Qual a função do gestor financeiro?
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- Raul Bento Borja
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1 Finanças importância e aplicabilidade A matemática apresenta invenções tão sutis que poderão servir não só para satisfazer os curiosos como, também para auxiliar e poupar trabalho aos homens. Descartes Podemos dizer que finanças é a arte e a ciência de gerenciar recursos. Portanto, os mercados financeiros, as instituições financeiras e toda a estrutura de funcionamento desses sistemas, em nosso país, bem como, no mercado internacional formam um campo de estudos muito importante conhecido como Finanças. Quando estudamos finanças percebemos a importância e aplicabilidade dos conceitos financeiros no dinheiro ao longo do tempo. Fazer o planejamento financeiro, gerenciar os ativos, captar fundos, aplicar e fazer investimentos no mercado financeiro e na bolsa de valores, emitir obrigações, fazer operações de descontos de títulos, gerenciar e controlar a aplicação de recursos e avaliar projetos, são algumas das muitas aplicabilidades de finanças. O que é a gestão financeira? Para a maioria dos autores, define-se a gestão financeira como um conjunto de ações e procedimentos administrativos que envolvem o planejamento, a análise e o controle de todas as atividades financeiras empresariais, para que se obtenha uma maximização dos resultados econômico-financeiros próprios de suas atividades operacionais. Qual a função do gestor financeiro? É necessário que o gestor da área de finanças tenha um conjunto de ferramentas essenciais e informações gerenciais organizadas e eficientes para compreender o momento financeiro da empresa e tomar decisões que sejam as melhores e mais adequadas para maximizar os resultados. Portanto, uma das funções principais do gestor de finanças é aumentar o patrimônio líquido da empresa, gerando lucro líquido a partir das atividades operacionais desenvolvidas por ela.
2 Fundamentos em Finanças Sobrevivência no mercado Todas as decisões empresariais devem estar apoiadas em um conjunto de informações precisas e muito atuais. A implantação de relatórios gerenciais, definição de alguns indicadores de desempenho, estatísticas operacionais, análises históricas de desempenho e performance colaboram para que a empresa sobreviva e mantenha-se em um mercado cada vez mais competitivo e globalizado. Pode-se então gerenciar, por exemplo: apuração dos resultados da empresa, controle de vendas e estoques, movimento de caixa, grau de endividamento, fluxos de caixa, grau de lucratividade, balanço gerencial, entre outros elementos. Cálculos ágeis e precisos são fundamentais Na prática, o profissional que trabalha com finanças precisa de algumas ferramentas que dêem agilidade e muita precisão nos cálculos financeiros. Qualquer desprezo, às vezes, de uma casa decimal, pode significar, dependendo do valor, uma quantia considerável. Por isso, é muito comum o uso de calculadoras financeiras, em especial, a calculadora HP-12C, que vamos utilizar inúmeras vezes no decorrer das operações. Muitos profissionais também se utilizam da planilha eletrônica Microsoft Excel. Na prática, tanto a HP como o Excel são utilizados de forma análoga. A calculadora HP-12C A calculadora HP-12C é utilizada na solução de problemas de matemática financeira e gestão financeira envolvendo os parâmetros n, i, PV, PMT e FV. Dispõe também de funções especiais para cálculos estatísticos. É de grande utilidade na solução de problemas relacionados a cálculos no mercado financeiro. Operações básicas Memórias transitórias: quatro memórias transitórias (X,Y,Z e T), operando como se fossem uma pilha de quatro valores, com as seguintes características: 12
3 Finanças importância e aplicabilidade a memória X é sempre aquela cujo conteúdo aparece no visor; as demais estão empilhadas, em cima da memória X, na ordem seqüencial Y, Z e T; as operações aritméticas são efetuadas com os conteúdos das memórias X e Y; os conteúdos das quatro memórias são movimentados nos seguintes casos: quando a tecla ENTER é acionada; quando são efetuadas as operações +,, x e ; quando são acionadas as teclas R, ou X >< Y. Tecla ENTER Ao ser digitado um número, ele passa a ocupar a memória, que é a única cujo conteúdo aparece no visor. Ao acionar ENTER são desencadeadas as seguintes transferências de valores entre as memórias: o conteúdo da memória X é transferido para a memória Y, mas permanece na memória X; o conteúdo da memória Y vai para a memória Z; o conteúdo da memória Z vai para a memória T; o conteúdo da memória T é perdido. Teclas CHS e CLX A tecla CHS troca o sinal do conteúdo da memória X, isto é, do número que aparece no visor. A tecla CLX limpa o conteúdo da média X. A tecla R Faz uma troca nos conteúdos das quatro memórias transitórias: Y vai pra X; X vai para T; T vai para Z e Z vai para Y. As teclas +,, e Efetuam operações aritméticas com o conteúdo das memórias X e Y. 13
4 Fundamentos em Finanças Exemplo 1: Calcular a expressão ENTER Com resultado no visor igual a 9.0 Exemplo 2: Calcular a expressão 3 x 10 5 Fazemos: 3 ENTER 10 X 5 : Com resultado igual a 6.0 As teclas amarela (f) e azul (g) Uma tecla na calculadora HP pode realizar inúmeras funções, como por exemplo: função normal, escrita em cor branca na face superior da própria tecla; função amarela, escrita em cor amarela no corpo da calculadora, na parte superior da tecla; função azul, escrita em cor azul na face lateral inferior da calculadora, na parte superior da tecla. Para usarmos as funções amarela ou azul de cada tecla, é importante que as teclas amarela f ou azul g sejam acionadas imediatamente antes de pressionar a tecla que se deseja. Quando as teclas f e g são acionadas, o visor mostra as letras f e g, respectivamente, para indicar que essas teclas estão ativas, como prefixos para qualquer tecla que for acionada em seguida. Se, após o acionamento de qualquer uma dessas duas teclas, houver a necessidade de eliminar sua atuação, basta acioná-la novamente e observar que o visor deixou de apresentar os prefixos f e g. Exemplo Uso da tecla azul g Usamos 1/x para calcular o inverso de um número colocado no visor. Acionando a tecla azul g e em seguida a tecla 1/x, essa tecla passará a executar a função azul e x. 14
5 Finanças importância e aplicabilidade Número de casas decimais O número de casas decimais que é mostrado no visor pode ser fixado bastando acionar a tecla amarela f e, em seguida, o número de casas decimais desejadas (0 a 9). Exemplo: Efetuar a divisão de 4/7 4 ENTER (4 nas memórias X e Y) 7 (7 na memória X Visor) : (efetua a divisão X/Y) A calculadora mantém internamente o resultado dessa divisão com um número de casas decimais bem superior. Se quisermos ver o resultado com quatro casas decimais, basta pressionar a tecla amarela f, e em seguida, o número 4, no visor teremos 0,5714. A função RND Permite eliminar as casas decimais da memória X que não serão mostradas no visor, através do arredondamento matemático. Exemplo: Dividir 8/3 com duas casas decimais f 2 (fixando 2 casas decimais) 8 ENTER (8 nas memórias X e Y) 3 (3 na memória X visor) : (efetua a divisão X/Y) Executamos a função RND (pressionando as teclas f e RND): o visor estará indicando 2,67, mas as demais casas decimais se transforma- 15
6 Fundamentos em Finanças ram em zeros. Para isso ser confirmado, basta aumentarmos o número de casas decimais a serem mostradas no visor. Logo, se acionarmos as teclas f e 4, o visor mostrará 2,6700. Funções ΔDYS e DATE Funções do calendário. As funções do calendário fornecidas pela HP-12C DATE e ADYS trabalham com datas entre 15 de outubro de 1582 e 25 de novembro de Para todas as funções do calendário, a calculadora utiliza um de dois formatos de data. Eles são utilizados tanto para interpretar datas quando são digitadas, quanto para exibi-las. Mês-Dia-Ano: para configurar o formato para M-D-A, aperte g e em seguida, M.DY; logo, para entrar uma data com esse formato ativado: digite o mês, com um ou dois dígitos; aperte a tecla de ponto decimal; digite os dois dígitos do dia; digite os quatro dígitos do ano. As datas são exibidas no mesmo formato. Por exemplo, para digitar o dia 7 de março de 2008, teremos: Teclas: Dia-Mês-Ano: para configurar o formato para D-M-A, aperte g D.MY. Para entrar com uma data com esse formato ativado: digite o dia, com um ou dois dígitos; aperte a tecla do ponto decimal; digite o mês, com dois dígitos; digite os quatro dígitos do ano. Por exemplo: para digitar 7 de março de 2008 Teclas: Quando o formato está D-M-A, o indicador de estado D.MY está presente no mostrador. Se isso não ocorrer, o formato será automaticamente o anterior. 16
7 Finanças importância e aplicabilidade Para calcular datas futuras ou passadas, use os seguintes argumentos: digite a data fornecida e aperte ENTER; digite o número de dias; se a outra data estiver no passado, aperte CHS; aperte g DATE. A resposta calculada pela função DATE é exibida em um formato especial. Os números do mês, dia e ano são separadores de dígitos, e o dígito ao lado direito da resposta no mostrador indica o dia da semana: 1 para segunda-feira a 7 para domingo. Exemplo: Se você comprasse uma opção para um terreno em 14 de maio de 2008, válida por 120 dias, qual seria a data de vencimento? Suponha que o formato será D.MY Teclas Mostrador Orientação g D.MY 7.04 Configura o formato para dia-mês-ano. O mostrador exibido pressupõe que a data da última utilização ainda está presente. A data inteira não é exibida agora porque o formato do mostrador é configurado para mostrar apenas casas decimais g DATE Registra a data, separando-a do número de dias a entrar. A data de vencimento é 11 de setembro de 2008, um sábado. Ponto decimal por vírgula: desligue a calculadora pressionando ON; pressione em seguida ao mesmo tempo ON e a tecla do ponto decimal; solte primeiro ON e depois a tecla do ponto decimal. As teclas STO e RCL A tecla STO serve para armazenar (store) e operar valores nas 20 memórias fixas da calculadora HP-12C. As memórias são indexadas de 0 a 9 e de.0 a.9; 17
8 Fundamentos em Finanças Exemplo: 20 STO 1 (número 20 guardado na memória 1). 80 STO + 3 (soma 80 ao conteúdo da memória 3 e guarda o resultado na própria memória 3). A tecla RCL serve para chamar (recall) os valores das 20 memórias fixas para o visor da HP-12C. É também utilizada para chamar para o visor o valores contidos nas cinco memórias financeiras (n, i, PV, PMT e FV), o que permite uma revisão de todos os parâmetros usados na solução dos problemas. A tecla RCL, se utilizada em conjunto com as funções Cf o, CF j e N j, permite a revisão dos valores dos fluxos de caixa não homogêneos que estão registrados na calculadora. Aplicação: RCL 1 (coloca no visor o conteúdo da memória 1) RCL i (coloca no visor o valor da taxa) Exemplo: Resolver a expressão: (5 + 4) 2 / (2 + 1) 2 5 ENTER y x STO (guarda na memória 1) ENTER y x STO 2 (resultado do denominador na memória 2) RCL 1 (chama o resultado do numerador para o visor) RCL 2 (chama o resultado do denominador para o visor e e coloca numerador na memória Y) : (efetua a divisão) Resultado igual 9,00. 18
9 Finanças importância e aplicabilidade Limpeza da calculadora Tecla CLX: limpa apenas a memória X, isto é, o visor. Tecla amarela FIN: limpa apenas as cinco memórias financeiras. Função amarela REG: limpa de uma só vez, as seguintes memórias: transitórias: X,Y. Y e T; fixas: 0 a 9 e.0 a.9; financeiras: n, i, PV, PMT e FV. A função amarela PRGM limpa os programas que estão gravados. É necessário que a HP-12C seja previamente colocada em fase de programação, com o acionamento da função amarela P/R. Teclas Financeiras n i PV PMT FV n = número de período de capitalização de juros, expresso em anos, semestres, trimestres, meses e dias. Os valores de n podem ser inteiros ou fracionários. i = taxa de juros por período de capitalização, expressa em percentuais. PV = valor presente (PV present value) valor do capital aplicado. PMT = valor de cada parcela da série uniforme (Periodic PayMen T) que ocorre a cada período de tempo nas séries postecipadas e antecipadas. FV = valor futuro (FV future value) valor do montante acumulado no final de n períodos de capitalização. Observações: END para calcularmos séries postecipadas é preciso ativar a função azul END. BEG para calcularmos séries antecipadas é preciso ativar a função azul BEG. As funções BEG ou END só têm interferência na série uniforme PMT, não causando alteração nas relações entre PV e FV. A HP-12C sempre interliga os cinco elementos financeiros. Os problemas que envolvem apenas quatro elementos devem ser resolvidos com a anulação do quinto elemento, que não participa da operação. 19
10 Fundamentos em Finanças PV, FV e PMT são valores monetários que devem ser registrados sempre de acordo com a conversão do sinal, isto é, os recebimentos sempre com sinal positivo e os pagamentos sempre com sinal negativo. As unidades de taxa e tempo devem estar sempre na mesma unidade de referência. Exemplos resolvidos de aplicação 1. Determinar o valor da parcela mensal de um financiamento de R$ ,00 com uma taxa de 1,5% ao mês, juros compostos, num prazo de 24 meses. Obs: antes de PV, acionar CHS para trocar de sinal. n = 24 PV = ,00 i = 1,50% ao mês FV = 0,00 elimina PMT =? Na calculadora HP-12C: ENTER CHS PV 24 n 1,5 i ,00 (CHS) PV 0,00 FV PMT valor da parcela igual a R$499,24 2. Um financiamento utiliza o multiplicador de R$90,00 para cada R$ 1.000,00 de principal financiado, num prazo de 12 meses. Determine a taxa de juros. Obs: antes de PV, acionar CHS para trocar de sinal. n = 12 PV = 1.000,00 PMT = 90,00 FV = 0,00 i=? n i PV PMT FV 12 1, ,00 90,00 0,00 20
11 Finanças importância e aplicabilidade 3. Qual o valor principal que, aplicado a uma taxa de juros de 1,5% ao mês, produz um montante de R$10.000,00 em 105 dias? n = 3,5 meses (105d) i = 1,50 PMT =? FV = R$10.000,00 PV=? n i PV PMT FV 3,5 1,50 R$9.492,24 0,00 R$10.000,00 Juros simples Quando usamos juros simples e juros compostos? A quase totalidade das operações envolvendo dinheiro utiliza juros compostos. Estão incluídas: compras a médio e longo prazo, compras com cartão de crédito, empréstimos bancários, aplicações financeiras usuais como Caderneta de Poupança e aplicações em fundos de renda fixa etc. Raramente encontramos uso para o regime de juros simples: é o caso das operações de curtíssimo prazo, e do processo de desconto simples de duplicatas. De fato, o fenômeno de capitalização ocorre no regime de juros compostos, em que os juros se transformam em capital e passam a render novos juros. O regime de juros simples é utilizado no mercado financeiro, como vimos, normalmente nas operações de curto prazo, em razão da simplicidade de cálculo e para reduzir ou aumentar ficticiamente a verdadeira taxa de juros das operações, facilitando assim, a tarefa de colocação dos produtos junto aos investidores e/ou tomadores de recursos financeiros. Só o regime de juros compostos permite uma avaliação correta dos fluxos de caixa nas operações financeiras. Logo, os juros simples só devem ser utilizados na obtenção do fluxo de caixa da operação. 21
12 Fundamentos em Finanças Quais são os elementos? Capital O capital é o valor inicial aplicado através de alguma operação financeira. Também conhecido como: principal, valor atual, valor presente ou valor aplicado. Em inglês usa-se Present Value (indicado pela tecla PV nas calculadoras financeiras). Juros Representam a remuneração do capital empregado em alguma atividade produtiva. Os juros podem ser capitalizados segundo dois regimes: simples ou compostos. Logo, o juro é a remuneração pelo empréstimo do dinheiro. Ele existe porque a maioria das pessoas prefere o consumo imediato e está disposta a pagar um preço por isso. Em contrapartida, as pessoas que foram capazes de esperar até possuir a quantia suficiente para adquirir seus desejos, e nesse ínterim, estiverem dispostas a emprestar essa quantia a alguém menos paciente, devem ser recompensadas por essa abstinência na proporção do tempo e risco que a operação envolver. O tempo, o risco e a quantidade de dinheiro disponível no mercado para empréstimos definem qual deverá ser a remuneração, mais conhecida como taxa de juros. Taxa de juros e tempo A taxa de juros indica que remuneração será paga ao dinheiro emprestado por um período determinado e vem expressa geralmente na forma relativa ou percentual, em seguida da especificação do período de tempo a que se refere: 5% a.a. (a.a. significa ao ano). 11% a.q. (a.q. significa ao quadrimestre). Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária ou relativa, que é igual à taxa percentual dividida por 100, sem o símbolo %: 0,28 a.m. (a.m. significa ao mês). 22
13 Finanças importância e aplicabilidade 0,14 a.s. (a.s. significa ao semestre). As fórmulas mais utilizadas são: Valor futuro: FV = PV. (1 + i. n) Juros: J = PV. i. n Valor Presente: FV PV = 1 + i. n Taxa de juros FV i = n PV 1. 1/ Exemplos resolvidos para fixação Exemplo 1: Determinar o valor do montante acumulado em 12 meses, a partir de um principal de R$20.000,00, aplicado com uma taxa de 15% ao ano, no regime de juros simples. Solução n = 12 meses PV = R$20.000,00 i = 15% ao ano = 15%/12 = 1,25% ao mês = 0,0125 FV =? FV = PV. (1 + i. n) = R$20.000,00. (1 + 0, ) = R$23.000,00 Na calculadora HP-12C: f ENTER 23
14 Fundamentos em Finanças 0,0125 ENTER 12 x 1 + X Visor: R$23.000,00 Exemplo 2: Determinar o valor do principal que deve ser aplicado com uma taxa de juros de 3,5% ao mês, para produzir um montante de R$10.000,00 no prazo de três semestres, no regime de juros simples. Solução: n = 3 semestres = 18 meses FV = R$10.000,00 i = 3,5% ao mês = 0,035 PV =? PV = FV 1 + i. n = R$10.000, , = R$6.134,97 Na HP-12C: f 2 0,035 ENTER 18 x X><Y : Visor: 6.134,97 Exemplo 3: Determinar o número de meses necessários para um capital dobrar de valor, com uma taxa de juros de 2% ao mês, no regime de juros simples. Solução: Imaginando que o valor de PV é igual a R$100,00, logo FV ao dobrar seria R$200,00 e os dados do problema poderiam ser: PV = R$100,00 24
15 Finanças importância e aplicabilidade FV = R$200,00 i = 2% ao mês = 0,02 n =? FV = PV. (1 + i. n) R$200,00 = R$100,00. (1 + 0,0 2. n) R$200,00 = n R$200,00 R$100,00 2 n = 50 meses Na HP-12C: 200 ENTER : Visor: 50 Exemplo 4: = n Determinar o valor da rentabilidade mensal, a juros simples, que faz um principal de R$2.000,00 se transformar num montante de R$2.500,00, num prazo de 20 meses. Solução: PV = R$2.000,00 FV = R$2.500,00 n = 20 meses i =? (% ao mês) FV i = PV n = 1 1 R$ , = 0, 0125 R$ , Na HP-12C: f ENTER 2000 : 1 1 enter 25
16 Fundamentos em Finanças 20 : x Visor: 0,0125 Transformando em número inteiro 100 x = 1,25% Desconto no regime de juros simples Aplicação No regime de juros simples, os descontos de cada período são obtidos pela aplicação da taxa de desconto d sempre sobre o valor futuro FV, ou montante, fazendo com que os descontos tenham o mesmo valor em todos os períodos. Logo: Desconto de cada período: FV. d Desconto de n períodos: n. FV. d Desconto por dentro e por fora Observa-se que a taxa de desconto d é aplicada sobre o valor futuro FV para produzir o valor presente PV, ao passo que a taxa de desconto i ( por dentro ) também chamada taxa de rentabilidade, é aplicada sobre o valor presente PV para produzir o valor futuro FV. Portanto, o valor do desconto por fora ou comercial é obtido multiplicando-se o valor futuro FV pela taxa de desconto d por período, e esse produto pelo número de períodos correspondentes de desconto, isto é: Dc = FV. d. n Onde: Dc = desconto comercial O valor presente PV, ou principal, que resulta do desconto obtido sobre o montante FV é obtido pela expressão: 26
17 Finanças importância e aplicabilidade PV = FV. (1 d. n) Para obtenção da taxa de desconto d teremos: PV d = 1 1. FV n Exemplos resolvidos de aplicação Exemplo 1: Um título com 130 dias a decorrer de seu vencimento está sendo negociado, a juros simples, com uma taxa de desconto comercial de 20% ao ano. Assumindo o ano comercial com 360 dias, determinar o valor da aplicação que proporciona um valor de resgate de R$1.000,00. Solução: FV = R$1.000,00 n = 130 dias d = 20% a.a. = 20% / 360 a.d. = 0,05556% a.d. = 0, a.d. PV =? Logo, PV = FV. (1 d. n) = PV = R$1.000,00. (1 0,20 : ) = R$1.000,00. (1 0, ) = R$927,78 Na HP-12C: 1000 ENTER 0,20 ENTER 360 : 130 x 1 27
18 Fundamentos em Finanças X No visor: R$927,78 A HP-12C entende que o valor é negativo porque todo PV é uma saída de caixa. Exemplo 2: Determinar o valor do desconto simples de um título de R$3.000,00, com vencimento para 75 dias, sabendo-se que a taxa de desconto por fora é de 2,0% ao mês. Solução: FV = R$3.000,00 n = 75 dias d = 2,0% a.m. = 2,0% / 30 a.d. = 0,06667% a.d. = 0, a.d. PV = FV. (1 d. n) = R$3.000,00. (1 0,02/30. 75) R$3.000,00. (1 0, ) = R$2.850,00 Logo: Desconto = FV PV = R$3.000,00 R$2.850,00 = R$150,00 Na HP-12C: 3000 ENTER 0,02 ENTER 30 : 75 x 1 X Visor: 2.850, ,00 + Visor: R$150,00 28
19 Finanças importância e aplicabilidade Exemplo 3: Determinar o valor da taxa mensal de desconto comercial usada numa operação de desconto de 60 dias, de um título com valor de resgate de R$20.000,00 e com valor principal igual a R$19.500,00. Solução: PV = R$20.000,00 FV = R$19.500,00 n = 60 dias = 2 meses d =? (% ao mês) d = (1 PV/FV). 1 / n = d = (1 R$19.500,00 / R$20.000,00). 1 = 0,0125 ou seja, 1,25% ao mês. 2 Na HP-12C: ENTER : 1 X >< Y 2 1 x Visor: 0,0125 ou 1,25% ao mês IOF imposto sobre operações financeiras e despesas administrativas Nas operações com descontos, os bancos costumam cobrar o IOF Imposto sobre Operações Financeiras, que é um tributo federal com alíquota de 1,5% mais as despesas administrativas. Com isso o valor de resgate do título diminui ainda mais um pouco, pois esses descontos incidem sobre o valor de face do título. Vamos ver um exemplo de aplicação: 29
20 Fundamentos em Finanças Determinar o valor atual de um título de R$3.000,00, com vencimento para 75 dias, sabendo-se que a taxa de desconto por fora é de 2,0% ao mês. O banco cobra ainda 1,5% de IOF e 2% de taxas administrativas sobre a operação financeira. Solução: FV = R$3.000,00 n = 75 dias d = 2,0% a.m. = 2,0% / 30 a.d. = 0,06667% a.d. = 0, a.d. PV= FV. (1 d. n) = 3.000,00. (1 0,02/30. 75) 3.000,00. (1 0, ) = R$2.850,00 IOF = 3.000,00. 0,015 = R$45,00 TA = 3.000,00. 0,02% = R$60,00 Logo: Desconto = FV PV = 3.000,00 150,00 45,00 60,00 = R$2.745,00 Ampliando seus conhecimentos A Matemática Financeira (TAHAN, 1984) Na época em que o comércio começava a chegar ao auge, uma das atividades do mercador foi também a do comércio de dinheiro: com o ouro e a prata. Nos diversos países eram cunhadas moedas de ouro e prata. Com a expansão das formas de comércio, assim como durante as guerras de conquista de territórios, as moedas dos países eram trocadas, mas o pagamento só podia ser efetuado com dinheiro do país específico. Logo, dentro das fronteiras de cada país, as moedas estrangeiras eram trocadas por dinheiro deste país. Os comerciantes e algumas pessoas que possuíam muito dinheiro e que viajavam ao exterior precisavam de dinheiro de outros países, que compravam com 30
21 Finanças importância e aplicabilidade a moeda nacional. Os tempos foram passando e alguns comerciantes ficaram conhecendo muito bem as moedas estrangeiras e passaram a acumulá-las em grandes quantidades. Desta forma, dedicaram-se exclusivamente ao câmbio de dinheiro, isto é, a comercializar dinheiro. Havia a divisão de trabalho dentro do campo do comércio: paralelamente aos comerciantes que se ocupavam com a troca de artigos comuns, surgiram os cambistas, isto é, comerciantes dedicados ao intercâmbio de uma mercadoria específica: o dinheiro. Num espaço de tempo relativamente curto, acumularam-se fantásticas somas de dinheiro nas mãos dos cambistas. Com o tempo, foram se ocupando de uma nova atividade: guardar e emprestar dinheiro. Naquela época, e devido à deficiente organização das instituições responsáveis pela segurança social do indivíduo, não era recomendável que tivesse em sua casa muitas moedas de ouro e prata. Estas pessoas entregavam seu dinheiro à custódia do cambista rico, que o guardava e devolvia ao dono quando ele pedisse. Imaginemos um cambista qualquer que tenha acumulado, desta forma, em seus cofres, imensa quantidade de dinheiro. Era natural que a seguinte idéia ocorresse: Porque estas grandes somas de dinheiro haverão de permanecer em meu poder sem qualquer lucro para mim? Aí então se percebe que a palavra lucro está diretamente interligada com o conceito de finanças É pouco provável que todos os proprietários, ao mesmo tempo e num mesmo dia, exijam a devolução imediata de todo seu dinheiro. Emprestarei parte deste dinheiro a quem pedir, sob a condição de que seja devolvido num prazo determinado. E como meu devedor empregará o dinheiro como quiser durante este é natural que eu obtenha alguma vantagem. Por isso, além do dinheiro emprestado deverá entregar-me, no vencimento do prazo estipulado, uma soma adicional. Vimos que neste pensamento do mercador a idéia de lucro já aparece fortemente. Assim tiveram início as operações creditícias. Aqueles que, por alguma razão, se encontravam sem dinheiro comerciantes, senhores feudais e não raras vezes o próprio rei ou o erário nacional, recorriam ao cambista que lhes emprestava grandes somas de dinheiro a juros razoáveis. O juro era pago pelo usufruto do dinheiro recebido ou, mais propriamente, era a compensação pelo temor de quem dava dinheiro emprestado e assim 31
22 Fundamentos em Finanças se expunha a um grande risco. Entretanto estes juros alcançaram, em alguns casos, quantias incríveis: na antiga Roma os usuários exigiam de 50 a 100 por cento e na Idade Média, de 100 a 200 por cento, às vezes mais, em relação direta com a necessidade do solicitante ou do montante da soma. Estes juros foram chamados com toda justiça de usurário, o dinheiro recebido emprestado, de capital usurário e o credor, de usureiro. O cambista exercia sua profissão sentado num banco de madeira em algum lugar do mercado. Daí a origem da palavra banqueiro e banco. Os primeiros bancos de verdade da História foram criados pelos sacerdotes. No mundo antigo, entre os egípcios, babilônios e mais tarde entre os gregos e romanos, estava amplamente difundido o costume segundo o qual os cidadãos mais abastados deviam confiar a custódia de seu ouro aos sacerdotes. A Igreja cristã não só deu continuidade à tradição das operações creditícias dos antigos sacerdotes, que considerava pagãos, mas desenvolveu-as em grande escala. A Igreja Católica criou o Banco do Espírito Santo, corria um fabuloso capital inicial. Seu verdadeiro propósito era tornar mais expedita a exação, aos fiéis, dos chamados denários de São Pedro destinados a satisfazer as frugalidades do Papa e para facilitar o pagamento de dízimos e indulgências, assim como para a realização de transações relacionadas com os empréstimos, em outras palavras, com a usura. Ao mesmo tempo lançou um anátema e condenou às masmorras da inquisição os cidadãos que emprestavam dinheiro a juros, mesmo que este juro fosse menor do que aquele que ela exigia por seu dinheiro. A Igreja proibia a seus fiéis que cobrassem juros por seu dinheiro, invocando como autoridade a Sagrada Escritura, onde se lê: Amai pois vossos inimigos e fazei o bem, e emprestei, nada esperando disso (São Lucas, 6,35). Na realidade, esta proibição era motivada por um interesse econômico muito mundano : a Igreja ambicionava assegurar para si o monopólio absoluto na exação de juros. Apesar das maldições e ameaças com o fogo eterno, a Igreja não pôde conter a avidez por ganhos e lucros das pessoas, tanto mais que o próprio desenvolvimento do comércio exigia a criação de uma ampla rede bancária. As iniciadoras desta atividade foram as cidades-estado da Itália, que tinham um vasto comércio, cujo raio de ação se estendia aos mais distantes confins do mundo conhecido. 32
23 Finanças importância e aplicabilidade O primeiro banco privado foi fundado pelo duque Vitali em 1157, em Veneza. Após este, nos séculos XIII, XIV e XV toda uma rede bancária foi criada. A Igreja não teve alternativa senão aceitar a realidade dos fatos. Assim os bancos foram um dos grandes propulsores práticos para o avanço da Matemática Comercial e Financeira e da Economia durante os séculos X até XV. Pois sem essa motivação para o aprimoramento dos cálculos, talvez, essa área de Matemática não estivesse tão avançada atualmente. Atividades de aplicação 1. Calcular o juro de uma operação com 45 dias de prazo, sabendo-se que o capital é de R$1.000,00 e a taxa de juros é de 48% ao ano. 2. Calcular o valor dos juros de uma operação com cinco anos de prazo, sabendo-se que o capital é de R$300,00 e a taxa de juro é de 25% ao ano. 3. Calcular o valor do capital, sabendo-se que o juro é de R$80,00, a taxa de juro é de 120% ao ano e o prazo é de 60 dias. 4. Calcular a taxa de juro mensal de uma operação, cujo capital é de R$ 400,00, o juro é de R$160,00 e o prazo é de 4 meses. 33
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