Promovendo o vínculo mãe bebe e o desenvolvimento infantil. Dr. Ricardo Halpern



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Transcrição:

Promovendo o vínculo mãe bebe e o desenvolvimento infantil Dr. Ricardo Halpern

Período natural de amamentação 2,5-7 anos Tradicionalmente 3 a 4 anos OMS amamentação exclusiva 4-6 meses Complementada até 2 anos Mediana de amamentação no Brasil 100 dias

Diminuição da mortalidade infantil IRA 6 vezes maior Diarréia 15 vezes maior Enterocolite necrotizante 10,6 vezes mais chance Síndrome da morte súbita do lactente Diabete insulino-dependente Doenças do aparelho digestivo Doença de Crohn Colite ulcerativa

Desenvolvimento infantil Modificação do quociente de inteligencia 5 itens a mais de atraso (Teste de Denver) 3,16 pontos no QI Fator econômico Gasto médio com alimentação de um bebê 23-68% do SM Proteção contra o Ca de mama e ovário

Renda familiar (Salários mínimos) 1 3,9 1,1-3 4,1 3,1-6 3,7 6,1-10 3,6 >10 5,3 Peso ao nascer ( Kg) <2 1,4 2-2,49 3,1 2,5-2,99 4,0 3,0-3,49 4,1 > 3,5 4,5 Halpern R, 2000

Halpern R, 2000

Duração da amamentação Odds ratio ajustada e intervalo de confiança > 6 meses 1,00 3,1-6 meses 1,58 ( 1,07-2,31) Até 3 meses 1,55 (1,09-2,20) Nunca mamou 1,88 (1,22 2,88) Halpern R, 2000

Menos de 2 kg Renda menor de 1 SM Desnutrida aos 6 meses Sem aleitamento materno

Primeiro estudo sistemático sobre crianças Século XIX Sem valor científico Diferentes metodologias Observações passionais Primeiro passo

40% sem outros problemas 15% problemas crônicos 20% problemas funcionais 25% problemas adaptativos Halpern R., 1998 modificado de Starfield & Saltzman, 1996

Promoção da saúde global da criança O que esperar do desenvolvimento da criança? Promoção da competência social Entendimento do funcionamento da família/criança

Primeiríssimos relacionamentos Repertorio de comportamentos Choro Sorriso Contato visual Mãe equipada com resposta Holding Voz

As crianças nascem com comportamentos programados biológicamente Enfatiza tanto comportamentos adaptativos contínuos como a emergencia abrupta de capacidades em períodos sensíveis O perfil inato determina o aprendizado

Vinculo afetivo Laços duradouros Indivíduo único Não pode ser trocado Apego Senso de segurança e conforto Base segura para exploração Comportamento de apego Permitem a manutenção da proximidade

Vertical apego às pessoas com maior poder social Complementares não recíprocos Vinculo poderoso Modelos funcionais Habilidades sociais Proteção e segurança Horizontal Apego aos pares Recíproco igualitário Pratica de comportamento social Cooperação competição - intimidade Halpern, 2010, adaptado de Hartup, 1989; Hartup & Stevens, 1997

Fase 1: orientação e sinalização não focadas Padrões inatos promotores de aproximação Raizes do apego Fase 2: foco em uma ou mais figuras Comportamento dirigido Intencional Várias pessoas Fase 3: comportamento com base segura Permanencia do objeto buscam a aproximação pessoa mais importante Referenciamneto social

Bowlby, 1989

Comportamento de apego Necessidades do bebe Repertorio de cuidados SINCRONIA

Seguro Separa- se com facilidade, inicia exploração Busca contato de forma efetiva É acalmada com facilidade Inseguro/evitante Não busca o contato, não demostra preferencia Evita o contato após um afastamento Inseguro/ambivalente Perturbada quando separada da mãe Não se acalma com sua presença Inseguro/desorganizado Comportamento entorpecido confuso Halpern, 2010 adaptado de Ainsworth et al, 1978, Carlson e Stroufe, 1995

Bebê Genitor Deficit sensorial Prematuridade Doença cronica Habilidade de apego Depressão Abuso = fracasso do vínculo Efeito transgeracional

% p < 0,05 Tempo de amamentação Halpern R, Celia, S., Cavalcanti O,. et col, 2001

Meio ambiente físico Social, familiar Família nuclear Mãe, pai irmãos Criança adaptação temperamento e habilidades Halpern R., 2000, adaptado de Barnard K.E.,1978

Ênfase nas relações entre os individuos e ambiente com mudanças quantitativas e qualitativas Contínua e dependente dos estágios Aprendizado é a base das relações embora exista influência da maturação Contextual

Estrutura política e social Comunidade institucional Comunidade imediata Núcleo familiar CRIANÇA Microsistema Mesosistema Exosistema Macrosistema Halpern R., 2003 adaptado Bronfenbrenner U., 1996