DESINDUSTRIALIZAÇÃO E CRISE: a conjuntura e o longo prazo para entender os problemas e desafios da manufatura brasileira.
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- Valdomiro Caires de Santarém
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1 DESINDUSTRIALIZAÇÃO E CRISE: a conjuntura e o longo prazo para entender os problemas e desafios da manufatura brasileira. Prof. Dr. Marcelo Arend Departamento de Economia e Relações Internacionais. Economia e Relações Internacionais da
2 O ciclo recente: crise manifesta-se na indústria de transformação
3 Colapso no Investimento e Desemprego
4 Elevação da produtividade = elevação do desemprego > queda na produção Crise
5 E o setor de Bens de Capital?
6 E o setor de Bens de Capital?
7 Desempenho Internacional da Indústria Brasileira
8 Desempenho Internacional da Indústria Brasileira
9 Desempenho Internacional da Indústria Brasileira
10 A Crise é Conjuntural ou Estrutural?
11 Por que o Brasil cresce pouco desde 1980? Crescimento acumulado da produtividade do trabalho China (Official) India South Korea Taiwan Thailand Tigres Asia Hong Kong Malaysia Singapore Indonesia Central and Eastern Europe and Japan United States Chile United Kingdom North America Western Europe Oceania Germany Africa Latin America Brazil
12 O que aconteceu? Mudança Estrutural pós 1980
13 Mudança estrutural com produtividade agregada reduzida Nível de produtividade do trabalho relativa do setor de serviços brasileiro ao dos Estados Unidos da América. Fonte: Uncatadstat. Elaboração própria
14 HA-JOON CHANG: O Brasil está experimentando uma das maiores desindustrializações da história da economia (El País) Crescimento acumulado da indústria de transformação no período =100. Asia em Desenvolvimento Economias em Desenvolvimento 697 Principais Exportadores de Petróleo e Gás 536 Africa excluindo Africa do Sul 307 G Principais Exportadores de Manufaturados 257 Mundo 253 Africa em Desenvolvimento 242 América Desenvolvida 218 América do Sul excluindo Brasil 205 Principais Exportadores de Produtos Primários excluindo 202 Asia Desenvolvida 197 America em Desenvolvimento 187 G8 187 Economias Desenvolvidas 183 Oceania em Desenvolvimento 175 Mercosul 162 Europa Desenvolvida 156 Zona Euro 155 Brasil
15 Estrutura produtiva brasileira não ingressou na 3ª RI 33% 36% 30% 22% 23% 21% 10% 13% 5% 3% Commodities Industriais Indústria Tradicional Intensiva em Tecnologia: Paradigma Fordista Commodities Agrícolas Intensiva em Tecnologia: Paradigma Microeletrônico Predomínio da indústria de commodities industriais e agrícolas (46%), tradicional intensiva em trabalho (30%) e fordista (21%). Brasil possui uma estrutura produtiva típica do século XX. Indústria 2.0
16 Nova dinâmica produtiva na Revolução Industrial Mecânica 2.0 Elétrica 3.0 Automação Microeletrônica. Informática. Telecomunicações. Economias Avançadas se desindustrializam, se servicilizam, todavia apresentam crescimento sustentado da renda. Então os Serviços também importam? Nova literatura internacional => A economia é dividida em quatro setores: agricultura, indústria, serviços intermediários e serviços finais; Serviços intermediários: são aqueles serviços utilizados como insumo pela indústria: TICs, serviços de consultoria, design, marketing, transporte, logística, financeiros. Serviços finais são os fornecidos aos consumidores: hotéis, restaurantes, cortes de cabelo. As novas evidências mostram que os serviços intermediários também são escalonáveis, apresentando as leis propostas por Kaldor (DI MEGLIO et al., 2015; DASGUPTA e SINGH, 2007; CAINELLI et al., 2006);
17 Revolução 3.0: simbiose indústria e serviços Os serviços intermediários também são um motor do desenvolvimento: A literatura KIBS mostra que grande parte das inovações industriais são criadas por atividades de serviços; Setores industriais mais sofisticados possuem elevada simbiose com serviços intermediários e só se desenvolvem na presença destes serviços; Serviços intermediários fornecem conhecimento tecnológico para o setor industrial; Contribuem para o surgimento de inovações, diferenciação de produtos, flexibilização de processos produtivos. Oulton (2000): o setor cuja participação mais se elevou nas últimas décadas foi serviços intermediários e não serviços finais ou indústria. Produtividade crescente, e, dado que ele é utilizado como insumo pelo setor industrial, pequenos avanços em sua produtividade são suficientes para que a produtividade industrial também avance.
18 Mudança estrutural na Revolução 3.0: Taxa de crescimento da participação de cada setor no valor adicionado total, período de 1980 a 2009, países avançados Parte considerável do processo de desindustrialização pode ser explicado pelo avanço no setor de serviços intermediários e apenas de forma secundária pelo avanço do setor de serviços finais. 141% 103% 54% 88% 75% 59% 87% 89% 66% 22% -12% -6% -9% -11% -25% -8% -27% 3% -10% -5% -36% -9% -17% -2% -3% -12% -24% Indústria Serviços intermediários Serviços finais
19 Revolução 3.0 no mundo: Evolução da produtividade por setor, período (%) Fonte: Groningen Growth and Development Centre, Timmeret al.(2015) Agricultura e mineração Indústria Outros serviços Serviços intermediários
20 Revolução 3.0 no Brasil: Evolução da produtividade por setor, período , (%) Fonte: Groningen Growth and Development Centre, Timmeret al.(2015b). 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 Agricultura e mineração Indústria Outros serviços Serviços intermediários
21 Desindustrialização Deservicilização (intermediários) 1,2 1 BRICS exceto Rússia China 1,4 1,2 BRICS exceto Rússia China 0,8 Europa América Latina 1 0,8 Europa América Latina 0,6 0,4 Meio leste e Norte da África NICS 1 NICS 2 0,6 0,4 Meio leste e Norte da África NICS 1 NICS 2 0,2 Estados Unidos 0,2 Estados Unidos Africa Subsariana 0 Africa Subsariana Valores abaixo de 1 indicam que o setor cresceu menos no Brasil do que no país/região de comparação. Processo enfrentado pelo Brasil não se limita à desindustrialização precoce, sendo muito mais grave.
22 Brasil: motores do crescimento pifados Tanto o setor industrial quanto o setor de serviços intermediários se defrontam com aguda estagnação relativa internacional e inércia estrutural, comprometendo o desempenho da economia brasileira. A precariedade da relação de simbiose entre serviços e indústria restringe a transformação da economia brasileira em direção a atividades e setores tecnologicamente mais avançados e produtivos. A reduzida virtuosidade desta relação compromete a produtividade da indústria nacional e o crescimento econômico.
23 Revolução Industrial 4.0 Muito mais do que uma ruptura radical no sistema produtivo, é a intensificação do progresso tecnológico. Implica maior simbiose entre indústria e serviços avançados. Sistemas ciber-físicos (CPS), Big Data Analytics, Computação em nuvem, Internet das Coisas (IoT) e Internet dos serviços (IoS), Impressão 3D e outras formas de manufatura aditiva, Inteligência artificial, Digitalização, Colheita de energia (Energy harvesting), Realidade aumentada etc. Reindustrialização de EUA e Europa. Impactos no comércio internacional. Reaproximação da produção e consumo. Impactos nos fluxos de Investimento Estrangeiro. Sem conexão com diferenciais de custo de trabalho. Reindustrialização => automação + autonomização.
24 IFR International Federation of Robotics Ranking com dados de 42 países: Brasil 39º 1) Coreia do Sul 631 robôs a cada 10 mil funcionários 2) Singapura 488 3) Alemanha 309 4) Japão 303 5) Suécia 223
25 O futuro: Brasil e sua dança com lobos" Indústria 4.0 é uma estratégia dos países avançados para fazer frente a ameaça industrializante oriental. Novos padrões de consumo. Diferenciação (lotes mínimos). Customização e reaproximação da produção aos mercados consumidores. Reindustrialização. Sucesso chinês estaria ameaçado. Modelo escala-custo-preço. Para onde dirigir-se-ia a super capacidade produtiva da fábrica do mundo? Brasil: trajetória tecnológica/produtiva e social. Elevada concentração de renda => desigualdade social. Para as classes de renda elevada indústria 4.0 é... modernização dos padrões de consumo. Extratos de renda baixa, preço importa. (China).
26 Concluindo: Coincidências históricas Nas últimas três grandes crises da história do Brasil, e do capitalismo, o paradigma tecnoprodutivo mundial estava em transição. Crise atual => transição para a indústria 4.0. Conseguiremos surfar nessa onda longa? Crise dos anos 1980 => transição para a indústria 3.0. Não conseguimos surfar nessa onda longa... Crise da década de 1930 => transição para a indústria 2.0. Com uma estratégia nacional de desenvolvimento conseguimos!
27 Obrigado!
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