Repercussões do Direito Comunitário e das decisões do TJUE no Direito Interno e nas Decisões Judiciais
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- Evelyn Igrejas Câmara
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1 Repercussões do Direito Comunitário e das decisões do TJUE no Direito Interno e nas Decisões Judiciais Miguel Teixeira de Abreu 19 de Maio de 2010 Ordem dos Advogados 21/01/2010 1
2 : Influência do Direito da União Europeia sobre o Direito Fiscal Liberdade de circulação de bens, serviços, pessoas e capitais: São proibidas as restrições a estas 4 liberdades e o direito fiscal não é excepção. Ideia de igualdade no acesso aos mercados europeus Maior consciencialização para o fenómeno do Direito Fiscal na União Europeia 2
3 : Influência do Direito da União Europeia sobre o Direito Fiscal O Juiz nacional é o Juiz comum do Direito Comunitário Aplicação descentralizada do DC, i.e. Cabe ao Juiz Nacional assegurar o primado do DC sobre o Direito nacional. O Direito Comunitário e a força do precedente - O Juiz Nacional deve decidir em conformidade com decisões do TJUE em casos similares a outros sobre os quais o TJUE se tenha já pronunciado, ou quando a questão é tão óbvia que não deixa dúvidas razoáveis quanto à forma como a questão deve ser resolvida. 3
4 : Influência do Direito da União Europeia sobre o Direito Fiscal Influências fazem-se sentir através de: Integração positiva legislação europeia Fusões Mães e Filhas Juros e Royalties Troca de Informações Poupança Convenção relativa a arbitragem em sede de preços de transferência Directivas do IVA Integração negativa papel desempenhado pelos órgãos jurisdicionais: mais de 200 decisões do TJCE apenas em matérias maioritariamente relacionadas com fiscalidade directa 4
5 Influência do Direito da União Europeia Alterações na legislação nacional Contencioso Tributário Troca de Informação / Cobrança Consultoria Planeamento Fiscal 5
6 Alterações legislativas recentes: Tributação de dividendos externos Reinvestimento de mais-valias imobiliárias (habitação própria e permanente) Tributação de rendimentos de jogo (lotarias) Englobamento de rendimentos obtidos por não residentes 6
7 Art. 14.º, n.º 6 CIRC: Tributação de Dividendos Externos. Antes A isenção referida no nº 3 e o disposto nº 4 são igualmente aplicáveis aos lucros que uma entidade residente em território português, nas condições estabelecidas no artigo 2º da Directiva n.º 90/435/CEE, de 23 de Julho, coloque à disposição de um estabelecimento estável, situado noutro Estado membro, de uma entidade residente num Estado membro da União europeia que esteja nas mesmas condições e que detenha, total ou parcialmente, por intermédio do estabelecimento estável uma participação directa não inferior a 15%, desde que esta tenha permanecido na sua titularidade, de modo ininterrupto, durante dois anos. 7
8 Art. 14.º, n.º 6 CIRC: Tributação de Dividendos Externos. Redacção actual A isenção referida no nº 3 e o disposto nº 4 são igualmente aplicáveis relativamente aos lucros que uma entidade residente em território português, nas condições estabelecidas no artigo 2º da Directiva n.º 90/435/CEE, do Conselho, de 23 de Julho, coloque à disposição de um estabelecimento estável, situado noutro Estado membro, de uma entidade residente num Estado membro da União Europeia que esteja nas mesmas condições e que detenha, total ou parcialmente, por intermédio do estabelecimento estável uma participação directa não inferior a 10 % ou com um valor de aquisição não inferior a , desde que esta tenha permanecido na sua titularidade, de modo ininterrupto, durante um ano. 8
9 Art. 10.º, n.º 5, al. a) CIRS Mais-Valias Imobiliárias. Antes São excluídos da tributação os ganhos provenientes da transmissão onerosa de imóveis destinados a habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do seu agregado familiar, nas seguintes condições: a) Se, no prazo de vinte e quatro meses contados da data de realização, o valor da realização, deduzido da amortização de eventual empréstimo contraído para a aquisição do imóvel, for reinvestido na aquisição da propriedade de outro imóvel, de terreno para a construção de imóvel, ou na construção, ampliação ou melhoramento de outro imóvel exclusivamente com o mesmo destino, e desde que esteja situado em território português; 9
10 Art. 10.º, n.º 5, al. a) CIRS Mais-Valias Imobiliárias. Redacção actual São excluídos da tributação os ganhos provenientes da transmissão onerosa de imóveis destinados a habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do seu agregado familiar, nas seguintes condições: a) Se, no prazo de 36 meses contados da data de realização, o valor da realização, deduzido da amortização de eventual empréstimo contraído para a aquisição do imóvel, for reinvestido na aquisição da propriedade de outro imóvel, de terreno para a construção de imóvel, ou na construção, ampliação ou melhoramento de outro imóvel exclusivamente com o mesmo destino situado em território português ou no território de outro Estado membro da União Europeia ou do espaço económico europeu, desde que, neste último caso, exista intercâmbio de informações em matéria fiscal; 10
11 Art. 9.º, n.º 2 CIRS Rendimentos do Jogo. Antes São também considerados incrementos patrimoniais os prémios de quaisquer lotarias, rifas e apostas mútuas, totoloto, jogos do loto e bingo, bem como as importâncias ou prémios atribuídos em quaisquer sorteios ou concursos, efectivamente pagos ou postos à disposição, com excepção dos prémios provenientes do jogo comum europeu denominado Euromilhões. 11
12 Art. 9.º, n.º 2 CIRS Rendimentos do Jogo. Redacção actual São também considerados incrementos patrimoniais os prémios de quaisquer rifas, jogo do loto e bingo, bem como as importâncias ou prémios atribuídos em quaisquer sorteios ou concursos, efectivamente pagos ou postos à disposição, com excepção dos prémios provenientes dos jogos sociais organizados por Estados membros da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu desde que, neste caso, exista intercâmbio de informações. Revogado pela Lei de Orçamento de Estado 2010 Cf da TGIS 12
13 Art. 17.º-A CIRS Englobamento de Rendimentos de Não-Residentes. Redacção actual Regime opcional para os residentes noutro Estado membro da União Europeia ou do espaço económico europeu Os sujeitos passivos residentes noutro Estado membro da União Europeia ou do espaço económico europeu com o qual exista intercâmbio de informações em matéria fiscal quando sejam titulares de rendimentos das categorias A, B e H, obtidos em território português, que representem, pelo menos, 90 % da totalidade dos seus rendimentos totais relativos ao ano em causa, incluindo os obtidos fora deste território, podem optar pela respectiva tributação de acordo com as regras aplicáveis aos sujeitos passivos não casados residentes em território português com as adaptações previstas nos números seguintes. 13
14 Contencioso Tributário. Exemplo: Impacto na Interpretação do artigo 66º CIRC 14
15 Interpretação conforme com o Direito da União Europeia Art. 66.º CIRC - Imputação de lucros de sociedades não residentes sujeitas a um regime fiscal privilegiado 1 - São imputados aos sócios residentes em território português, na proporção da sua participação social e independentemente de distribuição, os lucros obtidos por sociedades residentes fora desse território e aí submetidos a um regime fiscal claramente mais favorável, desde que o sócio detenha, directa ou indirectamente, uma participação social de, pelo menos, 25 %, ou, no caso de a sociedade não residente ser detida, directa ou indirectamente, em mais de 50 %, por sócios residentes, uma participação social de, pelo menos, 10 %. 15
16 Interpretação conforme com o Direito da União Europeia Acórdão Cadbury Schweppes Os artigos 43. CE e 48. CE devem ser interpretados no sentido de que se opõem à incorporação, na matéria colectável de uma sociedade residente estabelecida num Estado-Membro, dos lucros realizados por uma sociedade estrangeira controlada noutro Estado-Membro quando esses lucros são aí sujeitos a um nível de tributação inferior ao aplicável no primeiro Estado, a menos que tal incorporação diga apenas respeito aos expedientes puramente artificiais destinados a contornar o imposto nacional normalmente devido. A aplicação dessa medida de tributação deve por conseguinte ser afastada quando se verificar, com base em elementos objectivos e comprováveis por terceiros, que, não obstante a existência de razões de natureza fiscal, a referida sociedade controlada está realmente implantada no Estado-Membro de acolhimento e aí exerce actividades económicas efectivas. 16
17 Processos pendentes: Futuras alterações Tributação à saída de sociedades e de pessoas individuais Tributação de juros de bancos não residentes Nomeação de representantes fiscais por não residentes Tributação discriminatória de dividendos pagos a fundos de pensões Tributação discriminatória de prestadores de serviços não residentes 17
18 Processos pendentes: Futuras alterações Tributação à saída de sociedades Artigos 83º, 84º e 85º do CIRC Acção intentada em 22 de Janeiro de 2010 (Comissão Europeia/República Portuguesa Processo C-38/10). A Comissão entende que a legislação portuguesa ultrapassa o que é necessário para atingir os objectivos prosseguidos, ou seja assegurar a eficácia do regime fiscal. Por conseguinte, a Comissão considera que a legislação portuguesa deve seguir a mesma regra quer a sede, direcção efectivamente e elementos patrimoniais sejam transferidos para fora do território português quer nele permaneçam: o imposto só deve ser cobrado depois de realizado o aumento de valor dos activos. 18
19 Processos pendentes: Futuras alterações Tributação à saída de pessoas individuais Artigos 10º e 38º do CIRS Pedido fundamentado da Comissão de 23 de Outubro de 2009 (processo de referência: 2007/2381): A Comissão considera que essa tributação imediata penaliza os indivíduos que pretendam sair de Portugal ou transferir os seus activos para fora do território, ao ser-lhes aplicado um tratamento menos favorável que para os indivíduos que permaneçam no país ou transfiram activos internamente. Por conseguinte, as regras portuguesas em questão são susceptíveis de dissuadir os indivíduos do exercício do seu direito de livre circulação (...). 19
20 Processos pendentes: Futuras alterações Tributação de juros de bancos não residentes Artigos 87º, 94º, 97º do CIRC Acção intentada em 06 de Março de 2008 (Comissão Europeia/República Portuguesa Processo C-105/08). A Comissão considera que a tributação dos juros hipotecários e os juros de outros empréstimos pagos por devedores residentes a instituições financeiras noutro Estado-Membro ou noutro Estado parte no Acordo EEE, é mais gravosa do que tributação dos pagamentos de juros semelhantes a beneficiários residentes. Por conseguinte a Comissão considera que esta forma de tributação constitui uma violação do princípio da liberdade de prestação de Serviços e da liberdade de circulação de capitais. 20
21 Processos pendentes: Futuras alterações Nomeação de representantes fiscais por não residentes Artigo 130º CIRS Acção intentada em 15 de Julho de 2009 (Comissão Europeia/República Portuguesa Processo C-267/09). A Comissão estima que esta exigência visa garantir o pagamento dos impostos e evitar a evasão fiscal, objectivos de reconhecido interesse público. Todavia, a Comissão considera que a obrigação geral imposta aos não-residentes de nomear um representante fiscal excede o necessário para assegurar os referidos objectivos, obstando assim à livre circulação de pessoas e de capitais estabelecida nos artigos 18.º e 56.º do Tratado CE, bem como no Acordo EEE. 21
22 Processos pendentes: Futuras alterações Tributação discriminatória de dividendos pagos a fundos de pensões Artigo 16º do EBF Acção intentada em 1 de Dezembro de 2009 (Comissão Europeia/República Portuguesa Processo C-493/09). (...) O tratamento discriminatório dos fundos de pensões não residentes, que tem consequências nefastas sobre a competitividade dos mercados financeiros da União Europeia e sobre o rendimento dos investimentos efectuados pelos fundos de pensões, não pode ser justificado por nenhum dos motivos avançados pela República Portuguesa. 22
23 Processos pendentes: Futuras alterações Tributação discriminatória de prestadores de serviços não residentes Artigos 4º (3)(c)(7) CIRC e 18º (1)(f) CIRS Pedido fundamentado da Comissão de 18 de Setembro de 2008 (processo de referência: 2005/4153): A Comissão considera que há discriminação dos prestadores de serviços estrangeiros estabelecidos em Chipre, país que não assinou qualquer convenção de dupla tributação com Portugal. Do ponto de vista da Comissão, existe discriminação quando não se puder assegurar que os diferentes níveis de imposição decorrentes das diferenças nas matérias colectáveis sejam sempre compensados pelas diferentes taxas de impostos. A Comissão considera ainda que as medidas escolhidas são desproporcionadas, uma vez que existem outros métodos de combate à fraude como, por exemplo, a obrigação de o prestador de serviços apresentar relatórios, a assistência mútua e o intercâmbio de informações com outros Estados-Membros da UE nos termos da Directiva 77/799/CEE e a assistência mútua em matéria de cobrança de créditos nos termos da Directiva 2001/44/CE. 23
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