Resumo Aula-tema 05: Análise Comparativa do Desenvolvimento Econômico da Índia e da China
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- Nina Carreiro Bennert
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1 Resumo Aula-tema 05: Análise Comparativa do Desenvolvimento Econômico da Índia e da China Esta aula tratará da análise comparativa do processo de desenvolvimento da China e da Índia, países que se tornaram referências mundiais em termos de crescimento econômico e inovação tecnológica nos últimos anos, como vimos nas aulas anteriores. Estes países são o I e o C da sigla BRICS, (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), os principais países emergentes no mundo de hoje. Vamos reanalisar e comparar os principais fatores que possibilitaram o crescimento econômico da China e da Índia e suas perspectivas futuras em termos de desenvolvimento humano, competitividade e diminuição das desigualdades sociais e econômicas, um dos maiores problemas destes países. Estes dois países são duas das civilizações mais antigas do mundo, existindo desde antes da era cristã, sendo que se formaram a partir de ondas sucessivas de colonizações e invasões de outros povos, dando aos países caráter multirracial e cultural. Índia e China têm um passado marcado por fortes relações econômicas e políticas com a Inglaterra, tendo sido não só fornecedores de matérias-primas e mão de obra, mas também compradores dos produtos ingleses. Tropas do exército indiano lutaram pela Inglaterra na II Guerra Mundial. Os dois países em análise romperam suas relações com o Reino Unido após a II Guerra Mundial e passaram a trilhar caminhos próprios. A China como um país socialista dirigido de forma ditatorial por Mao Tse-tung, e a Índia como a maior democracia do mundo, capitalista, mas fechada e altamente regulada pelo Estado. Em 1976, após a morte de Mao, assumiu o poder Deng Xiaoping, que iniciou uma reformulação dos rumos econômicos e sociais da China, eliminando gradualmente o sistema de agricultura coletiva, liberando os preços dos produtos, dando autonomia para a atuação das empresas estatais. Também reformou o sistema bancário e desenvolveu o mercado acionário chinês. Assim, o país passou a ter uma nova inserção na economia internacional que levou ao alto crescimento e à importância atual do país como centro industrial do mundo. Por sua vez, a Índia iniciou uma fase de alto crescimento econômico após 1991, quando seu governo abandonou políticas socialistas e deu início a um processo de
2 liberalização da economia, que envolveu o incentivo ao investimento estrangeiro, a redução de barreiras tarifárias à importação, a modernização do setor financeiro e ajustes nas políticas fiscal e monetária. Nos últimos anos, a Índia tornou-se um importante centro de serviços relacionados com tecnologias de informação. É o principal beneficiário da terceirização de serviços de desenvolvimento de software, websites e jogos, além de call centers, e-commerce e serviços de contabilidade, entre outros. A Tabela 1 resume alguns dados que ressaltam a importância destes países na economia mundial. Juntos, China e Índia têm cerca de 2,5 bilhões de habitantes, o que equivale a cerca de 40% da população mundial. Deste modo, juntos têm alta disponibilidade de mão de obra e um grande mercado consumidor para produtos básicos como alimentos, roupas e calçados. O crescimento do PIB per capita na Índia entre os anos 1990 e 2007 foi em média de 4%, metade do da China, mas ainda estão muito abaixo das economias desenvolvidas. O crescimento econômico tem possibilitado que a população destes países consuma mais produtos básicos, o que tem reflexos na importação de alimentos. Tabela 1 Principais dados econômicos da China e da Índia Fonte: Livro-texto. O crescimento do PIB Total destes países tem sido relativamente elevado, alcançando a média acima de 8% entre 1990 e 2007 para a Índia e acima de 11 % ao
3 ano para a China. Existem diferenças, contudo, quanto aos setores que mais cresceram, sendo que, na Índia, foi o de serviços e, na China, a indústria em geral. Esses países juntos representavam entre 1990 e % do PIB Mundial medido pela paridade de poder de compra e atingiam 7% das exportações mundiais de bens e serviços naquele período. Esses dados estão na Tabela 2, na qual se pode comparar ambos os países com países desenvolvidos selecionados. Vimos nas aulas anteriores que esses dois países tiveram uma Formação Bruta de Capital Fixo bastante elevada entre 1990 e 2007, sendo que, na Índia, os investimentos foram direcionados para as atividades de serviços de tecnologia da informação e, na China, para a instalação de indústrias e de infraestutura básica para a exportação. A Índia concentra grandes multinacionais da área de tecnologia da informação, como IBM, Thompson Reuter, JP Morgan, HSBC, entre outros. Por sua vez, China é o local de produção da Nike, GM, entre outras indústrias de bens de consumo duráveis e não-duráveis. Tabela 2 Participação percentual do PIB Mundial (PPC) e nas exportações Fonte: Livro-texto (Capítulo 2). A Tabela 3 mostra a participação percentual dos principais países que investiram em atividades econômicas na Índia e na China entre 1990 e Deve-se destacar a importância das relações desses países com seus vizinhos, como Hong Kong, Ilhas Maurício, Coréia do Sul, Japão e Cingapura. É necessário destacar também a queda dos investimentos dos Estados Unidos e do Reino Unido, grandes potências industriais que foram parceiras importantes desses países no passado e que perderam espaço para os mais próximos. Tudo isso denota a importância dos investimentos intrarregionais para o crescimento econômico dos países da Ásia.
4 Tabela 3 Distribuição Percentual dos Principais investidores diretos na China e na Índia Fonte: Tabela 5 do livro-texto. O Investimento Externo Direto na Índia e na China vem aumentando nos últimos anos, principalmente de empresas que buscam mão de obra de baixo custo, mas ao mesmo tempo qualificada e com domínio de inglês. A Tabela 4 mostra os principais destinos das exportações destes países e algumas alterações com relação aos anos Deve-se destacar o aumento da participação dos Estados Unidos para ambos os países e, em segundo plano, o comércio inter-regional entre China e Índia e com Hong Kong e Coréia. Tabela 4 Distribuição Percentual dos Principais Destinos das Exportações da China e da Índia Fonte: Tabela 3 do livro-texto. Do ponto de vista das importações, pode-se ver pela Tabela 5, que não existiram grandes mudanças nos parceiros comerciais da China ao longo do tempo, enquanto que a Índia teve mudanças significativas, devendo-se destacar a importância das importações da China. A Índia importa principalmente petróleo, máquinas e equipamentos, e matérias primas para a indústria em geral. O país tem um papel significativo na importação de bens primários, sendo um dos principais compradores de açúcar, derivados de leite, entre outros produtos básicos. Seus parceiros nestas transações são o Brasil, Argentina, Austrália e países da África.
5 Por sua vez, a China tem um papel significativo na importação de bens primários, sendo um dos principais compradores de minérios, soja, açúcar, entre outros produtos básicos. Seus parceiros nestas transações são o Brasil, Argentina, Austrália e países da África. Tabela 5 Distribuição Percentual das Principais Origens das Importações da China e da Índia Fonte: Tabela 4 do livro-texto. A Índia é o país emergente com maior participação do setor agrícola no PIB total. Isto ocorre por conta da importância da produção de açúcar e criação de gado leiteiro. A Índia tem uma legislação de proteção à agricultura familiar e de subsistência muito forte, incentivando as pessoas a permanecerem no campo. Os principais desafios deste país se referem às desigualdades sociais e políticas da população. Por sua vez, a China tem cerca de 200 milhões de trabalhadores rurais, com baixa educação e baixa renda e uma agricultura atrasada. Por isso ambos os países são importadores de alimentos. O crescimento econômico dos dois países tem sido afetados por causa do impacto da crise na Europa desde A China tem registrado um decréscimo de suas exportações líquidas da produção industrial e dos investimentos em ativos fixos. O panorama da Índia se apresenta por uma combinação de alta inflação e baixa demanda, tanto interna quanto externa. Os desafios de ambos se concentram nas questões sociais, como a melhoria da renda da população rural, combate à desigualdade de renda e social e questões ambientais.
6 Conceitos Fundamentais Comércio intrarregional Atividades comerciais que ocorrem entre países de uma mesmo região do mundo. No caso da China e da Índia, o comércio entre eles é intrarregional, pois ambos são países asiáticos. Investimento Direto Estrangeiro (IDE). Aquisição de empresas, equipamentos, instalações, estoques ou interesses financeiros de um país por empresas, governos ou indivíduos de outros países. O investimento de capital estrangeiro pode ser direto, quando aplicado na criação de novas empresas ou na participação acionária em empresas já existentes, e indireto, quando assume a forma de empréstimos e financiamentos a longo prazo. Produto Interno Bruto medido pela Paridade de Poder de Compra (PIB ppc) Este indicador é o PIB Total de um país ajustado pela taxa de câmbio para eliminar os efeitos das taxas valorizadas e desvalorizadas de cada país. Permite uma melhor comparação dos dados de cada país. Assim, nos países em que o dólar compra mais produtos, como nos Estados Unidos, o PIB ppc é maior do que o nominal. Naqueles países em que o dólar tem menor poder de compra, o PIB ppc é menor do que o nominal. Referências Asian Development Bank. Disponível em: < Acesso em: 18 Jul DAMASCENO, Aderbal O. D. et al. Desenvolvimento econômico. 1ª ed. Campinas: Alínea, SOUSA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento econômico. 5ª ed. São Paulo: Atlas, VIAN, Carlos E. F.; PELLEGRINO, Anderson C.; PAIVA, Claudio C.. Economia: fundamentos e práticas aplicados à realidade brasileira. 1ª ed. Campinas: Alínea, 2005.
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