CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA



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Transcrição:

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA ALINE FELTRIN ANA CAROLINA IGNÁCIO DA SILVA DIANDRA PESSINI JANAINA AKAMINE MARCIA TATHIANE DA SILVA RIBEIRO MANTOVANI PATRICIA BARROS RENATA CRISTINA TORREZAN MERCADO DE CAPITAIS MARINGÁ 2011

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ ALINE FELTRIN ANA CAROLINA IGNÁCIO DA SILVA DIANDRA PESSINI JANAINA AKAMINE MARCIA TATHIANE DA SILVA RIBEIRO MANTOVANI PATRICIA BARROS RENATA CRISTINA TORREZAN MERCADO DE CAPITAIS Trabalho apresentado ao Centro Universitário de Maringá, como requisito parcial à conclusão da disciplina de Administração Financeira e Orçamentária do curso de graduação de Administração. Orientação: Prof. Claudir Rheinheimer. MARINGÁ 2011

LISTA DE FIGURAS Figura 01 Organograma Sistema Financeiro Nacional simplificado...10 Figura 02 Organograma do mercado de capitais simplificado...20 Figura 03 Funcionamento do mercado primário...29 Figura 04 Etapas do processo de abertura de capital...41 Figura 05 Funcionamento do mercado secundário...45

LISTA DE APÊNDICES Apêndice 01 - Fluxograma do processo de abertura de capital...162

LISTA DE ANEXOS Anexo 01 Lei nº. 6.385 CVM...166 Anexo 02 Lei nº. 4.728 - Mercado de capitais...187 Anexo 03 Lei nº. 6.404 - Sociedades anônimas...224 Anexo 04 Lei nº. 11.368 - Sociedades anônimas (alterações)...350 Anexo 05 Plano diretor do mercado de capitais 2008...358 Anexo 06 Organograma Sistema Financeiro Nacional analítico...378 Anexo 07 Organograma Subsistema de intermediação SFN...379

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...9 2. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL...10 2.1. DEFINIÇÃO...11 2.2. ESTRUTURA...11 3. CVM...13 3.1. DEFINIÇÃO...13 3.2. OBJETIVOS...14 3.3. FUNÇÃO...15 3.4. INTEGRANTES...17 3.5. ESTRUTURA...17 3.6. FUNCIONAMENTO...18 4. MERCADO DE CAPITAIS...20 4.1. DEFINIÇÃO...21 4.2. HISTÓRIA...23 4.3. FUNÇÃO...25 4.4. BENEFÍCIOS...25 4.5. PARTICIPANTES...26 4.6. ESTRUTURA...28 4.6.1. Mercado Primário...29 4.6.1.1. Processo de abertura de capital...30 4.6.1.1.1. Sociedade anônima...30 4.6.1.1.1.1. Sociedade anônima de capital fechado...31 4.6.1.1.1.2. Sociedade anônima de capital aberto...32 4.6.1.1.2. Fundamentação...33 4.6.1.1.3. Etapas do processo de abertura de capital...36 4.6.1.1.4. Vantagens...41 4.6.1.1.5. Desvantagens...43 4.6.1.1.6. Custos...44 4.6.2. Mercado Secundário...45 4.6.2.1. Mercado de bolsa...47 4.6.2.1.1. Bolsa de valores...48 4.6.2.1.1.1. Definição...48

4.6.2.1.1.2. Função...50 4.6.2.1.1.3. Objetivos...51 4.6.2.1.1.4. Principais ativos e títulos mobiliários...52 4.6.2.1.1.4.1. Ativos privados de renda variável...52 4.6.2.1.1.4.1.1. Ações...53 4.6.2.1.1.4.1.2. Outros ativos privados de renda variável...64 4.6.2.1.1.4.2. Ativos privados de renda fixa...67 4.6.2.1.1.4.2.1. Debêntures...68 4.6.2.1.1.4.2.2. Outros ativos privados de renda fixa...74 4.6.2.1.1.4.3. Ativos públicos de renda fixa...78 4.6.2.1.1.5. Índices da bolsa...82 4.6.2.1.1.6. Riscos...85 4.6.2.1.1.7. Tipos de negociação...86 4.6.2.1.1.8. Funcionamento...89 4.6.2.1.2. Bolsa de mercadorias e futuros...94 4.6.2.1.2.1. Definição...94 4.6.2.1.2.2. Principais ativos e títulos mobiliários...96 4.6.2.1.2.2.1. Commodities...97 4.6.2.1.2.2.2. Outros ativos mobiliários...98 4.6.2.1.3. Modalidades de operação...105 4.6.2.1.3.1. Mercado a vista...106 4.6.2.1.3.2. Mercado de opções...108 4.6.2.1.3.3. Mercado a termo...111 4.6.2.1.3.4. Aluguel de ações...113 4.6.2.1.3.5. Mercado futuro...114 4.6.2.1.3.6. Mercado de derivativos...116 4.6.2.1.3.7. Mercado de swap...118 4.6.2.1.4. BM&FBOVESPA...119 4.6.2.1.5. CLC...122 4.6.2.2. Mercado de balcão...127 4.6.2.2.1. Mercado de balcão organizado...128 4.6.2.2.1.1. SOMA...130 4.6.2.2.1.2. CETIP...131 4.6.2.2.2. Mercado de balcão não organizado...132

4.6.3. Instituições de intermediação...132 4.6.3.1. Sociedade corretora de títulos e valores mobiliários...132 4.6.3.2. Sociedade distribuidora de títulos e valores mobiliários...136 4.6.3.3. Bancos de investimento...138 4.6.3.4. Agentes autônomos de investimento...140 4.6.3.5. Instituições financeiras autorizadas...141 4.6.4. Investidores...142 4.6.4.1. Investidores nacionais...142 4.6.4.2. Investidores estrangeiros...143 4.6.4.3. Fundo de investimento...144 4.6.4.4. Clube de investimento...149 4.6.4.5. Fundos de índices ETFs...152 4.7. FUNCIONAMENTO...152 4.8. POR QUE INVESTIR NO MERCADO DE CAPITAIS?...154 4.9. OUTROS ÓRGÃOS RELACIONADOS AO MERCADO DE CAPITAIS.155 4.9.1. IBEMC...155 4.9.2. CODEMEC...155 4.9.3. CEMEC...156 5. GOVERNANÇA CORPORATIVA...156 CONSIDERAÇÕES FINAIS...158 REFERÊNCIAS...159 APÊNDICES...161 ANEXOS...165

9 1. INTRODUÇÃO O mercado de capitais é sinônimo de desenvolvimento, é através dele que os cidadãos compram ações e se transformam em investidores, combinando a busca pela rentabilidade com a confiança no negócio desta companhia aberta. A empresa, por outro lado, buscará fazer da melhor maneira este aporte de capital, implementando assim novos projetos que sejam capazes de remunerar adequadamente seus acionistas. Muitos administradores e empresários ainda pensam que é melhor fazer um empréstimo do que abrir o capital, um dos motivos mais discutidos é a exposição das informações da empresa no mercado, que podem ser acessados facilmente pelos seus concorrentes. Mas, as empresas somente têm a ganhar com a abertura de capital, devido à injeção de dinheiro extra, em vez de pagar juros posteriores de empréstimos e financiamentos de terceiros. Embora ambos tenham o mesmo objetivo e trabalhem em conjunto, para o desenvolvimento do Brasil, das empresas, da economia e dos cidadãos, há quase seis anos, o mercado de capitais se tornou o principal financiador das empresas brasileiras, ultrapassando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) (FILHO, 2008, p. 3). O presente trabalho tem o objetivo de facilitar o entendimento sobre este assunto tão importante, complexo e amplamente discutido, utilizando para isto a descrição dos seus principais componentes, características e funcionamento. O intenso intercâmbio entre os países gerado pela globalização, tornou o mercado de capitais cada vez mais importante no cenário financeiro internacional, seguindo essa tendência, os países em desenvolvimento procuram abrir suas economias para poder receber investimentos externos. Pois, quanto mais desenvolvida é uma economia, mais ativo é o seu mercado de capitais (BOVESPA, 2008).

10 2. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Figura 01 Organograma Sistema Financeiro Nacional simplificado Fonte: ASSAF NETO, 2006, p. 46.

11 2.1. DEFINIÇÃO O Sistema Financeiro Nacional é composto de um conjunto de mercados, instrumentos e instituições responsáveis pela captação de recursos financeiros, pela distribuição e circulação de valores, e pela regulação deste processo. O Conselho Monetário Nacional - CMN, seu organismo maior, presidido pelo Ministro da Fazenda, é quem define as diretrizes de atuação do sistema. Diretamente ligados a ele estão o Banco Central do Brasil, que atua como seu órgão executivo, e a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, que responde pela regulamentação e fomento do mercado de valores mobiliários (BOVESPA, 2008). Estas instituições se dedicam a propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores. O mercado financeiro é o local onde se processam essas transações, permite que um agente econômico qualquer (um individuo ou empresa), sem perspectivas de aplicação, em algum empreendimento próprio, da poupança que é capaz de gerar, seja colocado em contato com outro, cujas perspectivas de investimento superam as respectivas disponibilidades de poupança (FORTUNA, 1998, p. 12). O mercado financeiro é segmentado em quatro grandes "mercados", que são: mercado monetário, mercado de crédito, mercado de capitais e mercado de câmbio, onde todos tem características próprias, mas que se complementam. O objeto de estudo deste trabalho será o mercado de capitais (PORTAL DO INVESTIDOR, 2011). 2.2. ESTRUTURA As instituições que compõem o sistema financeiro nacional podem ser classificadas em (SANTOS,1999): Órgão deliberativo: o CMN - Conselho Monetário Nacional Órgãos de regulação e fiscalização: o BACEN Banco Central do Brasil o CVM Comissão de Valores Mobiliários o SUSEP Superintendência de Seguros Privados

12 o SPC Secretaria de Previdência Complementar Instituições financeiras captadoras de depósitos a vista: o Bancos Múltiplos com Carteira Comercial o Bancos Comerciais o Caixas Econômicas o Cooperativas de Crédito Demais instituições financeiras: o Bancos Múltiplos sem Carteira Comercial o Bancos de Investimentos o Banco de Desenvolvimento o Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento o Sociedades de Crédito Imobiliário o Companhias Hipotecárias o Associações de Poupança e Empréstimo Outros intermediários ou auxiliares financeiros: o Bolsas de Mercadorias e de Futuros o Bolsas de Valores o Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários o Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários o Sociedades de Arrendamento Mercantil o Sociedades Corretoras de Câmbio o Agentes Autônomos de Investimento Entidades administradoras de recursos de terceiros: o Fundos Mútuos o Clubes de Investimentos o Carteiras de Investidores Estrangeiros o Administradoras de Consórcios Sistemas de liquidação e custódia: o SELIC Sistema Especial de Liquidação e de Custódia o CETIP Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos o Caixas de Liquidação e Custódia Entidades ligadas aos sistemas de previdência e seguros: o Entidades Fechadas de Previdência Privada

13 o Entidades Abertas de Previdência Privada o Sociedades Seguradoras o Sociedades de Capitalização o Sociedades Administradoras de Seguro-saúde 3. CVM 3.1. DEFINIÇÃO A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é uma agência governamental encarregada por zelar pela integridade do funcionamento do mercado de capitais brasileiro. É uma entidade autárquica (organização criada pelo Estado, com autonomia administrativa e econômica, ou seja, é autossuficiente, apesar de ser uma entidade de direito público), vinculada ao Ministério da Fazenda, criada pela lei nº. 6.385 de 1976, com personalidade jurídica e patrimônio próprio, que tem como objetivo proteger os interesses dos investidores, criando normas e regulamentações para o mercado de valores mobiliários e fiscalizando o seu cumprimento pelas sociedades corretoras e distribuidoras de valores mobiliários, bancos de investimentos, sociedades anônimas de capital aberto, bolsas de valores e mercadorias, bancos administradores de fundos de investimentos, e outras instituições financeiras autorizadas (LACOMBE, 2009). Resumindo, a CVM é responsável por regulamentar, desenvolver, controlar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários do país, onde são negociados os títulos emitidos pelas empresas para captar recursos destinados ao financiamento de suas atividades (LAGIOIA, 2009). Ao mesmo tempo, o CVM desenvolve estudos e pesquisas, dos quais obtém elementos necessários à definição de políticas e iniciativas capazes de promover o desenvolvimento do mercado (BOVESPA, 2008). O Brasil possui um dos sistemas regulatórios mais sólidos e bem estruturados do mundo, devido à atuação conjunta dos órgãos reguladores do sistema financeiro nacional (Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários, Secretaria de Previdência Complementar e Superintendência de Seguros Privados). A CVM é o órgão que regula o mercado de capitais, mas existem entidades auto reguladoras dentro deste mesmo mercado, como as bolsas de valores e de mercadorias, que são responsáveis pelo acompanhamento e fiscalização das atividades de seus

14 membros, portanto assim como o CVM fiscaliza as bolsas, as mesmas também fiscalizam a si, e as ações da CVM. A Comissão regula não apenas os mercados de negociação de valores mobiliários e o seu sistema de distribuição, como também definem regras para os emissores de valores mobiliários (como as companhias abertas) e para as instituições intermediárias, como as corretoras e distribuidoras de valores mobiliários, os bancos de investimento e as demais instituições. É o órgão normativo do sistema financeiro, especificamente voltado para o desenvolvimento, a disciplina e a fiscalização do mercado de valores mobiliários não emitidos pelo sistema financeiro e pelo tesouro nacional, basicamente o mercado de ações e debêntures. É uma entidade auxiliar, autárquica, autônoma e descentralizada, mas vinculada ao Governo (FORTUNA, 1998, p. 18) 3.2. OBJETIVOS O fortalecimento do mercado de capitais é o objetivo principal do CVM, mas este órgão tem outros objetivos como (FORTUNA, 1998, p. 18): Estimular a aplicação de poupança no mercado acionário; Assegurar o funcionamento eficiente e regular das bolsas de valores e instituições auxiliares que operem neste mercado; Proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e outros tipos de atos ilegais que manipulem preços de valores mobiliários nos mercados primários e secundários de ações; Fiscalizar a emissão, o registro, a distribuição e a negociação de títulos emitidos pelas sociedades anônimas de capital aberto. Segundo Santos (1999, p. 41) compete ao CVM: Regulamentar, de acordo com a politica definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), e as leis nº. 6.385 e Lei nº. 6.404 (lei de sociedades por ações); Fiscalizar permanentemente as atividades e os serviços do mercado de valores mobiliários, bem como a veiculação de informações relativas ao mercado, as pessoas que dele participam e aos valores nele negociados; Fiscalizar e inspecionar as companhias abertas.

15 As atribuições fundamentais do CVM são (LAGIOIA, 2009, p. 48-49): Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de companhias abertas; Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da bolsa e do balcão; Proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado: de emissões irregulares de valores mobiliários; atos ilegais de administradores e acionistas controladores das companhias abertas, ou de administradores de carteira de valores mobiliários; Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação no mercado; Assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitido; Assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários; Assegurar a observância, no mercado, das condições de utilização de crédito fixado pelo CMN; Apurar, mediante inquérito administrativo, atos legais e praticas não equitativas de administradores e acionistas de companhias abertas, dos intermediários e dos demais participantes do mercado; Aplicar aos autores das infrações as penalidades previstas (advertência, multa, suspensão, inabilitação, cassação de autorização ou registro), sem prejuízo da responsabilidade civil ou penal. 3.3. FUNÇÃO 2011): As principais atividades da CVM segundo consta na lei são (BOVESPA, Disciplinar e fiscalizar de acordo com a lei as seguinte atividades: (1) a emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado; (2) a negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários; (3) a negociação e intermediação no mercado de derivativos; (4) a organização, o funcionamento e as operações das Bolsas de Valores; (5) a organização, o funcionamento e as operações das Bolsas de

16 Mercadorias e Futuros; (6) a administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários; (7) a auditoria das companhias abertas; (8) os serviços de consultor e analista de valores mobiliários; Autorizar a circulação dos seguintes valores mobiliários dentro do mercado de capitais: as ações, debêntures, bônus de subscrição, os cupons, direitos, recibos de subscrição, certificados de desdobramento relativos aos valores mobiliários, os certificados de depósito de valores mobiliários, as cédulas de debêntures, as cotas de fundos de investimento em valores mobiliários ou de clubes de investimento em quaisquer ativos, as notas comerciais, os contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos ativos subjacentes sejam valores mobiliários, outros contratos derivativos, independentemente dos ativos subjacentes; Avaliar e autorizar pedidos de abertura de capital, emitindo os respectivos registros; Examinar registros contábeis, livros e documentos de pessoas e empresas sujeitas a fiscalização, e intima-las a prestar declarações ou esclarecimentos, sob pena de multa, se for encontrada alguma irregularidade; Requisitar informações de órgãos públicos, outras autarquias e empresas públicas para esclarecer duvidas e confirmar a veracidade das mesmas; Aplicar penalidades aos órgãos que infringir as normas por ela definida, com advertência, multas, suspensão do exercício, inabilitação de registros, cassação de autoridade, entre outros; Intimar companhias abertas; fundos e sociedades de investimentos; auditores independentes; consultores e analistas de valores mobiliários; ou outras que participem do mercado, ou de negócios no mercado, quando houver suspeita fundada de fraude ou manipulação, a prestar informações ou esclarecimentos, sob pena de multa; Determinar as companhias abertas que republiquem, com correções ou adiantamentos, demonstrações financeiras, relatórios ou informações divulgadas; A CVM tem procurado não restringir suas atividades a normatização e punição, buscado sempre se manter atenta ao exame de questões de interesse do mercado, atuando como um grande fórum de debates, onde ideias propostas por diversos segmentos do sistema possam submeter-se a um processo de análise e

17 depuração, do qual possam emergir inovações em beneficio do crescimento e da maior eficiência do mercado. Cabe à CVM, entre outras atividades, disciplinar as seguintes matérias (FILHO, 2007): Registro de companhias abertas; Registro de distribuições de valores mobiliários; Credenciamento de auditores independentes e administradores de carteiras de valores mobiliários; Organização, funcionamento e operações das bolsas de valores; Negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários; Administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários; Suspensão ou cancelamento de registros, credenciamentos ou autorizações; Suspensão de emissão, distribuição ou negociação de determinado valor mobiliário ou decretar recesso de bolsa de valores; 3.4. INTEGRANTES O CVM abrange três importantes segmentos do mercado: as instituições financeiras do mercado, as companhias de capital aberto, cujos valores mobiliários encontram-se em negociação em bolsas de valores e mercado de balcão, e os investidores (ASSAF NETO, 2006). Identificados como integrantes do mercado de valores mobiliários, ficam sujeitos às normas e regulamentação do CVM aqueles que participam do sistema de distribuição de valores mobiliários (bolsa de valores, bolsa de mercadorias e futuros, sociedades corretoras e distribuidoras, bancos de investimento e agentes autônomos de investimento), as companhias abertas, os fundos e sociedades de investimento, as carteiras de deposito de valores mobiliários, os auditores independentes, os consultores e analistas de valores mobiliários, assim como quaisquer pessoas que participem do mercado ou de negócios no mercado (LAGIOIA, 2009, p. 49). 3.5. ESTRUTURA Segundo a lei que institui a CVM, a autarquia com sede na cidade do Rio de Janeiro, deve ser administrada por um Presidente e quatro Diretores, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovados pelo Senado Federal, dentre pessoas de ilibada reputação e reconhecida competência em matéria de mercado de

18 capitais. Sendo um mandato de 5 anos, perdendo o cargo somente em virtude de renúncia, de condenação judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar, ou morte. Neste caso o diretor mas velho de casa ou mais idoso, é nomeado em seu lugar. Eles formam o Colegiado, que define políticas e estabelece práticas a ser implantadas e desenvolvidas pelo corpo de Superintendentes, a instância executiva da CVM. O Superintendente Geral acompanha e coordena as atividades executivas da comissão auxiliadas pelos demais Superintendentes, pelos Gerentes a eles subordinados e pelo Corpo Funcional. Esses trabalhos são orientados, especificamente, para atividades relacionadas às empresas, aos intermediários financeiros, aos investidores, à fiscalização externa, à normatização contábil e de auditoria, aos assuntos jurídicos, ao desenvolvimento de mercado, à internacionalização, à informática e à administração. O colegiado conta ainda com o suporte direto da Chefia de Gabinete, da Assessoria de comunicação social, da Assessoria Econômica e da Auditoria Interna. A estrutura executiva da CVM é completada pelas Superintendências Regionais de São Paulo e Brasília. 3.6. FUNCIONAMENTO Nenhuma emissão pública de valores mobiliários será distribuída no mercado sem prévio registro na CVM, assim como todas as instituições que fazem parte do mercado de capitais tem que ser autorizadas antes de iniciar suas atividades (LAGIOIA, 2009). A CVM deve promover processo administrativo para investigar a ocorrência de irregularidades no mercado, ensejando aos acusados amplo direito de defesa, vigente o princípio do devido processo legal na esfera administrativa. Tem a obrigação de comunicar ao Ministério Público quaisquer indícios de ilícito penal verificados nos processos sobre irregularidades no mercado. Da mesma forma, tratando-se de ilegalidade fiscal, deve encaminhar o processo à Secretaria da Receita Federal. As penalidades que a CVM pode atribuir vão desde a simples advertência até a inabilitação para o exercício de atividades no mercado, passando pelas multas pecuniárias. As sanções para quem descumpre as regras legais do mercado de valores mobiliários, sobretudo as normas editadas pela CVM, são: advertência,

19 multa, suspensão ou inabilitação para o exercício do cargo, ou cassação da autorização ou do registro, bem como a proibição por prazo determinado para o exercício de atividades e operações do sistema de distribuição. Também o investidor pode ser proibido temporariamente de atuar, direta ou indiretamente, no mercado (CVM, 2011). Em matéria criminal, a Lei nº. 10.303/2001 acrescentou à lei nº. 6.385/76 três delitos dolosos contra o mercado de valores mobiliários, descrevendo os crimes contra o mercado de capitais, como: Manipulação do mercado: Art. 27-C. Realizar operações simuladas ou executar outras manobras fraudulentas, com a finalidade de alterar artificialmente o regular funcionamento dos mercados de valores mobiliários em bolsa de valores, de mercadorias e de futuros, no mercado de balcão ou no mercado de balcão organizado, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro, para si ou para outrem, ou causar dano a terceiros: Pena reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime. Uso Indevido de Informação Privilegiada: Art. 27-D. Utilizar informação relevante ainda não divulgada ao mercado, de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo, capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiro, com valores mobiliários: Pena reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime. Exercício Irregular de Cargo, Profissão, Atividade ou Função: Art. 27-E. Atuar, ainda que a título gratuito, no mercado de valores mobiliários, como instituição integrante do sistema de distribuição, administrador de carteira coletiva ou individual, agente autônomo de investimento, auditor independente, analista de valores mobiliários, agente fiduciário ou exercer qualquer cargo, profissão, atividade ou função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado junto à autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou regulamento: Pena detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Desde 1998, a CVM mantém o Programa de Orientação e defesa do investidor (PRODIN), que tem o objetivo de esclarecer e responder consultas, reclamações e denúncias do publico em geral.

20 4. MERCADO DE CAPITAIS Figura 02 Organograma do mercado de capitais simplificado Fonte: Alunos

21 4.1. DEFINIÇÃO O mercado de capitais é o conjunto de mercados, instituições e ativos que viabiliza a transferência de recursos financeiros entre os agentes financeiros, ou seja, tomadores (companhias abertas) e aplicadores (investidores) destes recursos. Essa transferência ocorre por meio de operações financeiras que podem se dar diretamente entre companhias e investidores ou através de intermediários financeiros. As operações que ocorrem no mercado de capitais, bem como seus participantes são regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (PORTAL DO INVESTIDOR, 2011). Os mercados financeiros são fóruns nos quais os fornecedores e os demandantes de fundos podem transacionar diretamente, o mercado de capitais é uma das divisões do mercado financeiro, onde ocorrem as transações que envolvem títulos de médio e longo prazo. A espinha dorsal desse mercado é formada pelas varias bolsas de valores que oferecem um local para a realização de negócios com obrigações e ações (GITMAN, 2004). No mercado de capitais os recursos dos poupadores são destinados a promoção do desenvolvimento econômico de forma direta, isto é, de projetos e empresas. É no mercado de capitais que empresas que precisam de recursos conseguem financiamento, por meio da emissão de títulos, vendidos diretamente aos poupadores/investidores, sem intermediação bancária. Dessa forma, os investidores acabam emprestando o dinheiro de sua poupança a empresas, também sem a intermediação bancária. O mercado de capitais é subdividido em mercado primário, que compreende o lançamento de novas ações no mercado, é uma forma de captação de recursos para a empresa. Uma vez ocorrendo esse lançamento inicial ao mercado, as ações passam a ser negociadas no mercado secundário, onde ocorre a troca de propriedade de título. Ou seja, no Mercado Primário, quem vende as ações é a companhia, usando os recursos para se financiar. No Mercado Secundário, o vendedor é você (investidor ou acionista) que se desfaz das ações para reaver o seu dinheiro. Por isso, os negócios que são realizados em Bolsa de Valores correspondem ao Mercado Secundário. Os principais títulos do mercado de capitais são obrigações (dividas a longo prazo) e ações ordinárias e preferenciais (títulos de participação acionária ou

22 propriedade), ou seja, ações e debêntures. As obrigações são instrumentos de divida de longo prazo usados por empresas e órgãos governamentais para levantar volumes substanciais de recursos, geralmente junto a um grupo de vários fornecedores (GITMAN, 2004). O mercado de capitais abrange outros títulos e valores mobiliários como: bônus de subscrição, notas comerciais, certificados de depósito de valores mobiliários, índices representativos de carteira de ações, direitos de subscrição, recibos de subscrição, cotas de fundos imobiliários, certificados de investimento audiovisual, contratos de investimento coletivo, cotas de fundo de investimentos, cotas de clube de investimentos, certificados representativos de contratos mercantis de compra e venda a termo de energia elétrica, depositary receipts (recibos de depósitos) instrumento utilizado na colocação de ações de companhias brasileiras no exterior certificados de recebiveis imobiliários (CRI), contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos ativos sejam ou não valores mobiliários (BOVESPA, 2011). Além destes, existem outros títulos criados ou emitidos por sociedades anônimas desde que inseridos no conceito de valor mobiliário e devidamente registrado na CVM (CVM, 2011). Nenhuma emissão pública de valores mobiliários poderá ser distribuída, no mercado, sem prévio registro na CVM, entendendo-se por atos de distribuição a venda, promessa de venda, oferta à venda ou subscrição, aceitação de pedido de venda ou subscrição de valores mobiliários. Estão expressamente excluídos do mercado de valores mobiliários os títulos da dívida pública federal, estadual ou municipal e os títulos cambiais de responsabilidade de instituição financeira, exceto as debêntures (PORTAL DO INVESTIDOR, 2011). O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários, que tem o propósito de proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de capitalização. O surgimento do mercado de capitais ocorreu quando o mercado de crédito deixou de atender às necessidades da atividade produtiva, no sentido de garantir um fluxo de recursos nas condições adequadas em termos de prazos, custos e exigibilidades. O mercado de capitais nacional tem apresentado mudanças ao longo dos últimos anos como resultado da abertura financeira, privatizações, de reorganizações societárias (fusões, aquisições, cisão, entre outros), de mudanças

23 na legislação, entre outros. O mercado de capitais é fundamental para o crescimento de um país, pois sem ele muitos projetos não conseguiriam sair do papel por falta de capital e financiamento. Muitas empresas perderiam sua competitividade e dificilmente conseguiriam desenvolver-se. Poucas sobreviveriam num ambiente sem a injeção de capital de investidores. 4.2. HISTÓRIA Antes da década de 60, os brasileiros investiam principalmente em ativos reais como os imóveis, evitando aplicações em títulos públicos ou privados, em 1965 foi criada a Lei nº. 4.728, que regulamentou o mercado de capitais, disciplinando e estabelecendo medidas para o seu desenvolvimento. A introdução da legislação acima referida resultou em diversas modificações no mercado acionário, tais como: a reformulação da legislação sobre Bolsa de Valores, a transformação dos corretores de fundos públicos em Sociedades Corretoras, forçando a sua profissionalização, a criação dos Bancos de Investimento, a quem foi atribuída a principal tarefa de desenvolver a indústria de fundos de investimento. Com a finalidade específica de regulamentar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários, as Bolsa de Valores, os intermediários financeiros e as companhias de capital aberto, funções hoje exercidas pela CVM. Nesta mesma época houve um grande volume de recursos sendo investidos no mercado de acionário, principalmente em decorrência dos incentivos fiscais criados pelo Governo Federal, este movimento resultou em um rápido crescimento da demanda por ações pelos investidores, sem que houvesse aumento simultâneo de novas emissões de ações pelas empresas, isto desencadeou o "boom" da Bolsa do Rio de Janeiro entre 1970 e 1971, após alcançar o seu ponto máximo em julho de 1971, os investidores mais esclarecidos e experientes começaram a vender suas posições, em contrapartida as ofertas de ações aumentaram, gerando progressivamente um movimento de baixa, esta crise teve curta duração mas suas conseqüências foram vários anos de mercado deprimido, porque as poucas companhias que faziam ofertas de ações deixavam de cumprir seu papel junto aos seus acionistas, este fato gerou grandes prejuízos para a reputação do mercado acionário.

24 Ao longo do tempo, vários outros incentivos foram adotados visando incentivar o crescimento do mercado, em 1976, foram introduzidas duas novas normas legais, a Lei nº. 6.404/76 que regulamenta as Sociedades Anônimas, e a Lei nº. 6.385/76, que criou a CVM e introduziu no mercado uma instituição governamental destinada exclusivamente a regulamentar e desenvolver o mercado de capitais, fiscalizar as Bolsa de Valores e as companhias abertas. Mesmo com todas estas mudanças o mercado de capitais não teve o crescimento esperado, apenas em meados da década de 90, com a aceleração do movimento de abertura da economia brasileira e o aumento do volume de investidores estrangeiros atuando no mercado de capitais brasileiro, que o mercado de capitais brasileiro retomou suas forças. Com isto, as empresas brasileiras começaram a ter contato com acionistas mais exigentes e sofisticados do mercado de capitais americano, acostumados a investir em mercados com práticas de governança corporativa mais avançadas que as aplicadas no mercado brasileiro. A comparação entre os dois mercados, somada a falta de transparência na gestão e a ausência de instrumentos adequados de supervisão das companhias, gerou descontentamento entre os investidores nacionais. Algumas iniciativas institucionais e governamentais foram implementadas nos últimos anos com o objetivo de revitalizar o mercado brasileiro de capitais, aperfeiçoando a sua regulamentação, e assegurando maior proteção ao investidor e a melhoria das práticas de governança das empresas brasileiras (PORTAL DO INVESTIDOR, 2011). Em 1999 com a extinção do pregão viva-voz e criação da Mega Bolsa, tornaram a bolsa mais acessível a todos, iniciando um processo de democratização, pois antes disto somente as grandes corporações tinham acesso ao mercado secundário. Hoje o mercado de capitais esta crescendo vertiginosamente, muitas empresas estão percebendo que abrir o capital é bem mais rentável, do que tomar empréstimos e financiamentos, devido as taxas de juros cada vez mais abusivas, as pressões internacionais geradas pela globalização do mercado e consumidores cada vez mais exigentes. A preocupação agora são as pequenas empresas, que também querem participar, por isto, a CVM esta estudando formas para integrá-los ao mercado de capitais nacional.

25 4.3. FUNÇÃO A principal função do mercado de valores mobiliários na economia é o atendimento as necessidades de financiamento de médio e longo prazos por parte das empresas. Ou seja, o mercado de valores mobiliários surge como fonte de recursos capaz de financiar projetos de expansão ou de aperfeiçoamento tecnológico das empresas, na medida em que reúne condições para oferecer as companhias um volume adequado de recursos a custos satisfatórios, através de instrumentos atraentes para o público, quanto a retorno, prazo, liquidez e garantia. O mercado de valores mobiliários, portanto, estimula a poupança e o investimento, sendo essencial para o crescimento das economias modernas, impulsionado o desenvolvimento das empresas nacionais (BOVESPA, 2011). O mercado de capitais exige de seus protagonistas padrões de conduta rigorosos do ponto-de-vista e da eficiência, tendo em vista que o seu funcionamento deve ser baseado em um direto e estreito relacionamento entre o investidor e o ofertante dos títulos. Estes são os fundamentos da confiabilidade que assegura a sobrevivência e o desenvolvimento desse mercado (PORTAL INVESTIDORES, 2011). 4.4. BENEFÍCIOS O mercado de capitais gera vários benefícios para a sociedade, sendo alguns deles descritos abaixo: Financia a produção e os negócios, pois através da venda de ações as empresas obtêm recursos para expandir seu capital, com obrigações apenas no longo prazo; Possibilita que os recursos poupados se tornem investimentos, proporcionando crescimento econômico e crescimento de produtividade com a inserção das poupanças no setor produtivos; Constitui uma forma de crescimento das companhias, que podem aumentar sua participação no mercado através da distribuição de ações, além de possibilitar a elas aumentar seus ativos e valor de mercado; Auxilia a redistribuição de renda, à medida que pode proporcionar a seus investidores ganhos decorrentes de valorizações do valor da ação e distribuição de dividendos, compartilhando assim o lucros das empresas;

26 Contribui para p aprimoramento dos princípios da Governança Corporativa, através de melhorias na administração e eficiência, visto que as companhias abertas precisam cumprir a regras cada vez mais rígidas propostas pelo Governo e pelas Bolsas de Valores, além de deixar o mercado mais transparente; Possibilita a inserção de pequenos investidores, já que para investir em ações não há a necessidade de grandes somas de capital como outros tipos de investimentos; É um indicador econômico, uma vez que é extremamente sensível e a cotação das ações pode refletir as forças do mercado, como momentos de recessão, estabilidade, crescimento, etc. 4.5. PARTICIPANTES Os principais agentes participantes do mercado de capitais brasileiro segundo o Portal do Investidor (2011) são: Emissores; Companhias abertas; Intermediários; Bancos de Investimentos; Corretoras de Mercadorias; Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários; Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários; Agentes autônomos de investimento; Administradores de carteiras; Administradores de Mercado; Bolsas de Valores; Depositárias; Câmaras de Compensação e Liquidação;

27 Outros Analistas de Mercado de Valores Mobiliários; Empresas de Auditorias; Consultorias; Investidores Pessoas Físicas; Institucionais; Empresas; Estrangeiros; Clube de investimentos; Fundos de investimentos; Fundos de índices ETF; Outros. O Sistema de Distribuição responsável pela intermediação entre as companhias de capital aberto, as instituições financeiras e os investidores, em relação a compra e venda de títulos e valores mobiliários tanto no mercado de bolsa, quanto no de balcão. Os membros deste sistema são: as instituições financeiras e demais sociedades que tenham por objeto distribuir emissão de valores mobiliários, as sociedades que tenham por objeto a compra de valores mobiliários em circulação no mercado, para os revender por conta própria; as sociedades e os agentes autônomos que exerçam atividades de mediação na negociação de valores mobiliários, em bolsas de valores ou no mercado de balcão; as bolsas de valores; as entidades de mercado de balcão organizado; as corretoras de mercadorias, os operadores especiais e as Bolsas de Mercadorias e Futuros; e as entidades de compensação e liquidação de operações com valores mobiliários.

28 4.6. ESTRUTURA O Mercado de Capitais é constituído pelas bolsas de valores, sociedades corretoras e outras instituições financeiras autorizadas. O mesmo é subdividido em Mercado Primário e o Mercado Secundário. Qual a diferença entre Mercado Primário e Mercado Secundário? O Mercado Primário compreende o lançamento de novas ações no mercado, é uma forma de captação de recursos para a empresa. Uma vez ocorrendo esse lançamento inicial ao mercado, as ações passam a ser negociadas no Mercado Secundário, onde ocorre a troca de propriedade de título. Ou seja, no Mercado Primário, quem vende as ações é a companhia, usando os recursos para se financiar. No Mercado Secundário, o vendedor é o acionista ou investidor que se desfaz das ações para reaver o seu dinheiro. Por isso, os negócios realizados em Bolsa de Valores correspondem ao Mercado Secundário. No Mercado Primário é onde se negocia a subscrição de novas ações ao público, isto é, onde os valores mobiliários circulam pela primeira vez e onde a empresa obtém o capital para seus empreendimentos, pois o dinheiro da venda vai para a empresa. Já o Mercado Secundário são as demais negociações com esses títulos, como simples trocas de possuidores, pois a empresa emissora já não terá mais contato com o dinheiro proveniente dessas trocas. Esse último mercado se caracteriza também pelas negociações realizadas fora das bolsas, em negociações que denominamos como mercado de balcão, trazendo dessa forma mais liquidez para esses ativos financeiros. A distinção entre o mercado primário e o secundário é importante para entender o funcionamento do mercado de capitais como um todo.

29 4.6.1. Mercado Primário Figura 03 Funcionamento do mercado primário Fonte: Bovespa As companhias de capital aberto necessitam de recursos financeiros para realizar investimentos produtivos, tais como: construção de novas plantas industriais, inovação tecnológica, expansão de capacidade, aquisição de outras empresas ou mesmo o alongamento do prazo de suas dívidas. Os investidores, por outro lado, possuem recursos financeiros excedentes, que precisam ser aplicados de maneira rentável e valorizar-se ao longo do tempo, contribuindo para o aumento de capital do investidor. Existem companhias de diferentes portes, com necessidades financeiras variadas. Ao mesmo tempo, investidores podem aplicar com o objetivo de obterem retorno financeiro no curto, médio ou longo prazo, e com diferentes níveis de risco. Para compatibilizar os diversos interesses entre companhias e investidores, estes recorrem aos intermediários financeiros que cumprem a função de reunir investidores e companhias, propiciando a alocação eficiente dos recursos

30 financeiros na economia. O interesse destes dois públicos impulsionam o mercado primário (PORTAL DO INVESTIDOR, 2011). Quando uma companhia emite títulos novos para serem colocados no mercado ela esta atuando no âmbito do mercado primário. A venda primária de valores mobiliários esta associada a uma operação de underwriting, processo pelo qual uma instituição financeira coordena e eventualmente garante a colocação dos títulos junto ao mercado. O coordenador pode ser um banco de investimentos, sociedades corretoras ou distribuidoras de valores mobiliários. O mercado primário é a única chance que a empresa tem de captar dinheiro, pois os títulos são vendidos diretamente por elas (LAGIOIA, 2006). Uma empresa recorre ao mercado primário no momento da abertura inicial de capital (IPO - Initial Public Offering ou Oferta Pública Inicial), ou para fazer a subscrição de um novo lote de ações, quando ela já tem papéis negociados no mercado financeiro, colocando mais uma parte da empresa a venda em forma de ações. Utilizando um intermediário financeiro, tais como: bancos de investimento, sociedades corretoras, agentes autonmos de investimentos e sociedades distribuidoras para a colocação desses títulos no mercado. É o mercado em que são oferecidas emissões de novos títulos ao público, tanto títulos emitidos pelo governo como por empresas privadas, no caso de ações ou debêntures novas por ocasião do seu lançamento (LACOMBE, 2009, p. 407). O mercado primário não é muito conhecido do público porque as negociações acontecem de portas fechadas. Onde as empresas ou o governo emitem títulos e valores mobiliários para captar novos recursos diretamente de investidores, realizando a distribuição primária, que corresponde à distribuição de novas ações, sendo os recursos captados destinados a aumento de capital da companhia emissora (PORTAL INVESTIDOR, 2011). 4.6.1.1. Processo de abertura de capital 4.6.1.1.1. Sociedade anônima Normalmente as empresas começam no fundo de quintal, somente com parentes de funcionários, com faturamento baixo e clientes mínimos. Quando o empresário começa a obter contratos maiores, resolve se legalizar constituindo uma

31 empresa limitada. Com a expansão dos negócios, resolve compartilhar seus resultados com outros, se tornando agora uma sociedade anônima. Para permanecer no mercado, conquistar novos clientes, diversificar produtos, obter vantagens competitivas e realizar novos investimentos em infra-estrutura e pessoal, resolve abrir o capital e garantir uma injeção extra de dinheiro. Sociedade anônima é uma forma jurídica de constituição de empresa, na qual o capital social é dividido em ações, e seus acionistas normalmente são desconhecidos. É regida por um estatuto social, que descreve o conjunto de normas acordadas pelos sócios ou fundadores, que regulamenta o funcionamento de uma empresa, os direitos e deveres dos acionistas, e a quantidade de ações a seram emitidas e distribuídas no mercado primário, a empresa não pode vender mais ações que as autorizadas pelo estatuto, sem a aprovação de uma assembleia de acionistas. Para evitar a necessidade de emendar o estatuto mais tarde, as empresas procuram autorizar mais ações do que planejam emitir inicialmente (GITMAN, 2004). Sociedade anônima é uma sociedade em que o capital é dividido em ações e a responsabilidade dos sócios ou acionistas é limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas (LACOMBE, 2009, p. 134-135), ou seja, se a sociedade se dissolver os acionistas apenas perdem o valor gasto na compra das ações. Estas empresa são regulamentadas pela CVM, e devem seguir normas e procedimentos por ela impostos, também devem divulgar seus demonstrativos contábeis (DRE e balanço patrimonial) no diário oficial. São administradas por um conselho de administração, cuja os membros eleitos, sendo o presidente a aquele que obtiver o maior numero de ações, ou seja, 50% + 1. Estas empresas tem muita importância, pois influenciam direta e indiretamente no funcionamento do mercado financeiro de um país. 4.6.1.1.1.1. Sociedade anônima de capital fechado O capital acionário de uma empresa pode ser fechado, quando pertence a um único individuo ou a um pequeno grupo de investidores, normalmente são empresas

32 familiares, que financiam a empresa com capital próprio, também vendem sua ações, mas apenas internamente. As companhias fechadas negociam seus títulos e valores mobiliários em um ambiente não regulamentado pelo CVM, portanto, fora do mercado de bolsa e de balcão. O mercado onde são negociados os títulos das companhias fechadas chama-se de mercado de balcão não organizado (LAGIOIA, 2009, p. 70). 4.6.1.1.1.2. Sociedade anônima de capital aberto A companhia aberta é aquela que possui o seu capital social dividido em ações, as quais são admitidas a negociação nos mercados organizados (bolsas de valores e mercado de balcão), e que se encontra registrada no órgão competente, no caso do Brasil a CVM (LAGIOIA, 2009, p. 99-100). As características principais destas empresas são: São sociedades anônimas: o seu capital é dividido em ações; São fiscalizadas pela CVM; Devem divulgar informações: são obrigadas a presta-las ao mercado, ao grande publico, as bolsas de valores ou entidades de balcão organizado e a própria CVM, de forma padronizada, de modo a garantir transparência aos investidores; Propiciam acesso acionário: a negociação na bolsa de valores significa que uma parcela de seu capital tem sua propriedade disponível a negociação. Para que uma empresa possa se candidatar ao processo de abertura de capital deve estar constituída na forma jurídica de uma sociedade anônima, de acordo com o que preceitua a Lei nº 6.404/1976. A empresa pode ser considerada de capital aberto quando pertence a um grupo amplo de investidores individuais ou institucionais não relacionados entre si, e promove a colocação de títulos e valores mobiliários em mercados de bolsa ou de balcão (LAGIOIA, 2009).

33 As S.A. de capital aberto tem o direito de: Ter os valores mobiliários de sua emissão negociados publicamente em bolsas de valores ou mercado de balcão, organizado ou não; Captar recursos através do lançamento público de valores mobiliários; Obter, junto à CVM, o registro de seus programas de lançamento de recibos de depósito (DR s) negociáveis no exterior, para captação de recursos em mercados estrangeiros. O sistema de votação define como se tomam as decisões na companhia. Para fazer valer as suas decisões, o acionista deve acumular mais ações ordinárias do que os outros acionistas que pensam de forma diferente, para isto é preciso comprar mais ações ou fazer alianças (LAGIOIA, 2009, p. 72). 4.6.1.1.2. Fundamentação A empresa que já abriu o seu capital tem uma enorme vantagem sobre as demais, em especial num pais como o Brasil, onde, em certas épocas, o custo do dinheiro emprestado pelos bancos atinge índices extremamente elevados. Porém ao lançar ações no mercado, o empresário tem que levar em conta vários fatores, sendo um deles a análise de comparabilidade entre custo da abertura do capital e manutenção desta condição nas bolsas de valores e o custo dos empréstimos bancários. Os motivos mais relevantes para uma empresa abrir seu capital são: A empresa passa a ter mais acesso ao capital: Dentre as motivações, sem dúvida a mais comum é o acesso a recursos para financiar projetos de investimento. Existem algumas maneiras para a empresa se financiar, como: o Recursos gerados pelo negócio: Essa alternativa restringe os projetos da empresa ao montante de recursos que esta é capaz de gerar, o que pode levar ao desperdício de oportunidades e à limitação das perspectivas de crescimento. o Capital de terceiros: A empresa pode recorrer ao capital de terceiros por meio de dívida. Além da forma mais tradicional como empréstimos

34 bancários, há duas opções: a emissão de títulos de renda fixa (debêntures ou notas promissórias) e a securitização de recebíveis (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios FIDCs). Todos podem ser negociados na BM&FBOVESPA.. Embora seja interessante financiar-se por meio de dívida, nem sempre essa oportunidade está disponível ou adequada às necessidades da empresa. Muitos projetos de investimento sofrem com a ausência de fontes de crédito de longo prazo, que seria o perfil mais compatível com sua maturação. Adicionalmente, a utilização de capital de terceiros tem limites claros. Quando utilizado em excesso, aumenta a vulnerabilidade da empresa aos humores da economia e a expõe a maior nível de risco. Como conseqüência, o custo do financiamento eleva-se exponencialmente, podendo, em alguns casos, levar à inviabilização do próprio negócio; o Abertura de capital: Uma terceira alternativa é o financiamento por meio da emissão de ações, ou seja, do aumento do capital próprio e admissão de novos sócios. É uma fonte de recursos que não possui limitação. Enquanto a empresa tiver projetos viáveis e rentáveis, os investidores terão interesse em financiá-los. A abertura de capital representa uma excepcional redução de risco para a empresa. Os recursos dos sócios investidores, da mesma forma que o dinheiro que o empresário colocou no empreendimento, não têm prazo de amortização ou resgate. Também, diferentemente de empréstimos, não exigem rendimento definido: o retorno dos investidores depende do desempenho da empresa. Assim, uma companhia aberta é muito menos afetada pela volatilidade econômica. Seus executivos têm maior facilidade e flexibilidade para planejar, sem que energia e criatividade sejam consumidas totalmente na administração das pressões diárias dos compromissos financeiros. Risco mais baixo tem outro efeito benéfico: a redução do custo de capital, que pode induzir a companhia a um ciclo virtuoso. Nas empresas que têm certo grau de endividamento, a abertura de capital confere equilíbrio à estrutura de capital, balanceando o uso do crédito e do capital próprio. Com um custo de capital menor, o retorno de projetos que anteriormente poderiam