UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas Curso de Licenciatura em Matemática. Probabilidade na Mega-Sena
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- Fátima da Fonseca Carneiro
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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas Curso de Licenciatura em Matemática Probabilidade na Mega-Sena Samuel Wesley da Silva Morais ANÁPOLIS 2012
2 2 Samuel Wesley da Silva Morais Probabilidade na Mega-Sena Trabalho de Curso apresentado a Coordenação Adjunta de TC, como parte dos requisitos para obtenção do título de Graduado no Curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual de Goiás sob a orientação do Professor Msc. Cleber Giugioli Carrasco. ANÁPOLIS 2012
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4 4 AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me concedido a realização de mais esta etapa em minha vida, pois sem Ele nada seria possível. A minha mãe Ana, minhas irmãs Esther e Suméia, que sempre me incentivaram a não desistir, e me concederam condições para que eu pudesse concretizar mais esta etapa em minha carreira estudantil. Aos meus grandes amigos Marcílio e Vando, que sempre me ajudaram e me incentivaram a cada dificuldade. Aos mestres desta instituição, que contribuíram para minha formação profissional, em especial ao professor Msc. Cleber G. Carrasco, por sua dedicação e paciência, por sempre ter mostrado comprometimento e auxílio durante sua orientação, muito obrigado. Enfim, a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para a concretização deste trabalho. A todos um grande abraço.
5 5 LISTA DE QUADROS Quadro 4.1: 50 resultados da Mega-Sena Quadro 4.2: Combinações e probabilidades do jogo com 4 números Quadro 4.3: Números que mais foram sorteados entre os concursos 1425 ao Quadro 4.4: Representação do sistema de rotação de 7 números Quadro 4.5: Combinação 7 com Quadro 4.6: Jogos simples escolhendo 7 números... 28
6 6 LISTAS DE FIGURAS Figura 2.1: Volante lotérico da Mega-Sena Figura 3.1: Ilustração da probabilidade condicional de A dado B Figura 3.2: Diagrama de árvores para o sorteio sem reposição Figura 3.3: Diagrama de árvores para o sorteio com reposição Figura 4.1: Distribuição da soma
7 7 RESUMO Este trabalho apresenta o cálculo probabilístico de ganhar na Mega-Sena, através do modelo hipergeométrico. Também são apresentados alguns métodos disponibilizados através da internet, onde seus autores prometem aumentar a chance de ganhar na Mega-Sena, no entanto, através da teoria da probabilidade, é discutido que tais métodos não são válidos. Palavras-chave: Independência de eventos, Loteria, Modelo hipergeométrico.
8 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO LOTERIA E MEGA-SENA História da loteria História da loteria no Brasil Mega-Sena INTRODUÇÃO À PROBABILIDADE Definição de probabilidade clássica Probabilidade condicional e regra do produto Independência de eventos Análise combinatória Modelo hipergeométrico Probabilidade de ganhar na Mega-Sena MÉTODOS DE COMO JOGAR NA MEGA-SENA Os números mais e menos sorteados Números vizinhos consecutivos O jogo balanceado Sistema de porcentagem Sistema de rotação numérica com 7 números CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 30
9 9 INTRODUÇÃO O otimismo é uma característica da humanidade em acreditar em várias coisas que pareçam quase impossíveis. O ditado sou brasileiro e não desisto nunca, nos dá a ideia de que mesmo que algo não seja provável, alguns sempre acreditam. Às vezes nos perguntamos por que algumas pessoas ganham na loteria, será sorte ou puramente acaso? Segundo Santi e Kist (2012), sorte é acaso, mas as pessoas podem influenciar esse acaso a seu favor. Mas será que no caso da loteria, que são jogos de azar, as pessoas podem influenciar a sorte e ganhar algum prêmio através dessa influência? A partir desse momento a matemática, especificamente a probabilidade, assume um papel fundamental na vida das pessoas, que é tentar mostrar que nem sempre buscar a sorte pode influenciar em ganhar ou não, e ao mesmo tempo, a mesma matemática visa desenvolver o senso crítico da sociedade, de modo que as pessoas pensem antes de alguma decisão e não sejam enganadas com promessas falsas. E muitas dessas promessas podem ser encontradas na internet, e devido à grande facilidade que atualmente a sociedade tem, qualquer pessoa pode acessá-las livremente. Existem atualmente diversos materiais em formato digital que se encontram na internet, que possuem métodos que dizem aumentar as chances do jogador de ganhar na loteria. Um exemplo de site para se conseguir tal material, pode ser: que segundo seus autores, dizem oferecer vários benefícios para as pessoas que desejam aumentar suas chances de ganhar na loteria federal. Em geral, são materiais que podem ser baixados sem custo algum e essa facilidade traz certa desconfiança sobre as promessas destes autores, devido à chance de ganhar algum prêmio na loteria ser pequena. Ainda pode-se pensar que, se uma pessoa encontrasse a fórmula para ganhar na loteria ela não compartilharia esse feito com ninguém. Logo, propõe-se neste trabalho uma análise probabilística para verificar a veracidade desses materiais disponibilizados na internet, e que dizem aumentar as chances dos jogadores de ganhar na loteria, em particular na Mega- Sena. Este trabalho está dividido em quatro capítulos. O segundo capítulo refere-se à breve história da loteria no mundo e no Brasil e ao jogo da Mega-Sena. O terceiro capítulo apresenta a definição clássica de probabilidade, probabilidade condicional e independência de eventos, análise combinatória, o modelo hipergeométrico e o cálculo da probabilidade de
10 10 ganhar na Mega-Sena. No último capítulo são apresentados alguns métodos que, segundo seus autores aumentam a probabilidade de ganhar na Mega-Sena e a análise probabilística desses métodos, verificando que tais métodos não são válidos.
11 11 2. LOTERIA E MEGA-SENA Neste capítulo será apresentada uma breve história da loteria e o jogo da loteria da Caixa Econômica Federal: Mega-Sena História da loteria A palavra loteria tem sua origem no vocabulário italiano loteria e significa toda espécie de jogo de azar em que se tiram à sorte, prêmios aos quais correspondem a bilhetes enumerados, segundo o dicionário Aurélio. A maioria das pessoas tem gosto e simpatia por premiações, tanto que as primeiras formas de sorteios, ainda que primitivas, segundo Monteiro (2007), surgiram há milhares de anos atrás, entre hebreus, egípcios, hindus, chineses e romanos. Os primeiros registros de loteria foram nos países baixos em 1291 e na Alemanha em Foi em 1538 na França, que o estado francês tomou a iniciativa de promover concursos em benefício dos cofres públicos. No início do século XX boa parte dos jogos de azar, incluindo loterias, era ilegal na maioria dos países, incluindo a maior parte da Europa e dos Estados Unidos; isto permaneceu até depois da Segunda Guerra Mundial. Somente na década de 1960, cassinos e loterias passaram a aparecer ao redor do mundo como maneira de governos levantarem fundos adicionais aos obtidos pelos impostos. Segundo a pesquisa do World Lottery Association, divulgada em 2005 os EUA liderava a lista de arrecadação das loterias, seguido pela Itália, com a Espanha vindo em terceiro lugar, e o Brasil figurava apenas na vigésima segunda colocação (MONTEIRO, 2007) História da loteria no Brasil No Brasil, a primeira loteria de que se tem notícia foi realizada em 1784, em Vila Rica (atual Ouro Preto), antiga capital de Minas Gerais. Com o dinheiro arrecadado foram construídos os prédios da Câmara dos Vereadores e da cadeia pública. A prática foi adotada em todo país, sendo que o governo dava concessões para sua exploração, preferencialmente às Santas Casas, aos orfanatos e aos hospitais para evitar abusos, mas também a alguns
12 12 particulares. Foi o imperador D. Pedro II quem regulamentou o funcionamento das loterias, por meio do decreto nº 357, de 27 de Abril de 1844 (APARECIDA, 2007). Entretanto, somente no século XX é que o sistema lotérico foi aperfeiçoado no sentido de ser transparente e ter maior credibilidade em todo processo de sorteios. Até a década de 60 a administração das loterias eram feitas por particulares e somente em 1961 o então presidente Jânio Quadros, determinou como única competente para regular sobre o sistema de sorteios, a Caixa Econômica Federal como exploradora exclusiva das loterias. Jânio ainda proibiu o funcionamento de cassinos, bingos e similares. Atualmente a Caixa administra 10 jogos de loteria: Mega-Sena, Timemania, Quina, Lotomania, Dupla-Sena, Federal, Instantânea, Loteca, Lotogol e Lotofácil Mega-Sena A Mega-Sena surgiu em 1996 e logo se tornou um jogo bastante popular no Brasil, no qual muitos brasileiros apostam e acreditam que um dia podem ganhar o prêmio máximo e se tornarem milionários. Ela é o principal jogo da loteria do Brasil, é uma das modalidades atuais de loterias da Caixa Econômica Federal, tem sorteios ordinários duas vezes por semana (quartas-feiras e sábados). A Mega-Sena já premiou várias pessoas com grandes prêmios em dinheiro, e o maior prêmio já pago a um único apostador foi, em 06/10/2010, de R$ ,27 (SOBRAL, 2011), o ganhador era da cidade de Fontoura Xavier no Rio Grande do Sul. O valor atual da aposta mínima é de R$ 2,00, sendo que quanto maior for a quantidade de números jogados (no máximo 15), maior será o valor da aposta. No concurso 1405 da Mega-Sena, um casal de Curitiba-PR ganhou R$ ,73. Segundo a Caixa Econômica Federal (2012), o casal jogou por dois anos os mesmos números. São fatos como este, que enchem de esperança ainda mais os corações dos brasileiros sonhadores. O jogo da Mega-Sena consiste em escolher de 6 a 15 números dentre os 60 números possíveis, ordenados de 01 a 60, no qual o apostador para ganhar o prêmio máximo (sena), precisa acertar os seis números distintos que são sorteados. A Mega-Sena também premia o jogador que acertar a quina, ou seja, acertar cinco números dentre os seis números sorteados, e a quadra, acertar quatro números dentre os seis números sorteados, mas sendo o prêmio maior para o acertador da sena. O jogador pode marcar de 6 a 15 números dentre os 60 números no volante lotérico (Figura 2.1), ou pode deixar que o sistema escolha os números
13 13 (surpresinha) e ainda concorrer com o mesmo jogo por 2, 4 ou 8 concursos (teimosinha). Até 17/10/2012 a Mega-Sena estava no concurso FIGURA 2.1: Volante lotérico da Mega-Sena. Do total bruto arrecadado em cada sorteio da Mega-Sena, somente 46% são repassados para os acertadores da quadra, quina e da sena, da seguinte maneira: 16,10% são distribuídos entre os acertadores dos 6 números sorteados; (sena) 8,74% são distribuídos entre os acertadores de 5 números dentre os 6 sorteados; (quina)
14 14 8,74% são distribuídos entre os acertadores de 4 números dentre os 6 sorteados; (quadra) 10,12% ficam acumulados e distribuídos aos acertadores dos 6 números nos concursos final 0 ou 5. 2,3% ficam acumulados para a primeira faixa sena do último concurso do ano de final 0 ou 5. Não havendo acertador em qualquer faixa, o valor acumula para o concurso seguinte, na respectiva faixa de premiação (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2012).
15 15 3. INTRODUÇÃO À PROBABILIDADE Este capítulo apresenta a definição de probabilidade clássica, probabilidade condicional, independência de eventos, análise combinatória, modelo hipergeométrico e o cálculo da probabilidade de ganhar na Mega-Sena Definição de probabilidade clássica Suponha que um evento A possa ocorrer de n maneiras diferentes, em um total de m modos possíveis, todos igualmente prováveis. Então, a probabilidade de ocorrência do evento A (denominado sucesso) é definida por: A probabilidade de não ocorrência do evento A (denominado fracasso), ou seja, a probabilidade complementar do evento A, denotada por A c é definida por: logo temos que, = 1. Na definição clássica de probabilidade todos os resultados tem a mesma chance de ocorrência, isto é, os eventos são considerados equiprováveis, ou seja, quando todos os elementos do espaço amostral 1 tem a mesma chance de ocorrer, e o espaço amostral é finito Probabilidade condicional e regra do produto Sejam A e B dois eventos associados a um espaço amostral S, com P(B) > 0. A probabilidade condicional do evento A ocorrer, dado que o evento B ocorreu, denotado por P(A B), é definida como (DANTAS, 2000): ( ) 1 Espaço Amostral: é o conjunto de todos os possíveis resultados de um experimento aleatório.
16 16 A probabilidade condicional de A ocorrer, dado que B ocorreu, pode ser observada na Figura 3.1 onde, se o evento B ocorrer, então o evento A só pode ocorrer, se ocorrer a intersecção dos eventos A e B, ou seja, se ocorrer A B. FIGURA 3.1: Ilustração da probabilidade condicional de A dado B. Uma consequência importante da probabilidade condicional, segundo Meyer (1982), é obtida isolando P(A B) na equação (3.3), conhecida como regra do produto e definida como: ( ) 3.3. Independência de eventos Um evento A é dito independente de um evento B, se a probabilidade de A ocorrer não é influenciada pelo fato de B ter ocorrido ou não (LIPSCHUTZ, 1993), ou seja P(A B) = P(A). Dessa forma tem-se que dois eventos A e B são independentes se, e somente se: Considere o seguinte exemplo: uma urna contém 5 bolas, sendo 2 brancas (B) e 3 vermelhas (V). Sorteiam-se duas bolas ao acaso sem reposição, e sejam os eventos: B 1 : 1ª bola sorteada é branca e B 2 : 2ª bola sorteada é branca. As probabilidades desse experimento estão apresentadas no diagrama de árvores na Figura 3.2, onde se pode observar que a probabilidade de ser sorteada bola branca no 2º sorteio dado que foi sorteada vermelha no 1º sorteio é diferente da probabilidade de ser sorteada bola branca no 2º sorteio dado que foi sorteada bola branca no 1º sorteio. Isto é:
17 17 P(B 2 V 1 ) = e P(B 2 B 1 ) = (3.6) logo, existe uma dependência entre os eventos, ou seja, dependendo da cor da bola sorteada no 1º sorteio, temos uma probabilidade de sortearmos bola branca no 2ª sorteio. FIGURA 3.2: Diagrama de árvores para o sorteio sem reposição. Considere agora o mesmo exemplo, mas que o sorteio seja feito com reposição, ou seja, repondo a bola que foi extraída da urna. Nestas condições, os eventos são independentes, ou seja, o resultado de cada sorteio não tem influência no resultado do outro. A Figura 3.3 apresenta o diagrama de árvores para os sorteios com reposição e suas respectivas probabilidades, onde se observa que a probabilidade de ser sorteada bola branca no 2º sorteio dado que foi sorteada bola vermelha no 1º sorteio é igual à probabilidade de ser sorteada bola branca no 2º sorteio dado que foi sorteada bola branca no 1º sorteio, isto é: P(B 2 V 1 ) = e P(B 2 B 1 ) = (3.7)
18 18 logo, não há dependência entre os eventos, ou seja, a probabilidade de ser sorteada bola branca no 2º sorteio é independente da cor da bola sorteada no 1º sorteio. Neste caso os eventos são independentes. FIGURA 3.3: Diagrama de árvores para o sorteio com reposição. Segundo, Bussab (1987), se o evento A é independente do evento B, então B é independente de A. A e B são independentes se, e somente se, a equação 3.5 for válida. E ainda, se A e B não são independentes, diz-se que são dependentes Análise combinatória A análise combinatória visa desenvolver métodos que permitam contar o número de elementos de um conjunto, sendo estes elementos formados sob certas condições (HAZZAN, 1993). Considere o conjunto M com m elementos, isto é, M = {a 1, a 2,..., a m }, chama-se de combinações dos m elementos, tomados r a r, aos subconjuntos de M constituídos de r elementos. Uma combinação de m objetos distintos tomados r a r, pode ser dado por:
19 19 Uma aplicação de combinação simples pode ser calculada para o jogo da Mega- Sena. A Mega-Sena consiste em uma cartela de 60 números dentre os quais devemos acertar 6 (prêmio principal), portanto temos uma combinação de sessenta números tomados seis a seis, ou seja temos de combinações distintas para o jogo da Mega-Sena, que é calculado por: Alguns casos particulares da análise combinatória: 1º caso: Quando temos uma combinação em que r = 0: = 1; pois: = = 1 (o único subconjunto com 0 elemento é o vazio). 2º caso: Quando temos uma combinação em que r = m: = 1; pois: = = = 1(o único subconjunto do conjunto m com todos elementos é ele próprio). 3º caso: Quando temos uma combinação em que m = 0 e r = 0: = 1; pois: = 1 (o único subconjunto do conjunto vazio é o próprio vazio) Modelo hipergeométrico Considere um conjunto de n elementos, dos quais m são do tipo A e n-m do tipo B. Suponha um sorteio aleatório com r (r < n) elementos sem reposição. A variável aleatória
20 20 X que conta o número de elementos do tipo A, segue o modelo hipergeométrico se (MAGALHÃES; LIMA, 2005): ( ) A esperança e a variância do modelo hipergeométrico são dadas respectivamente por (MAGALHÃES; LIMA, 2005): E(X) = e Var(X) = (3.11) 3.6. Probabilidade de ganhar na Mega-Sena Considere o jogo simples da Mega-Sena da loteria federal, onde se escolhe quaisquer 6 números distintos dentre os 60 números do volante lotérico. A probabilidade de um jogador ganhar na Mega-Sena jogando apenas um jogo simples no volante lotérico (Figura 2.1), pode ser calculada através do modelo hipergeométrico dado por (3.10), onde temos que: n = 60, m = 6, n-m = 54 e r = 6, logo: Agora se o jogador jogar 7 números distintos no volante lotérico, a probabilidade de ganhar na Mega-Sena é dada por: onde n = 60, m = 7, n-m = 53 e r = 6. Da mesma maneira, a probabilidade do jogador acertar a quina da Mega-Sena, jogando apenas 6 números quaisquer, onde temos que n = 60, m = 6, n-m = 54 e r = 6 é dada por:
21 21 De forma análoga, jogando 6 números quaisquer na Mega-Sena, a chance de acertar a quadra é dada por: onde n = 60, m = 6, n-m = 54 e r = 6. Dessa forma, podemos utilizar o modelo hipergeométrico (3.10) para calcular a probabilidade de se ganhar na quadra, quina e sena do jogo da Mega-Sena, jogando 6 ou mais números.
22 22 4. MÉTODOS DE COMO JOGAR NA MEGA-SENA Neste capítulo serão apresentados alguns métodos de como jogar na loteria, exclusivamente na Mega-Sena, por ser o principal jogo da loteria nacional. Apresentaremos tais métodos e discutiremos sobre cada método Os números mais e menos sorteados Os sorteios da Mega-Sena acontecem duas vezes por semana atualmente e, dentre esses sorteios tem-se os números que mais e menos foram sorteados. Até 17/10/2012 (concurso 1434) os 6 números que mais foram sorteados são: 5: 175 vezes; 54: 161 vezes; 33: 160 vezes; 51, 43 e o 53: 159 vezes. E ainda, os 6 números que menos foram sorteados são: 26: 115 vezes; 22: 122 vezes; 9: 126 vezes; 21: 127 vezes; 48 e o 45: 128 vezes. Alguns apostadores da Mega-Sena pensam que se jogarem os números que mais foram sorteados, terão maior probabilidade de acerto, pois esses números foram sorteados com maior frequência, ou ainda, se jogarem em números que menos saíram, aumentarão suas chances, pois pode ser que naquele jogo eles sejam sorteados. Porém, nos sorteios da Mega- Sena cada número tem a mesma probabilidade de ser sorteado, pois, neste caso os sorteios são independentes, ou seja, não importa quantas vezes um número já foi sorteado, a probabilidade dele ser sorteado no próximo sorteio da Mega-Sena é igual aos demais números, como em (3.7) Números vizinhos consecutivos Dois números podem ser considerados vizinhos consecutivos quando são sorteados no mesmo sorteio, como por exemplo: 32 e 33, se forem sorteados no mesmo concurso. Segundo Cunha e Azevedo (2010), pelo menos 25% dos resultados da loteria de 6 números possuem no mínimo dois números vizinhos consecutivos, e o jogador terá vantagem se jogar números consecutivos, mas não mais que dois números consecutivos, pois seria quase impossível, por exemplo, um sorteio de seis números consecutivos. No concurso 1385 foram sorteados 3 números consecutivos: 27, 35, 36, 37, 42, 59.
23 23 Podemos observar no Quadro 4.1, onde são apresentados os concursos de nº 1385 a 1434 em ordem decrescente, que de fato temos quinze sorteios com 2 números consecutivos, porém a maioria não apresenta este fato, e isso se deve ao formato do jogo, onde dos 50 resultados da Mega-Sena, tem-se 30% dos resultados com números consecutivos e 70% sem números consecutivos. E ainda, qualquer combinação de seis números tem a mesma probabilidade de ser sorteada, pois, esses eventos são equiprováveis. A probabilidade de qualquer uma das combinações de 6 números é igual, portanto, tanto faz se essa combinação tem números consecutivos ou não, pois os sorteios são independentes uns dos outros. QUADRO 4.1: 50 resultados da Mega-Sena Nº do Nº sorteado Soma Nº do Nº sorteado Soma concurso concurso , 18, 22, 34, 55, , 19, 26, 47, 50, x04, 13, 14, 40, 46, x04, 19, 20, 24, 39, x16, 24, 25, 42, 45, x18, 29, 31, 42, 43, , 09, 13, 33, 40, , 10, 17, 24, 38, , 19, 22, 30, 46, , 14, 17, 32, 37, , 12, 22, 39, 48, x07, 08,27, 32, 31, , 15, 19, 34, 37, ,16, 20,26, 39, , 39, 44, 47, 53, x02, 09, 10, 21, 27, , 15, 18, 24, 30, x11, 12, 25, 33, 48, , 16, 29, 36, 38, x09, 26, 34, 43, 53, , 07, 15, 29, 38, x34, 39, 43, 56, 57, , 08, 21, 25, 27, x14, 32, 33, 40, 42, , 05, 13, 17, 39, x03,04, 07, 15, 27, , 31, 39, 44, 53, x29, 48, 52, 54, 55, , 11, 16, 18, 36, , 11, 17, 19, 44, , 21, 30, 48, 52, , 16, 24, 35, 46, x07, 08, 10, 12, 27, , 18, 24, 28, 39, , 12, 45, 52, 56, , 08, 12, 28, 33, , 19, 22, 24, 35, , 12, 19, 34, 40, , 36, 40, 46, 49, x04, 19, 27, 28, 29, , 37, 44, 46, 49, , 16, 28, 39, 44, , 15, 33, 45, 54, , 29, 31, 43, 50, , 08, 24, 37, 41, , 27, 32, 43, 50, , 12, 32, 44, 46, , 28, 38, 39, 51, , 29, 40, 42, 50, x27, 35, 36, 37, 42,
24 O jogo balanceado O jogo balanceado ou bem equilibrado é um jogo onde são escolhidos os números a serem jogados de forma que a soma desses números seja próxima de 180, para se chegar a esse valor divide-se a quantidade total de números do volante lotérico, neste caso 60, por 2, e multiplica-se pela quantidade de números que podem ser jogados em um jogo simples, neste caso 6, assim tem-se: (60/2)x6 = 180. Segundo Howard (2010), o resultado da soma dos números escolhidos deve variar no máximo 20%, ou seja, a soma não deve exceder a 216 e nem ficar abaixo de 144. Considere o resultado do concurso 1434 do Quadro 4.1, somando os seis números temos: = 190; segundo Howard (2010), pode-se dizer que esse jogo está bem equilibrado, pois, a soma dos seis números está próxima de 180. Para Howard (2010), a explicação da teoria do jogo balanceado é que números sorteados tem a tendência de serem igualmente distribuídos, e que a soma desses números tem uma distribuição simétrica, em forma de sino, como apresenta a Figura 4.1. No caso da Mega- Sena, essa distribuição é simétrica em relação ao valor de 180, que é o valor com maior probabilidade de ocorrer. FIGURA 4.1: Distribuição da soma. Pela distribuição da soma, parece interessante jogar numa sequência de números em que a soma desses números esteja próxima de 180, mas considere um jogo que contenha
25 25 somente 4 números: 1, 2, 3 e 4, e que seja sorteado somente dois números em cada sorteio, logo teria-se uma combinação de 4 números tomados 2 a 2. As possíveis combinações e probabilidades desse jogo são apresentadas no Quadro 4.2. QUADRO 4.2: Combinações e probabilidades do jogo de 4 números. Probabilidade da soma das Combinações Probabilidades Soma das combinações combinações 1 e 2 1/6 3 1/6 1 e 3 1/6 4 1/6 1 e 4 1/6 5 2 e 3 1/6 5 2/6 2 e 4 1/6 6 1/6 3 e 4 1/6 7 1/6 Como se pode perceber no Quadro 4.2, cada combinação tem probabilidade 1/6 de ser sorteada. A soma de cada combinação também tem probabilidade de 1/6, exceto a soma 5, que tem probabilidade 2/6, pois, ocorre duas vezes e as demais somente uma. No entanto, a probabilidade de ser sorteada qualquer combinação não se altera, ou seja, não importa se a soma 5 tem maior probabilidade, a probabilidade de ocorrer qualquer uma das combinações é 1/6. No caso da Mega-Sena também é assim, como está apresentado no Quadro 4.1, se o jogador escolhesse a soma, onde a soma fosse próxima de 180, talvez pudesse achar que teria alguma vantagem, pois a soma se distribuirá em torno de 180, mas, a probabilidade de ser sorteada qualquer combinação de seis números na Mega-Sena é 1 em e esta probabilidade será a mesma de sorteio para sorteio Sistema de porcentagem O sistema de porcentagem é um método usado para ajudar o jogador a encontrar números quentes, ou seja, números que mais são sorteados, em sorteios passados. Esse método consiste em pesquisar os 10 últimos sorteios, e dentre esses sorteios realizar uma
26 26 busca de quantos números repetidos ocorrem. Segundo Cunha e Azevedo (2010), normalmente uma média de 87% de números sorteados, saíram nos últimos 10 sorteios. Contêm no Quadro 4.3 números de 01 a 60, que representa o volante lotérico da Mega-Sena, o jogador pode marcar todos os números sorteados nos últimos 10 sorteios, e assim fazer o jogo no volante lotérico com os números que mais foram sorteados. No Quadro 4.3 estão apresentados todos os números sorteados do concurso 1425 ao 1434, que estão apresentados no Quadro 4.1. QUADRO 4.3: Números que mais foram sorteados entre os concursos 1425 ao x 03x 04x 05x 06x 07xx 08x 09xx x 13xx 14x 15xx 16xx 17 18xx 19xx xxx 23 24xx 25x x 30xx x 34xx 35 36x 37x 38x 39xx 40xx 41 42x 43 44xx 45x 46xx 47x 48x 49 50x 51 52xx 53x 54x 55xx 56x 57 58x 59x 60x Pode-se perceber no Quadro 4.3 que o número 22 foi o que mais se repetiu, ou seja, segundo Cunha e Azevedo (2010), esse número que teria maior chance de sair em um próximo sorteio. O jogador pode usar também outros números que se repetiram, fazendo assim um jogo com maior chance de se ganhar. O jogo poderia ser: 07, 13, 15, 22, 46 e 55. Segundo Cunha e Azevedo (2010), pode-se escolher também um número pessoal, ou seja, um número qualquer que o jogador tenha preferência, no caso do jogo acima pode-se trocar por exemplo o número 55 pelo 57, ou outro da preferência do jogador. Esse método não é o mais eficiente segundo o autor, mas, pode ser usado para aumentar as chances de o jogador ganhar. Esse método não funciona, pois, mesmo que um jogador fique atento aos números que mais foram sorteados em alguns sorteios, isso não indica que lhe trará alguma vantagem. Para os sorteios da Mega-Sena tem-se combinações (3.9) e, cada sorteio é independente do outro, ou seja, o fato do número ter sido sorteado ultimamente, não influencia no próximo sorteio, isto é, todos os números continuam com a mesma probabilidade de serem sorteados.
27 Sistema de rotação numérica com 7 números Este método, segundo Cunha e Azevedo (2010), é uma das mais eficientes ferramentas matemáticas que o jogador pode aprender. Este sistema numérico permite ao jogador escolher um grupo de mais de seis números no volante lotérico, jogando assim, com um arranjo especial de combinações, terá um ganho garantido segundo os autores. O método consiste em construir um quadro, como o Quadro 4.4, preenchendo o campo sistema de números de 1 a 7, no caso de uma rotação de sete números. E no campo números escolhidos, coloca-se os números escolhidos pelo jogador, neste caso são sete números quaisquer a serem escolhidos pelo jogador, como por exemplo: 12, 20, 27, 35, 43, 56, 59. QUADRO 4.4: Representação do sistema de rotação de 7 números. Sistema de números Números escolhidos Logo depois, constrói-se o Quadro 4.5, que representa todas as combinações possíveis de 7 números escolhendo-se 6, onde cada coluna representa uma possível combinação. Podemos observar no Quadro 4.5, que a primeira coluna é composta pelos 6 primeiros números do sistema de números do Quadro 4.4. A segunda coluna é construída trocando o número 6 da primeira coluna pelo número 7. A terceira coluna é construída substituindo o 5 por 7, a quarta trocando-se o 4 pelo 7, e assim por diante, até que a última coluna é formada com a substituição do número 1 pelo 7. QUADRO 4.5: Combinação 7 com
28 28 Dessa forma, substituindo os números de 1 a 7 do Quadro 4.5 pelos números escolhidos pelo jogador no Quadro 4.4, tem-se todos os possíveis jogos simples ao escolher 7 números (Quadro 4.6). Ou seja, cada coluna do Quadro 4.6 representa um jogo simples da Mega-Sena e prontos para serem passados para o volante lotérico (Figura 2.1). QUADRO 4.6: Jogos simples escolhendo 7 números Nota-se, que neste caso, seria muito mais fácil e simples marcar 7 números no volante lotérico (Figura 2.1), do que utilizar esse método para construir todas as combinações possíveis ao jogar 6 números dentre 7 escolhidos. Segundo Cunha e Azevedo (2010), desses jogos, se forem sorteados 4 números dentre os 7 jogos, pode-se acertar de 2 a 3 quadras. Se forem sorteados 5 números entre os 7 jogos, pode se acertar de 1 a 2 quinas, e ainda, se forem sorteados 6 números entre os 7 jogos pode-se acertar 6 quinas, podendo ocorrer a sena. No caso do sistema de rotação numérica com 7 números os autores descrevem 7 jogos, e com isso afirmam aos jogadores que suas chances aumentam, mas, realmente quanto mais jogos um jogador da Mega-Sena fizer, maiores serão suas chances, neste caso a chance de ganhar na Mega-Sena passa a ser de 7 em , conforme visto em (3.9). Embora a probabilidade aumente, ainda é pequena. E ainda, seria mais uma forma de interpretação da pessoa que estiver lendo este método, pois os autores colocam primeiro o se, já que se acontecesse o que eles dizem o método seria válido, visto que, se fossem sorteados os números de acordo com esse sistema o jogador teria alguma vantagem com relação à quadra ou a quina.
29 29 CONCLUSÃO Mesmo acreditando um dia ficarmos milionários, desejar que a sorte nos alcance, ou mesmo se pudéssemos alcançá-la, seria a realização de cada um de nós. Mas a realidade às vezes é bem diferente da imaginação humana. A desconfiança de que alguns fatos possam ser inverdade tem que nos levar a uma visão crítica de algumas promessas que parecem fáceis. É nessa hora que a matemática, especificamente a probabilidade, nos auxilia, de modo a não sermos enganados. Neste trabalho conclui-se que esses tais materiais em formato digital que apresentam métodos para aumentar as chances de ganhar na loteria, neste caso no jogo da Mega-Sena, não são válidos, pois as probabilidades de cada jogo, não se alteram de um sorteio para o outro. Não importa se um jogador utiliza tais métodos para a escolha dos números a serem apostados na Mega-Sena, para qualquer combinação a probabilidade será a mesma de sorteio para sorteio. Ainda foi apresentado o cálculo da probabilidade de um jogador ganhar na Mega-Sena através do modelo hipergeométrico, verificando assim que a chance de um jogador acertar os 6 números em um jogo simples da Mega-Sena, é extremamente pequena. Sendo assim, os jogadores de loterias devem estar atentos a tais materiais para não desperdiçarem tempo e dinheiro na compra dos mesmos, uma vez que a promessa desses autores em ter sucesso nos jogos, não se confirma.
30 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APARECIDA, R.; História das loterias no Brasil, 05/Ago/2007; Disponível em: < Acessado em: 20/jul, BUSSAB, W. O.; MORETTIN, P. A.; Estatística Básica. 4ª Edição. São Paulo: Atual, CAIXA ECONÔMICA FEDERAL; Disponível em: < Acessado em: 23/set/2012. CUNHA, P. M.; AZEVEDO, U.; Como Ganhar na loteria, livro II; 2010: Disponível em: < Acessado em 21/Jun./2012 DANTAS, C. A. B.; Probabilidade: Um Curso Introdutório, 2ª edição-são Paulo: EDUSP, HAZZAN, S.; Fundamentos da Matemática Elementar, volume 5: Combinatória, Probabilidade; 6 Edição- São Paulo: Atual, HOWARD G.; Como ganhar na loteria; 2010: Disponível em:< Acessado em 21/Jun./2012. LIPSCHUTZ, S.; Probabilidade; tradução Ruth Ribas Itacarabi; revisão técnica 4ª Ed. São Paulo: Makron Books, MAGALHÃES, M. N.; LIMA, A. C. P.; Noções de Probabilidade e Estatística. 6ª edição. São Paulo, EDUSP, MEYER, P.; Probabilidade - Aplicações a Estatística. 2º edição; Editora LTC, MONTEIRO, C.; História da Loteria Disponível em:< Acessado em 22/Set./2012. SANTI, A.; KIST, C.; Revista Super Interessante: Sorte: manual de instruções; Edição 307, Ago/2012; Editora Abril. SOBRAL, L.; Os maiores prêmios já pagos pela Mega-Sena; 29/12/2011. Disponível em: < Acessado em 10/Set./2012.
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