VIGILÂNCIA DA SÍFILIS CONGÊNITA: IMPACTO DAS MEDIDAS ADOTADAS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO.



Documentos relacionados
Plano de Qualificação das Linhas de Cuidados da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis nos Estados do Semiárido e Amazônia Legal

Linhas de Cuidado da Transmissão Vertical do HIV e Sífilis. 18 de junho de 2012

Experiência: VIGILÂNCIA À SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Protocolos gerenciados Arritmias Cardíacas e Síncope

ANEXO IV INDICADORES ESTRATÉGICOS PARA A REDE CEGONHA

Hélio Vasconcellos Lopes

GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO SERVIÇO DE SAÚDE COMUNITÁRIA APOIO TÉCNICO EM MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Relato de Experiência: Enfrentamento do Surto de Meningite Viral em Pernambuco pelo Núcleo de Epidemiologia do Hospital Correia Picanço

NÚCLEO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA HOSPITALAR

TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV E SÍFILIS: ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO E ELIMINAÇÃO

Experiências Nacionais na Abordagem de Hipertensão e Diabetes na Rede de Atenção Primária A Experiência de São Bernardo do Campo

PLANILHA DE OBJETIVOS E AÇÕES VIABILIZADORAS FT DE SAÚDE - "A SANTA MARIA QUE QUEREMOS"

DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO DE APOSENTADORIA - FORMAÇÃO DE CAPITAL E ESGOTAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES

PROGRAMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR PCIH. Orientações

O CUIDADO QUE EU PRECISO

PRÓ-TRANSPORTE - MOBILIDADE URBANA - PAC COPA CT /10

PRÓ-TRANSPORTE - MOBILIDADE URBANA - PAC COPA CT /10

Oficina 2 Os trabalhos foram iniciados com a discussão do relato de caso apresentado. O grupo conversou sobre quais as medidas a serem adotadas pela

HIV/aids no Brasil

ANEXO I TERMO DE COMPROMISSO DE APOIO À ASSISTÊNCIA HOSPITALAR

ACOMPANHAMENTO DA PUÉRPERA HIV* Recomendações do Ministério da Saúde Transcrito por Marília da Glória Martins

RELATÓRIO DESCRITIVO DE ATIVIDADES Campus XXXXXXX

PROGRAMAÇÃO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE /2009

Pacto de Atenção Básica 2002 Notas Técnicas

05/05/2014 NOTA TÉCNICA

Relatório de Gestão da CCIH

Programa Nacional para a Prevenção e o Controle das Hepatites Virais

ESF Estratégia de Saúde da Família

famílias de baixa renda com acesso aos direitos

Incentivo às Ações de Vigilância, Prevenção e Controle das DST, Aids e Hepatites Virais

SAÚDE. Coordenador: Liliane Espinosa de Mello

INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROFº FERNANDO FIGUEIRA - IMIP

Programa Consumo Responsável. Julho 2015

Informatização do processo de cálculo e lançamento de adicionais noturnos e adicionais de plantão hospitalar na Universidade Federal de Santa Maria

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU MODALIDADE A DISTÂNCIA CRONOGRAMA ACADÊMICO 2011 MBA EM ADMINISTRAÇÃO E MARKETING TURMAS 2011

Pólos de testes anti-hiv para gestantes

Relatório de Gestão da CCIH

Implementação das Notificações dos Agravos e Acidentes Relacionados à Saúde do Trabalhador da Saúde no SINAN no Município de Jaramataia - Alagoas

Planejamento Estratégico

A POLÍTICA DE DST/AIDS NA VISÃO DE UM TRABALHADOR DO SUS. SORAIA REDA GILBER Farmacêutica Bioquímica LACEN PR

1ª. Reunião de Análise Estratégica Núcleo de Gestão Estratégica. Manaus, 05 de março de 2012

PLANILHA DE OBJETIVOS E AÇÕES VIABILIZADORAS FT DE SAÚDE - "A SANTA MARIA QUE QUEREMOS"

Fabiana Maria Nascimento de Figueiredo

Projeto Redução da Mortalidade Infantil e Materna em Minas Gerais Outubro Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

Gestão de Qualidade. HCFMRP - USP Campus Universitário - Monte Alegre Ribeirão Preto SP Brasil

Resultado do Monitoramento das atividades da Rede Sentinela Novembro/11 a Outubro/12

IV FÓRUM ÉTICO LEGAL EM ANÁLISES CLÍNICAS

DELEGACIA REGIONAL TRIBUTÁRIA DE

Rede Nacional de Câncer Familial: Sub-rede de Epidemiologia

CONTROLE DO GASTO PÚBLICO, DESDE AS PEQUENAS COMPRAS

Estado do Rio Grande do Sul Secretaria da Saúde Complexo Regulador Estadual Central de Regulação das Urgências/SAMU. Nota Técnica nº 10

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SANTA CATARINA

Elinar Maria Stracke

PALAVRAS-CHAVE: Uso Racional de Medicamentos. Erros de medicação. Conscientização.

1º) Instruir os professores e alunos quanto ao uso e acesso do Portal Aprende Brasil. 2º) Mostrar aos professores a importância do acesso ao Portal.

VIGILÂNCIA SOCIAL E A GESTÃO DA INFORMAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

RELAÇÃO DE DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA COMPROVAÇÃO DOS ITENS DE VERIFICAÇÃO - UPA

Plano Diretor do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora

NOTA TÉCNICA Nº 15/2015 SUVIGE/CPS/SESAP-RN

REGIME DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA VOLUNTÁRIA DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO

A GESTÃO DA IMPLANTAÇÃO UM CAMINHO SEM VOLTA. Luciene P. da Silva Potenciano


TABELA PRÁTICA PARA CÁLCULO DOS JUROS DE MORA ICMS ANEXA AO COMUNICADO DA-46/12

GDOC INTERESSADO CPF/CNPJ PLACA

Consulta Pública n.º 09/2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Título: PROJETO SOCIAL LEITE É VIDA: NO COMBATE À DESNUTRIÇÃO. Data de realização: mensalmente

1. RESUMO EXECUTIVO. Data: 19/03/2014 NOTA TÉCNICA 48/2014. Medicamento Material Procedimento Cobertura

UNIDADE DE EMERGÊNCIA HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

AVALIAÇÃO DA EPIDEMIA DE AIDS NO RIO GRANDE DO SUL dezembro de 2007

Sistemas de Informação em Saúde. Informatização da Atenção Básica Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (SMS-SP)

REDUÇÃO DE DANOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE

Mudança Orientada por Comportamento

Plano de Ação de Vigilância Sanitária

Sistema de Informação

ESTUDO DE CASOS DAS DOENÇAS EXANTEMÁTICAS

Federação Nacional dos Nutricionistas. Federação Nacional dos Nutricionistas firma convênio com o Instituto Racine

Gestão da dengue no município de Niterói

PROJETO MELHORES PRÁTICAS NA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO CAMPANHA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

Informe Técnico SARAMPO nº 5 Sarampo no Estado de São Paulo

Condicionalidades do Programa Bolsa Família Intersetorialidade na gestão integrada entre serviços e renda CONGEMAS Rio Verde/GO

CONCEITO OBJETIVO 24/9/2014. Indicadores de Saúde. Tipos de indicadores. Definição

DOENÇA DIARREICA AGUDA. Edição nº 9, fevereiro / 2014 Ano III. DOENÇA DIARRÉICA AGUDA CID 10: A00 a A09

Mostra de Projetos Tribuninha

INFORME SOBRE A VIGILÂNCIA DO ÓBITO MATERNO

Alcançado (b) Número total de casos notificados. Número total de notificações negativas recebidas

MINUTA DE RESOLUÇÃO CFM

Transcrição:

VIGILÂNCIA DA SÍFILIS CONGÊNITA: IMPACTO DAS MEDIDAS ADOTADAS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO. Verginia Medianeira Dallago Rossato José Luís Guedes dos Santos Carlos André Aita Schmitz Natália Garlet Alexandre Vargas Schwarzbold

INTRODUÇÃO A Sífilis em parturientes apresenta prevalências de 1,6% (Brasil), 1,4% (região Sul). A redução da transmissão vertical é meta do Pacto da Saúde (2006) definida por plano operacional (2007). HUSM: oferece cobertura para a região centro-oeste do estado do Rio Grande do Sul (atende população de 1,6 milhões de habitantes). RS tem Notificação de 4 casos de sífilis congênita no período de 2002 a 2006. O Município de Santa Maria notificou 10 casos neste período, com uma população de 250 mil habitantes (fonte Sistema Nacional de Agravos de Notificação SINAN).

INTRODUÇÃO Conforme Portaria GM/MS nº 2529 implantado o Núcleo de Vigilância Epidemiológica-NVEH (março 2007). Início da vigilância com meta de atingir os 100% : a partir de novembro de 2007. Não havia estatística dos casos de sífilis entre as parturientes atendidas no Centro Obstétrico CO do HUSM. OBJETIVO Relatar o impacto das medidas de vigilância e a incidência dos casos de sífilis em gestantes no Hospital Universitário de Santa Maria HUSM.

MÉTODO Discussão conjunta com os profissionais do CO (clínicos e administrativos), do laboratório e representantes da direção. Vigilância da sífilis congênita passa a ter protocolo institucional de alta prioridade. Elaborou-se uma ferramenta simples de controle epidemiológico: uma planilha eletrônica compartilhada em rede pelos setores envolvidos no processo (C.O e NVEH). Por meio desse expediente, o NVEH tem acesso a todas as pacientes atendidas pelo CO, podendo intervir nas etapas de solicitação do exame, verificação do resultado, acompanhamento da conduta terapêutica e busca ativa de contatos.

RESULTADOS 250 238 222 219 224 235 238 229 200 163 191 150 100 SNR SR 50 0 4 2 3 2 3 1 2 2 1 Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

DISCUSSÃO Em dezembro de 2007, a constatação pelo NVEH de que, das 212 parturientes atendidas, 42 (19,81%) não haviam recebido solicitação de VDRL, levou a equipe a reunir novamente os atores do processo para um processo de retroalimentação. No mesmo mês ocorreram quatro casos (1,89%) de sorologia positiva. Em janeiro de 2008, após a divulgação dos primeiros resultados e reforço do protocolo junto às partes, atingiu-se 100% de solicitação do VDRL nas 240 pacientes recebidas pelo CO, com dois casos (0,82%) de sorologia positiva.

DISCUSSÃO Tem-se verificado que não há consenso quanto ao tratamento e seguimento dos casos, pois casos de VDRL com baixa titulação (<= 1:4) tendiam a ser pouco valorizados pelos clínicos. O NVEH passou a monitorar a solicitação do exame confirmatório (FTA-ABS), intervindo, através de sua assessoria clínica, junto aos médicos no intuito de padronizar a terapêutica. Ocorreram situações em que tivemos de dar ênfase a busca dos parceiros para coleta de amostra para VDRL buscando interromper a cadeia de transmissão.

DISCUSSÃO Nos casos residentes em Santa Maria em que a paciente deixou o hospital antes da coleta do VDRL, algumas foram chamadas e vieram fazer a coleta, enquanto outras a coleta foi feita no domicílio. Neste período tivemos de recorrer a Serviço de Saúde do Município para garantir a VE em caso que necessitava de controle e seguimento extra-hospitalar tanto para a paciente, como para o recém nascido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Através deste trabalho, a VE cumpriu suas prerrogativas de controle e, inserida dentro de um sistema de saúde, pode interferir de forma positiva na melhora da qualidade do atendimento institucional. A presença da VE foi determinante na implantação do protocolo de controle e na padronização da terapêutica sem ferir nenhum preceito ético profissional e respeitando o sigilo do paciente. A formação de redes estimuladas pela resolução de um problema de interesse comum mostrou-se como um caminho natural para os níveis local, municipal e regional de VE.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que a falta de tecnologias duras, como um sistema informatizado que integre informações clínicas, epidemiológicas e administrativas pode ser parcial e temporariamente minimizada com a ação em equipe e atenção diferenciada para capacitação e educação permanente dos atores envolvidos no processo (tecnologia leve). A sinergia entre disponibilização em rede da informação (retroalimentação) e o consenso a respeito de responsabilidade e autonomia clínica, epidemiológica e administrativa tem sido determinantes para o sucesso do protocolo de vigilância.