COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA E DIGESTIBILIDADE IN VITRO

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1 COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA E DIGESTIBILIDADE IN VITRO DA MATÉRIA SECA DE SILAGENS DE CAPIM-ELEFANTE (PENNISETUM PURPUREUM SCHUM.) PRODUZIDAS COM FARELO DE BATATA DIVERSA Ronaldo Francisco de Lima (1), Adauto Ferreira Barcelos (2) Ricardo Rodrigues (3), Adauton Vilela de Rezende (4) (1) Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, ronaldofranciscolima@yahoo.com.br; (2) Pesquisador EPAMIG - Lavras, abarcelos@epamig.br; (3) Estudante Pós-graduação UNIFENAS; (4) Professor UNIFENAS, adauto.resende@unifenas.br Introdução A baixa produtividade das forragens durante o inverno tem sido um dos fatores mais limitantes para a produtividade do rebanho brasileiro. A queda de produção na pecuária, tanto leiteira quanto na produção de carne, reflete de forma direta a baixa produção dos pastos durante este período. O capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.), uma das forrageiras mais difundidas em nosso meio, é utilizado principalmente como capineira. Por ser uma planta perene de alto potencial de produção e pela sua qualidade intrínseca, apresenta-se como alternativa economicamente mais atrativa do que o estabelecimento de uma outra cultura anual para produção de silagem. A batata diversa, tubérculos que não alcançam os padrões de comercialização por tamanho ou por qualidade, pode ser uma alternativa viável como aditivo na silagem de capim-napier, pelo alto teor de amido na matéria seca (MS) (57%) e pela grande quantidade produzida anualmente. A determinação da digestibilidade in vitro, como método para avaliar a qualidade de alimentação para ruminantes, é de fundamental importância no balanceamento de rações para bovinos. Por isso, o uso desta técnica tem sido indicado para determinar o desaparecimento de nutrientes em função do tempo. O objetivo deste trabalho é determinar a composição bromatológica e estimar a digestibilidade in vitro da matéria seca de silagens de capim-napier produzidas com diferentes níveis do farelo de batata diversa.

2 2 Material e Métodos A batata diversa foi cortada em fatias, em picadeira forrageira estacionária adaptada, em seguida seca ao sol até atingir teor de 10% e 15% de umidade. O capim-napier utilizado estava com 80 dias de idade. Foi cortado manualmente a 10 cm de altura, e picado em picadeira forrageira estacionária e ensilado por 30 dias em silos de PVC de 10 cm de diâmetro com 50 cm de comprimento. Os tratamentos foram: 0% = (Controle) silagem do capim-napier (SCN); 7% = SCN + 7% do farelo de batata diversa (FBD); 14% = SCN + 14% do FBD; 21% = SCN + 21% do FBD e 28% = SCN + 28% do FBD. Foram determinados nas silagens ph por medida direta, perda de gases pela diferença de peso entre silos cheios, no momento da ensilagem e antes da abertura, perdas de efluentes pela diferença de peso da areia contida no fundo do silo no momento de sua abertura e antes da ensilagem, e a digestibilidade in vitro pelo método de duas etapas de Tilley e Terry, descrito por Silva (1981). O delineamento estatístico foi inteiramente casualizado (DIC) com quatro repetições (silos) e cinco tratamentos. Resultados e Discussão A composição bromatológica, características e digestibilidade in vitro das silagens de capim-napier com diferentes porcentagens de raspa de batata é apresentada na Tabela 1. Os teores de MS, proteína bruta (PB) e fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), ph, perda de gases, perda de efluentes e digestibilidade in vitro da MS (DIVMS), das silagens de capim-napier foram influenciados significativamente (P<0,01) pela adição do farelo de batata diversa. Os resultados mostram (Tabela 1) aumentos lineares da ordem de 68% na MS, 27% na PB, 13,3% no valor de ph, 29% na DIVMS, reduções lineares de 51,3 e 55,4% nos valores de FDN e FDA, respectivamente, 8,7% na perda de gases e 97% nas perdas de efluentes. Estes resultados indicam que a utilização de farelo de batata na produção de silagem de capim-napier pode 2

3 3 melhorar a sua qualidade. Esta melhoria será tanto maior quanto maior for a porcentagem do farelo de batata nas silagens. Os valores encontrados para a composição bromatológica do farelo de batata, mostrados na Tabela 1, foram superiores aos encontrados por Balsalobre (1995), e o amido representou a maior fração dos nutrientes estudados. Assim produtos com alto teor de amido podem melhorar significativamente as características de silagem de capim-napier. Na medida em que se elevou as porcentagens de adição do farelo de batata de 7% para 28%, houve redução de 51,3% nos teores de FDN das silagens. Essa redução no teor de FDN das silagens com o aumento dos níveis do farelo de batata é explicada pelo fato de o teor de FDN na MS do farelo de batata (10,21%) ser menor do que o teor de FDN na MS do capim-napier (76,15%). Este é um resultado interessante, pois a redução no teor de FDN no material ensilado, com o farelo de batata, pode permitir maior ingestão de MS. Em relação ao ph, observou-se que, para cada 1% de adição de raspa, houve um aumento de 0,019% no ph das silagens. Os valores adequados para que caracterizam uma boa silagem ficaram entre 7% e 14% de raspa, pois, segundo Silveira (1975), a silagem de boa qualidade deve apresentar ph menor ou igual a 4,2. A redução na perda de efluentes a partir de 14% de inclusão de raspa de batata mostrou-se eficiente em absorver o excesso de umidade da silagem de capim-elefante. O ensaio de DIVMS (Tabela 1) mostrou aumento linear com o aumento da raspa de batata na silagem. Estes valores maiores podem ser decorrentes da maior concentração de nutrientes nas silagens com maiores proporções de raspa de batata. Estes resultados mostram que o farelo de batata diversa pode ser um bom aditivo para produção de silagem de capim-napier. Conclusão Este estudo mostrou que as adições de 14% e 21% de farelo de batata diversa na silagem de capim-elefante proporcionaram melhores resultados que 3

4 4 caracterizam uma boa silagem e maiores valores de DIVMS. Portanto, estes valores podem ser recomendados como aditivos de silagem de capim-elefante. Referências BALSALOBRE, M.A.A. Batata, beterraba, cenoura e nabo. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO DE BOVINOS, 6., 1995, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, p SILVA, D. J. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. Viçosa, MG: UFV, p.166. SILVEIRA, A. C. Técnicas para produção de silagens. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGENS, 2.,1975, Piracicaba. Anais... Piracicaba: ESALQ, p

5 5 Tabela 1 - Valores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), ph, perda de gases, perda de efluentes e digestibilidade in vitro da MS, das silagens com diferentes teores de raspa de batata Parâmetro Tratamento (% de raspa de batata na silagem) Regressão MS 21,31 25,38 30,03 34,92 35,75 Y=0,5485x+21, R 2 =0,97 PB (% MS) 6,32 7,18 7,81 8,22 8,02 Y=0,0598x+6, R 2 =0,84 FDN (% MS) 74,42 63,94 57,65 41,14 36,23 Y=-1,4168x+74, R 2 =0,98 FDA (% MS) 54,59 38,45 33,23 25,75 24,41 Y=-1,0438x+49, R 2 =0,89 ph 4,07 4,19 4,27 4,50 4,61 Y=0,0196x+4, R 2 =0,98 Gases (kg/ms) 2,18 2,16 1,86 1,84 1,66 Y=-0,0193x+2, R 2 =0,92 Efluentes (Kg/t MV) 53,75 22,55 1,57 1,56 1,58 Y=-1,7682x+40, R 2 =0,74 DIVMS (%) 56,48 62,68 69,26 69,76 72,88 Y=0,6198x+58, R 2 =0,93 NOTA: Raspa de batata: 86,13% de MS; 12,36% de PB na MS; 10,21% de FDN na MS; 7,61% de FDA na MS e 57,02% de amido na MS. 5