Comércio e desenvolvimento. Fundamentos e visões
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- Isabel Caldeira Vilalobos
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1 Comércio e desenvolvimento Fundamentos e visões Reinaldo Gonçalves Professor titular UFRJ reinaldogoncalves1@gmail.com 1
2 Sumário 1. Fundamentos e conceitos 2. Visões e experiências históricas 3. Efeitos do comércio: Benefícios 4. Super-multiplicador 5. Doença holandesa 6. Crescimento empobrecedor 7. Síntese 2
3 Bibliografia básica R. Baumann, O. Canuto e R. Gonçalves Economia Internacional. Teoria e Experiência Brasileira Rio de Janeiro: Ed. Elsevier, 2004, cap. 5. 3
4 4
5 5
6 1. Fundamentos e conceitos 1.1 Fundamentos Teoria moderna da internacionalização da produção (IP): formas comércio investimento externo direto relações contratuais 6
7 Esferas das relações econômicas internacionais comercial produtiva tecnológica monetário-financeira Interdependência entre esferas exemplos: comércio intra-firma commodities como ativos de portfólio 7
8 1.2 Conceitos 8
9 Conceitos Desenvolvimento desenvolvimento econômico + aperfeiçoamento do mundo do trabalho melhora das condições sociais equilíbrio ambiental redução das desigualdades e aperfeiçoamento das instituições 9
10 Conceitos... Comércio: transações de bens e serviços que cruzam fronteiras nacionais Globalização econômica (comercial) expansão IP via comércio maior contestabilidade maior interdependência 10
11 Conceitos... Vulnerabilidade externa Capacidade de resistência, em razão inversa, a pressões, fatores desestabilizadores e choques externos Policy space Grau de autonomia de política de desenvolvimento Trade-offs policy space vs acesso a mercados policy space vs integração regional 11
12 2. Visões e experiência histórica 2.1 Visões 12
13 Fundamentação empírica correlação crescimento econômico ( Y) crescimento do comércio ( X) grau de abertura (X/Y) evidência endocausalidade frágil não-conclusiva 13
14 ? 14
15 Clusters de países Coeficientes: negativos e nãosignificativos 15
16 Relação entre comércio e desenvolvimento: resultado não é possível generalizar experiências históricas distintas 16
17 Ou seja... Depende de: estrutura da economia relações específicas com o sistema internacional estratégias de desenvolvimento relações, processos e estruturas sócio-políticas relação Estado e setores dominantes 17
18 2.2 Experiências históricas comparadas Reino Unido, Estados Unidos e Brasil América Latina e África Argentina e Austrália 18
19 Reino Unido: século XVIII Transcendendo o Mercantilismo (Chang, 2006, p. 42) 19
20 Estados Unidos, guerra civil e protecionismo (Chang, 2006, p. 56) 20
21 Brasil e Estados Unidos Reino Unido Protecionismo séc. XVIII => industrialização => desenvolvimento Estados Unidos Protecionismo séc. XIX => industrialização => desenvolvimento Brasil Protecionismo => industrialização truncada => subdesenvolvimento 21
22 Protecionismo: Reino Unido, Estados Unidos e Brasil, Tarifa m édia: (%) Reino Unido Estados Unidos Brasil Média: EUA = 38% > Brasil = 24% 22
23 Estados Unidos : guerra civil 1865: abolição Brasil mais aberto do que os EUA até meados do séc. XX Estados Unidos e Brasil: Grau de abertura e renda per capita : (X/Y = grau de abertura em %; Maddison, 2006) 14,0 12,0 12,2 6,5 6,1 5,7 7,0 6,0 10,0 9,8 4,3 10,1 4,9 5,0 8,0 6,9 4,0 6,0 3,4 4,9 5,4 3,0 4,0 2,5 3,7 3,6 3,0 3,9 2,5 2,0 2,0 1,0 0,0 Brasil 1864: invasão do Uruguai : guerra do Paraguai 1888: abolição (X/Y) EUA (X/Y) Brasil Y(EUA) / Y(Brasil) 23 0,0
24 Brasil e EUA: Nenhuma relação direta entre evolução do grau de abertura e da renda per capita EUA e Brasil: Relações entre graus de abertura e rendas per capita : (GA = X/Y; Maddison, 2006) 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 3,4 6,5 6,1 5,7 2,0 4,3 1,9 4,9 2,5 2,0 1,5 1,0 2,0 1,0 0,2 0,4 0,5 0,8 0,5 0, ,0 Y(EUA) / Y(Brasil) GA (EUA) / GA (Brasil) 24
25 China e Brasil: PIB e FBKF Crescimento econômico e abertura Taxa de investimento e abertura Resultado: China: abertura alto investimento e alto crescimento Brasil: abertura baixo investimento e baixo crescimento 25
26 China e Brasil: crescimento PIB e abertura, (abertura, lado direito do gráfico; UNCTAD, Handbook of Statistics) 20 45, ,0 35, ,0 5 25,0 20,0 0 15,0-5 10,0 5,0-10 0, Brasil - var. PIB China - var. PIB Brasil - X/Y China - X/Y 26
27 Brasil e China: Taxa de investimento (FBKF/Y) e abertura, ,0 45,0 40,0 Taxa de investimento: Esta é a diferença? 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0, Brasil - FBKF Brasil - X/Y China - FBKF China - X/Y 27
28 China e Brasil: Indicadores de longo prazo:
29 EUA e China: dependência mútua? Locomotiva e vagão de 1ª classe (O Globo, 18/11/09) 29
30 América Latina nenhuma relação conclusiva América Latina: Comércio e crescimento econômico: (%) Exportação/PIB Part. no PIB mundial Part. nas exportações mundiais 30
31 África Nenhuma relação entre comércio e crescimento África: Comércio e crescimento econômico: (%) ,5 3 2, ,5 1 0, Exportação/PIB Part. nas exportações mundiais Part. no PIB mundial, eixo direito 31
32 Austrália versus Argentina: Staple theory funciona? Austrália e Argentina: Grau de abertura e renda per capita: (X/Y: grau de abertura em %; Maddison, 2006) 20,0 18,0 18,1 3,0 16,0 14,0 2,5 13,6 2,2 2,5 2,0 12,0 10,0 8,0 6,0 9,4 7,8 6,8 1,4 5,9 10,8 1,2 1,5 8,8 1,6 11,0 7,0 1,5 1,0 4,0 2,0 2,4 2,1 0,5 0, ,0 (X/Y) Argentina (X/Y) Austrália Y(Austrália) / Y(Argentina) GA Argentina cai GA Austrália aumenta Argentina: maior Y GA Argentina cai GA Austrália estável Austrália: maior Y GA Argentina aumenta GA Austrália aumenta Austrália: maior Y Uma vez mais: nenhuma relação conclusiva 32
33 Experiência históricas comparadas O que aprendemos a respeito da relação entre comércio e crescimento econômico? R: não há um padrão definido! motor freio auxiliar epifenômeno 33
34 Entretanto, lições básicas: Livre comércio (grau de abertura) não é uma condição básica para o desenvolvimento econômico Protecionismo também não garante desenvolvimento econômico 34
35 Políticas setoriais pró-ativas os países atualmente desenvolvidos (PADs) recorreram a políticas industrial, comercial e tecnológica intervencionistas a fim de promover as indústrias nascentes. (Chang, 2006, p. 210) Ocorre que países atrasados também recorreram a tais políticas Resultado: desenvolvimento do subdesenvolvimento 35
36 E, por fim... Política comercial, isoladamente, não é determinante Questões estruturais natureza do modelo de desenvolvimento acumulação de fatores (K, L, KH) progresso técnico eficiência sistêmica Cabe, ainda, a gestão macroeconômica consistente equilíbrio interno e equilíbrio externo pró-desenvolvimento 36
37 Grau de abertura é importante? Nem tanto Grau de abertura: Média (Exportação de bens e serviços / PIB, %) 45,0 40,0 42,8 38,3 35,0 30,0 25,0 29,0 24,5 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 Países em desenvolvimento Economias em transição Mundo Países desenvolvidos Fonte: UNCTAD, Handbook of Stastics,
38 Diversificação do comércio (upgrade): determinante Concentração das exportações: Média (Índice Herfindahl-Hirschmann) 0,350 0,300 0,297 0,250 0,200 0,150 0,134 0,100 0,075 0,064 0,050 0,000 Economias em transição Países em desenvolvimento Mundo Países desenvolvidos Fonte: UNCTAD, Handbook of Stastics,
39 3. Efeitos do comércio: Benefícios maior eficiência alocativa maior eficiência técnica maior contestabilidade de mercado economias de escala e aprendizado 39
40 Benefícios, cont... importação de tecnologia embarcada relação entre oferta e demanda Sx => Dd => Sd => Sx demanda externa líquida (X M): fonte de expansão da demanda agregada 40
41 Benefícios, cont... upgrade do aparelho produtivo: efeito demonstração/competitividade K KH progresso técnico distribuição de renda: teorema de Stolper-Samuelson 41
42 Benefícios, cont... padrão de comércio: upgrade VA elevado maiores efeitos de encadeamento maior dinamismo tecnológico elasticidade-preço maior Quantidade produtos com elevadas elasticidadesrenda da demanda 42
43 Benefícios, cont... distribuição geográfica: mercados mais dinâmicos endocausalidade Dinâmica do comércio => crescimento/desenvolvimento econômico Crescimento/desenvolvimento econômico => dinâmica do comércio 43
44 Benefícios, concluindo termos de troca: melhora maior renda afrouxa a restrição de BOP super-multiplicador CPI capacidade para importar 44
45 4. Super-multiplicador impacto total sobre o crescimento da renda devido a um aumento de 1% das exportações crescimento das exportações permite o aumento de outros gastos autônomos de forma que X = M 45
46 Equilíbrio macroeconômico 46
47 Trocando... 47
48 I = autônomo S = f (Y) S - I 48
49 X = autônomo M = f (Y) X - M 49
50 Equilíbrio macroeconômico: (S I) = (X M) e T = G 50
51 Equilíbrio macroeconômico: Expansão das exportações superávit 51
52 Super-multiplicador: Graficamente 52
53 Super-multiplicador Ksm = 1 / m Ka = 1 / (s + m) Ksm > Ka Quando s = 0 então Ksm = Ka = 1 / m 53
54 Super-multiplicador: Fórmula de impacto m= 0,20 s = 0,30 54
55 5. Doença holandesa Termos de troca (Px / Pm) é fundamental modelo de VC: intervalo de equilíbrio e distribuição de ganhos entre países melhora dos TT pode prejudicar o desenvolvimento modelo: doença holandesa deterioração dos TT prejudica o desenvolvimento modelo: crescimento empobrecedor 55
56 Doença holandesa (Corden, 1984) origem do conceito: exploração de gás natural no Mar do Norte choque externo positivo: receita de exportação aumenta (Q x P) impacto negativo no LP efeito imediato apreciação cambial 56
57 Impacto de LP: estrutura de produção e acumulação de capital aparelho produtivo: downgrade perda de competitividade da indústria de transformação perda de dinamismo econômico compromete o investimento privado 57
58 Impacto de longo prazo: desenvolvimento social e acumulação de capital aumento da receita tributária aumento dos gastos sociais impacto positivo sobre condições sociais longo prazo: rigidez dos gastos públicos compromete investimento público 58
59 É como se... expansão do fator usado de forma intensiva no setor exportador (X) ex: descobertas de jazidas, poços, novas áreas de cultivo contração da dotação do fator usado de forma intensiva no setor Y ex.:desindustrialização (absoluta/relativa) 59
60 Indústria de transformação Rybczynski enraizado Setor primárioexportador 60
61 Pergunta Apreciação cambial é condição necessária para o modelo de doença holandesa? R: Não. Melhora dos TT provoca viés na CPP. 61
62 6. Crescimento e empobrecedor crescimento econômico (aumento da dotação de fatores ou progresso técnico) implica expansão do comércio e queda do nível de renda crescimento empobrecedor deterioração dos termos de troca 62
63 Exemplo: progresso técnico neutro aumento da produtividade de L e K em X deterioração dos termos de troca país grande efeito riqueza eliminado pelo efeito deterioração dos termos de troca 63
64 M 64
65 Pergunta A hipótese de país grande é condição necessária para o modelo de crescimento empobrecedor? R: Não. O conjunto de países pequenos pode provocar alteração na oferta mundial. 65
66 7. Síntese cada caso é um caso: comércio pode ser freio motor epifenômeno auxiliar variável central: estratégias e políticas do Estado nacional 66
67 Rejeitando o livre comércio (Chang, 2006, p. 114) 67
68 Entretanto... cuidado com o protecionismo não garante o desenvolvimento pode prejudicar o desenvolvimento => mas, pode ser elemento importante se combinado com outras políticas e aplicado em condições específicas, ex.: seletividade e temporalidade Estado: não capturado pelos setores beneficiados diretamente 68
69 Experiência histórica brasileira Brasil: Era Desenvolvimentista economia primário-exportadora café, cacau, açúcar, borracha, algodão impulsos de industrialização passiva comércio subdesenvolvimento 69
70 Experiência Brasil: ISI ( ) criação de estrutura industrial sofisticada/truncada ineficiência sistêmica pouca geração de emprego concentradora de riqueza e renda vulnerabilidade externa: esfera comercial, produtiva, tecnológica e financeira 70
71 Entretanto, muito cuidado com o protecionismo que reproduz subdesenvolvimento e com o discurso liberal que reproduz doutrina (modernização excludente/desenvolvimento do subdesenvolvimento) 71
72 Obrigado! Clicar docentes Clicar Reinaldo Gonçalves 72
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