PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

Documentos relacionados
Airon Aparecido Silva de Melo

PALMA NA ALIMENTAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS Airon Aparecido Silva de Melo. Zootecnista, D.Sc. Professor UFRPE - UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS

I N O V A Ç Õ E S T E C N O L Ó G I C A S N A C O N S E R V A Ç Ã O D E F O R R A G E N S E A L I M E N T O S V O L U M O S O S

MANIÇOBA (Manihot glaziovii) Maria Verônica Meira de Andrade. 1. Introdução

Caracterização Bromatológica de Casca de Mandioca e da Manipueira para Utilização na Alimentação Animal

ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO DE RAÇÃO PARA FRANGOS DE CORTE DE UMA EMPRESA DA BAHIA.

Avaliação química de resíduo de fecularia

USO DA MACAÚBA NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

Volumosos. Volumosos. Volumosos. Volumosos. Alimentos utilizados na alimentação Animal. Marinaldo Divino Ribeiro

A Mandioca na Alimentação Animal

ALTERNATIVAS ALIMENTARES PARA CAPRINOS E OVINOS NO SEMIÁRIDO. Márcio José Alves Peixoto Agrônomo D.Sc. Coordenador de Pecuária / SDA

AVALIAÇÁO BROMATOLÓGICA DE RESÍDUOS DE MANDIOCA PARA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

COMPOSIÇÃO QUIMICA DE FARINHAS DE DIFERENTES ESPÉCIES DE INSETOS COMO INGREDIENTE PARA RAÇÃO ANIMAL

Comunicado Técnico 10

Palavras-chave: caatinga, composição química, forrageiras, nutrição animal, semiárido.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

CONSUMO DE NUTRIENTES E DESEMPENHO PRODUTIVO EM CORDEIROS ALIMENTADOS COM DIFERENTES FONTES E PROPORÇÃO DE VOLUMOSOS

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA PRODUÇÃO DE LEITE EM SISTEMAS PASTORIS

EMENTA DE DISCIPLINA

CARACTERÍSTICAS BROMATOLÓGICAS DA SILAGEM DE SORGO EM FUNÇÃO DE DUAS DATAS DE SEMEADURA COM DIFERENTES POPULAÇÕES DE PLANTAS NO SUL DE MINAS GERAIS

Coprodutos e subprodutos agroindustriais na alimentação de bovinos

COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA E DIGESTIBILIDADE IN VITRO

Coprodutos e subprodutos agroindustriais na alimentação de bovinos

ECONOMICIDADE DA SUBSTITUIÇÃO MILHO PELO RESÍDUO ÚMIDO DA EXTRAÇÃO DE FÉCULA DE MANDIOCA NA TERMINAÇÃO DE TOURINHOS EM CONFINAMENTO

CUSTO DE PRODUÇÃO DE TOURINHOS NELORE ALIMENTADOS COM DIETAS À BASE DE FUBÁ OU MILHO DESINTEGRADO COM PALHA E SABUGO (MDPS) Introdução

Utilização da cana-de na alimentação de ruminantes. Paulo R. Leme FZEA -2007

SILAGEM DE GIRASSOL. Ariomar Rodrigues dos Santos

Utilização da cana-deaçúcar na alimentação de ruminantes. Paulo R. Leme FZEA -2007

Prof. Raul Franzolin Neto Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos Universidade de São Paulo Campus de Pirassununga E_mail:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA PROGRAMA DE DISCIPLINA

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

AVALIAÇÃO DO TEMPO DE FERMENTAÇÃO DA SILAGEM DE MILHO SOBRE A QUALIDADE BROMATOLOGICA

AVALIAÇÃO DOS COMPONENTES NUTICIONAIS DO FARELO DE MESOCARPO DE BABAÇU PARA ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS.

Relação entre variáveis bromatológicas em silagens de milho produzidas no sudoeste do Paraná

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO GLICEROL PARA ALIMENTAÇÃO DE OVINOS

COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA DOS FENOS DE GRAMA ESTRELA, PARTE ÁREA DE MANDIOCA E BRACHIARIA MG4 PRENSADO NO SUDOESTE BAIANO 1

SILAGEM DE GRÃOS ÚMIDOS GIOVANI RODRIGUES CHAGAS ZOOTECNISTA

Produção e Composição Bromatológica de Cultivares de Milho para Silagem

Noções de Nutrição Animal com Ênfase nos Ruminantes parte I

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM SAFRA 2017/2018. Campinas 21 de junho de 2018

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO Campus Experimental de Dracena PLANO DE ENSINO CURSO DE GRADUAÇÃO EM: ZOOTECNIA

Composição Bromatológica de Partes da Planta de Cultivares de Milho para Silagem

Otimizando o uso da cana de açúcar fresca em fazendas leiteiras de pequeno porte. Thiago Bernardes

FRACIONAMENTO DE PROTEÍNAS DO CONCENTRADO COM NÍVEIS CRESCENTES DE MILHETO EM SUBSTITUIÇÃO AO MILHO EM DIETAS DE OVINOS DE CORTE EM CONFINAMENTO

ENRIQUECIMENTO PROTEICO DA PALMA FORRAGEIRA E DA ALGAROBA POR FERMENTAÇÃO SEMISSÓLIDA

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Utilização de resíduos de frutas na alimentação de ruminantes. Tiago Neves Pereira Valente 1

Uma das maneiras de reduzir os efeitos da

ANÁLISE DO ESTRATO HERBÁCEO EM DIFERENTES ESTÁGIOS SUCESSIONAIS DE FLORESTAS NATURAIS DA CAATINGA. Apresentação: Pôster

EDITAL Nº 08/2018 CONCURSO DE MONITORIA

LEVANTAMENTO DAS PLANTAS NATIVAS UTILIZADAS NA DIETA DE PEQUENOS RUMINANTES NO MACIÇO DE BATURITÉ.

Suplementação estratégica: recria e terminação em pastagem Ricardo Andrade Reis UNESP-Jaboticabal

USO DE CO-PRODUTOS DA INDUSTRIALIZAÇÃO E DA LAVOURA DE MANDIOCA NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES. Jair de Araújo Marques CCAAB UFRB.

AVALIAÇÃO DA FRAÇÃO PROTEICA DOS GRÃOS SECOS DE DESTILARIA COM SOLÚVEIS DE MILHO E DA TORTA DE ALGODÃO

Alimentos e Alimentação Para Bovinos. Sistemas de Recria e Terminação. Ricardo Zambarda Vaz

COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DO RESÍDUO SÓLIDO ORIUNDO DA EXTRAÇÃO DE AZEITE DE OLIVA RESUMO

VALOR NUTRITIVO DE TORTAS E SEMENTES DE OLEAGINOSAS

CARACTERÍSTICAS BROMATOLÓGICAS DA SILAGEM DO HÍBRIDO DE MILHO 2B587PW SUBMETIDO A DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO EM ADUBAÇÃO DE COBERTURA

11 a 14 de dezembro de Campus de Palmas

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO Campus Experimental de Dracena PROGRAMA DE ENSINO CURSO DE GRADUAÇÃO EM: ZOOTECNIA

NRC Gado Leiteiro Nutrição para máxima eficiência produtiva e reprodutiva

Modelagem do desempenho de diferentes categorias ovinas

PRODUÇÃO ANIMAL TENDO COMO BASE ALIMENTAR A PALMA FORRAGEIRA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Revista Eletrônica Nutritime, Artigo 113. v. 7, n 03 p , Maio/Junho 2010 RESTOS DO ABACAXIZEIRO NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES

Cana-de-açúcar na alimentação de vacas leiteiras. Lucas Teixeira Costa Doutor em Zootecnia

Ensilagem de Soja (Glycine max) Submetido a Vários Níveis de Inclusão de Melaço em Pó

Utilização da silagem de cana-de-açúcar para vacas em lactação

Coprodutos e subprodutos agroindustriais na alimentação de bovinos

HÍBRIDOS DE SORGO PARA CORTE/PASTEJO AVALIADAS NUTRICIONALMENTE PELA TÉCNICA DE DIGESTIBILIDADE IN VITRO DE PRODUÇÃO DE GASES

BIOCONVERSÃO DO RESÍDUO DE MANDIOCA PARA OBTENÇÃO DE RAÇÃO PELETIZADA UTILIZADA NA DIETA ANIMAL

Importância da qualidade de fibra na dieta de bovinos de leite e novos conceitos de fibra em detergente neutro - FDN

MANDIOCA ADENSADA NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

Conservação de forragem Uma opção para gado de corte

Alexandro Pereira Andrade Professor da Faculdade de Agronomia UNEB

GANHO DE PESO DE CORDEIROS SUPLEMENTADOS COM NÍVEIS CRESCENTES DE TORTA DE GIRASSOL

Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - Jaboticabal. Departamento de Zootecnia

Revista de Biologia e Ciências da Terra ISSN: Universidade Estadual da Paraíba Brasil

Palavras-chave: Biomassa, Alimento alternativo, Caprinos, Feno de Aguapé..

MANEJO DE PLANTAS FORRAGEIRAS TROPICAIS PARA PRODUÇÃO DE FORRAGENS CONSERVADAS. CINIRO COSTA Prof.: Forragicultura e Pastagens FMVZ - UNESP Botucatu

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

AVALIAÇÃO DE SILAGENS DE SOJA ENRIQUECIDAS COM MELAÇO DE CANA E MILHO TRITURADO

Partição de energia e sua determinação na nutrição de bovinos de corte CAPÍTULO. Sérgio Raposo de Medeiros Tiago Zanetti Albertini

Potencial de Utilização da Maniçoba

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Semente de Algodão: fonte de riqueza industrial

Degradabilidade Potencial dos Componentes da Parede Celular das Silagens de Seis Genótipos de Sorgo Ensilados no Estádio Leitoso.

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MORFOLÓGICAS DE VAGENS E SEMENTES DE FEIJÃO-BRAVO (Capparis flexuosa L.)

SILAGEM DE TANZÂNIA

ESCOLHA DO HÍBRIDO DE MILHO PARA SILAGEM. Prof. Dr. Renzo Garcia Von Pinho Departamento de Agricultura UFLA

Passo a passo para fazer uma silagem com máxima qualidade e o mínimo de perdas

Coprodutos e subprodutos agroindustriais na alimentação de bovinos

ANÁLISE DIALÉLICA DE LINHAGENS DE MILHO FORRAGEIRO PARA CARACTERES AGRONÔMICOS E DE QUALIDADE BROMATOLÓGICA

Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.10, n.1, p.983/990, jan/mar, 2009 ISSN

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

Programa Analítico de Disciplina ZOO212 Criação e Exploração dos Animais Domésticos

DEGRADABILIDADE IN VITRU DE CONCENTRADOS CONTENDO INCLUSÃO DO FARELO DO MESOCARPO DO BABAÇU EM DIETAS A BASE DE GRÃO DE MILHETO MOÍDO PARA BOVINOS

O QUE AVALIAR PARA COMPRAR UM FENO DE QUALIDADE *

Utilização das folhas da ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata Mill) na dieta de leitões na fase de creche

Número de animais nas propriedades Região Média N Castro Minas Gerais Goiás Toledo Santa Catarina RMC Média

Transcrição:

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=190>. Valor nutrutivo da mandioca brava (Manihot sp.) Adelmo Ferreira de Santana¹, Magna Coroa Lima², Érica Cristina Araújo de Souza² ¹ Professor da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (EMEV-UFBA). ² Alunas de Graduação da EMEV-UFBA. RESUMO Este trabalho teve o objetivo de conhecer os valores nutritivos da mandioca brava assim como também comparar com os dados da literatura. A mandioca brava é uma planta que possui boa aceitabilidade pelos animais comumente utilizada no semi-árido, devido à alta palatabilidade essa planta é uma boa alternativa na alimentação no período seco. É citado em diversos trabalhos que a manihot possui um alto valor nutritivo e ainda existe autor que diz que o milho pode ser substituído na alimentação pela manihot. Foram verificados valores diferentes no aspecto nutricional e essa diferença é provavelmente devido à forma de processamento da planta. PALAVRAS CHAVE: Mandioca brava, Manihot sp, valor nutritivo de plantas.

ABSTRACT This work had as objective to know the nutritional value of cassava brava as well as compare with the literature data. The brave cassava is a plant that possesss good acceptability for the animals and is common in our half-barren one, had to rise palatabilidade this plant is a good alternative in the feeding in the dry period. It is cited in diverse works that manihot possesss one high nutritional value and still author exists who says that the maize can be changed in the feeding for manihot. In the revision it was verified different values in the nutricional aspect and this difference probably must the form of processing of the plant. Keys-Words: Brave cassava, Manihot sp, nutritional value of plants. INTRODUÇÃO A oferta de alimentos para os rebanhos no período de estiagem constitui-se em barreira para o fortalecimento da caprinocultura em função do baixo desempenho dos animais. A utilização de reservas estratégicas para oferecer aos rebanhos em períodos de seca é uma alternativa viável para sucesso dos sistemas de produção pecuária, em particular da caprinocultura no semi-árido nordestino (MESQUITA, 2005). Segundo Soares (1989), o sistema radicular da maniçoba é bastante desenvolvido, formado por raízes tuberosas, onde acumula suas reservas, e proporciona à planta grande capacidade de resistência à seca, sendo uma das primeiras espécies da caatinga a desenvolver sua folhagem logo após o início do período chuvoso. Esta necessidade de produção e conservação de forragens de boa qualidade para fornecimento no período de seca regulariza a oferta de volumosos

durante todo o ano o que provoca uma busca de plantas nativas adaptadas e que sejam capazes de amenizar o problema (ALLEM et al., 2007). A maniçoba pode ser considerada uma forrageira com alto grau de palatabilidade, por ser bastante procurada por animais em pastejo. Além desse alto nível palatabilidade, ela ainda possui um razoável teor de proteína e também uma boa digestibilidade (ARAÙJO, 2004). No Brasil, a mandioca é freqüentemente cultivada para exploração econômica das raízes tuberosas e, eventualmente, da parte aérea na alimentação animal, apesar do seu alto valor nutritivo e ótima aceitabilidade pelos animais (JUNIOR et al., 2005). Segundo MADRUGA citado por MODESTI (2006) à folha da mandioca é um alimento rico em proteínas, vitaminas e minerais a baixo custo, que são na maioria das vezes desperdiçadas em todas as regiões brasileiras. No Nordeste brasileiro, há uma elevada quantidade de espécies que recebem o nome vulgar de maniçoba ou mandioca brava, sendo as principais: maniçobado-ceará (Manihot glaziovii Muell. Arg.), maniçoba-do-piauí (M. piauhyensis Ule.) e maniçoba-da-bahia (M. dichotoma Ule e M. caerulescens Pohl). Na área do Submédio São Francisco predomina a espécie M. pseudoglazovii (ARAÙJO, et al. 2004). As plantas de gênero Manihot apresentam em sua composição, quantidades variáveis de glicosídeos cianogênicos que ao se hidrolisarem e mediante a ação da enzima linamarase, dão origem ao ácido cianídrico (HCN). Este ácido, dependendo da quantidade ingerida por um animal, pode provocar intoxicação ou até mesmo morte súbita (SOUZA, et al.2006).

Devido à sua composição química, a maniçoba pode ser conservada na forma de silagem, sendo que nesse processamento de ensilagem se consegue uma redução no teor de HCN, diminuindo consideravelmente o risco de intoxicação A silagem de maniçoba tem bom valor nutritivo e é bem aceita por ovinos. (MATOS, et al. 2006). MATERIAS E MÉTODO As amostras foram coletadas no município de Central localizado no semi-árido baiano, após a coleta o material foi pesado e seco naturalmente ao sol, depois colocado em embalagens de plásticas e conduzidos ao LANA (laboratório de nutrição animal da escola de medicina veterinária da universidade federal da Bahia) onde foram feitas as análises. Amostras foram levadas à estufa de circulação forçada de ar à 55ºC por 72 horas, para secagem do material e para determinação da matéria seca (MS). Os teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) foram obtidas segundo método adotado por Silva (1981). RESULTADOS E DISCUSSÃO A casca de mandioca é um subproduto proveniente da pré-limpeza da mandioca na indústria, constituído de ponta da raiz, casca e entrecasca. Este resíduo apresenta 85% de umidade. Para sua utilização, faz-se necessário à secagem do material ao sol durante três dias, atingindo teor de MS de aproximadamente 88%, segundo experimento realizado a casca de mandioca pode substituir o milho como fonte de energia, sem alterar o desempenho de novilhas terminadas em confinamento (PRADO, et al.2000).

Neste experimento obtevemos os seguintes resultados: 96,40%de MS, 7,5 de EE, 22,26%PB, 6,8% DE CINZAS; 33,42% de FDN; 19,96 de FDA; 11,89% de Celulose, 13,46% de Hemicelulose, 8,07% de Lignina, 30,03 % de carboidratos não fibrosos (CNF). As silagens de maniçoba emurchecida apresentaram teores mais elevados de MS, MM, EE, FDN, FDNc e NIDA que as silagens de maniçoba fresca, que pode ser atribuído ao próprio processo de desidratação parcial do material. Apesar dos percentuais de FDA não apresentarem diferenças significativas, as silagens emurchecidas mostram FDA superior, como os demais nutrientes (SOUZA, et al. 2006). Média dos valores (p.100 MS) de composição química da maniçoba in natura emurchecida e fresca. (Manihot epruinosa). Forrageira MS MM EE PB FDN FDA PT(eq. mg) CHOs Emurchecida 31,97 8,28 2,70 16,95 47,82 33,83 17,81 9,52 Fresca 23,01 8,08 2,97 16,16 47,98 33,43 17,18 14,00 (SOUZA, 2006). Os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes da silagem de maniçoba foram acima de 60 % para as frações estudadas, ressaltando-se o da MS (72,49%), PB (64,89%), CT (76,72%), CNF (86,42%) e o NDT de 70,49%. O consumo de MS e MO foram, respectivamente de 678 e 605 g/d, 2,00 e 1,78 do PV e 48,10 e 42,91 g/pv 0,75 e, para a PB, FDNcp, CT, CNF e NDT, foram de 104,2; 197,0; 471,3, 281,5 e 486,19 g/d (MATOS et al., 2006). O teor de matéria seca do feno de maniçoba apresenta um comportamento elevado ao quadrado com relação ao tempo de desidratação, o tempo estimado para a desidratação da maniçoba até o ponto de feno é de 35,48

horas e não foram verificadas perdas de PB, FDN e MM durante o processo de fenação. (PINTO, et al. 2006). Análises químicas bromatológicas das folhas e dos ramos tenros da Manihot pseudoglaziovii, Freqüentemente apresentam os seguintes valores (% na MS): 20,88(PB), 8,30 (EE), 13, 96, 49, 98, 6, 88, 62,30 %, respectivamente para proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra bruta, extrato não nitrogenado (ENN), cinzas e digestibilidade (ARAUJO, et al. 2004). A tabela abaixo nos fornece os valores médios da composição química - bromatológica da matéria natural da maniçoba e da maniçoba mais o farelo de palma, no momento da ensilagem. Tratamentos Variáveis MS(%) CHOs(%) PB(%) FDN(%) N-NH3 PT ph (% NT) A0 27,24 12,77 14,35 44,76 0,27 41,08 5,22 A10 32,19 15,36 13,12 44,84 0,34 45,66 5,39 A20 38,19 16,55 9,86 45,81 0,35 48,08 5,57 A30 43,07 15,23 9,50 45,12 0,42 52,58 5,52 A40 48,29 13,37 8,17 46,13 0,55 55,09 5,56 A0 = sem aditivo; A10 = 10% de farelo de palma; A20 = 20% de farelo de palma; A30 = 30% de farelo de palma; A40 = 40% de farelo de palma. Fonte: ANDRADE (2008) CONCLUSÃO Diversos autores encontraram diferentes resultados referentes ao teor de matéria seca da mandioca, Neste experimento foram encontrados 96,40% de matéria seca enquanto que SOUZA (2006) apresentou 31,97 % de matéria seca para a mandioca emurchecida e 23,01% de matéria seca para a mandioca

fresca, já MATOS et al. (2006) Obtiveram em experimento 72,49% de matéria seca na silagem, ANDRADE (2008) 27,24% de meteria seca na silagem, PRADO (2000) encontrou 88,68 % de MS na casca da mandioca. Os valores para Proteína bruta também diferiram nos referentes trabalhos, Neste experimento foi encontrado 22,26% de PB enquanto SOUZA (2006) encontrou 16,95 % PB para mandioca emurchecida e 16,16%PB para mandioca fresca, MATOS (2006) 64,89 % PB na ensilagem, ARAÚJO (2004) 20,88 % PB nas folhas e ramos tenros, ANDRADE (2008) PB na matéria natural, e PRADO (2000) 3,37% PB na casca da mandioca. Esses valores diferiram nos trabalhos provavelmente aos diferentes processamentos da manihot e também as diferentes espécies que foram trabalhadas por estes autores sem citações especificas. REFERÊNCIAS ANDRADE, M.V.M.de. MANIÇOBA (Manihot glaziovii), Disponível em: < http://www.cca.ufpb.br/lavouraxerofila/pdf/manicoba.pdf> Acesso em 08 de janeiro de 2008. ALEM A. C; MENDES, R. A; CAVALCANTI, J; SOARES, J. G. G; SALVIANO, L.M.C; CARVALHO, P. C. L; Recursos genéticos de maniçobas (Manihot spp. Euphorbiaceae) para forragem no Nordeste semi-árido. Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas para o Nordeste Brasileiro. Disponível em: <http://www.cpatsa.embrapa.br/catalogo/livrorg/manicobarecursosgeneticos.pdf> Acesso em 08 de Janeiro de 2008. ARAÙJO, G. G. L; MOREIRA, J. N; FERREIRA, M. A; TURCO, S. H. N; SOCORRO, E. P; Consumo voluntário e desempenho de ovinos submetidos a dietas contendo diferentes níveis de feno de maniçoba. Revista Ciência Agronômica, Vol. 35, N 1 jan. - jun., 2004: 123 130. JUNIOR, N. S. C; VIANA, A. E. S; MATSUMOTO, S. N; SYDIAMA, T; AMARAL, C. L. F; PIRES, A. J. V; RAMOS P. A. S. Efeito do nitrogênio sobre o teor de ácido cianídrico em plantas de mandioca. Maringá, v. 27, n. 4, p. 603-610, Oct. /Dec., 2005. MATOS, D. S; GUIM, A; BATISTA, A. M. V; PERREIRA, O.G MARTINS.V; Composição química e valor nutritivo da silagem de maniçoba (Manihot Epruinosa) Arquivos de zootecnia vol. 54, N. 208, p. 628, 2006. MODESTI, C. F; Obtenção e caracterização de concentrado protéico de folhas de mandioca submetido a diferentes tratamentos. Dissertação de mestrado, 2006.

PINTO, M. S. C; ANDRADE, M. V. M; SILVA, D. S; PEREIRA, W. E; Curva de desidratação da maniçoba (MANIHOT PSEUDOGLAZIOVII) durante do processo de fenação Arch. Zootec. 55 (212): 389-392. 2006. PRADO, I. N; MARTINS, A. S; ALCATE, C.R; ZEUOLA, L. M; MARQUES, J. A; MARQUES, J. A; Desempenho de Novilhas Alimentadas com Rações Contendo Milho ou Casca de Mandioca como Fonte Energética e Farelo de Algodão ou Levedura como Fonte Protéica Rev. bras. Zootec., 29(1):278-287, 2000. SILVA, D. J. Análise de alimentos (métodos químicos e biológicos). Viçosa, MG: UFV, 1981. 116p. SOARES, J.G.G. Utilização e produção de forragem de maniçoba. In: ENCONTRO NORDESTINO DE MANIÇOBA, 1. 1989. Recife. Anais... Recife: IPA, 1989. P. 20-28. (Coleção Mossoroense, C). SOUZA, E. J. O; GUIM, A; BATISTA, A. M. V; ZUMBA, E. R. F; SANTOS, E. P; SOUZA, K. S; SANTOS, G. R. A; LINS, N. B; MATOS, D. S; Qualidade de silagem da maniçoba (Manihot epruinosa) emurchecida. Arquivos de zootecnia vol. 55, n 212 p. 352,2006.