquilização por meio da escala de CASSU et al. (2005) modificada, com escores variando de 0-3, para Alteração Comportamental (AC), posicionamento (PC), Resposta à Manipulação (RM) e exposição da Membrana Nictante (MN). Os resultados indicaram que os grupos IMA e ITA foram estatisticamente iguais (p>0,05), apresentando tranquilização de moderada à satisfatória. As variáveis FR, PC e MN, indicaram que ITA apresentou menor período de latência e AC indicou que o grupo ITA apresentou maior duração do efeito tranquilizante. ITSF promoveu tranquilização de leve à moderada, com aumento significativo da FR e TR. Com isso, conclui-se que a administração de acepromazina em subdose no IT pode ser utilizada com o mesmo objetivo de quando utilizada por IM em gatos. Anais do 38º CBA, p.0877
2 2 Palavras-chave: Acupuntura; Felino; Fenotiazínico. Keywords: Acupuncture; Feline; Phenothiazine. Introdução: A farmacopuntura ou aquapuntura é uma técnica da Acupuntura que consiste na administração de diversos tipos de fluidos em acupontos específicos, sendo mais comumente utilizado solução de NaCl 0,9%, vitaminas como a B12, glicose, agentes anestésicos e tranquilizantes, medicamentos homeopáticos, sangue e seus derivados de forma autóloga (KLIDE e KUNG, 1977; XIE e PREAST, 2010). O volume administrado causa uma pressão, estimulando o ponto e a substância administrada pode gerar seu efeito através do acuponto (KLIDE e KUNG, 1977). O acuponto IT se localiza, em todas as espécies animais, no ponto médio de uma linha traçada entre os cantos laterais dos olhos (SCHOEN, 2006), medianamente em um aprofundamento ósseo entre os ossos nasais e frontal (DRAEHMPAEHL e ZOHMANN, 1997). A acepromazina é o fenotiazínico mais comumente utilizado na medicina veterinária (MASSONE, 2008), em felinos pode levar à exposição reversível da terceira pálpebra (membrana nictante) e diminuição da temperatura periférica, devido à depressão do centro termorregulador do hipotálamo e a vasodilatação periférica, estando diretamente relacionada com a temperatura ambiente - quanto mais frio o ambiente menor a temperatura do paciente (RUBIO e BOGGIO, 2009). Considerando que a farmacopuntura é uma alternativa válida e econômica para tranquilização, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da administração da subdose (0,033mg/kg) de acepromazina 0,2% no acuponto Yin Tang (IT) em comparação aos efeitos da administração por via IM na dose de 0,1mg/kg em felinos hígidos, bem como verificar se há vantagens na utilização da farmacopuntura na tranquilização de gatos, tornando-se uma opção para uso clínico de forma auxiliar na contenção e manipulação destes animais. Materiais e Métodos: Após aprovação pela Comissão de Ética no Uso de Animais do Centro de Biotecnologia (CEUA-CBiotec) da UFPB, protocolo nº0206/14, foram utilizados seis felinos adultos, de raça, peso, sexo e idade variados, considerados hígidos por meio de exame clínico e hemograma, provenientes de criadores da cidade de Areia PB. Os animais foram mantidos no Hospital Veterinário do CCA/UFPB durante todo o Anais do 38º CBA, p.0878
3 3 período experimental (21 dias), onde permaneceram em gaiolas, com ração e água ad-libitum. Os proprietários assinaram um termo autorizando a participação dos animais no estudo. O estudo consistiu em três grupos experimentais, divididos por meio de sorteio. Todos os animais foram submetidos aleatoriamente aos três tratamentos, com intervalo mínimo de cinco dias. No grupo IMA, os animais receberam acepromazina a 0,2%, na dose de 0,1mg/kg por via IM, na musculatura semitendínea esquerda; no grupo ITA os animais receberam 1/3 da dose IM preconizada, 0,0333mg/kg, no acuponto IT; e no grupo ITSF, os animais receberam solução de NaCl 0,9%, no mesmo volume e acuponto administrado no grupo ITA. No dia do experimento, cada animal foi conduzido para o local de experimentação, previamente climatizado à temperatura de 23ºC, onde foram aferidos os parâmetros vitais (FC, FR e TR) e posteriormente avaliado o grau de tranquilização por meio da escala de CASSU et al. (2005) modificada, através de escores de 0 a 3 para observação da Alteração Comportamental (AC), Posicionamento (PC), Resposta à Manipulação (RM) e exposição da Membrana Nictante (MN), sendo este considerado o Momento Basal (MB). Após o MB, a substância foi aplicada conforme o grupo ao qual o animal pertencia e, na sequência, os parâmetros foram mensurados novamente, com intervalos de 20 (M1), 40 (M2) e 60 (M3) minutos. Os avaliadores só tiveram acesso aos animais 10 minutos após administração do tratamento, garantindo que não houvesse conhecimento do grupo a ser estudado. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância ANOVA, seguida pelo Teste de Tukey pareado para comparação entre os grupos nos diferentes momentos e entre os momentos dentro de cada grupo. As diferenças foram consideradas significativas quando p 0,05. Resultados e Discussão: O presente estudo demonstrou que não houve diferença significativa na FC e TR entre os grupos e ao longo do tempo, concordando com resultados encontrados por Luna et al., (2008) na espécie equina e Quessada et al. (2011) em suínos. Os grupos IMA e ITA apresentaram diminuição progressiva na TR após administração do fármaco, embora sem diferença estatística, efeito esperado pela utilização da acepromazina devido à depressão do centro termorregulador do hipotálamo e a vasodilatação periférica (RUBIO & BOGGIO, 2009). O grupo ITSF apresentou um aumento da TR, que pode ser a explicação para o aumento da FR, também Anais do 38º CBA, p.0879
4 4 observado no ITSF, sendo o aumento da FR um mecanismo de homeostase da troca de calor por evaporação das vias aéreas (ROBINSON, 2004). Estudos anteriores com cães, que receberam NaCl 0,9% via IT, não apresentaram variação na TR (FARIA, 2007). Após a administração dos tratamentos, observou-se que em IMA e ITA, houve uma diminuição da FR, a qual pode ter ocorrido devido a um maior estado de relaxamento transmitido pelo fármaco, uma vez que a resposta em ITSF foi contrária aos outros tratamentos e à literatura pesquisada, apresentando aumento na FR. Alguns autores afirmam que a diminuição da FR é uma alteração esperada pela administração do fármaco (ANDRADE et al., 2008; GOMES et al., 2011). Apenas a variável MN apresentou diferença significativa entre MB e M1 no grupo ITA. Para todas as outras variáveis do grau de tranquilização, não houve diferença significativa ao longo do tempo nos três grupos. Na avaliação entre os grupos nos diferentes momentos, houve diferença significativa em AC, PC, RM e MN. Durante todos os momentos, após administração dos tratamentos, os grupos IMA e ITA apresentaram médias relativamente iguais de AC, podendo-se considerar que ambos os tratamentos tiveram a mesma eficácia, o que não foi observado em relação à ITSF. Não houve diferença significativa entre IMA e ITA na avaliação do grau de tranquilização, demonstrando que os dois métodos apresentaram resultados semelhantes em gatos. Esse resultado também foi observado em cães (AMORIM NETO et al., 2011), equinos (LUNA et al., 2008) e suínos (QUESSADA et al., 2011) com o mesmo fármaco e técnica. O uso da acepromazina, no acuponto IT, revelouse uma técnica viável de tranquilização em gatos, sendo de fácil e rápida execução, sem que os animais apresentassem sinais de grande desconforto. Conclusão: Diante dos resultados obtidos neste estudo, pode-se afirmar que a administração de acepromazina em subdose no acuponto IT, em gatos, pode ser usada com segurança na rotina clínica. Referência: AMORIM NETO, J. et al. Subdose de acepromazina no acuponto yin tang para tranquilização de cães Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina Veterinária)-Universidade Federal do Piauí, Teresina, Anais do 38º CBA, p.0880
5 5 ANDRADE, S. F. et al. Manual de terapêutica veterinária. 3. ed. São Paulo: Roca, p. CASSU, R. N. et al. Avaliação do efeito sedativo e da dose de indução anestésica do propofol sob diferentes medicações pré-anestésicas em gatos. Clínica Veterinária, São Paulo, v. 10, n. 58, p , DRAEHMPAEHL, D. e ZOHMANN, A. Acupuntura no cão e no gato: Princípios básicos e prática científica. São Paulo: Roca, p. FARIA, A. B. A farmacopuntura com xilazina para sedação em cães Tese (Mestre em Ciências Veterinárias Clínica e Cirurgia)-Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais, GOMES, V. H. et al. Comparison of the sedative effects of morphine, meperidine or fentanyl, in combination with acepromazine, in dogs. Ciência rural, v. 41, n. 8, p , ago KLIDE, A. M. e KUNG, S. H. Veterinary acupuncture, University of Pennsylvania, United States of America, LUNA, S. P. L. et al. Comparison of pharmacopuncture, aquapuncture and acepromazine for sedation of horses. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, v. 5, p , MASSONE, F. Anestesiologia veterinária, farmacologia e técnicas. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. QUESSADA, A. M. et al. Farmacopuntura com acepromazina para tranquilização de suínos. Semina-Ciências Agrárias, Londrina, v. 32, n. 1, p , jan./mar ROBINSON, N. E. Termorregulação. In CUNNINGAM, J.G. Tratado de fisiologia veterinária, 3. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p , RUBIO, M. R.; BOGGIO;J. C. Farmacologia veterinária. 4. ed., Madrid ES: Educc, SCHOEN, A. M. Acupuntura veterinária. 2. ed. São Paulo: Roca, 2006, 624 p. XIE, H e PREAST, V. Acupuntura veterinária XIE. São Paulo: MedVep, 2010, 363 p. Anais do 38º CBA, p.0881
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