PANORAMA DA SERICICULTURA NO ESTADO DO PARANÁ
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- Simone Maria Antonieta Almada Araújo
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1 PANORAMA DA SERICICULTURA NO ESTADO DO PARANÁ RIBEIRO, Ivano 1 ; STADUTO, Jefferson Andronio Ramundo 2 ; RIBEIRO, Lucinéia de Fátima Chasko 3. 1 Universidade Federal do Paraná PPGADM / UFPR. Av. Pref. Lothario Meissner, 632, 2º andar. Jardim Botânico, CEP: , Curitiba PR. E- mail: ivano.adm@gmail.com. 2 Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE. Programa de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional e Agronegócio. Rua da Faculdade, 645. Jardim La Salle, CEP: , Toledo PR. 3 Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE. CCMF, Laboratório de Biologia Celular, Rua Universitária, CEP: , Cascavel PR. lucinéia@unioeste.br. Introdução O bicho-da-seda, Bombyx mori, foi domesticado na China à aproximadamente 4600 anos (INCEOGLU et al., 2001). Estes insetos possuem uma grande importância econômica, pois produzem os valorizados fios de seda que são extraídos dos casulos produzidos para realização de sua metamorfose. A criação do bicho-da-seda é uma atividade significativa para o agronegócio brasileiro, tanto pelo aspecto de geração de renda no campo, como pelo papel social que desenvolve, sendo explorada fundamentalmente em pequenas propriedades agrícolas. Um aspecto importante desta cultura é a necessidade de se cultivar a amoreira, único alimento das lagartas, o que requer uma grande quantidade de mão-de-obra no campo. Esta atividade além de possuir a capacidade de geração de renda, não demanda grandes investimentos, requer pequenas áreas para o manejo e não polui o meio ambiente. O Paraná é o maior produtor nacional, conforme observado pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB-PR, 2009). Desta forma, entende-se por sericicultura a atividade de manejo do bicho-da-seda, compreendendo todas as etapas desde o cultivo da amoreira para a alimentação das lagartas, a criação do inseto, e a venda dos casulos para as empresas de fiação que produzem diferentes tipos de fios para a produção de tecidos (MIRANDA et al., 2002). Mesmo sendo uma atividade muito antiga, foi necessário um tempo considerável para que a sericicultura fosse difundida para a Europa e posteriormente para o restante do mundo, o que só ocorreu em 1740 (FERNANDEZ et al., 2005). No Brasil a atividade foi iniciada em 1848, e segundo a Associação Brasileira de Fiações de Seda - ABRASSEDA (2009) no ano de 2006 o País respondia por aproximadamente 0,86% da produção mundial.
2 No Paraná a introdução desta atividade, se iniciou na década 1930, más somente a partir dos anos 70 se expandiu de forma significativa, com o surgimento de novas indústrias e novas tecnologias de produção. Logo esta atividade se tornou de grande importância para a economia rural, principalmente para os pequenos produtores, oferecendo baixo risco de perdas e auxiliando na fixação do homem ao campo (WATANABE et al., 2000). Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi analisar a evolução da atividade sericicula ocorrida nos últimos anos no Estado do Paraná. Metodologia Os dados para elaboração desde estudo foram coletados através de levantamento bibliográfico em literaturas pertinentes ao assunto abordado, assim como uma investigação nos bancos de dados de empresas e organizações ligadas à pesquisa e fomento das atividades relacionadas à agricultura familiar e sericicultura no Estado do Paraná. Dentre outros trabalhos, cabe destacar a contribuição do Relatório Takki: Perfil da sericicultura do estado do Paraná, elaborado pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB-PR) e Câmara Técnica do Complexo da Seda do Estado do Paraná. Resultados e Discussão A sericicultura é uma alternativa de renda extra para os produtores que buscam por rentabilidade e redução de riscos através da diversificação agrícola. A atividade chama a atenção, pois desempenha um importante papel no cenário agrícola brasileiro (ZANATTA, 2006). Segundo a ABRASSEDA (2009), a produção brasileira de fios de seda em 2006 foi de aproximadamente toneladas, o que colocou o País como o 6º maior produtor mundial de casulos verdes, denominação que se dá aos casulos entregues às indústrias de fiação para processamento e transformação em fios de seda. Este mercado é liderado pela China que é responsável por aproximadamente 80% da produção mundial, seguido Índia, Vietnã, Uzbequistão e Tailândia, conforme se observa na Tabela 01. Tabela 01 - Evolução da produção de casulos verdes dos principais países produtores, em toneladas
3 Fonte: SEAB-PR. Análise da conjuntura agropecuária, O Estado do Paraná é o principal produtor nacional, sendo que, na safra de 2008/2009 o Estado foi responsável por mais de 92% da produção nacional, conforme observado pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB-PR, 2009). A produção de casulos do bicho-da-seda nas safras de 1995/96 e 1997/98 tiveram níveis de produção com leve crescimento, porém na safra de 1998/99 houve uma queda acentuada nas áreas de cultivo de amoreira no estado do Paraná, esta redução chegou próximo dos 30% (SEAB-PR, 2006b). Este fenômeno refere-se ao período em que houve uma brusca queda no preço médio dos casulos verdes entregues pelos agricultores, até a safra de 1998 recebiam cerca de US$ 2,12 kg, passando para apenas US$ 1,49 kg na safra seguinte. Conforme se observa na Tabela 02, isto gerou um desestimulo pela cultura, havendo uma considerável redução das áreas de plantio de amoreira e consequentemente na produção de casulos. Tabela 02 - Preços médios em dólar recebidos pelos agricultores por kg de casulos verdes de primeira no Paraná entre 1994 a 2006 Fonte: SEAB-PR. Perfil da sericicultura no estado do Paraná, 2006.
4 O maior preço do casulo verde desde a década de 70 foi alcançado na safra de 1989 com um preço médio de US$ 3,51 kg, sendo que, a safra de 2006 alcançou o melhor preço médio dos últimos anos. Apesar do baixo preço do dólar influenciar negativamente o mercado da seda no Brasil, nos últimos anos se constata um crescimento no preço médio do produto, contudo o setor de fiação vem trabalhando com capacidade ociosa (SEAB- PR, 2006a). A produção de casulos no estado do Paraná é feita por produtores que possuem em média apenas um barracão de criação, e a maioria dos produtores está localizada nos Núcleos Regionais de Maringá e Umuarama, região onde existe também a maior produção de casulos (SEAB-PR, 2006b). Os fios de seda brasileiros são tidos como de ótima qualidade, possuindo grande aceitação no mercado internacional. O Paraná tem mantido a qualidade na produção já que, 95% dos casulos produzido na safra de 2005/06 são de primeira qualidade, isto influência positivamente no mercado mundial e na rentabilidade dos produtores. Este resultado é o reflexo do adequado manejo da cultura e da adaptação do inseto ao clima paranaense. Neste sentido, o Estado tem demonstrado que possui um clima propício para a atividade, e mesmo estando longe da produção alcançada em países como China e Índia, o País pode aumentar consideravelmente a produtividade através dos recursos tecnológicos disponíveis, como o caso do Núcleo Regional de Jacarezinho de chegou a obter 852 kg / ha, na Safra 2005 / (SEAB, 2006a). A atividade também se adapta a diversificação, dispondo de atividades como de frango, café e leite que permite uma atividade integrada, proporcionando maior estabilidade à propriedade rural (WATANABE et al., 2000). Assim a sericicultura se torna de grande importância para a economia do Estado, e principalmente das micro-regiões onde a atividade esta localizada, já que, estas famílias são responsáveis por grande parte da receita gerada no comércio local e prestação de serviços, contribuindo de forma significativa para a geração de empregos e composição da renda de toda a comunidade, sendo uma cultura que permite a rápida geração de renda, pois possibilita com que os produtores efetuem retiradas entre 6 a 10 vezes ao ano. A sericicultura paranaense é uma alternativa para a exploração agrícola com o mínimo de impacto ambiental, a atividade necessita de pequenas áreas para o cultivo da amoreira e instalação dos barracões, requer pouco recurso financeiro para iniciar o manejo, e auxilia na fixação do homem no campo, já que o trabalho gera maior mão-de-obra que as culturas tradicionais. Não existe dificuldade também no cultivo da amoreira, já que é uma planta rústica e de fácil adaptação ao clima do estado do Paraná, assim como a criação do inseto, adaptado ao clima subtropical da região. Um fator importante na definição do produtor optar ou não pela sericicultura é a cotação do dólar, como a produção dos fios de seda é
5 voltada para o mercado internacional, é este mesmo mercado que define os preços do produto. Contudo, os fios de seda produzidos no Paraná possuem ótima qualidade para atender o mercado importador. Diversas instituições de pesquisa também desenvolvem projetos de melhoria genética, fazendo com que a produtividade das amoreiras e do bicho-da-seda seja maximizada. Mesmo assim, ainda são grandes as diferenças entre os preços pagos aos produtores e o custo da mercadoria pronta para a exportação, mostrando que são necessários investimentos na industrialização da matéria prima dentro do Estado, para que haja redução do custo da fiação e a renda seja distribuída de forma homogênea dentro da cadeia. Outro ponto importante, é a necessidade de implementação de políticas públicas de incentivo ao setor que culminem em uma melhor rentabilidade desta atividade para os produtores. Especificamente para questões ligadas a exportação, incentivo ao acesso dos criadores às novas tecnologias de plantio e colheita das amoreiras, financiamento específico e acessível para implantação da estrutura necessária para a atividade, além da adequação e treinamento técnicos especializados que garantam as informações mínimas necessárias para que os produtores rentabilizem sua produção. Desta forma é possível que em regiões paranaenses onde pequenos produtores ainda buscam alternativas para a maximização da propriedade e da mão-de-obra familiar, à sericicultura venha a ser inserida ou expandida, compondo um importante papel no desenvolvimento social e econômico do Estado. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FIAÇÕES DE SEDA (ABRASSEDA). Produção brasileira de fios de seda / São Paulo, FERNANDEZ, M. A.; CIFERRI, R.R.; PATUSSI, E. V.; PEREIRA, M. F.; FELIPES, J.; BRAVO, J. P.; ZANATTA, D. B.; GOUVEIA, F. S.; BALANI, V. A. A utilização da biotecnologia na sericicultura brasileira. Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento. 2005, nº 35, p INCEOCLU, A. B.; KAMITA, S. G.; HINTON, A. C.; HUANG, Q.; SEVERSON, T. F.; KANG, KYUNG-DON.; HAMMOCK, B. D. Reconbinnant bauloviroses for insects control. Pest Management Sci. 2001, v. 57, p MIRANDA, J. E.; BONACIN, G. A.; TAKAHASHI, R. Produção e qualidade de folhas de amoreira em função da época do ano e de colheita. Scientia Agrícola. Piracicaba/SP, Set 2002, vol.59, nº.3, p SECRETARIA DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO DO PARANÁ (SEAB-PR) / CÂMARA TÉCNICA DO COMPLEXO DA SEDA DO ESTADO DO PARANÁ. Perfil da sericicultura no estado do Paraná. Relatório Takki. Safra 2004/2005. Curitiba, 2006a.
6 . Perfil da sericicultura no estado do Paraná. Relatório Takki. Safra 2005/2006. Curitiba, 2006b.. Análise da conjuntura agropecuária: sericicultura. Safra 2009/2010. Curitiba, WATANABE, J. K.; YAMAOKA, R. S.; BARONI, S. A. Cadeia produtiva da seda: diagnósticos e demandas atuais. Londrina/PR: IAPAR, 2000, p ZANATTA, D. B. Identificação de marcadores RAPD para produtividade e resistência em linhagens de Bombyx mori L. (Lepidóptera: Bombycidae) p. Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual de Maringá, Maringá-Pr.
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