Tribunal de Contas da União. Assunto: Representação. Colegiado: Plenário. Classe: Classe VII

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1 Tribunal de Contas da União Assunto: Representação. Colegiado: Plenário Classe: Classe VII Sumário: Representação de equipe de auditoria. Convênio firmado entre o governo do estado do Rio Grande do Norte e o Ministério da Integração Nacional, mediante a Secretaria de Recursos Hídricos do estado/serhid/rn. Suspeita de superfaturamento de preços praticados pela Empresa Industrial TécnicaEIT. Obras na Barragem Umari. Inspeção in loco. Conhecimento. Improcedência. Arquivamento. Ciência à ADFIS para as providências necessárias e ao Ministério da Integração Nacional. Proposta de Decisão: A presente Representação foi instaurada por iniciativa da diligente equipe de auditoria da SECEX/RN, em virtude da suspeita de indícios de irregularidade, cuja gravidade, segundo seus membros, ensejava a pronta intervenção desta Corte de Contas. 2.A auditoria que se empreendeu dava conta de um possível superfaturamento na execução das obras da barragem Umari, especificamente quanto ao preço do metro cúbico de concreto compactado a roloccr, item considerado o mais significativo na referida construção. Consideraram que os preços praticados pela Empresa Industrial Técnica S/A EIT, utilizados na referida obra estavam em valores acima dos constantes na tabela de preços do DNOCS utilizada na barragem Santa Cruz do Apodi. 3.A pronta intervenção desta Casa veio por meio da diligência in loco determinada e realizada junto ao DNOCS, em Fortaleza, trabalho que resultou no lúcido parecer do analista de Finanças e Controle Externo Francisco Guisepe Donato Martins da SECEX/RN, cujos termos acolhi e passaram a fazer parte integrante de meu relatório. 4.De fato, como bem demonstrado, a diferença de preço verificada ocorreu em função da metodologia utilizada pela equipe de auditoria, quando resultou a diferença de R$ 7,37, ou seja, percentual de 16% não pode ser caracterizado superfaturamento.

2 5.Cumpre destacar que a modalidade de licitação adotada foi concorrência do tipo menor preço, havendo a referida empresa apresentado a proposta mais vantajosa entre as empresas licitantes. Ante o exposto, acompanhando, no essencial, a proposta alvitrada pela unidade técnica e fazendo apenas o ajuste que julgo necessário, proponho que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao E. Colegiado. T.C.U., Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 7 de novembro de 2001 LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHA Natureza: Representação. Data da Sessão: 07/11/2001 Relatório do Ministro Relator: Este processo originouse de representação formulada por Equipe de Auditoria da SECEX/RN, com fundamento no artigo 209 do Regimento Interno do TCU. 2.Em atendimento ao Plano Especial de Obras (FISCOBRAS 2001), realizouse auditoria na Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte SERHID/RN, objetivando fornecer informações ao Congresso Nacional acerca do andamento das obras na barragem Umari, localizada no município de Upanema/RN. 3.Conforme relato dos técnicos, o fato ensejador da pronta atuação desta Corte de Contas diz respeito a pagamentos efetuados à Empresa Industrial TécnicaEIT com recursos alocados no Convênio 006/99, firmado entre o governo do estado do Rio Grande do Norte e o Ministério da Integração Nacional, por meio da SERHID/RN, em valores acima dos constantes na tabela do DNOCS utilizada na barragem Santa Cruz do Apodi relativos ao item mais significativo na construção da barragem Umari: concreto compactado a rolo CCR. 4.Por despacho, determinei a audiência do Secretário da SERHID/RN, Paulo Lopes Varella Neto.

3 5.Em resposta, o responsável acostou aos autos suas razões de justificativa constantes dos documentos de f. 91/121, nos quais afirma categoricamente que o cálculo apresentado pelos analistas da SECEX estava incorreto e que o parâmetro utilizado como comparação custo do m3 do CCR usado na construção da barragem de Santa Cruz do Apodi, calculado pela divisão de obras civis do DNOCS, não representava fielmente os valores praticados no mercado. 6.Diante desse fato, determinei por despacho de f. 125, fosse realizada diligência in loco, junto ao DNOCS, localizado em Fortaleza/CE, conforme proposto pela unidade técnica. O analista designado para o supracitado procedimento assim produziu o parecer que passa a integrar este Relatório, verbis: (...) Em suma, o responsável alega que "mesmo em comparação com os preços praticados na Barragem de Santa Cruz do Apodi, demonstra que os preços praticados na Barragem de Umari estão compatíveis com os preços de mercado, estando, em alguns casos, bastante inferiores aos preços escolhidos como referência pelos auditores". (original grifado). 6.1Cabe ressaltar que os cálculos apresentados pela SERHID/RN, inseridos às fls. 106/119, incluem outros serviços como: concreto convencional de face, concreto convencional de vertedouro, concreto convencional de regularização, argamassa, formas (montante e jusante) e junta fungerband. Esses serviços não influem na produção do CCR, apesar de serem inerentes à composição do maciço da barragem. 6.2Contudo, considerandose os valores dos serviços constantes do item maciço da barragem, no qual está incluída a maioria do serviço referente ao CCR (excetuamse os serviços dos subitens 2.7 e 2.8 Escavações), constatase que aqueles valores são compatíveis com os valores praticados na Barragem Santa Cruz, adotada inicialmente como parâmetro. Assim, de certa forma as justificativas apresentadas pelo responsável estão corretas, desde que considerado todo o maciço. 7.Importa lembrar que o questionamento está voltado somente em relação ao custo do metro cúbico do concreto compactado a rolo, consoante instrução inicial de fls. 01/12. Entendemos que o deslinde da questão somente será obtido com as explicações conseguidas junto à Divisão de Obras Civis do DNOCS DIBRA/C. Assim, passaremos a relatar as informações obtidas junto à DIBRA/C. III

4 8.No DNOCS, o trabalho foi realizado junto à Divisão de Obras Civis DIBRA/C, especificamente pelo Engenheiro Alexander Alves de Oliveira, Chefe daquela Divisão. O trabalho consistiu em elaborar a composição de custos do m³ do concreto compactado a rolo CCR, com base nos preços de mercado de dezembro de 1994, data de apresentação da proposta de preços da Empresa Industrial Técnica S/A EIT, vencedora do certame licitatório realizado pelo Departamento de Estradas de Rodagem do RN DER/RN (Concorrência n.º 006/94), para a construção da Barragem Umari. Ainda, verificar se o raciocínio desenvolvido pela equipe de analistas desta SECEX, no sentido de unificar os serviços inerentes ao CCR apresentados na planilha orçamentária de serviços de construção da Barragem Umari, estava correto. 9.Relativamente à unificação dos serviços inerentes ao CCR, o Sr. Alexander informou ser imprescindível, pois se obteria o valor unitário para o m³ de CCR produzido, representado em um único item. Esse raciocínio foi usado na elaboração da planilha de preços de construção da Barragem de Santa Cruz pela própria DIBRA/C. Naquele caso (Barragem Santa Cruz) a planilha apresentava os serviços de subitens 3.1.1, 3.1.2, 3.1.4, 3.1.5, 3.1.6, e referentes ao CCR (fl. 16), sendo unificados no item (fl. 17), conforme se segue: Item Serviços Unid. Quant. Preços unit.(r$) Preço total (R$) Fabricação de agregado p/ concreto compactado e convencional exclusive extração da rocha m³ , Escavação em jazida, carga, descarga e transporte de areia/silte c/ DMT de 500m. m³ ,00

5 3.1.4 Carga em pilha de estoque, descarga e transporte de areia/silte brita, c/ DMT de 0,00 a 200m. m³ , Carga em pilha de estoque, descarga e transporte de brita, c/ DMT de 0,00 a 200m. m³ , Preparo de CCR (concreto compactado a rolo), inclusive com fornecimento de cimento. m³ , Carga, descarga e transporte do CCR c/ DMT de 400 a 600m. m³ , Espalhamento e compactação do CCR. m³ , Concreto Compactado a rolo (CCR), inclusive fornecimento, carga, descarga, transporte, lançamento e compactação.

6 M³ ,00 33, ,82 9.1Dessa forma, observase que o item abrange todos os custos envolvidos na obtenção (extração de areia e brita das jazidas; fornecimento de cimento e água; carga/descarga/transporte desde as várias pilhas de estoque até as centrais de britagem e de concretagem; usinagem; etc.) e lançamento do CCR (carga/descarga/transporte até o maciço; compactação e tratamento; etc.). 9.2Adotouse raciocínio idêntico na análise da planilha de preços de construção da Barragem Umari, haja vista que o serviço referente ao CCR estava representado nos subitens 2.7, 2.8, 4.2, 4.18, 4.19, 4.20, 4.21, 4.22 e 4.23, conforme demonstrado na instrução inicial item 5 de fls. 02/03, sendo dado como correto pelo Sr. Alexander, Chefe da DIBRA/C. 10.Relativamente à composição de custos do CCR, importa registrar que não constou no Edital da Concorrência n.º 006/9, elaborado pelo Departamento de Estradas de Rodagem do RN DER/RN, para a construção da Barragem Umari, a apresentação pelas empresas licitantes da composição de todos os custos unitários dos serviços discriminados na planilha orçamentária de preços para a obra de construção da Barragem Umari, conforme disposto no art. 7º, 2º, da Lei n.º 8.666/93. Esse procedimento era de suma importância, pois possibilitaria verificar se os preços apresentados pelas firmas representavam os preços praticados no mercado à época da elaboração das propostas (dezembro de 1994). Ainda, verificarseia o percentual referente ao BDI adotado pelas empresas Dessa maneira, foi necessário que a DIBRA/C elaborasse a composição de custo para obter o valor unitário do m³ do CCR com base em tabela de preços de outubro/94 daquela Autarquia Federal, incidindo sobre aquele valor o BDI adotado por aquela Autarquia estabelecido em 37,66% (fl. 127). Desse modo, a DIBRA/C obteve o valor de R$ 45,14 (quarenta e cinco reais e quatorze centavos) por metro cúbico de concreto compactado a rolo produzido Cabe destacar que para se obter esse valor (R$45,14), a DIBRA/C utilizou o traço médio dos insumos executado na produção de CCR na Barragem de Umari, fornecido pela

7 SERHID/RN quando da apresentação da defesa (fl. 107), conforme se segue: Traço Médio Executado Material Quantidade Cimento 84,00 Kg Areia 0,633 m³ Brita 0,887 m³ 10.3 Isso implica em refazer todo o cálculo efetuado pela equipe de auditoria, exposto no item 7 da instrução inicial (fl. 05), pois o traço utilizado naquela assentada (ver item 6.1, fl. 04) foi obtido quando da visita à obra da Barragem Umari, referente à produção de CCR acompanhada à época. Assim, refazendo os cálculos teremos o seguinte: Item Preço Planilha (A) Qtd. Traço (B) DMT (C) Custo 1m3 CCR (D=A*B*C) Brita 2.7 Escavação em material de 3ª categoria na pedreira, com transporte até 300m, inclusive carga e descarga. 11,00 0,887 9, Retomada de estoque da pedreira, de material de 3ª categoria. 0,10 0,887 0,08

8 4.19 Transporte complementar de material de 3ª categoria até o britador DMT=5,00 Km. 0,90 0, , Britagem em material de 3ª categoria 10,00 0,887 8, Transporte de brita até a central de concreto, inclusive carga e descarga DMT=0,5 Km. 0,90 0,887 0,5 0,39 Total Brita 22,90 Areia 2.8 Escavação mecanizada de areia na jazida, inclusive carga e descarga. 1,90 0,633 1, Transporte em material de 1ª categoria (areia) até a pilha de estoque DMT=1,5 Km. 0,90 0,633 1,5 0, Transporte de areia até a central de concreto, inclusive carga e descarga DMT=0,5 Km. 0,90 0,633 0,5 0,28 Total Areia 2,33 Total (Brita + Areia) 25, O valor acima, de R$ 25,23 (vinte e cinco reais e vinte e três centavos), deve ainda ser somado ao constante no item 4.2 da planilha (R$ 27,28), obtendose assim um preço de R$ 52,51 (cincoenta e dois reais e cincoenta e um centavos). Em síntese, para o metro cúbico de CCR, o valor de R$ 52,51 foi o apresentado pela EIT, em proposta datada de dezembro de 1994 (fls. 19 a 31), para a construção da Barragem Umari. 11.Segundo se demonstrou acima, o preço do m³ de CCR na Barragem Umari calculado pela DIBRA/C é de R$ 45,14 (quarenta e cinco reais e quatorze centavos) e o apresentado pela EIT é de R$ 52,51 (cincoenta e dois reais e cincoenta e um centavos). Observase uma diferença a maior de R$ 7,37, ou seja, da ordem de 16% (dezesseis por cento). Ressaltese que o referido valor tem como base a data de apresentação da proposta, ou seja, dezembro/94. Neste ponto, importa registrar que inicialmente a equipe de auditoria havia tomado como parâmetro para comparação o valor do metro cúbico de concreto compactado a rolo

9 produzido na Barragem de Santa Cruz (R$ 33,73, base: março de 1994), sendo atualizado até dezembro de 1994, utilizandose o Índice Nacional de Custo da Construção INCC, previsto contratualmente. Obtevese, assim, o preço de R$ 38,61 (trinta e oito reais e sessenta e um centavos) para o m³ de concreto CCR, que quando comparado com o valor de R$ 54,05 (item 7.1 da instrução inicial, fl. 05) gerou uma diferença a maior de R$ 15,44, ou seja, da ordem de 40% (quarenta por cento). Esse fato levounos a questionar a SERHID/RN, mediante audiência do Secretário Estadual de Recursos Hídricos. Entretanto, essa diferença ficou reduzida a R$ 7,37, ou seja, da ordem de 16% (dezesseis porcento), conforme exposto acima Essa redução, segundo informação do Engenheiro Alexander Alves de Oliveira, Chefe da DIBRA/C, ocorreu em função da metodologia utilizada pela equipe de auditoria, pois a atualização daquele valor (R$ 33,73) pelo INCC não demonstraria a variação dos componentes do CCR (materiais, mãodeobra, equipamentos) devido às alterações dos preços de mercado. Esse fato foi de suma importância, porque entre março/94 e agosto/94 os preços estavam instáveis, passando por uma fase de adaptação por conta da mudança de moeda (Cruzeiro Real URV Real). Tanto é que somente em outubro/94, após a estabilização dos preços (insumos, mãodeobra, equipamentos), o DNOCS com base em pesquisa de mercado elaborou uma nova tabela de preços de serviços. Portanto, tomando como parâmetro essa tabela de preços, foi elaborada a composição de custos para obter o valor unitário do m³ do CCR, chegandose ao valor de R$ 45,14 (quarenta e cinco reais e quatorze centavos). 12.Assim, consideramos que a diferença de R$ 7,37, ou seja, da ordem de 16% (dezesseis por cento), existente entre o valor do metro cúbico do concreto compactado a rolo apresentado pela EIT S/A e o valor demonstrado na composição de custos elaborada pela DIBRA/C (R$ 45,14 fl. 127), descaracteriza o indício de superfaturamento inicialmente questionado. Ademais, cabe destacar que a modalidade de licitação adotada foi concorrência do tipo menor preço, de modo que a proposta apresentada pela EIT S/A foi a mais vantajosa entre as empresas licitantes. IV 13.Ante o exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo: a) o arquivamento dos autos, sem julgamento de mérito, com base no art. 163 do Regimento Interno/TCU, tendo em vista que a composição de custos elaborada pela DIBRA/C, para obtenção do valor do metro cúbico do concreto compactado a rolo para a construção da Barragem Umari, descaracterizou o indício de superfaturamento inicialmente questionado;

10 b) que seja dada ciência à COFIS da Decisão que vier a ser adotada, haja vista que os fatos constantes deste Processo motivaram o sobrestamento do TC n.º /20017 FISCOBRAS/2001; Interessados: Responsável: Paulo Lopes Varella Neto Secretário. Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator e com fundamento nos artigos 1º, inciso II, e 41, inciso II, da Lei 8.443/92, c/c o artigo 69, inciso V, da Resolução/TCU 136/2000 em: 8.1 conhecer da Representação formulada pela equipe de auditoria da SECEX/RN, com fulcro na alínea m do inciso I do artigo 19 do Regimento Interno desta Corte de Contas, para, no mérito, julgála improcedente; 8.2 determinar o arquivamento do presente processo, tendo em vista a ausência de confirmação do fato que o originou; e Grupo: Grupo I Indexação: Representação; SECEX; RN; Aplicação; Recursos Públicos; Administração Estadual; Convênio; Superfaturamento de Preços; Execução de Obras e Serviços; Empresa; Contrato; Data da Aprovação: 14/11/2001 Unidade Técnica: SECEXRN Secretaria de Controle Externo RN Quorum: Ministros presentes: Humberto Guimarães Souto (Presidente), Valmir Campelo, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler e o MinistroSubstituto Augusto Sherman Cavalcanti. Ementa:

11 Representação formulada por equipe de auditoria do TCU. Convênio entre o governo do estado do Rio Grande do Norte e o Ministério da Integração Nacional. Indícios de superfaturamento de preços na execução das obras da barragem Umari. Conhecimento. Improcedência. Arquivamento. Data DOU: 19/11/2001 Número da Ata: 49/2001 Entidade: Entidade: Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte SERHID/RN. Processo: /20019 Ministro Relator: LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHA