A Tendência Secular dos Termos de Troca Brasileiros Revisitada 1850 a 2000



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Transcrição:

A Tendência Secular dos Termos de Troca Brasileiros Revisiada 1850 a 2000 Sergio Kannebley Jr. Professor Douor da FEA/RP-USP Amaury Parick Gremaud Professor Douor da FEA/RP-USP e do PROLAM/USP Ricardo de Almeida Rennó Graduando do Depo de Economia da FEA/RP-USP Resumo: O objeivo do arigo é de reavaliar a ese da deerioração secular dos ermos de roca para a economia brasileira, por meio da esimação de modelos esruurais de séries de empo. Procurou-se aprimorar a represenação esaísica da série dos ermos de roca, em razão de se er observado que uma parcela da ambigüidade dos resulados produzidos aé enão pela lieraura empírica sobre os ermos de roca nacional se devem a represenações que não eram suficienemene gerais, de modo a permiirem a incorporação, de modo conjuno, de diversas possibilidade de represenação do componene de endência, além de quebras esruurais e/ou ouliers. Foi possível inferir a presença de um ermo de inclinação deerminisa negaivo para a série do Brasil, no período de 1850 a 2000, além da presença de múliplas quebras esruurais. Palavras Chaves: Termos de Troca brasileiros, modelos esruurais, comércio e desenvolvimeno Absrac: The main objecive of his paper is o esimae he endency of Brazilian (1850-2000), erms of rade o deeriorae. This esimaion is made from srucural ime series models. I inend o refine he saisical represenaion of he erms of rade ime series, because he observed ambiguiies of he empirical lieraure abou his subjec in Brasil mus be relaed o he insufficienly general saisical represenaion of he erms of rade ime series, which didn permi he joinly incorporaion of differen forms of represenaion of he endency componen and srucural breaks. The paper concludes by he presence of a negaive deerminisic inclinaion erm and he presence of muliples srucural breaks. Key Words: Brazilian erms of rade, srucural models, rade and developmen Área de Classificação ANPEC: Área 02 Macroeconomia, Desenvolvimeno e Economia do Seor Público Código de Classificação JEL: O19

1. Inrodução 2 Depois da esabilização econômica e de pelo menos uma década de reformas esruurais, os problemas econômicos brasileiros premenes são o equilíbrio exerno e a reomada do desenvolvimeno econômico susenado. Ambas as quesões esão direamene relacionadas ao comporameno fuuro da Balança Comercial, que deverá refleir a capacidade exporadora da economia brasileira. O crescene influxo de poupança exerna ao longo da década de 1990 rouxe como conraparida encargos inernacionais fuuros crescenes. Nesse senido, uma quesão imporane é em que medida, admiindo que a enrada de poupança exerna não deverá ser manida ad eernum, esses influxos, que esão sendo invesidos segundo um novo padrão de desenvolvimeno econômico baseado na aberura comercial e financeira, raduzir-se-ão em receias em moeda esrangeira provenienes do aumeno das exporações brasileiras. Uma das faces dessa discussão reflee a formulação de um modelo de desenvolvimeno econômico, que por meio das reformas econômicas implemenadas, parece deixar para rás o modelo de desenvolvimeno clássico da economia brasileira, baseado no processo de subsiuição de imporações. Conceiualmene, ese ema é discuido em Krueger (1997), onde é realizada a revisão críica dos debaes e das pesquisas sobre os pressuposos que susenavam modelos de desenvolvimeno fechados 1. Um deses pressuposos é a famosa ese de Prebisch-Singer [Prebisch (1950) e Singer (1950)] acerca da deerioração secular dos ermos de roca. Essa ese é um pono imporane de ser reavaliado endo em visa as expecaivas que se em acerca do desempenho da balança comercial brasileira no fuuro, e a relação enre o pessimismo das exporações e a formulação de um novo modelo desenvolvimeno econômicos nacional 2. O objeivo do presene arigo é de reavaliar a ese da deerioração dos ermos de roca para a economia brasileira, por meio da esimação de modelos esruurais de séries de empo, que permiem incorporar algumas das principais críicas realizadas aos procedimenos economéricos convencionais já uilizados para esar essa mesma hipóese. O arigo esá dividido em mais quaro pares além desa inrodução. Na segunda pare, faz-se uma revisão da lieraura acerca da própria ese de Prebisch-Singer e das avaliações economéricas realizadas para os ermos de roca brasileiros. Na erceira seção, é realizada uma análise esaísica da série dos ermos de roca, combinada a uma análise hisórica, que procura lembrar alguns faos que marcaram a evolução dos ermos de rocas brasileiros. Na quara seção, apresena-se o modelo propriamene dio e as esimações realizadas, encerrando como algumas breves considerações finais. 2. Breve Revisão da Lieraura A discussão sobre a endência secular dos ermos de roca no pós-guerra concenrou-se na relação assimérica enre países desenvolvidos (cenro) e os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimeno (periferia). Esa discussão esá usualmene associada à ese de Prebisch-Singer [Prebisch (1950), Singer (1950)] em que a relação comercial enre os países desenvolvidos e em desenvolvimeno é permeada por um dualismo de naureza esruural. Iso é, a exisência de diferenças esruurais enre esas economias produz um padrão de relação comercial assimérico, dada por um padrão de especialização inernacional que resula na deerioração secular dos ermos de roca da periferia. Originalmene, a ese de Prebisch-Singer refere-se aos ermos de roca enre bens primários, produzidos pelas economias subdesenvolvidas, e bens manufaurados, provenienes de economias indusrializadas. Singer (1987) apona os seguines faores como possíveis responsáveis pela deerioração secular dos ermos de roca: i) diferenes elasicidades-preço de demanda para bens 1 Para mais dealhes sobre essa discussão ver além de Krueger (1997), posicionamenos críicos como os de Rodriguez & Rodrick (1999) e Srinivasan & Bhagwai (1999) 2 Um exemplo das discussões auais sobre a dificuldade das exporações brasileiras é Iglesias (2001)

primários e bens manufaurados, ii) diferenes elasicidades-renda da demanda, iii) superioridade ecnológica dos países desenvolvidos e iv) diferenes esruuras nos mercados de bens e de rabalho. Ainda que eses argumenos possam ser aplicados aos diferenes seores produores de um mesmo país, ou ainda considerar que problemas relaivos ao desemprego não afeem apenas os países em desenvolvimeno, é imporane noar que a discussão sobre a deerioração dos ermos de roca e desenvolvimeno cenra-se primordialmene nas diferenes caracerísicas dos dois ipos de países, desenvolvidos e em desenvolvimeno (ou cenro e periferia), muio mais do que nos diferenes ipos de mercadorias ransacionadas. Desde a formulação da ese de Prebisch-Singer houve um crescene deslocameno em direção à indusrialização dos países em desenvolvimeno, mas que ainda não permiiu a eliminação das assimerias enre as economias deses dois ipos de países. Nese senido, a lieraura sobre a relação enre economias avançadas (Nore) e menos desenvolvidas (Sul) evoluiu para a formulação de modelos de crescimeno e deerminação de ermos de roca que levassem em consideração a exisência de assimerias e dependência dos países menos desenvolvidos para com os países desenvolvidos. Denre os vários modelos que abordam ese ipo de relação, como os apresenados em Findlay (1981), desacam-se os modelos usualmene chamados de modelos Nore-Sul Nessa caegoria de modelos são exemplos os rabalhos de Findlay (1980), Dariy (1990) e Sarkar (1997). No enano, por meio desses rabalhos não é possível demonsrar que a inelasicidade da demanda dos produos do Sul são responsáveis pelo declínio secular dos ermos de roca, enquano que o aumeno do mark-up (ou do grau de monopólio) no Nore, por sua vez, produz resulados ambíguos. Por ouro lado, conudo, o progresso écnico e a relaiva inelasicidade renda da demanda dos produos do Sul são capazes, em alguns modelos, de explicar a endência secular declinane dos ermos de roca. As evidências esaísicas sobre ese debae são ambíguas. Spraos (1980) produz um sumário de evidências esaísicas a favor e conrárias à ese de Prebisch-Singer, quando são considerados problemas relaivos à cusos de ranspore e mudanças de qualidade. Recenemene, Sarkar e Singer (1991) enconraram evidências de um declínio em valores uniários das exporações manufauradas da periferia relaivo às exporações manufauradas do cenro para o período de 1970 a 1987. Eses resulados são quesionados em Ahukorala (1993), argumenando que os auores acima ciados não deiveram-se aenamene às correções necessárias aos dados. Barros (1992) desaca um conjuno de esudos represenaivos sobre esse ema, enre os quais desacam-se os rabalhos empíricos realizados mais recenemene pode-se desacar os de Grilli e Yang (1988), Cuddingon e Urzúa (1989), Diakosavvas e Scandizzo (1991). Na maioria desses rabalhos foi esada a hipóese de deerioração de séries de índices de preços relaivos de produos primários. De uma forma geral, a conribuição dada por esses novos esudos esa direamene relacionada com a evolução dos méodos economéricos. Os rabalhos realizados para os ermos de roca exernos do Brasil seguiram uma seqüência muio semelhane. Na abela 1 abaixo esão sumarizados os resulados obidos por esses esudos, assim como os diferenes modelos esimados. Como será mosrado, em cada um desses rabalhos foram assumidas deerminadas hipóeses sobre o processo gerador de dados da série de ermos de roca, o que condiciona o uso de raamenos esaísicos diferenciados. Condicionado a isso, diferenciam-se as formas de localização e inerpreação dos ouliers e quebras esruurais na série. 3

4 Tabela 1 Sumário das Evidências sobre a Tendência dos Termos de Troca do Brasil Auor Modelo Período Coeficienes R2 DW α β φ Gonçalves e Barros (1982) (1) 1850-1979 4,849-0,0028-0,130 0,32 Zini Jr. (1988) (1) 1860-1986 5.420-0,004-0,18 - Souza (1984) (2) 1850-1979 23,72-0,06 0,82 0,72 - Marçal(1996) (3) 1855-1990 1,292 0,00092 0,73-2,03 Os modelos considerados são : (1) lny = α + β + ε (2) Y = α + β +φy -1 + ε, φ < 1 3 (3) Y = α + β +φy -1 + γd(tb) + δdu + Σ b Y -i + ε Gonçalves e Barros (1982) procuraram verificar a ese de Prebisch para a série de índices dos ermos de roca para o período de 1850 a 1979. Esses auores esimaram uma equação semilogarímica para odo período, enconrando um coeficiene de endência negaivo, significane ao nível de 5%, como apresenado na abela. Uilizando o mesmo modelo, Zini Jr.(1988) ambém obeve um coeficiene para o ermo de endência emporal negaivo em um nível de significância de 5 %, para o período de 1860-1986, sendo considerado como uma evidencia favorável a ese de Prebisch-Singer. Porém, Souza (1984) realizou um esudo alernaivo sobre a série de ermos de roca de Gonçalves e Barros (1982), reavaliando alguns desses resulados. Esimando um modelo mais genérico concluiu a favor da não validação ese da deerioração secular dos ermos de roca. Em ermos esaísicos, é possível perceber pelas esaísicas de Durbin-Wason dos modelos ano de Gonçalves e Barros (1982), como de Zini Jr. (1988, que embora não a repore, informa do seu baixo valor), que eses modelos apresenam problemas de especificação, os quais são minorados em Souza (1984). No enano, pode-se perceber que esses rabalhos procuraram esar a ese da deerioração dos ermos de roca no que se refere a exisência a uma endência deerminisa negaiva, desconsiderando a possibilidade da série possuir uma raiz uniária, ou seja, uma endência esocásica. Mesmo no rabalho de Souza (1984), em que se considera o comporameno auoregressivo, assume-se como hipóese, a esacionariedade da série ( φ < 1 ). Zini Jr. e Cai (1991) realizaram o ese de raiz uniária ADF para a série no período 1855-1990, enconrando evidencias a favor da não rejeição da hipóese de exisência de uma raiz uniária na série e condições para a conclusão da exisência da endência declinane. 4 Porém, Marçal (1996), uilizando a meodologia de Perron (1989) para a esimação de um ese de raiz uniária na presença de uma quebra esruural na série rejeia a hipóese de mudança esruural ano na endência como 3 Em que D(TB) = 0 se TB e 1 se = TB ; Du = 0 se < TB e 1 se > TB e TB = ano de quebra. 4 Zini e Cai não inham como objeivo verificar a endência declinane dos ermos de roca, apresenando em seu arigo apenas os valores das esaísicas para os eses de hipóese. No enano, por meio da observação dos valores críicos reporados para os componenes deerminisas do modelo ADF é possível inferir sobre a endência declinane dos ermos de roca.

5 no nível para os anos esados sucessivamene 5. A aplicação do ese de Perron (1989) levou a resulados que não diferem dos obidos por Zini e Cai (1991) com relação a presença de raiz uniária, porém com a inrodução de um deslocameno de média para o ano de 1912, obém um coeficiene não significane esaisicamene, em um nível de 10 %, para o ermo deerminisa do modelo, produzindo, porano, uma conra-evidência, no que diz respeio à endência declinane dos ermos de roca, ao rabalho de Zini e Cai (1991). Gonçalves e Barros (1982) salienam que seus resulados devem ser qualificados quando se analisam subperiodos específicos. Os auores afirmam que o período de maior deerioração foi jusamene aquele analisado por Prebisch (1870-1939), onde foi enconrado um coeficiene de endência com valor muio próximo ao apresenado em Spraos (1980).Também foram idenificados subperiodos em que a deerioração foi rejeiada, como por exemplo,1850-1913, 1913-1979 e 1945-1979. Gonçalves e Barros (1982) uilizaram um méodo hisórico para idenificar as mudanças de endência na série, analisando subperiodos específicos dados os faos e/ou períodos hisóricos relevanes. Já Souza (1984) uiliza um méodo cuja caracerização de subperíodos, definidos pela evolução da serie alisada dos ermos de roca 6, melhor ajusados ao desenvolvimeno de naureza hisórica levado a efeio por Goncalves e Barros. Por meio de observação gráfica e esimação de um modelo com quebras para o nível e endência demonsra claramene a presença de rês subperiodos relevanes para a analise: 1850-1887, 1887-1940, 1940-1979. O ajuse de um modelo linear com uilização de variáveis dummy para esar os disinos períodos, onde foram enconradas esimaivas significanes que demonsram a exisência de dois períodos (primeiro e erceiro) em que a endência declinane não ocorre e um (o segundo) onde se observa uma endência foremene negaiva. Sendo assim, o que se pode concluir a respeio das evidências produzidas pelos esudos para os ermos de roca nacionais é uma cera ambigüidade dos resulados em razão das diferenes hipóese subjacenes ao processo gerador de dados da série dos ermos de roca nacional. A despeio dos possíveis problemas esaísicos oriundos de sua consrução, o que se observa nos rabalhos aqui apresenados são diferenes caracerizações para o componene secular da endência, bem como para a deerminação das quebras esruurais da série. Ou seja, enquano nos esudos de Gonçalves e Barros (1982) e Souza (1984) é suposa uma endência linear, permie a presença de múliplas quebras esruurais, ao passo que Marçal (1996) e Zini e Cai (1991) consideram a hipóese de uma endência esocásica, porém, apenas Marçal (1996) permie, conjunamene, uma única quebra esruural. 3. O Comporameno dos Termos de Troca Brasileiros 1850 a 2000 No Gráfico 1 são apresenadas as séries hisóricas brasileiras relaivas aos índices de ermos de roca, preço de imporações e exporações para o período de 1850 a 2000. Tais séries foram elaboradas a parir dos dados apresenados em IBGE (1990) para o período correspondene a 1850 e 1979, sendo a aualização aé o ano de 2000 realizada a parir dos dados da FUNCEX. 5 A escolha do momeno da mudança esruural é feia a parir do ese seqüencialmene de daas, selecionando aquela em que a esaísica de ese para a exisência de raiz uniária seja maximizada. Para o caso em quesão foram esados os anos de 1905 a 1920, sendo 1912 o ano que maximiza a esaísica (φ). 6 O auor uiliza um filro linear (médias moveis) para eliminar as irregularidades e exrair o componene cíclico da série.

Gráfico 1 Índices de Preços de Exporação, Imporação e Termos de Troca 6 1200 Exporação Imporação 250 Troca 225 1000 200 800 175 600 150 400 125 100 200 75 1860 1880 1900 1920 1940 1960 1980 2000 1860 1880 1900 1920 1940 1960 1980 2000 No Gráfico 2, é uma apresenada uma análise da série do logarimo dos ermos de roca do Brasil, por meio do correlograma e do especro da série. Esa análise demonsra uma ala concenração da variação da série em baixas freqüências, indicando a presença de um componene cíclico, além da possibilidade de exisência de endência esocásica ou deerminisa. A esaísica CUSUM indica a aleração na média da série ao final do século XIX, se esabilizando novamene por vola de 1950. A esaísica CUSUMSQT não repora aleração de variância, sugerindo um modelo homocedásico para a série. A disribuição empírica da série apresena clara assimeria à esquerda, sugerindo a não-normalidade da série em concordância com a esaísica CUSUM. Gráfico 2 Análise Esaísica da Série de Termos de Troca do Brasil A inerpreação desas caracerísicas esaísicas da série hisórica pode ser realizada, noando primeiramene que a exisência de um padrão cíclico enconra evidências hisóricas marcanes desacadas por diversos auores, como Delfim Neo (1966) e Bacha (1982). É possível perceber que no século XIX a série de ermos de roca apresena um padrão cíclico, correspondendo aos ciclos de preço do café esudados por Delfim Neo (1966) 7. A endência secular da série de preços inernacional do café nese período, porém, é objeo de conrovérsia. Delfim Neo (1966), 7 A imporância da evolução dos preços do café para a série de ermos de roca é dada pela imporância do café na paua de exporações brasileira. Que se maném elevada aé os anos 70.

7 apona a não exisência de endência enre os anos 1857 e 1906, nese período verifica-se apenas os rês ciclos de preço do café em um mercado sem inervenção governamenal 8. Já Bacha (1982) apona uma endência secular posiiva para os preços do café enre 1845 e 1895 9, fruo de um desequilíbrio de mercado, onde a ofera inha dificuldades em acompanhar o grande dinamismo da demanda. Esa limiação é explicada ano pelas dificuldades com a mão de obra e como pelos elevados cusos de ranspore. O úlimo dos rês ciclos do café esudado por Delfim Neo (1966) apresena, conudo, caracerísicas diferenciadas: sua duração e sua queda são prolongadas, o que é explicado radicionalmene pelos efeios da políica moneária e cambial da úlima década do século XIX sobre o comporameno do preço das exporações 10. Novamene Bacha (1982) apresena uma explicação diferene: para ese auor a queda de preços que se verifica a parir de 1895 se deve à reversão do desequilíbrio aneriormene ciado, o que ocorreu em função do crescimeno da produção de café no oese paulisa agora sem as limiações mencionadas. Na série de ermos de roca pode-se inferir para o período correspondene ao erceiro ciclo dos preços do café um padrão não ão bem definido como o dos dois ouros ciclos e um aumeno da média. O aumeno dos ermos de roca a parir, especialmene, de 1888 é superior às ascensões cíclicas aneriores. Na verdade a ascensão dos preços de exporação nese período não é como ocorrera nas ascensões dos ciclos aneriores, em pare compensadas pelo crescimeno dos preços de imporação. Aé 1895 verifica-se assim um período de elevação dos ermos de roca em função da elevação dos preços de café e da queda dos preços de imporação, o chamado período de vale do preço dos produos manufaurados (Gonçalves e Barros, 1982) 11. Depois dese auge, os ermos de roca iniciam uma rajeória descendene, fruo da queda dos preços do café devido à já referida expansão da produção cafeeira paulisa. A possível aleração da média da série ocorre assim no fim do século XIX e aé meados do século XX a série apresena um comporameno basane erráico. De modo geral, pode-se dizer que ese é um período efeivamene basane conurbado já que exernamene exise uma grande depressão inernacional, dois grandes conflios mundiais, além de um ouro mais resrio - a Guerra da Coréia que ambém possui efeios imporanes sobre preços praicados no comércio inernacional. Do pono de visa inerno, apesar do início do processo de inernacionalização, as exporações brasileiras maném suas caracerísicas de elevada concenração da paua de exporações no café. O mercado cafeeiro, porém, a parir do segundo lusro do século passa a sofrer inervenções com a práica de reenções de esoques (e mesmo sua desruição física depois de 1930) por pare do governo brasileiro. Segundo Bacha (1982) a inervenção do Brasil no mercado cafeeiro não faz com que desapareça o padrão cíclico da série de preços, ao conrário, acenua-os. Apos o início da inervenção governamenal no mercado cafeeiro observa-se uma ascensão dos ermos de roca, mas já anes da Primeira Guerra Mundial ocorre uma fore queda na série. Essa queda se deve à endência ascendene, anerior à primeira guerra, dos preços de imporação e da queda veriginosa dos preços da borracha (enrada da produção do sudese asiáico no mercado) no início da década de 10 e do café iniciando-se em 1913. Tal endência de deerioração se maném durane oda a primeira guerra mundial, com um aumeno dos preços das imporações relaivamene superior ao crescimeno dos preços de exporação. Apenas ao final da guerra, em 1919, há um choque nos preços de exporação que, no enano, vola arás nos dois anos subseqüenes. Do mesmo modo, os preços de imporação sofrem um recuo no pós-guerra. Os preços de imporação coninuaram caindo em 1921 e 1922, porém os preços de exporação se elevaram a parir de enão. O resane da década, depois da ascensão de 1922-1924, se 8 Os ciclos de preço do café desacados por Delfim são: 1857-1868; 1869-1885 e 1886-1906. 9 Bacha oma, assim, um período anerior ao de Delfim, onde os preços eram em média inferiores os de 1857, dado inicial de Delfim, e sua série se encerra anes (Delfim em 1906 e Bacha em 1895) eviando assim a fase de queda de preços do úlimo ciclo anes da inervenção governamenal. 10 Além de Delfim, podemos ambém ciar Furado (1959), Fauso (1975), Franco (1983) desacando os impacos posiivos do encilhameno sobre o planio de novos pés de café. 11 Para a ascensão dos preços de exporação do período ambém pode ser desacado o fim da longa depressão inernacional iniciada em 1873

8 maneve em uma siuação relaivamene esável do pono de visa dos ermos de roca. Enreano, a crise de 1930 represena um novo choque na série de ermos de roca, sendo que os preços das exporações (especialmene de café) sofreram uma queda fore já em 1930, causada pela reração da demanda ambém pela superprodução brasileira. Eses preços coninuaram se deeriorando no ano seguine, queda que agora ambém é acompanhada pelos preços de imporações. Ao longo da década exisem muias oscilações nas séries de preços de imporações e exporações, mas, de um modo geral, há uma aparene endência de deerioração dos ermos de roca aé 1940, refleindo ainda os desequilíbrios no mercado de café e o efeio dos desajuses moneários e políicos inernacionais do período. Durane a guerra os acordos inernacionais susenam a elevação dos preços das exporações nacionais que ocorrem em um rimo superior ao das imporações. No pós guerra, porém, é níido um novo choque de preços das exporações no final da década de 40, paricularmene em 1950 às vésperas da guerra da Coréia. Ese choque é fruo de um novo desequilíbrio no mercado de café, desa vez há uma fala de ofera, em função da diminuição da produção brasileira, e especialmene uma redução nos esoques inernacionais que foram se esgoando ao longo dos anos 40. É ineressane noar que omando ouros produos primários em comparação, percebe-se que o fore choque de preços do café não se repee em ouras commodiies 12. Ese crescimeno dos preços das exporações ambém não é acompanhado de imediao pelos preços das imporações que esavam em queda no final da década de 40 e passaram a se elevar, em um rimo inferior, ainda no inicio dos anos 50, mas depois dos preços das exporações. A parir de 1953 os preços de imporações começam uma nova queda, que só é acompanhada pelas exporações de modo mais claro a parir de 1955, iniciando assim nova fase de deerioração dos ermos de roca. Nos anos 60 os preços de imporações apresenaram uma endência de pequena elevação, o mesmo ocorrendo com as exporações, com duas elevações mais pronunciadas em 1963 e 1969, refleindo ainda problemas na ofera de café, apesar da paua de exporações já esar se diversificando. Os choques de preços dos anos 70 podem ser idenificados no comporameno dos preços de exporações que se elevam em 73 e 74 e ambém em 79 e 80. Ambos em efeios sobre os ermos de roca, mas o segundo choque do peróleo em um efeio maior sobre os ermos de roca, verificando-se uma fore deerioração que se inicia anes em 1978 e se esende aé 1983, que ambém são anos de recessão inernacional. Nos anos seguines exise aparenemene uma endência de recuperação dos ermos de roca, com algumas inerrupções como na passagem da década de 80 para a de 90. Nese inervalo houve aumenos nos preços de imporação, diferenemene dos ouros anos marcados pela queda deses preços, especialmene na década de 90. Nesa década exise, além da queda dos preços de imporação, uma elevação dos preços de exporações aé 1996. Conudo, depois desse ano aparenemene a endência invere-se, puxando novamene os ermos de roca para baixo, o que se consiui um inibidor de um possível esforço exporador no momeno aual. 4. Um Modelo de Tendência Local Linear e Nível Local e as Represenações Alernaivas para a Tendência Declinane dos Termos de Troca O modelo local linear rend é um modelo geral de para o componene de endência, que além de conar com um componene de nível esocásico, µ, possui ambém um componene de inclinação esocásica, β, que segue ambém um processo random walk. Sendo assim, em-se: 12 Talvez seja exaamene por ese choque posiivo que se dá exclusivamene sobre café que algumas análises da evolução dos ermos de roca, mosrem o comporameno diferenciado das séries com fore influência das bebidas ropicais como é o caso do café brasileiro frene às dependenes de ouras commodiies. Segundo Grilli e Yang (1988), para esas úlimas a ese de deerioração dos ermos de roca se confirma, mas não para as primeiras.

y µ β = µ =µ = β 1 1 + η, +β 1 + δ + ε η ε δ ~ NID(0, σ ~ NID(0, σ 2 ε ~ NID(0, σ e η, ε e δ são disurbâncias não correlacionadas. Segundo Barros (1992) não é possível disinguir claramene qual modelo esaria subenendido na formulação de hipóese de Prebisch-Singer para endência secular declinane dos ermos de roca. Duas formulações são possíveis 13. A primeira, usualmene esada na lieraura empírica sobre o ema, em que a endência seria deerminisa, iso é, o caso em que ambas as variâncias σ e σ 2 são nulas, de modo que (1) reduz-se à : 2 ε δ µ =µ + β para =1,2,.., T (1.a) 0 Uma segunda possibilidade seria o caso de um modelo random walk com drif, em que o 2 parâmero β seria consane e negaivo, β <0. Iso ocorre quando somene σδ é igual a zero, de modo que (1) se reduz à: 4.1. Meodologia e Resulados µ =µ +β + ε (1.b) 1 O raameno esaísico de modelos esruurais de série de empo é baseado na forma de espaço de esado (F.E.E.). Uma vez em F.E.E., o filro de Kalman pode ser aplicado e ese leva a algorimos de predição e alisameno 14. Em um modelo gaussiano, a esimação é realizada por meio do filro de Kalman, a parir de uma função de verossimilhança baseada na decomposição do erro de predição. A F.E.E. para o modelo esimado é a seguine: TT Z = γ + ε (eq. de medida) (2.a) γ = T γ + R ξ (eq. de ransição) (2.b) 1 2 η ) ) 2 δ ) (1) 9 em que os elemenos de γ são os componenes não observáveis do modelo, ε é um ermo whie noise e ξ é um veor de componenes whie-noise não correlacionados enre si e ambém não correlacionado com ε, em que ε ~ N(0,σ ε 2 ), ξ ~ N(0,Ω). O conjuno de parâmeros dados pelas marizes T e Ω são chamados de hiperparâmeros do modelo. O veor de componenes não observáveis é composo por uma endência esocásica e um componene cíclico esocásico, ou seja: γ µ β = ϕ ϕ * 1 = 0 0 0 1 1 0 0 0 0 ρcosλ c ρsen λ c 0 µ 0 β ρsen λ c ϕ * ρcosλ c ϕ 1 1 1 1 η δ + κ * κ (2.c) 13 Barros (1992) desaca ainda um erceira possível represenação em que juno à uma endência linear declinane, esá presene um endência quadráica declinane. No enano, esse modelo esaísico parece pouco represenaivo dos faos hisóricos apresenados pela série de ermos de roca nacional. 14 O Filro de Kalman é um procedimeno recursivo para o cálculo de esimador óimo do veor de espaço de esado, dada oda informação disponível aé o empo correne. Uma recursão para rás é conhecida como alisameno e permie o veor de espaço de esado ser calculado em odos os ponos do empo uilizando oda a amosra. Para dealhes adicionais sobre a esimação de modelos esruurais de séries de empo ver Harvey (1989).

10 A parir das esimaivas alisadas das disurbâncias padronizadas do modelo, definidas como inovações padronizadas, são realizados eses de diagnósico para a deecção de ouliers e quebras esruurais segundo procedimeno proposo por Harvey e Koopman (1992). A esraégia de esimação dos modelos esruurais será do modelo mais geral para o paricular. Sendo assim, o primeiro modelo será o de endência local linear adicionado de um componene cíclico. A inclusão desse úlimo componene jusifica-se em razão das informações fornecidas pelo correlograma e o especro esimados, além da descrição hisórica da série aneriormene realizada. Na primeira rodada de esimação do modelo (2), para o período de 1850 a 2000, os hiperparâmeros esimados, apresenados abaixo na abela (2), demonsram que o componene de inclinação possui variância nula, raando-se, porano, de um ermo deerminisa. Adicionalmene, os eses de diagnósico indicam que os resíduos calculados para essa especificação violaram a hipóese de normalidade e de ausência de auocorrelação, indicando problemas adicionais de especificação relacionados à presença de ouliers e/ou quebras esruurais. Tabela 2 Modelo Esruural Geral Hiperparâmeros Esimados Componene Desvio padrão Razão q Irregular 0.0616601 0.6829 Nível 0.0578986 0.6412 Inclinação 0.00000 0.0000 Ciclo 0.0902907 1.0000 Esaísicas de Diagnósico D. Padrão 0.14489 H( 49) 0,6863 DW 1,949 r( 1) 0.022706 r(11) -0.19982 Q(11,10) 14.68 [0,0229] R 2 0.7545 Rs² 0.066144 Assimeria Chi²(1): 5.6122 [0.0178] Curosi Chi²(1): 9,6224 [0.019] Normal-BS Chi²(2): 15,235 [0,0005] Normal-DH Chi²(2): 9,5134 [0.,0086] a esaísica H(h) refere-se ao ese esaísico de heerocedasicidade, as esaísicas r(j) referem-se às auocorrelações dos resíduos, Q(p,q) é a esaísica Ljung-Box, D.W., a esaísica Durbin-Wason, N-DH,o ese de normalidade de Doornik e Hansen, N-BS, o ese de normalidade de Bowman e Shelon Resringindo 0 2 = σ δ e uilizando o procedimeno de Harvey e Koopman (1992) são apresenados, na abela 3 a seguir, os ouliers e quebras esruurais deecadas para diversas daas, odas, porém, denro do inervalo de empo enre os anos de 1888 a 1954. Conforme, são demonsrados pelos eses de normalidade, os resíduos auxiliares violam a suposição de normalidade assumida inicialmene no modelo (2). Eses resulados, ambém, vão de enconro à primeira análise descriiva para a série apresenada, quando por meio da esaísica CUSUM, deecou-se insabilidade na média da série para o período de 1885 a 1950 aproximadamene. Para esses períodos, conforme apresenado na seção anerior, foram regisrados alguns faos. Em 1888 há uma fore elevação da série em função da subida dos preços do café (erceiro ciclo do café do período sem inervenção governamenal) não acompanhados pelo aumeno dos preços de imporação. O ouro pono imporane é a queda dos ermos de roca em 1913, em função da queda dos preços do café e da borracha e do aumeno dos preços de imporação de anes da primeira guerra. No final da primeira guerra os ermos de roca se mosraram insáveis com elevações e quedas aé a fore ascensão que se inicia em 1922. Um novo choque ocorre na crise de 1930 que rebaixa de maneira significaiva os ermos de roca brasileiros. Em 1950, como foi discuido aneriormene, os preços do café, diferenemene de ouros preços de bens primários apresena um fore crescimeno fruo de desequilíbrio no mercado e, especialmene, da fore redução dos esoques de café nos anos 40, em 1954 há um novo aumeno dos preços do café que, conudo, se revere logo a seguir.

11 Tabela 3 Daas de Ouliers e/ou Quebras Esruurais Irregular Valor Probab. Nível Valor Probab. 1919 3.6622 [0.0002] 1888 2.0840 [0.0194] 1921-3.3506 [0.0005] 1913-2.0241 [0.0224] 1929 2.2085 [0.0144] 1919 2.2597 [0.0126] 1930-2.0042 [0.0234] 1920-2.3760 [0.0094] 1949-2.0421 [0.0214] 1922 2.3314 [0.0105] 1950 2.8187 [0.0027] 1930-3.1696 [0.0009] 1954 2.0422 [0.0214] 1950 3.8224 [0.0001] 1954 2.1586 [0.0162] Normal-BS Chi²(2): 8.0983 [0.02] Normal-BS Chi²(2): 10.9047 [0.004] A modelagem que apresenou os melhores resulados quano à qualidade dos resíduos e à esabilidade do modelo, além da sua capacidade de ajusameno, dada pelas esaísicas AIC e BIC, é apresenada na abela 4. Esse modelo é consiuído por um ermo de nível esocásico, combinada a uma inclinação deerminisa e um ciclo esocásico, além de inervenções irregulares e de nível. Esses componenes esimados são apresenados no gráfico 2 abaixo. O ciclo esimado possui um período de 19,97 anos, correspondendo a uma freqüência de 0,3146. Adicionalmene, é necessário ressalar a imporância do caráer esocásico do componene cíclico, na medida que permie incorporar mudanças no comporameno cíclico da série ao longo de diversos períodos disinos, como os ocorridos ao final do século XIX e ao longo do século XX. Também, é imporane desacar a influência da modelagem das diversas inervenções, que ressalam os momenos de quebras esruurais na série, sendo esse o principal componene de aleração dos ermos de roca. Gráfico 2 Componenes Não-Observáveis Esimados

12 Como é possível perceber, a inclinação dos ermos de roca é esaisicamene significane em um nível de significância de 6 %, sendo que o coeficiene esimado em um sinal negaivo, com um valor de -0,006. Sendo a série modelada o logarimo neperiano do índice de ermos de roca, esse coeficiene expressa a axa de declínio anual. Esses resulados apresenados reforçam, porano, a hipóese de que uma descrição esaisicamene adequada para os ermos de roca brasileiros seja a de um modelo random walk com drif, no enano, com a presença de múliplas quebras. Tabela 4 Modelo Esruural Reduzido (2) componene Coeficiene Es. Probab. Nível 4.6553 50.352 [0.0000] Inclinação -0.00615-1.9096 [0.0581] Ciclo 0.0942 - - Ciclo -0.1088 - - Nível 1888 0.2752 2.6413 [0.0091] Nível 1913-0.3281-3.1049 [0.0023] Irreg. 1919-0.3923 4.5152 [0.0000] Nível 1922 0.4447 4.1059 [0.0000] Nível 1930-0.4509-4.2470 [0.0000] Nível 1950 0.5626 5.4057 [0.0000] Irreg. 1954 0.2318 2.6620 [0.0085] Hiperparâmeros Irregular Nível Ciclo r.m.s.e 0.04886 0.03112 0.07692 razão q 0.6352 0.4056 1.0000 Esaísicas de Diagnósico D. Padrão 0.11135 H( 49) 0,95774 DW 1,986 r( 1) -0.00300 r(11) -0.12032 Q(11,10) 6.174 [0,4593] R 2 0.8550 Rs² 0.44850 Assimeria Chi²(1): 0.7858 [0.3754] Curosi Chi²(1): 0.1719 [0.6784] Normal-BS Chi²(2): 0.9577 [0.6195] Normal-DH Chi²(2): 0.9110 [0..6341] Chow F(20,129): 0.7120 [0.8080] CUSUM (129): -0.1107 [1.0880] AIC : -4.2180 BIC: -3.9583 a esaísica H(h) refere-se ao ese esaísico de heerocedasicidade, as esaísicas r(j) referem-se às auocorrelações dos resíduos, Q(p,q) é a esaísica Ljung-Box, D.W., a esaísica Durbin-Wason, N-DH,o ese de normalidade de Doornik e Hansen, N-BS, o ese de normalidade de Bowman e Shelon Considerando o fao de que a inclinação esimada é esaisicamene significane somene em um nível de 6 %, foi esimado um segundo modelo resrio, correspondene a um modelo de nível local, iso é, um modelo em que não consa o ermo β, mas que permie apenas a presença de uma endência esocásica. Nesse caso, omiindo por simplicidade o componene cíclico, emos um modelo random walk sem drif, ou seja: y µ = µ =µ 1 + η, +ε η ε ~ NID(0, σ ~ NID(0, σ 2 η 2 ε ) ) (3)

13 Seguindo o mesmo procedimeno adoado na esimação anerior, uilizou-se o procedimeno de Harvey e Koopman (1992) para a deecção de ouliers e quebras esruurais, cujos períodos são apresenados na abela 5 abaixo. Como é possível noar, a omissão do parâmero de inclinação não produz alerações expressivas no que diz respeio às daas aponadas pelo procedimeno na esimação do modelo de endência linear local, e nem com relação à magniude das quebras, com exceção das quebras aponadas aneriormene para o ano de 1888 e com aquelas deecadas nesse modelo para os anos de 1915 e 1917, as quedas dos ermos de roca ocorridas durane a primeira guerra mundial. Tabela 5 Daas de Ouliers e/ou Quebras Esruurais Irregular Valor Probab. Nível Valor Probab. 1919 3.5772 [0.0002] 1913-2.3450 [0.0102] 1921-3.3080 [0.0006] 1915-2.0672 [0.0202] 1929 2.1619 [0.0161] 1917-2.1321 [0.0173] 1949-2.0560 [0.0207] 1920-2.5671 [0.0056] 1950 2.8151 [0.0028] 1921-2.0498 [0.0211] 1954 2.0813 [0.0195] 1930-3.1192 [0.0011] 1950 3.5420 [0.0011] Normal-BS Chi²(2): 6.418 [0.04] Normal-BS Chi²(2): 6.656 [0.03] Novamene a melhor modelagem, segundo a qualidade dos resíduos e o seu poder prediivo denro da amosra é apresenada na abela 6 abaixo. No gráfico 3 são apresenados seus componenes esimados. O ciclo esocásico esimado possui um período de 19,57 anos, correspondendo a uma freqüência de 0,3210. O nível é esocásico, com a presença de múliplas quebras esruurais. Com relação ao modelo (2) esimado aneriormene, a qualidade dos resíduos é ligeiramene inferior, na medida em que se noa alguma assimeria nos resíduos e a esaísica CUSUM possui uma magniude superior, indicando algum desvio sisemáico do nível esimado para o modelo. No enano, com relação ao poder explicaivo os modelos praicamene se equivalem. Gráfico 3 Componenes Não-Observáveis Esimados

14 Tabela 6 Modelo Esruural Resrio (3) componene coeficiene Es. Probab. Nível 4.7033 50.534 [0.0000] Ciclo 0.0508 - - Ciclo -0.09363 - - Nível 1913-0.2572-2.5159 [0.0129] Irreg. 1919-0.3799 4.38219 [0.0000] Irreg. 1921-0.3390-3.9109 [0.0001] Nível 1930-0.4025-3.9301 [0.0001] Nível 1950 0.5072 4.9758 [0.0000] Irreg. 1954 0.2314 2.6756 [0.0083] Hiperparâmeros Irregular Nível Ciclo r.m.s.e 0.04488 0.032746 0.08106 razão q 0.5537 0.4039 1.0000 Esaísicas de Diagnósico D. Padrão 0.11401 H( 50) 0.5645 DW 1,973 r( 1) 0.01229 r(11) -0.0629 Q(11,10) -0.0629 [0.7642] R 2 0.84801 Rs² 0.42178 Assimeria Chi²(1): 3.3721 [0.0663] Curosi Chi²(1): 0.49093 [0.4835] Normal-BS Chi²(2): 3.863 [0.1449] Normal-DH Chi²(2): 3.552 [0.1693] Chow F(20,130): 0.72094 [0.7988] CUSUM (130): -1.0095 [1.6852] AIC : -4.1971 BIC: -3.9774 a esaísica H(h) refere-se ao ese esaísico de heerocedasicidade, as esaísicas r(j) referem-se às auocorrelações dos resíduos, Q(p,q) é a esaísica Ljung-Box, D.W., a esaísica Durbin-Wason, N-DH,o ese de normalidade de Doornik e Hansen, N-BS, o ese de normalidade de Bowman e Shelon A fim de produzir uma comparação adicional enre eses dois modelos rivais, foram realizados eses para a capacidade prediiva dos modelos fora da amosra. Para isso ambos os modelos foram esimados resringindo, a amosra para o ano de 1970, para o ano de 1980 e, por fim, para o ano de 1990. Os eses prediivos são um passo à frene e exrapolaivos. Os resulados desses eses esão apresenados na abela 7 abaixo. Conforme é possível noar, o modelo (2) é basane superior, em ermos prediivos, para as duas esimações em que as amosras são resrias em 1970 e 1980, enquano que o modelo (3) oferece melhor predição somene para a esimação com a amosra resria em 1990. Sendo assim, considerando os resulados para os eses prediivos, bem como os demais eses de diagnósico e de capacidade de ajusameno, é possível dizer que o modelo (2) é superior ao modelo (3), porano, corroborando a hipóese da presença de uma endência secular declinane dos ermos de roca brasileiros.

Tabela 7 Teses Prediivos Amosra Teses 1-passo à frene Teses Exrapolaivos Tese de Falha * CUSUM ** S.E.P.A. S.Q. E. P. 1850 1970 Modelo (2) 23.8983-0.3912 19.6662 19.6025 [0.7766] Modelo (3) 38.5773 [0.1355] 1850 1980 Modelo (2) 13.6360 [0.8485] Modelo (3) 22.6391 [0.3069] 1850 1990 Modelo (2) 4.96794 [0.8933] Modelo (3) 3.58904 [0.9640] [1.3037] -4.0500 [1.9999] -0.09215 [1.0733] -3.38685 [1.9991] 1.22822 [0.2214] 0.64565 [0.5196] L 37.5859 64.638 14.9184 14.0972 27.3892 47.4488 9.78911 12.2086 5.62809 4.77048 * O ese de falha prediiva segue a fórmula, pf = = ν j 1 T + j, é disribuído aproximadamene segundo uma quiquadrado com L graus de liberdade, em que ν é o resíduo padronizado. 1/ 2 L ** O ese de CUSUM é dado por CUSUM = L = ν j 1 T + j e é disribuído aproximadamene segundo uma disribuição com T-L-d graus de liberdade, em que ν é o resíduo padronizado. E.P.A. é a soma dos erros absoluos de previsão, enquano que S.Q. E. P. é a soma dos quadrados dos erros de previsão. 2 15 5. Considerações Finais A caegorização de um país como periférico é algo basane discuível frene aos diversos processos de inegração regional e desenvolvimeno econômico vivenciado nas úlimas décadas ano pelo Brasil como por ouros países subdesenvolvidos. Porém é fao o crônico desequilíbrio exerno que experimenou o Brasil ao longo do século XX em suas diversas fases de desenvolvimeno econômico. Dado isso, essa análise procurou melhor qualificar um dos possíveis faores deerminanes dese desequilíbrio, ou seja, a endência secular declinane dos ermos de roca do Brasil ao longo do período de 1850 à 2000. Em ermos hisóricos é níida a presença de um padrão cíclico, ainda que não consane, dos ermos de roca nacional, aé aproximadamene os anos 60, padrão ese deerminado primordialmene pelo comporameno dos preços inernacionais do café. Após esse período ese padrão de fluuação da série hisórica orna-se menos evidene em razão principalmene das alerações de composição das pauas de exporação e imporação do Brasil, somada à presença de fores oscilações, aparenemene ransiórias, produzidas pelas políicas econômicas recessivas e pelos choques do mercado de algumas commodiies, como o peróleo, nas décadas de 1970 e 1980. No enano, com relação a presença de uma endência secular declinane os faos hisóricos não permiem uma conclusão direa, já que ocorreram diversos choques vivenciados especialmene ao final do século XIX e aparenemene aé a meade do século XX, os quais dificulam uma avaliação mais precisa de al evolução. Esaisicamene o que se enou realizar aqui foi o aprimorameno da represenação esaísica da série dos ermos de roca, em razão de er se observado que uma parcela da ambigüidade dos resulados produzidos aé enão pela lieraura empírica sobre os ermos de roca nacional devem-se a represenações que não eram suficienemene gerais, de modo a permiirem a incorporação, de modo conjuno, de diversas possibilidade de represenação do componene de endência, além de quebras esruurais e/ou ouliers.

16 Iso foi conseguido por meio da esimação de modelos esruurais de séries de empo, onde foi possível inferir sobre a presença de um ermo de inclinação deerminisa negaivo para a série de ermos de roca do Brasil, no período de 1850 a 2000, além da presença de múliplas quebras esruurais, referendadas pelos faos hisóricos mencionados na análise. Em conraposição a esse modelo, esimou-se um ouro modelo com apenas uma endência esocásica e múliplas quebras e foi realizada uma comparação em ermos de eses de diagnósico, qualidade de ajusameno e poder prediivo. Esa comparação revelou a superioridade do modelo com o ermo de drif negaivo, favorecendo, porano, à aceiação da ese que haveria uma deerioração sisemáica dos ermos de roca do Brasil. Bibliografia ATHUKORALA, P. (1993) Manufacured expors from developing counries and heir erms of rade: a reexaminaion of he Sarkar-Singer resuls World Developmen, v. 21(10), p. 1607-1613. BACHA, E.L. (1992) Políica Brasileira de Café: uma análise cenenária In: 150 Anos de Café, Marcellino Marins & E. Johnson. BARROS, A. R.(1992) On he deerioraion of he erms of rade for primary commodiies Revisa de Economeria, Rio de Janeiro, v.12 (1), p.31-55. CUDDINGTON, J. T. & URZÚA, C. M. (1989) Trends and cycles in he ne barer erms of rade: a new approach The Economic Journal n.º 99 p. 426-442 DELFIM NETTO, A. (1966) O Problema do Café no Brasil. São Paulo: IPE-USP. DARITY Jr, W. (1990) The fundamenal deerminans of he erms of rade reconsidered: Longrun and long-period equilibrium. The American Economic Review, v. 80 (4), p. 816-827. DIAKOSAVVAS, D.& SCANDIZZO, P. (1991) Trends in he erms of primary commodiies, 1900-1982: he conroversy and is origin Economic Developmen and Culural Change n.º 39, p. 221-264. FAUSTO, B. (1989). Expansão do Café e Políica Cafeeira In: FAUSTO, B. Hisória Geral da Civilização Brasileira - Volume III: O período Republicano - omo 1: esruura de poder e economia (1889-1930). 5ª ed. São Paulo: Berrand Brasil. FRANCO, G.H.B. (1983). Reforma Moneária e Insabilidade Durane a Transição Republicana. Rio de Janeiro: BNDES. FINDLAY, R. (1980) The erms of rade and equilibrium growh in he world economy. The American Economic Review, v. 70 (3), p. 291-299.. (1987) Growh and developmen in rade models. In: JONES, R. W & KENEN, P. B. (ed.) Handbook of Inernaional Economics, Amserdan: Norh Holland, v. 1. FURTADO, C. (1959). Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Ediora Nacional. GONÇALVES, R. & BARROS, A.C. (1982) Tendências dos ermos de roca: a ese de Prebisch e a economia brasileira 1850/1979 Pesquisa e Planejameno Econômico Vol. 12(1), p. 109-132. GRILLI, E & YANG, M. (1988) Primary commodiies prices,manufacured goods prices and he erm of rade of developing counries: wha he long run shows The World Bank Economic Review, Vol. 2 (1), p. 1-47. HARVEY, A.C. (1989) Forecasing, Srucural Time Series Models and he Kalman Filer. Cambridge, U. K.: Cambridge Universiy Press. HARVEY, A.C. & KOOPMAN, S.J. (1992) Diagnosic checking of unobserved componens ime series Journal of Business and Economic Saisics, n.º 10, p. 377-389.

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