UNIVERSIDADE DO CONTESTADO CURSO DE PEDAGOGIA SUZAMARA MARIA STACHELSKI



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Transcrição:

0 UNIVERSIDADE DO CONTESTADO CURSO DE PEDAGOGIA SUZAMARA MARIA STACHELSKI A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO AFETIVO, COGNITIVO E EMOCIONAL DE CRIANÇAS DE 4 A 5 ANOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL, DO CEI PROFESSOR PARDAL NO MUNICIPÍO DE CAÇADOR-SC CAÇADOR 2009

1 SUZAMARA MARIA STACHELSKI A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO AFETIVO, COGNITIVO E EMOCIONAL DE CRIANÇAS DE 4 A 5 ANOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL, DO CEI PROFESSOR PARDAL NO MUNICIPÍO DE CAÇADOR-SC Trabalho de Conclusão de curso apresentado como exigência para obtenção do titulo de licenciado em Pedagogia, da Universidade do Contestado, campus de Caçador, sob orientação da Professora Msc. Sonia de Fátima Gonçalves. CAÇADOR 2009

2 A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO AFETIVO, COGNITIVO E EMOCIONAL DE CRIANÇAS DE 4 A 5 ANOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL, DO CEI PROFESSOR PARDAL NO MUNICIPÍO DE CAÇADOR SUZAMARA MARIA STACHELSKI Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao processo de avaliação pelo Professor Orientador de TCC para a obtenção do Título de: Licenciado em PEDAGOGIA E aprovada na sua versão final em (data), atendendo às normas da legislação vigente da Universidade do Contestado e Coordenação do Curso de Pedagogia. Prof. Ms. Sonia de Fátima Gonçalves Orientador do TCC Prof. Ms. Paulo Roberto Gonçalves Coordenador do Curso Pedagogia

3 Dedico este trabalho a Deus, a minha filha e a mim mesmo por mais essa conquista na minha vida, pois só eu sei o quanto custou para chegar ate aqui.

4 Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhado, sem aprender a refazer, a retocar o sonho. Paulo Freire

5 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter me dado força para conseguir concluir mais uma etapa da minha vida, por ter me iluminado nas horas difíceis. Ao meu esposo Vanderlei e minha filha Karoline, que se tornaram essenciais, pela compreensão, paciência e incentivos em todos os momentos. Aos mestres que nos mostraram os caminhos do saber com seus conhecimentos para nossa formação. Á minha orientadora, Sonia de Fátima Gonçalves pela dedicação, suas sugestões e companheirismo nesta caminhada. As minhas amigas de curso com quem dividi minhas angustias, tristezas, alegrias e pela paciência em ouvir meus desabafos.

6 RESUMO Este trabalho teve como objetivo pesquisar a importância da música no desenvolvimento cognitivo, afetivo e emocional da criança durante o período da Educação Infantil, tendo em vista que é por intermédio da música que se desenvolve na criança a sensibilidade, a percepção, a observação, a atenção, a autoconfiança, o raciocínio, a criatividade, a auto-estima, a linguagem, a socialização, a expressão corporal e verbal, é esse conjunto de habilidades que fica na criança e a capacita a desempenhar qualquer função em sua vida. No contexto escolar, a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem, pois o educando aprende a ouvir de maneira ativa e refletida, a música não é apenas uma associação de sons e palavras, mas um instrumento que desperta o indivíduo, sua mente e seu corpo para um processo de aprendizagem mais prazeroso, a música transforma o ato de aprender em atitude de prazer no cotidiano do aluno e do professor, ela é capaz de desenvolver a percepção auditiva e quanto maior for o exercício da sensibilidade para os sons, maior será a capacidade da criança para desenvolver sua atenção e memória. Palavras chaves: Música, educando, aprendizagem

7 ABSTRACT This study aimed to investigate the importance of music on cognitive, affective and emotional child during the period of early childhood education, given that it is through music that develops in the child's sensitivity, perception, observation, attention, selfconfidence, reasoning, creativity, self-esteem, language, socialization, body language and verbal, is this set of skills that is in the child and enables him to play any role in his life. In the school context, the music is intended to expand and facilitate learning because the student learns to listen actively and reflected, the music is not just a combination of sounds and words, but a tool to awaken the individual, his mind and your body to a learning process more enjoyable, the music becomes the act of learning in an attitude of pleasure in daily student and teacher, she is able to develop listening skills and the higher the exercise sensitivity to the sounds the greater the child's ability to develop attention and memory. Key words: Music, teaching, learning

8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 9 2 REFERÊNCIAL TEÓRICO... 14 2.1 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA... 14 2.2 O PAPEL DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO... 18 2.3 A MUSICALIZAÇÃO NA SOCIEDADE... 19 2.4 A MUSICALIZAÇÃO COMO ELEMENTO MOTIVADOR DA APRENDIZAGEM. 21 2.5 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL... 24 2.2.1 Desenvolvimento cognitivo/ lingüístico... 26 2.2.2 Desenvolvimento psicomotor... 26 2.2.3 Desenvolvimento sócio-afetivo... 27 2.6 A MUSICALIZAÇÃO COMO FORMA DE COMUNICAÇÃO... 29 2.7 A INTELIGÊNCIA MUSICAL CONTRIBUIÇÕES DE HOWARD GARDNER... 30 2.8 A MÚSICA COMO MEIO DE INTEGRAÇÃO DO SER... 32 3 ANALISE DOS RESULTADOS E DISCUSSAO... 35 3.1 ANALISE DAS ENTREVISTAS DOS PROFESSORES... 35 3.2 ANALISE DAS PERGUNTAS DOS PAIS... 40 4 RELAÇAO DA MUSICA COM A FORMAÇAO ACADEMICA... 45 5 CONCLUSÃO... 48 REFERÊNCIAS... 50 APENDICES... 52 ANEXOS... 56

9 1 INTRODUÇÃO A aprendizagem através da musicalização além de promover o gosto e o senso musical favorece a expressão artística. Formando o ser humano com uma cultura musical desde criança, sendo capaz de usufruir da música, analisá-la e compreendê-la. A música como um instrumento capaz de despertar inúmeros sentimentos, pode ser um elo das diversas áreas de conhecimento, favorecendo e facilitando a aquisição dos saberes, proporcionando assim aos apreendentes melhora na autoestima, equilíbrio emocional e autoconhecimento, tornando-os mais perceptivos para a compreensão e elaboração dos conceitos (HOWARD, 1984; MARTINS, 1985; GAINZA, 1988 e FERREIRA, 2002). Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de propiciar a vivência de elementos estruturais dessa linguagem. A criança através da brincadeira relaciona - se com o mundo que a cada dia descobre e é dessa forma que faz música: brincando. Receptiva e curiosa, ela pesquisa materiais sonoros, descobre instrumentos, inventa melodias e ouve com prazer a música de todos os povos. Cantando, tocando ou dançando, a música de boa qualidade proporciona diversos benefícios para as crianças e é uma grande aliada no desenvolvimento saudável da criançada. De forma ativa e contínua, a aprendizagem musical integra prática, reflexão e conscientização, encaminhando a experiência para níveis cada vez mais elaborados. A música no desenvolvimento da criança representa uma importante fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade para a criança. Assim, na Educação Infantil os fatos musicais devem induzir ações, comportamentos motores e gestuais (ritmos marcados caminhando, batidas com as mãos, e até mesmo falados), inseparáveis da educação perceptiva propriamente dita. Até o primeiro ano de vida, as janelas escancaradas são as dos sentidos. Contar histórias, pôr música na vitrola, agarrar e beijar, brincar com a fala são estímulos que ajudam o aperfeiçoamento das ligações neurais das regiões sensoriais do cérebro.

10 Gardner (1995) admite que a inteligência musical esteja relacionada à capacidade de organizar sons de maneira criativa e à discriminação dos elementos constituintes da Música. A teoria afirma que pessoas dotadas dessa inteligência não precisam de aprendizado formal para colocá-la em prática. Isso é real, pois não está sendo questionado o resultado da aplicação da inteligência, mas sim a potencialidade para se trabalhar com a música. Se todos nascem potencialmente inteligentes, a musicalidade e a musicalização intuitiva são inerentes a todo ser humano. No entanto, apenas uma porcentagem da população as desenvolve. Embora o incentivo ambiental familiar e a iniciação na infância sejam positivos, não são essenciais na formação musical. Outros fatores podem ser estímulos favoráveis ao desenvolvimento da inteligência musical: a escola, os amigos, os meios de comunicação. Musicalidade é a tendência ou inclinação do indivíduo para a música. Quanto maior a musicalidade, mais rápido será seu desenvolvimento, costuma revelar-se na infância e independe de formação acadêmica. É nesse contexto que a Educação Musical entra como um importante mediador no desenvolvimento de habilidades físicas, mentais, verbais, sociais e emocionais, tendo como característica própria à liberdade de criar e adaptar. É um trabalho de desenvolvimento global que possibilita a criança usar toda sua capacidade para uma aprendizagem de acordo com seu ritmo, tendo como ponto de partida, seu próprio corpo. A Educação Infantil é a porta de entrada para a linguagem musical, que é trabalhada no sentido de contribuir para que o processo de crescimento e conhecimento do mundo aconteça de um modo sensível e harmônico. O contato da criança com a música deve ser bem organizado, de modo a possibilitar aquisição de capacidades possíveis e necessárias ao seu desenvolvimento pleno. É por intermédio da música que se desenvolve na criança a sensibilidade, a percepção, a observação, a atenção, a autoconfiança, o raciocínio, a criatividade, a auto-estima, a linguagem, a socialização, a expressão corporal e verbal, é esse conjunto de habilidades que fica na criança e a capacita a desempenhar qualquer função em sua vida, pois por meio de cantigas e de ações existentes nas músicas, ela aprende que alegrias e tristezas, conquistas e perdas, coragem e medo podem ocorrer, mas também podem ser resolvidos.

11 A música estimula o desenvolvimento psicológico da criança, pois contribui significativamente para que as crianças possam reestruturar suas emoções, alcançando um equilíbrio natural. Facilita também a liberação das fantasias, da imaginação, a criatividade, e através destas a criança pode se tornar um ser mais feliz. A observação da espontaneidade da criança frente à música pode proporcionar excelente material de estudo a cerca de seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor, assim como a indiferença a uma estimulação musical pode ser uma reação concreta e significativa a uma situação vivencial insatisfatória. Tendo experiências musicais trabalhadas criativamente nos primeiros anos de vida, muito provavelmente o adulto se realizará como Ser Humano, de forma prazerosa. Através da música as crianças exaltam seus sentimentos e também desabafam suas angústias. Os conteúdos musicais dentro da Educação Infantil são desenvolvidos em forma de brincadeiras, jogos e dramatizações. É comum ainda, utilizar músicas ligadas a temas de interesse. Brincadeiras de roda são as mais trabalhadas, pois são atividades recreativas que envolvem o corpo, o som, o ritmo e o movimento, levando a criança a uma identificação sociocultural, conscientizando-as e conduzindo-as à aceitação natural de si mesma e com relação aos colegas, formando a noção de nós. Essas atividades dão oportunidade à criança de manifestar suas alegrias, suas virtudes, seus medos e frustrações, seus desejos e suas angústias, de forma permissível socialmente, dando asas à sua imaginação, dividindo suas fantasias com o outro. A música na escola permite o fortalecimento das relações humanas como a amizade, companheirismo, troca de carinho e afeto, sentimentos e valores que acompanham uma pessoa em toda sua vida. É um trabalho lúdico onde a fantasia se faz presente, entrando em contato com várias sensações, facilitando o alcance de objetivos com resultados altamente compensadores. Musicalização é um processo cognitivo e sensorial que envolve o contato com o mundo sonoro e a percepção rítmica, melódica e harmônica. Ela pode ocorrer intuitivamente ou por intermédio da orientação de um profissional. No contexto escolar, a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem, pois o educando aprende a ouvir de maneira ativa e refletida.

12 A boa música harmoniza o ser humano, trazendo-o de volta a padrões mais saudáveis de pensamento, sentimento e ação. Dentro desta perspectiva o professor poderá utilizar a música em todos os momentos de sua aula, e não só para quebrar a rotina ou para acalmar a criançada. Através da música o educador cria um ambiente favorável para que seus alunos aprendam com entusiasmo. Sendo assim, foi necessário pesquisar a partir deste trabalho, qual a influência da música no desenvolvimento da criança de 4 a 5 anos na Educação Infantil da ACEIAS da creche do bairro Santa Catarina do município de Caçador. A música na educação infantil trabalhada através de atividades diversas de movimento (danças, gestos, jogos, relaxamento, brincadeiras, interpretações...) fazendo com que as crianças tenham um contato mais íntimo com a música, oportuniza momentos de criatividade que podem ser a chave para que a música não seja vista apenas como uma combinação de sons, mas como uma das mais belas artes e como um meio privilegiado de favorecer a alfabetização, que é antes de tudo uma alfabetização corporal (BARRETO, 2000). É necessário que os professores se reconheçam como sujeitos mediadores de cultura dentro do processo educativo e que levem em conta a importância do aprendizado da música no desenvolvimento e formação das crianças como indivíduos produtores e reprodutores de cultura. Só assim poderão procurar e reconhecer todos os meios que têm em mãos para criar, à sua maneira, situações de aprendizagem que dêem condições às crianças de construir conhecimento sobre música. A música é um instrumento facilitador do processo de ensino aprendizagem, portanto deve ser possibilitado e incentivado o seu uso em sala de aula. A música não substitui o restante da educação, ela tem como função atingir o ser humano em sua totalidade. A educação tem como meta desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de que é capaz. Porém, sem a utilização da música não é possível atingir a esta meta, pois nenhuma outra atividade consegue levar o indivíduo a agir. A música atinge a motricidade e a sensorialidade por meio do ritmo e do som, e por meio da melodia, atinge a afetividade. A musicalidade é um meio de comunicação mais fácil para conquistar, expressar e aproximar, além de ajudar na construção do conhecimento, na desinibição e medo, abrindo possibilidades de exploração e descoberta.

13 Também é através da musicalização que a criança pode expressar seus sentimentos, emoções, desenvolver o senso artístico e crítico, despertando na criança, grande satisfação, uma vez que, está envolvida de caráter lúdico e desafiador. Pensando neste sentido fez-se necessário desenvolver uma pesquisa de campo e bibliográfica com a intenção de buscar entre os professores de Educação Infantil a importância que a música tem para o desenvolvimento das crianças. Visto este tema ter tal importância que está para ser aprovado em Lei para que educando de Educação Infantil e anos iniciais façam uso da música em suas disciplinas, com o objetivo de pesquisar qual a importância da música no desenvolvimento cognitivo, afetivo e emocional da criança durante o período da Educação Infantil. O presente trabalho está organizado em introdução, capitulo I que trata da fundamentação teórica relacionada ao tema de pesquisa, capitulo II onde é apresentado o resultado da pesquisa realizada com professores, pais e profissionais da área e o capitulo III que apresenta uma relação do tema com a formação acadêmica no curso de pedagogia, e para finalizar a conclusão.

14 2 REFERÊNCIAL TEÓRICO 2.1 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA A presença da música na vida dos seres humanos é incontestável. Ela tem acompanhado a história da humanidade, ao longo dos tempos exercendo as mais diferentes funções, ela é uma linguagem universal, que ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço. Apesar dessas diferentes funções e situações entre muitas outras, a música acompanha os seres humanos em praticamente todos os momentos de sua trajetória neste planeta, nunca uma geração viveu tão intensamente a música como as atuais. Atualmente existem diversas definições para música. Mas, de um modo geral, ela é considerada ciência e arte, na medida em que as relações entre os elementos musicais são relações matemáticas e físicas; a arte manifesta-se pela escolha dos arranjos e combinações. Houaiss apud Bréscia (2003, p. 25) conceitua a música como [...] combinação harmoniosa e expressiva de sons e como a arte de se exprimir por meio de sons, seguindo regras variáveis conforme a época, a civilização, etc.. Já Gainza (1988, p.22) ressalta que: A música e o som, enquanto energias estimulam o movimento interno e externo no homem; impulsionam-no a ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferentes qualidade e grau. De acordo com Weigel (1988, p. 10) a música é composta basicamente por: Som: são as vibrações audíveis e regulares de corpos elásticos, que se repetem com a mesma velocidade, como as do pêndulo do relógio. As vibrações irregulares são denominadas ruído. Ritmo: é o efeito que se origina da duração de diferentes sons, longos ou curtos. Melodia: é a sucessão rítmica e bem ordenada dos sons. Harmonia: é a combinação simultânea, melódica e harmoniosa dos sons. De acordo com Wilhems apud Gainza (1988, p. 36): Cada um dos aspectos ou elementos da música corresponde a um aspecto humano específico, ao qual mobiliza com exclusividade ou mais

15 intensamente: o ritmo musical induz ao movimento corporal, a melodia estimula a afetividade; a ordem ou a estrutura musical (na harmonia ou na forma musical) contribui ativamente para a afirmação ou para a restauração da ordem mental no homem. A educação deve ser vista como um processo global, progressivo e permanente, que necessita de diversas formas de estudos para seu aperfeiçoamento, pois em qualquer meio sempre haverá diferenças individuais, diversidade das condições ambientais que são originários dos alunos e que necessitam de um tratamento diferenciado. Neste sentido devem-se desencadear atividades que contribuam para o desenvolvimento da inteligência e pensamento. A criança precisa ser sensibilizada para o mundo dos sons, pois, é pelo órgão da audição que ela possui o contato com os fenômenos sonoros e com o som. Quanto maior for à sensibilidade da criança para o som, mais ela descobrirá as suas qualidades. Portanto é muito importante exercitá-la desde muito pequena, pois esse treino irá desenvolver sua memória e atenção. FARIA (2001), define que a música é um importante fator na aprendizagem, pois a criança desde pequena já ouve música, a qual muitas vezes é cantada pela mãe ao dormir, conhecida como cantiga de ninar. Na aprendizagem a música é muito importante, pois o aluno convive com ela desde muito pequeno. A música quando bem trabalhada desenvolve o raciocínio, criatividade e outros dons e aptidões, por isso, deve-se aproveitar esta tão rica atividade educacional dentro das salas de aula. A música e a dança atuam no corpo e despertam emoções, neste sentido elas equilibram o metabolismo, interfere na receptividade sensorial e minimiza os efeitos de fadiga ou leva a excitação do aluno. Para STABILE citado por ESTEVÃO (2002, p. 34) a música e a dança permitem a expressão pelo gesto e pelo movimento, que traz satisfação e alegria. A criança aprende e se desenvolver através dela. A expressão musical desempenha importante papel na vida recreativa de toda criança, ao mesmo tempo em que desenvolve sua criatividade, promove a autodisciplina e desperta a consciência rítmica e estética. A música também cria um terreno favorável para a imaginação quando desperta a faculdade criadora de cada um. A educação pela música proporciona uma educação profunda e total. FARIA (2001, p. 24), A música como sempre esteve presente na vida dos seres humanos, ela também sempre está presente na escola para dar vida ao

16 ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação e recreação. A escola, enquanto espaços institucionais para transmissão de conhecimentos socialmente construídos, possam se ocupar em promover a aproximação das crianças com outras propriedades da música que não aquelas reconhecidas por elas na sua relação espontânea com a mesma. Cabe aos professores criar situações de aprendizagem nas quais as crianças possam estar em relação com um número variado de produções musicais não apenas vinculadas ao seu ambiente sonoro, mas se possível também de origens diversas, como, de outras famílias, de outras comunidades, de outras culturas de diferentes qualidades: folclore, música popular, música erudita e outros. As atividades musicais nas escolas devem partir do que as crianças já conhecem desta forma, se desenvolve dentro das condições e possibilidades de trabalho de cada professor. FARIA (2001, p. 4), A música passa uma mensagem e revela a forma de vida mais nobre, a qual, a humanidade almeja, ela demonstra emoção, não ocorrendo apenas no inconsciente, mas toma conta das pessoas, envolvendo-as trazendo lucidez à consciência. A música como qualquer outra arte acompanha historicamente o desenvolvimento da humanidade e pode se observar ao analisar as épocas da história, pois em cada uma, ela está sempre presente. A música é algo constante na vida da humanidade, pode-se comprovar isto, em todos os registros da trajetória da história. As crianças sabem que se dança música, isto é, que a dança está associada à música, e geralmente sentem grande prazer em dançar. Se os professores levarem isso em conta e considerarem como ponto de partida o repertorio atual de sua classe (os das crianças e o próprio) e puderem expandir este repertório comum com o repertório do seu grupo cultural e de outros grupos, criando situações em que as crianças possam dançar, certamente estarão contribuindo significativamente para a formação das crianças. (ESTEVÃO, 2002, p. 33). A música na vida do ser humano é tão importante como real e concreta, por ser um elemento que auxilia no bem estar das pessoas. No contexto escolar a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem do educando, pois ensina o indivíduo a ouvir e a escutar de maneira ativa e refletida.

17 DUCORNEAU (1984), o primeiro passo para que a criança aprenda a escutar bem consiste em permitir que ela faça experiências sonoras com as qualidades do som como o timbre, a altura e a intensidade, depois disso, estará em posição de escuta. A criança que consegue desenvolver pouco a pouco a apreciação sensorial aprende a gostar ou não de determinados sons e passa a reproduzi-los e a criar novos sons, desenvolvendo sua imaginação. A boa música harmoniza o ser humano, trazendo-o de volta a padrões mais saudáveis de pensamento, sentimento e ação. A música afeta de duas maneiras distintas no corpo do indivíduo: Diretamente, com o efeito do som sobre as células e os órgãos, e indiretamente, agindo sobre as emoções, que influenciam numerosos processos corporais provocando a ocorrência de tensões e relaxações em várias partes do corpo. Para GAINZA (1988), a música é um elemento de fundamental importância, pois movimenta, mobiliza e por isso contribui para a transformação e o desenvolvimento. STEFANI (1987). A música afeta as emoções, pois as pessoas vivem mergulhadas em um oceano de sons. Em qualquer lugar e qualquer hora respira-se a música, sem se dar conta disso. A música é ouvida porque faz com que as pessoas sintam algo diferente, se ela proporciona sentimentos, pode-se dizer que tais sentimentos de alegria, melancolia, violência, sensualidade, calma e assim por diante, são experiências da vida que constituem um fator importantíssimo na formação do caráter do indivíduo. A música deve ser considerada uma verdadeira 'linguagem de expressão', parte integrante da formação global da criança. Deverá ela estar colaborando no desenvolvimento dos processos de aquisição do conhecimento, sensibilidade, criatividade, sociabilidade e gosto artístico. Caso contrário perder-se-á na forma de simples atividade mecânica, com a mera reprodução de cantos, sem a interação da criança com o verdadeiro momento de criação musical. Sendo a Escola a instituição responsável pela formação cultural da criança, cabe a ela também proporcionar esse conhecimento, não só da música popular como também das músicas folclórica, clássica e erudita..

18 2.2 O PAPEL DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO Snyders (1992) comenta que a função mais evidente da escola é preparar os jovens para o futuro, para a vida adulta e suas responsabilidades. Mas ela pode parecer aos alunos como um remédio amargo que eles precisam engolir para assegurar, num futuro bastante indeterminado, uma felicidade bastante incerta. A música pode contribuir para tornar esse ambiente mais alegre e favorável à aprendizagem, afinal propiciar uma alegria que seja vivida no presente é a dimensão essencial da pedagogia, e é preciso que os esforços dos alunos sejam estimulados, compensados e recompensados por uma alegria que possa ser vivida no momento presente (SNYDERS, 1992, p. 14). Além de contribuir para deixar o ambiente escolar mais alegre, podendo ser usada para proporcionar uma atmosfera mais receptiva à chegada dos alunos, oferecendo um efeito calmante após períodos de atividade física e reduzindo a tensão em momentos de avaliação, a música também pode ser usada como um recurso no aprendizado de diversas disciplinas. O educador pode selecionar músicas que falem do conteúdo a ser trabalhado em sua área, isso vai tornar a aula dinâmica, atrativa, e vai ajudar a recordar as informações. Mas, a música também deve ser estudada como matéria em si, como linguagem artística, forma de expressão e um bem cultural. A escola deve ampliar o conhecimento musical do aluno, oportunizando a convivência com os diferentes gêneros, apresentando novos estilos, proporcionando uma análise reflexiva do que lhe é apresentado, permitindo que o aluno se torne mais crítico. Conforme Mársico (1982, p.148) [...]. Uma das tarefas primordiais da escola é assegurar a igualdade de chances, para que toda criança possa ter acesso à música e possa educar-se musicalmente, qualquer que seja o ambiente sóciocultural de que provenha. As atividades musicais realizadas na escola não visam a formação de músicos, e sim, através da vivência e compreensão da linguagem musical, propiciar a abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções, ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser. A esse respeito Katsch e Merle-Fishman apud Bréscia (2003, p.60) afirmam que [...] a música pode melhorar o desempenho e a concentração, além de ter um impacto

19 positivo na aprendizagem de matemática, leitura e outras habilidades lingüísticas nas crianças. Além disso, como já foi citado anteriormente, o trabalho com musicalização infantil na escola é um poderoso instrumento que desenvolve, além da sensibilidade à música, fatores como: concentração, memória, coordenação motora, socialização, acuidade auditiva e disciplina. Conforme Barreto (2000, p. 45): Ligar a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão corporal, pode contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na escola, possam se adaptar (inibição psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidade psicomotora, etc.). Por isso é tão importante a escola se tornar um ambiente alegre, favorável ao desenvolvimento. Gainza (1988) afirma que as atividades musicais na escola podem ter objetivos profiláticos, nos seguintes aspectos: Físico: oferecendo atividades capazes de promover o alívio de tensões devidas à instabilidade emocional e fadiga; Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação e descarga emocional através do estímulo musical e sonoro; Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão. Para Bréscia (2003, p. 81) [...]. O aprendizado de música, além de favorecer o desenvolvimento afetivo da criança, amplia a atividade cerebral, melhora o desempenho escolar dos alunos e contribui para integrar socialmente o indivíduo. 2.3 A MUSICALIZAÇÃO NA SOCIEDADE A espécie humana esteve sempre ligada a um conjunto de complexos fenômenos sonoros, mais ou menos harmônicos, que causam ao homem sensações variadas de prazer (FRETGMAN, 1990). A forma cativante como a musicalização participa em nossa vida também não pode impedir a análise dos seus usos na sociedade e na escola. De acordo com Haach (1995, p.92) é necessário:

20 Auxiliar os jovens e todas as pessoas a compreenderem as muitas influências da música no comportamento humano e as várias funções da música na sociedade, de forma que possam usar com magnificência da música mais afetivamente nas necessidades e desafios de suas próprias vidas diárias. Dessa forma, a análise dos usos e funções da musicalização na sociedade passa a fazer parte do processo educativo, visando à superação de uma concepção ingênua sobre que objetivos que subjazem aos mais diversos fazeres musicais, pois a musicalização está presente em diversas situações da vida humana. Existem músicas para dormir, para dançar, para acalmar. Nestes diversos contextos, a criança entra normalmente em contato com a cultura musical desde os primeiros anos de idade, aprendendo de forma assistemática suas tradições culturais. A musicalização, para o ser humano, é uma forma de energia que movimenta todo ser emoção, mente, corpo e, por sua vez, provoca todo tipo de reações. Estas reações, ou respostas são distintas em cada indivíduo e, dependendo do grau de conhecimento e experiências musicais, serão mais, ou menos significativas. Brennan, (1993, p. 187) destaca que: Uma boa música nos ajuda a conservar a saúde. O tipo de música que escolhemos estará diretamente relacionado com o tipo de energia que compõe o se campo de energia e ao tipo de aprendizado pessoal que você estiver fazendo num determinado momento. Precisamos ter liberdade para escolher o tipo de música de que gostamos e para usar da maneira que quisermos. O ser humano normal, não é uma ilha e, portanto, normalmente está se relacionando com as demais pessoas e o meio ambiente, valendo-se para tanto, da fala, da escrita e da linguagem corporal plástica e musical. Portanto, a música sempre fez parte da vida dos homens em sociedade. Atualmente, a linguagem musical é estudada e analisada em diferentes aspectos: como terapia, como reação importante entre certos comportamentos da sociedade e o consumismo, como recurso dos meios de comunicação de massa, como meio de sensibilização na educação de deficientes auditivos e como auxiliar em psicoterapia (FRETGMAN, 1990). Todos os estímulos sonoros provenientes da natureza, desde o canto manso ou voraz das águas que passam, ao canto dos pássaros, tudo propicia o

21 desenvolvimento de habilidades perceptivas que contribuem para o desenvolvimento do processo de comunicação e expressão da criança. Nicolau (1987, p 162), ressalta neste sentido que: (...) cabe a Educação Musical, propor o que fazer e como fazer para desenvolver a linguagem sonora musical. Para isso, coloca à disposição das pessoas, atividades apoiadas na expressão corporal e na oralidade, atividade que envolve o som e o ritmo, estimulando a discriminação auditiva, o senso rítmico e a expressão vocal. 2.4 A MUSICALIZAÇÃO COMO ELEMENTO MOTIVADOR DA APRENDIZAGEM Quando falamos em musicalização, logo outro pensamento nos vem à cabeça, quase que instantaneamente, ou seja, pensamos em diversão, alegria, prazer... Só coisas boas. Então porque não associar à música ao contexto escolar? Trazer alegria para o cotidiano escolar, levando as crianças a compreenderem a aprendizagem também pode se dar através da maravilhosa combinação melódica e harmônica de sons dentro da sala de aula. Martins (1985, p. 47) afirma que Educar musicalmente é propiciar à criança uma compreensão progressiva da linguagem musical, através de experimentos e convivência orientada. Pelo exposto até o presente momento, é possível afirmar que a musicalização serve como uma forte aliada, uma importante ferramenta, para que, nós educadores, possamos transformar a tão ente diante educação formal, preconizada pelo sistema escolar, em conteúdos mais alegres, divertidos e, por conseqüência, mais atrativos para nossos alunos (NARDELLI, 2000). Devemos trabalhar principalmente com o produto que temos em abundância, que são crianças, verdadeiros músicos em potencial. A música sempre esteve associada às tradições, e às culturas de cada época. Atualmente, o desenvolvimento tecnológico aplicado às comunicações vem modificando consideravelmente as referenciam musicais da sociedade pela possibilidade de uma escuta simultânea de toda produção mundial por meio de discos, fitas, rádios, televisão, computador, jogos eletrônicos, cinema, publicidade, etc. (BRASIL, 1997, p. 79). Nos dias atuais, em vista dos avanços tecnológicos estão cada vez mais presentes no cotidiano de nossos alunos os meios eletrônicos e, sendo assim os

22 Centros de Educação torna-se pouco ou nada interessante, somente com quadro e giz, livros, lápis, cadernos e conteúdos arcaicos. Portanto, é de fundamental importância que os professores, estruturem estratégias de intervenção significativas, para que não continue ficando aquém das expectativas dos alunos da pósmodernidade. A Educação Musical (Musicalização) como meio privilegiado de mediação desperta na criança, grande satisfação, uma vez que, está envolvida de caráter lúdico e desafiador. Segundo Nicolau (1987, p. 162): Os estímulos sonoros do ambiente que nos cerca são intensos e a criança, desde seus primeiros anos de vida, já reage a eles mediante balbucios, gritos e movimentos corporais: é o modo de ela se manifestar diante dos sons; ela ouve, capta a sua direção e identifica as vozes das pessoas. Ela penetra progressivamente no mundo dos sons e, quanto mais adequados forem os estímulos sonoros, melhor ela captará o ambiente que a rodeia. Tanto a criança de condições psíquicas normais como a portadora de necessidades educativas especiais, pode ser estimulada pela música, que se torna a perspectiva que defendemos neste trabalho, um valioso recurso para a aprendizagem em geral. Sabe-se através de pesquisas realizadas, que crianças cegas, surdas, imperativas e deficientes mentais, encontram na musicalização, valiosa fonte de satisfação de interesses específicos e de necessidades gerais (FRETGMAN, 1990; BECKER, 2003 e BOLL, 2005),. Rosa (1990, p.19) comenta que (...) a criança se desenvolve integralmente com a musicalização e a modifica constantemente, transformado-a pouco a pouco, numa resposta estruturada. Através da sua expressão corporal e gestual a criança exprime e revela seus sentimentos, sua ansiedades, necessidades, alegrias, tristezas e através de exercícios musicais ativos (KREPSKY, 2005), terá condições de caminhar para socialização e desenvolver sua sensibilidade para os mais diversos elementos musicais, como melodia, ritmo, harmonia, forma, cores sonoras e movimento. Há uma série de habilidades e qualidades que podem ser estimuladas com a prática de canto e do instrumento musical. A musicalização desenvolve a concentração e o raciocínio, estimula a influência e a desenvoltura e trabalha profundamente sobre a coordenação motora, promovendo um maior controle sobre os movimentos corporais (NARDELLI, 2000; BECKER, 2003; KREPSKY, 2005 e BOLL, 2006).

23 Ninguém consegue gostar do que não conhece. Portanto, é preciso que a criança tenha contato de maneira sistemática, porém espontânea com diferentes formas de expressão musical e aprenda a apreciá-las a partir do seu ISO. O ISO, de acordo com Fretgman (1990), é a unidade sonora individual, que trazemos como herança genética. De acordo com esta perspectiva, planejar aulas com música implica em definições objetivas, as quais se baseiam na receptividade musical comum a todo ser humano e no universo musical a que a criança ou jovem pertence. Portanto, qualquer proposta de ensino que considere essa diversidade precisa abrir espaço para o aluno trazer música para sala, acolhendo-a, contextualizando-a e oferecendoa como obras que possam ser significativas para o seu desenvolvimento pessoal em atividades de apreciação e produção. Com toda a certeza, a diversidade permite ao aluno a construção de hipóteses sobre o lugar de cada obra no patrimônio musical da humanidade, aprimorando sua condição de avaliar a qualidade das próprias produções e as dos outros. Para que a aprendizagem da música possa ser fundamental na formação de cidadãos é necessário que todos tenham a oportunidade e participar ativamente como ouvintes, interpretes compositores e improvisadores, dentro e fora da sala de aula. Envolvendo pessoas de fora da sala, no enriquecimento de ensino e promovendo a interação com os grupos musicais e artísticos, as localidades, a escola contribui também para que os alunos se tornem ouvintes sensíveis, amadores, talentosos ou músicos profissionais (BRASIL, 1998, V.6). Ao que tudo indica, é importante que o educador propicie um ambiente rico na diversidade de materiais e estimule a criança a manuseá-los constantemente. Esses materiais devem ser trabalhados em atividades significativas (BARRETO, 2000). Neste sentido, os educadores, devem promover um ensino que respeite a natureza social da música, contribuindo para fazê-lo musical apoiado em práticas musicais autênticas, sentidas enquanto processo e que possam ser analisadas criticamente em relação aos significados musicais. Os modernos Pedagogos musicais destacaram a importância fundamental do ritmo, elemento ativo da música; privilegiam as atividades em que a criança tem oportunidades de se expressar e de criar. Rosa (1990 p.113) menciona que:

24 (...) se tivesse que sintetizar, empregando apenas uma palavra, a essência desse risco é interessante período que atravessa a pedagogia musical o conceito de integração, pois no meu entender o momento em que estamos vivendo é de adição e síntese, mais que de descoberta, música e sociedade, música e tecnologia, música e ambiente acústico, música e educação artística, educação em geral, educação pré-escolar e educação permanente. Se a musicalização fala da existência, a diversidade de experiências humanas traduzidas na música das diferentes culturas e das diferentes expressões musicais da própria cultura poderá aproximar-nos do conhecimento mais profundo da música e da própria humanidade. Gainza (1988, p.110-112) contribui de maneira significativa para a questão que estamos a abordar, quando comenta que é: Difícil e complicada a tarefa do pedagogo. Um duplo compromisso - perante o homem e perante sua cultura exige que viva no presente compartilhando e compreendendo o mundo exterior e as inquietações espirituais de seus alunos, sem descuidar da sua ancestral missão, aquela que consiste em preservar a cultura, rastreando no passado as essências vivas e resgatáveis desse mesmo homem que hoje o preocupa. Para uma visão cognitivista o conhecimento musical se inicia por meio da interação com o meio ambiente, através de experiências concretas, que aos poucos levam à abstração. Na perspectiva que defendemos neste trabalho, a musicalização abrange tudo que selecione ao mundo dos sons, sempre e quando estiverem organizados de forma agradável aos ouvidos, de tal maneira que mobilizem o espírito e a sensibilidade de quem escuta. 2.5 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Por seu poder criador e liberador, a música torna-se um poderoso recurso educativo a ser utilizado na Pré-Escola. É preciso que a criança seja habituada a expressar-se musicalmente desde os primeiros anos de sua vida, para que a música venha a se constituir numa faculdade permanente de seu ser. A música representa uma importante fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade para a criança. Assim, na Educação Infantil os fatos musicais devem induzir ações, comportamentos motores e gestuais (ritmos marcados caminhando,

25 batidos com as mãos, e até mesmo falados), inseparáveis da educação perceptiva propriamente dita. Até o primeiro ano de vida, as janelas escancaradas são as dos sentidos. A criança está aberta para receber, diz Muszkat. Contar histórias, pôr música na vitrola, agarrar e beijar, brincar com a fala são estímulos que ajudam o aperfeiçoamento das ligações neurais das regiões sensoriais do cérebro. Gardner (1995) admite que a inteligência musical esteja relacionada à capacidade de organizar sons de maneira criativa e à discriminação dos elementos constituintes da Música. A teoria afirma que pessoas dotadas dessa inteligência não precisam de aprendizado formal para colocá-la em prática. Isso é real, pois não está sendo questionado o resultado da aplicação da inteligência, mas sim a potencialidade para se trabalhar com a música. Musicalidade é a tendência ou inclinação do indivíduo para a música. Quanto maior a musicalidade, mais rápido será seu desenvolvimento. Costuma revelar-se na infância e independe de formação acadêmica. Musicalidade é um processo cognitivo e sensorial que envolve o contato com o mundo sonoro e a percepção rítmica, melódica e harmônica. Ela pode ocorrer intuitivamente ou por intermédio da orientação de um profissional. Se todos nascem potencialmente inteligentes, a musicalidade e a musicalização intuitiva são inerentes a todo ser humano. No entanto, apenas uma porcentagem da população as desenvolve. Grandes nomes considerados gênios da música iniciaram seus estudos na infância, Mozart, Beethoven, Bach, Carlos Gomes e Villa Lobos, entre outros iniciaram seus estudos tendo como mestres os seus respectivos pais. Embora o incentivo ambiental familiar e a iniciação na infância sejam positivos, não são essenciais na formação musical. Outros fatores podem ser estímulos favoráveis ao desenvolvimento da inteligência musical: a escola, os amigos, os meios de comunicação. Talento e conhecimento caminham sempre juntos e um depende do outro. Quanto maior o talento mais fácil se torna o conhecimento. Quanto maior o conhecimento, mais se desenvolve o talento. Para Bréscia (2003) a musicalização é um processo de construção do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, autodisciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação.

26 As atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a si mesmas, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e também permitem a comunicação com o outro. Weigel (1988) e Barreto (2000) afirmam que atividades podem contribuir de maneira indelével como reforço no desenvolvimento cognitivo/ lingüístico, psicomotor e sócio-afetivo da criança, da seguinte forma: 2.2.1 Desenvolvimento cognitivo/ lingüístico A fonte de conhecimento da criança são as situações que ela tem oportunidade de experimentar em seu dia a dia. Dessa forma, quanto maior a riqueza de estímulos que ela receber melhor será seu desenvolvimento intelectual. Nesse sentido, as experiências rítmicas musicais que permitem uma participação ativa (vendo, ouvindo, tocando) favorecem o desenvolvimento dos sentidos das crianças. Ao trabalhar com os sons ela desenvolve sua acuidade auditiva; ao acompanhar gestos ou dançar ela está trabalhando a coordenação motora e a atenção; ao cantar ou imitar sons ela esta descobrindo suas capacidades e estabelecendo relações com o ambiente em que vive. 2.2.2 Desenvolvimento psicomotor As atividades musicais oferecem inúmeras oportunidades para que a criança aprimore sua habilidade motora, aprenda a controlar seus músculos e mova-se com desenvoltura. O ritmo tem um papel importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque toda expressão musical ativa age sobre a mente, favorecendo a descarga emocional, a reação motora e aliviando as tensões. Qualquer movimento adaptado a um ritmo é resultado de um conjunto completo (e complexo) de atividades coordenadas. Por isso atividades como cantar fazendo gestos, dançar, bater palmas, pés, são experiências importantes para a criança, pois elas permitem que se desenvolva o senso rítmico, a coordenação motora, fatores importantes também para o processo de aquisição da leitura e da escrita.

27 2.2.3 Desenvolvimento sócio-afetivo A criança aos poucos vai formando sua identidade, percebendo-se diferente dos outros e ao mesmo tempo buscando integrar-se com os outros. Nesse processo a auto-estima e a auto-realização desempenham um papel muito importante. Através do desenvolvimento da auto-estima ela aprende a se aceitar como é com suas capacidades e limitações. As atividades musicais coletivas favorecem o desenvolvimento da socialização, estimulando a compreensão, a participação e a cooperação. Dessa forma a criança vai desenvolvendo o conceito de grupo. Além disso, ao expressar-se musicalmente em atividades que lhe dêem prazer, ela demonstra seus sentimentos, libera suas emoções, desenvolvendo um sentimento de segurança e auto-realização. É importante salientar a importância de se desenvolver a escuta sensível e ativa nas crianças. Mársico (1982) comenta que nos dias atuais as possibilidades de desenvolvimento auditivo se tornam cada vez mais reduzida, as principais causas são os predomínios dos estímulos visuais sobre os auditivos e o excesso de ruídos com que estamos habituados a conviver. Por isso, é fundamental fazer uso de atividades de musicalização que explorem o universo sonoro, levando as crianças a ouvir com atenção, analisando, comparando os sons e buscando identificar as diferentes fontes sonoras. Isso irá desenvolver sua capacidade auditiva, exercitar a atenção, concentração e a capacidade de análise e seleção de sons. O educador também pode gravar sons e pedir para que as crianças identifiquem cada um, ou produzir sons sem que elas vejam os objetos utilizados e pedir para que elas os identifiquem, ou descubram de que material é feito o objeto (metal, plástico, vidro, madeira) ou como o som foi produzido (agitado, esfregado, rasgado, jogado no chão). Assim como são de grande importância às atividades onde se busca localizar a fonte sonora e estabelecer a distância em que o som foi produzido (perto ou longe). Para isso o professor pode pedir para que as crianças fiquem de olhos fechados e indiquem de onde veio o som produzido por ele, ou ainda, o professor pode caminhar entre os alunos utilizando um instrumento ou outro objeto sonoro e as crianças vão acompanhando o movimento do som com as mãos. Posteriormente o educador pode trabalhar os atributos do som: Altura: agudo, médio, grave.

28 Intensidade: forte, fraco. Duração: longo, curto. Timbre: é a característica de cada som, o que nos faz diferenciar as vozes e os instrumentos. Os atributos do som podem ser trabalhados por meio de comparação, diferenciando um som agudo de um grave, forte de um fraco, ou longo de um curto. Mas é mais interessante o uso de jogos musicais, como por exemplo, o Jogo do Grave e Agudo (baseado no Morto Vivo, só que usa um som agudo para ficar em pé e um grave para abaixar, o som pode ser produzido por um instrumento, por apitos com alturas diferentes ou pela voz). O jogo de Esconde - Esconde onde as crianças escolhem um objeto a ser escondido, e uma delas se retira da classe enquanto as outras escondem o objeto. A criança que saiu retorna para procurar o objeto e as outras devem ajudá-la a encontrar produzindo sons com maior intensidade quando estiver perto, e menor intensidade quando estiver longe. O som poderá ser produzido com a boca, palmas, ou da forma que acharem melhor. Essa brincadeira leva a criança a controlar a intensidade sonora e desenvolve a noção de espaço. Para trabalhar a noção de duração o educador pode pedir para que as crianças desenhem o som. Não é desenhar a fonte sonora, mas sim descrever a impressão que o som causou, se foi demorado ou breve, ascendente ou descendente. Por fim, para se trabalhar o timbre o educador pode pedir para que uma criança fique de costas para a turma enquanto estes cantam uma canção, ao sinal do professor todos param de cantar e apenas uma criança continua, a que estava de costas deve adivinhar quem continuou. Estas são apenas sugestões, existem diversos outros jogos que podem ser realizados. Através dessas atividades o educador pode perceber quais os pontos fortes e fracos das crianças, principalmente quanto à capacidade de memória auditiva, observação, discriminação e reconhecimento dos sons, podendo assim vir a trabalhar melhor o que está defasado. Bréscia (2003) ressalta que os jogos musicais podem ser de três tipos, correspondentes às fases do desenvolvimento infantil: Sensório-Motor (até os dois anos): São atividades que relacionam o som e o gesto. A criança pode fazer gestos para produzir sons e expressar-se corporalmente para representar o que ouve ou canta. Favorecem o desenvolvimento da motricidade.

29 Simbólico (a partir dos dois anos): Aqui se busca representar o significado da música, o sentimento, a expressão. O som tem função de ilustração, de sonoplastia. Contribuem para o desenvolvimento da linguagem. Analítico ou de Regras (a partir dos quatro anos): São jogos que envolvem a estrutura da música, onde são necessárias a socialização e organização. Ela precisa escutar a si mesma e aos outros, esperando sua vez de cantar ou tocar. Ajudam no desenvolvimento do sentido de organização e disciplina. A duração das atividades deve variar conforme a idade da criança, dependendo de sua atenção e interesse. Além disso, vale lembrar que é preciso respeitar a forma de expressão de cada um, mesmo que venha a parecer repetitivo ou sem sentido. É importante que a criança sinta-se livre para se expressar e criar. 2.6 A MUSICALIZAÇÃO COMO FORMA DE COMUNICAÇÃO A aprendizagem através da musicalização além de promover o gosto e o senso musical ele favorece a expressão artística. Formando o ser humano com uma cultura musical desde criança, sendo capazes de usufruir da música, analisá-la e compreendê-la. O educador poderá trabalhar a música nas áreas da educação: na comunicação, expressão, etc. facilitando a aprendizagem, tornando assim o ensino de forma mais agradável para a criança, fazendo com que a criança fixe determinados assuntos com facilidades, de uma forma agradável. O denominado período preparatório beneficia-se do ensino da linguagem musical quanto às atividades propostas contribuem para o desenvolvimento da coordenação viso motora, da imitação de sons e gestos, da atenção e percepção, do raciocínio, da expressão corporal (KREPSKY, 2005). Nardelli (2000) comenta que a simples atividade de cantar uma música proporciona à criança o treinamento de uma série de aptidões importantes, para a aprendizagem de um modo em geral. Por isto, afirma que A escola que canta, encanta, propondo inúmeras paródias para se trabalhar os conteúdos na educação infantil, no ensino fundamental e médio. A criança constrói conhecimento a partir da interação com o meio em que ela vive com as pessoas que a cercam. Assim, a educação musical exige um