UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA OLIMPÍADA REGIONAL DE MATEMÁTICA PET MATEMÁTICA. Gabarito da XII Prova da ORM - 2 a fase de 2009 Nível 3

Documentos relacionados
30's Volume 15 Matemática

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA OLIMPÍADA REGIONAL DE MATEMÁTICA PET MATEMÁTICA. Gabarito da XII Prova da ORM - 2 a fase de 2009 Nível 2

Resolução 2 a fase 2015 Nível 3

30's Volume 9 Matemática

Conceitos básicos de Geometria:

Professor Alexandre Assis. Lista de exercícios de Geometria

Nome: nº Professor(a): UBERLAN / CRISTIANA Série: 3ª EM Turmas: 3301 / 3302 Data: / /2013

CONCURSO DE ADMISSÃO AO COLÉGIO MILITAR DO RECIFE - 99 / 00 PROVA DE CIÊNCIAS EXATAS DA. 1 a é equivalente a a

30's Volume 22 Matemática

Exercícios Obrigatórios

Geometria Plana: Polígonos regulares & Áreas de Figuras Planas.

Aula 11 Polígonos Regulares

ATIVIDADES COM GEOPLANO CIRCULAR

Polígonos Regulares. UFPEL-DME Geometria Plana Prof Lisandra Sauer

CIRCUNFERÊNCIA E CÍRCULO 1ª PARTE DEFINIÇÕES

O que é triângulo (*)

Aula 1. Exercício 1: Exercício 2:

Polígonos PROFESSOR RANILDO LOPES 11.1

XXV OLIMPÍADA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA TERCEIRA FASE NÍVEL 1 (5 ª ou 6 ª Séries)

Plano de Recuperação Semestral EF2

02 Do ponto P exterior a uma circunferência tiramos uma secante que corta a

XXIX OLIMPÍADA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA PRIMEIRA FASE NÍVEL 2 (7ª. e 8ª. séries) GABARITO

AVF - MA Gabarito

30 s Volume 16 Matemática

XX OLIMPÍADA REGIONAL DE MATEMÁTICA DE SANTA CATARINA Resolução do treinamento 6 Nível 3

GABARITO DO CADERNO DE QUESTÕES

1. Área do triângulo

Lista 1 com respostas

2. (Fgv 2005) a) Obtenha a área de um triângulo eqüilátero em função da medida h da altura.

Usando estas propriedades, provamos que:

XX OLIMPÍADA REGIONAL DE MATEMÁTICA DE SANTA CATARINA Treinamento 7 Nível 3

Matemática E Intensivo V. 1

Proposta de teste de avaliação

Circunferência. MA092 Geometria plana e analítica. Interior e exterior. Circunferência e círculo. Francisco A. M. Gomes

Questão 2. Questão 1. Questão 3. Resposta. Resposta. Resposta

MATEMÁTICA 3 GEOMETRIA PLANA

Matemática Professor Diego. Tarefa 12

Lista 1 com respostas

NOTAÇÕES. : inversa da matriz M : produto das matrizes M e N : segmento de reta de extremidades nos pontos A e B

PREPARATÓRIO PROFMAT/ AULA 8 Geometria

EXERCÍCOS DE REVISÃO TREINANDO PARA AS PROVAS 2º. BIMESTRE 8o. ANO

UNICAMP Você na elite das universidades! MATEMÁTICA ELITE SEGUNDA FASE

a) 64. b) 32. c) 16. d) 8. e) 4.

1ª Aula. Introdução à Geometria Plana GEOMETRIA. 3- Ângulos Consecutivos: 1- Conceitos Primitivos: a) Ponto A. b) Reta c) Semi-reta

Lista 2 com respostas

XXXIII Olimpíada Brasileira de Matemática GABARITO Segunda Fase

05. Um retângulo ABCD está dividido em quatro retângulos menores. As áreas de três deles estão na figura abaixo. Qual é a área do retângulo ABCD?

XXXVIII Olimpíada Cearense de Matemática Nível 2 - Oitavo e Nono Anos

MATEMÁTICA II LISTA DE GEOMETRIA PLANA - V

Agrupamento de Escolas de Alcácer do Sal MATEMÁTICA - 9o Ano

POLÍGONOS REGULARES. Segmento: ENSINO MÉDIO. Tipo de Atividade: LISTA DE EXERCÍCIOS. 06/2017 Turma: 2 A

Grupo de exercícios II.2 - Geometria plana- Professor Xanchão

Colégio Santa Dorotéia

TEOREMA DE CEVA E MENELAUS. Teorema 1 (Teorema de Ceva). Sejam AD, BE e CF três cevianas do triângulo ABC, conforme a figura abaixo.

Provas de Acesso ao Ensino Superior Para Maiores de 23 anos PROVA MODELO DE MATEMÁTICA

LISTA DE RECUPERAÇÃO DE GEOMETRIA 1º ANO 2º TRIMESTRE

ESTRATÉGIAS PARA CÁLCULO DE ÁREAS DESCONHECIDAS

Aula 3 Polígonos Convexos

Universidade do Algarve

Grupo 1 - N1M2 - PIC OBMEP 2011 Módulo 2 - Geometria. Resumo do Encontro 6, 22 de setembro de Questões de geometria das provas da OBMEP

Colégio Santa Dorotéia

Unidade 6 Geometria: polígonos e circunferências

XXXIV OLIMPÍADA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA PRIMEIRA FASE NÍVEL 2 (8º. e 9º. anos) GABARITO

Lista 5. Geometria, Coleção Profmat, SBM. Problemas selecionados da seção 4.1, pág. 147 em diante.

MATEMÁTICA II LISTA DE GEOMETRIA PLANA - III

Teorema de Tales. MA13 - Unidade 8. Resumo elaborado por Eduardo Wagner baseado no texto: A. Caminha M. Neto. Geometria.

Prova final de MATEMÁTICA - 3o ciclo a Fase

Exercícios Propostos. Exercício 1: Cinco retas distintas em um plano cortam-se em n pontos. Determine o maior valor que n pode assumir.

MATEMÁTICA A - 11.º Ano TRIGONOMETRIA

Avaliação 2 - MA Gabarito

Instruções para a realização da Prova Leia com muita atenção

38ª OLIMPÍADA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA PRIMEIRA FASE NÍVEL 2 (8º e 9º anos do Ensino Fundamental) GABARITO

30's Volume 18 Matemática

Grupo 1 - PIC OBMEP 2011 Módulo 2 - Geometria. Resumo do Encontro 6, 22 de setembro de Questões de geometria das provas da OBMEP

SOLUÇÃO DAS ATIVIDADES COM GEOPLANO CIRCULAR

Prova final de MATEMÁTICA - 3o ciclo a Chamada

Matemática D Semi-Extensivo V. 2

MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL. ENQ Gabarito. c1 + c 2 = 1 c 1 + 4c 2 = 3. a n = n. c 1 = 1 2c 1 + 2c

a média de gols da primeira rodada, M G a média de gols das duas primeiras rodadas e x o número de gols da segunda rodada, tem-se 15 + x 15 M G

CONCURSO DE ADMISSÃO AO COLÉGIO MILITAR DO RECIFE - 97 / a QUESTÃO MÚLTIPLA ESCOLHA

Treino Matemático. 1. Em qual das figuras podes observar um polígono inscrito numa circunferência? (A) (B) (C) (D)

ENQ Gabarito MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL. Questão 01 [ 1,25 ]

Lista 2 com respostas

INSTITUTO DE APLICAÇÃO FERNANDO RODRIGUES DA SILVEIRA LISTA 9 RECORDAR É VIVER. é igual a:

MATEMÁTICA. Capítulo 5 LIVRO 1. Teorema de Pitágoras Relações Métricas nos Triângulos. Páginas: 190 à201

GABARITO - ANO 2018 OBSERVAÇÃO:

OBMEP NA ESCOLA Soluções

Áreas IME (A) (B) (C) (D) 104 (E) e 2

ITA18 - Revisão. LMAT10A-1 - ITA 2017 (objetivas) Questão 1

Olimpíada Mineira de Matemática 2008

Escola Secundária com 3º ciclo D. Dinis 10º Ano de Matemática A TEMA 1 GEOMETRIA NO PLANO E NO ESPAÇO I. TPC nº 7 entregar no dia

RETAS E CIRCUNFERÊNCIAS

Círculos ou circunferências

Matemática. Nesta aula iremos aprender as. 1 Ponto, reta e plano. 2 Posições relativas de duas retas

Matemática A - 10 o Ano

PROVAS DE NÍVEL MÉDIO DA FUNDATEC

36ª Olimpíada Brasileira de Matemática GABARITO Segunda Fase

BANCO DE EXERCÍCIOS - 24 HORAS

TIPO DE PROVA: A. Questão 1. Questão 4. Questão 2. Questão 3. Questão 5. alternativa C. alternativa B. alternativa A.

LISTA DE EXERCÍCIOS P4 3º BIM 2015 POTÊNCIAS PARTE 1. 1) Calcule: a) b) c) d) 2) (PUC-SP) Calcule: a) 2 4. b) 4 2 d) 3) (FUVEST SP) Qual a metade de

Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA XII OLIMPÍADA REGIONAL DE MATEMÁTICA PET MATEMÁTICA OLIMPÍADA REGIONAL DE MATEMÁTICA SANTA CATARINA - UFSC Gabarito da XII Prova da ORM - a fase de 009 Nível 3. Chamaremos um número inteiro maior do que de harmômico se existir um número inteiro positivo x de n algarismos tal que: = x 0 n x Neste caso diremos que x é um conjugado hamônico de. a) Encontre o menor número harmônico. b) Prove que todo número harmônico, exceto o menor deles, termina em 3 ou em 63. c) Mostre que não é possível encontrar um número harmônico cujo conjugado harmônico seja também harmônico. De = x 0 n x, obtemos x = 0n. Os números e não possuem fatores em comum pois, caso contrário, se = mk e = lk, com k >, teríamos = mk e mk = lk ou (m l)k = ; o que nos dá k =. Portanto, divide 0 n e, como é ímpar, então deve ser potência de 5: = 5 p, ou = 5p +. a) Se p = 0, então = e não serve. Se p =, então = 3, que é o menor número harmônico. Nesse caso, x = 0.3 6 = 6. O menor número harmônico é x = 6. b) Para p =, temos = 5 + inteiro). = 3 e x = 0.3 5 = 5 ( para x com algarismos não teríamos x Para p = 3, temos = 6 = 63 e x = 03.63 = 9 ( para x com algarismos não teríamos x inteiro). 5 Agora note que, se termina em 3, então = 0.a+3, para algum inteiro a. Então 0.a+3 = 5n +, ou 5 n =.0 a + 5, o que nos dá para o número harmônico seguinte: 5 n+ + = 0.0 a + 5 + = 5a.0 + 63, ou seja, o próximo número harmônico termina em 63. Se termina em 63, então = 0.b + 63 = 5n +, o que nos dá para o número harmônico seguinte: 5 n+ + = 0.0 b + 5.5 + = 5b.0 + 33, ou seja, o próximo número harmônico termina em 3. c) De = x 0 n x, obtemos 0n = ( )x e, como 0 n é par e é ímpar, então x deve ser par (qualquer conjugado harmônico é par). Como todos os números harmônicos são ímpares (terminam em 3), então não é possível encontrar um número harmônico cujo conjugado harmônico seja harmônico.

. Escreva 009 como a soma de três quadrados perfeitos positivos. Note que 7 divide 009. Daí temos: 009 = 7 = 7 (6 + 5) = 7 (6 + 6 + 9) = 7 ( + + 3 ) = + +. OBS: Há outras respostas possíveis. Por exemplo: 009 = 600 + 00 + 9 = 0 + 0 + 3. 3. Considere a gura plana construída com quadrados empilhados de forma recursiva da seguinte maneira: Após uma innidade de passos obtemos uma gura nal com innitos quadrados (suponha que isso fosse possível de ser feito). a) Calcule o perímetro da gura nal. b) Calcule a área da gura nal. a) Note que, no passo n, a altura e o comprimento da pilha são iguais a + + +... +. n Assim, o perímetro da gura nesse passo n é igual a ( p n = + + +... + ) n No "passo "teremos p = k=0 k = = O perímetro da gura nal será. b) No passo n a área total da gura será: A n = + ( ) + Assim, no "passo "teremos: ( ) + ( ) ( ) +... + n n = + + +... + n A = + + +... = k=0 k = OBS: Embora as guras se "aproximem", em termos de área, do triângulo retângulo de catetos iguais a. Em termos de perímetro isso não acontece, pois para n "bem grande"o perímetro está "próximo"de, e o perímetro daquele triângulo é igual a + + = 6,.

A área da gura nal será.. Encontre todos os pares (x, ), com x e inteiros, para os quais a expressão atinge seu valor máximo. Que valor é esse? (x + 3 ) ( x ) Vamos analisar os valores da expressão para x e na circunferência de raio k: (e centro (0, 0)). Então, x + = k (x + 3 ) x = (x + + ) (x + ) = (k + ) k Como k é constante (na circunferência) teremos que o valor máximo da expressão, para x e na circunferência de raio k, será atingido quando = ±k (e neste caso x = 0). Tal valor será 3k k = 6k k = 6n n, n = k. Basta então analisar os valores de 6n n, n = k. Se n = ou n = teremos o valor 3. Para n = teremos k =, e portanto = ±. Para n = teremos k =, o que não nos dá valor inteiro para. Vamos mostrar agora que 6n 6n < 3, se n 3. Para n = 3 teremos n n = < 3. Suponhamos verdadeiro para n. Então, para n + : 6(n + ) = 6n + 6 < 3 n + 3 = 3( n + ). Mas n + = ( n + ) < n < n+, já que n + < n, se n 3. Logo, o valor máximo é 3 e é atingido para (0, ) e (0, ). O valor máximo é 3 e é atingido para (0, ) e (0, ). 5. Oito pontos A, B, C, D, E, F, G e H são distribuídos aleatoriamente em uma circunferência de raio R xado. Se for possível traçar oito circunferências, com centros em cada um desses pontos e com raios menores do que a distância de cada um deles aos dois pontos vizinhos, tais que elas sejam tangentes consecutivamente (conforme gura), diremos que essa distribuição de pontos apresenta solução para o problema de tangência das circunferências.

a) Mostre que, se os pontos forem distribuídos formando um octógono com quatro pares de lados consecutivos de mesmo comprimento (por exemplo, se AB = BC, CD = DE, EF = FG e GH = HA), então essa distribuição de pontos apresenta uma innidade de soluções para o problema de tangência. b) Dê um exemplo de uma distribuição de pontos que não apresenta solução para o problema de tangência. c) Seja S a soma dos comprimentos das oito circunferências quando uma distribuição de pontos apresenta solução para o problema de tangência. Mostre que S não varia, qualquer que seja a solução para a distribuição de pontos do item (a). d) Calcule S, em função de R, no caso em que os oito pontos estão distribuídos formando um octógono regular. Antes de mais nada notamos que, se as duas circunferências são tangentes, então os seus centros e o ponto de tangência são colineares. a) Seja B o vértice tal que AB = BC, e tal que esses sejam os menores lados do polígone ABCDEF G. Então, considerando que AB = BC, CD = DE, EF = F G e GH = HA e que T é o ponto de tangência entre A e B (das circunferências de centro A e B), T entre B e C, T 3 entre C e D, T entre D e E, T 5 entre E e F, T 6 entre F e G, T 7 entre G e H, e T entre H e A, teremos, chamando de r A o raio da circunferência de centro A, de r B o raio da circunferência de centro B e assim por diante, as seguintes igualdades: BT = BT = r B CT = CT 3 = r C DT 3 = DT = r D ET = ET 5 = r E F T 5 = F T 6 = r F GT 6 = GT 7 = r G HT 7 = HT = r H AT = AT = r A Das igualdades acima e de: AB = BC obtemos que r A = AT = AT = CT = CT 3 = r C CD = DE obtemos que r C = CT 3 = ET = r E GH = HA obtemos que r G = GT 7 = AT = r A Portanto r A = r C = r E = r G e haverá quatro circunferências de mesmo raio. Note que começando pelo vértice que possui os dois lados iguais consecutivos menores, sempre podemos obter as oito circunferências de modo que a distribuição apresente solução para o problema de tangência das circunferências. Além diso, qualquer pequena variação em r B = BT = BT, continuará a dar soluções para o problema. Portanto há uma innidade de soluções. b) Basta tomar uma distribuição tal que AB = CD e tal que AB < BC. Nesse caso, teremos BT < AB < BC, o que nos dá BT = BT < BC e daí CT > BC = CD, ou seja, qualquer que seja r A temos que r C > CD, e não haverá solução para o problema de tangência. A B D C c) A soma S será dada por: S = π(r A + r B + r C + r D + r E + r F + r G + r H ), mas (r A + r B + r C + r D + r E + r F + r G + r H ) é o perímetro do polígono ABCDEF GH, que é constante, xados os oito pontos. d) Se ABCDEF G for um octógono regular, então:

A M B O C S = πp = πl, com l = AB = BC = CD = DE = EF = F G = GH Vamos calcular l em função de R; Temos que AC é o lado do quadrado inscrito na circunferência. Portanto AC = R. Assim, AM = CM = R. Agora, como O ˆAC = O ˆCA = 5 o, e como A ˆOB = C ˆOB = 5 o, então OM = AM = CM = R. Logo, BM = OB OM = R R = R ( ). No BMC: BC = CM +BM, oul = [ R ] +[ R ( )] = R Portanto, l = R e daí S = πr. S = πr. + R (6 ) = R ( ) = R ( ). Local: PET Matemática Centro de Ciências Físicas e Matemáticas Universidade Federal de Santa Catarina Fone/FAX: () 37-609 orm@pet.mtm.ufsc.br www.orm.mtm.ufsc.br