INTRODUÇÃO No âmbito do ensino clínico I e III, do Mestrado em Enfermagem de Saúde Mental, foi-me proposto a realização de um estudo de caso. O objectivo deste trabalho foi reflectir sobre uma intervenção desenvolvida neste ensino clínico, nomeadamente uma intervenção psicoeducativa a uma criança referenciada pela sua professora. Na elaboração deste estudo de caso foi utilizado o processo de enfermagem e a linguagem CIPE, através da realização do exame mental; elaboração de diagnósticos de enfermagem; consideração de intervenções de enfermagem prioritárias. Este trabalho compreende a introdução, onde se aborda o objectivo deste trabalho, a fundamentação teórica onde se faz a descrição da criança e por fim a conclusão que compreende um breve resumo do trabalho e a sua aplicação na prática como enfermeiros especialistas em saúde mental. Os atendimentos foram realizados no âmbito da iniciativa do GASME (Gabinete apoio à saúde mental escolar), sendo que as crianças nos foram referenciadas pela sua professora. O Cristiano, em especial, foi referenciado por ter algumas alterações do comportamento, como dificuldade na concentração e na realização de algumas tarefas. Segundo a sua professora apresentava um discurso negativista sobre si próprio referindo o meu pai e eu já somos malucos, agora só faltava o meu avô, pois o seu pai tem diagnosticada esquizofrenia e segundo informações da professora o seu avô terá iniciado um processo demencial.
IDENTIFICAÇÃO DO CASO - ANAMNESE O Cristiano Jorge Pires Rodrigues nasceu a 2 de Março de 2004 em Tomar. A sua gravidez não foi planeada e foi vivida pela mãe com alguma ansiedade, pois esta foi alvo de violência física e verbal por parte do pai do Cristiano, da qual se encontra separada. Os pais divorciaram-se quando ele era bebé. O pai vive em Abrantes e tem diagnosticada esquizofrenia. O Cristiano vive com a mãe, com o namorado desta, com duas irmãs e com os seus avós, numa casa com 3 assoalhadas na cidade de Tomar. Ambas as irmãs são mais velhas (uma anda no 3.º ano do 1.º ciclo) e a mais velha tem cerca de 14 anos e diz-lhe: és maluco como o pai. O avô materno tem uma demência diagnosticada e esquece-se das coisas. O Cristiano diz: não chegava eu e o meu pai sermos malucos, agora também o meu avó A nível escolar, andou 2 anos no infantário, e a sua educadora referiu que ele era pouco assíduo. Segundo informações da professora, no 3.º período do infantário, na área da formação pessoal e social estava ainda em aquisição: a manifestação de uma imagem positiva de si; a identificação das suas características e qualidades pessoais; identificação e comunicação dos seus sentimentos e necessidades e o conhecimento de tradições da comunidade. Na área do conhecimento do mundo estava ainda em aquisição a identificação das estações do ano e mudanças atmosféricas. Adquiriu todas as competências na área da expressão e comunicação, expressão dramática e música. Na linguagem oral e abordagem à escrita estava ainda em aquisição: a capacidade de ter um vocabulário vasto e a capacidade de contar, recontar e inventar histórias. Na matemática encontrava-se ainda em aquisição o conhecimento das figuras geométricas básicas (círculo, quadrado, triângulo e rectângulo). Segundo a professora é muito bom a desenho, mas tem dificuldades na leitura e escrita, por falta de trabalho e empenho pessoal. É lento, distraído, desatento, desinteressado e conversa muito nas actividades extra-curriculares.
Genograma Legenda: Homem - Mulher - Óbito - Casamento - Filhos - Separação/divórcio -.
EXAME MENTAL
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM / INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM FOCO 1. Auto-estima diminuída em grau moderado INTERVENÇÕES - Planear a escuta activa. - Gerir ambiente. Instruir a família, nomeadamente mãe e irmãs, no diálogo influenciador da construção de auto estima na criança. Instruir a família na adopção de comportamentos influenciadores do aumento de auto estima da criança. - Promover a auto-estima Ajudar na descoberta de actividades valorizadas pela criança. Reflectir em conjunto sobre as qualidades da criança. Descrição positiva do seu comportamento Promoção de ambiente que influencie, o aumento de auto estima, actividades de divertimento e recreativas. - Promover a expressão de sentimentos Promover conversas terapêuticas, através de jogos, de modo a que a criança se sinta confortável para falar sobre os seus sentimentos e emoções. -Elogiar progressos Através do reforço positivo, elogiar a criança sempre que fala sobre os seus sentimentos e emoções. - Induzir a criança a realizar uma lista de aspectos físicos e psicológicos que são positivos em si, através de jogos didácticos.
FOCO 2. Imagem corporal comprometida INTERVENÇÕES - Planear a escuta activa. - Gerir ambiente. Instruir a família, nomeadamente mãe e irmãs, no diálogo influenciador da construção da auto imagem positiva da criança. Instruir a família na adopção de comportamentos influenciadores da auto imagem da criança. Instruir a professora na adopção de comportamentos influenciadores da auto imagem da criança. - Promover expressão de sentimentos. Promover conversas terapêuticas, através de jogos, de modo a que a criança se sinta confortável para falar sobre a sua auto imagem. - Elogiar progressos - Induzir a criança a realizar uma lista de aspectos físicos e psicológicos que são positivos em si. Promovendo actividades que impliquem a observação do seu corpo, utilizando estratégias, como olhar-se no espelho.
BIBLIOGRAFIA CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMEIROS (2005) Classificação internacional para a prática de enfermagem (CIPE/ICNP): versão Beta 2. 3ª ed Lisboa: Associação Portuguesa de Enfermeiros.