AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA ASPECTOS FONOLÓGICOS E SINTÁCTICOS DO PORTUGUÊS

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1 AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA ASPECTOS FONOLÓGICOS E SINTÁCTICOS DO PORTUGUÊS

2 AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA ASPECTOS FONOLÓGICOS E SINTÁCTICOS DO PORTUGUÊS Coordenação M. João Freitas Anabela Gonçalves Inês Duarte Edições Colibri

3 Biblioteca Nacional de Portugal Catalogação na Publicação AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA Avaliação da consciência linguística : aspectos fonológicos e sintácticos do português / coord. M. João Freitas, Anabela Gonçalves, Inês Duarte. (Extra-colecção) ISBN I FREITAS, Maria João, II GONÇALVES, Anabela, III DUARTE, Inês, CDU (042) (042) Título: Avaliação da consciência linguística: aspectos fonológicos e sintácticos do Português Coordenação: M. João Freitas, Anabela Gonçalves e Inês Duarte Editor: Fernando Mão de Ferro Capa: Depósito legal n.º /10 Lisboa, Dezembro de 2010

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5 ÍNDICE Nota prévia M. João Freitas, Anabela Gonçalves e Inês Duarte... 7 Sobre o conceito de consciência linguística Inês Duarte Secção I Consciência fonológica O efeito das propriedades fonológicas do segmento em tarefas de consciência segmental Dina Alves, Isabel Hub Faria & M. João Freitas Consciência fonológica e desenvolvimento fonológico: o caso do constituinte Ataque em Português europeu Catarina Afonso & M. João Freitas Consciência fonológica no ensino básico em Moçambique Francisco Vicente Aspectos de validação e de fidelidade associados à avaliação da consciência intrassilábica Dina Alves & Milene Lacão Níveis de escolaridade e a capacidade de segmentação de palavras: o efeito da extensão de palavras na identificação de segmentos Adelina Castelo, M. João Freitas & Fátima Miguens

6 6 Avaliação da Consciência Linguística Secção II Consciência sintáctica A tarefa de manipulação na avaliação da consciência sintáctica em crianças do 1.º Ciclo de escolaridade Rita Alexandre A tarefa de reconstituição na avaliação da consciência sintáctica em crianças do 1.º Ciclo de escolaridade Magda Costa

7 NOTA PRÉVIA O presente volume surge na sequência do trabalho de investigação levado a efeito no âmbito do projecto PTDC/LIN/68024/2006, sediado no Centro de Linguística da Universidade de Lisboa entre 2008 e 2010, o qual integrava, entre outras, uma tarefa destinada ao trabalho sobre a relação entre consciência linguística e desenvolvimento linguístico. Os artigos que constituem este volume destinam-se particularmente a terapeutas da fala e a professores dos vários ciclos de ensino do Português como língua materna e não materna, bem como aos investigadores que se interessam pelo estudo da consciência linguística. Muitos são os trabalhos que têm avaliado a consciência fonológica quer de crianças à entrada na escola, quer de adultos não alfabetizados, trabalhos estes quase sempre desenvolvidos na perspectiva da língua materna. Os níveis de desempenho em consciência fonológica estão normalmente correlacionados com os níveis de desempenho em tarefas de leitura e de escrita, assumindo-se que a consciência fonológica promove, efectivamente, a aprendizagem naqueles domínios. Contrastivamente, são escassos os trabalhos sobre: (i) outras áreas da consciência linguística (morfológica, lexical, sintáctica, textual e discursiva), substancialmente menos exploradas pelas comunidades científicas nacional e internacional; (ii) a consciência linguística em língua não materna; (iii) o desenvolvimento da consciência linguística ao longo de toda a escolaridade. No presente volume, serão apresentados trabalhos nos domínios da consciência fonológica (secção I) e da consciência sintáctica (secção 2), dando-se lugar à reflexão sobre consciência fonológica em língua não materna e sobre o seu desenvolvimento ao longo do percurso escolar. O desenvolvimento da consciência linguística e a aquisição de uma língua são, normalmente, processos que decorrem em simultâneo durante o desenvolvimento cognitivo infantil. No entanto, a relação entre os dois processos não tem sido objecto sistemático de discussão no seio da comunidade científica. No âmbito do projecto supracitado, procurou-se a identificação de possíveis (as)simetrias no processamento das unidades linguísticas em ambas as perspectivas (construção de conhecimento implícito durante a aquisição de uma língua e consciência linguística). Os

8 8 Avaliação da Consciência Linguística resultados são apresentados em alguns dos artigos compilados neste volume, de que em seguida damos notícia. Iniciamos o volume com o artigo de Duarte (Sobre o conceito de consciência linguística), que define consciência linguística e a sua relação com outros tipos de conhecimento linguístico, implícito e explícito. A autora remete para a investigação desenvolvida na área nas três últimas décadas, que permitiu enfatizar a importância da estimulação da consciência linguística em dois domínios específicos: o educacional (literacia e desenvolvimento linguístico tardio) e o clínico (intervenção terapêutica em perturbações do desenvolvimento e em patologias da linguagem). A secção I inicia-se com o artigo de Alves, Faria & Freitas (O efeito das propriedades fonológicas do segmento em tarefas de consciência segmental), que apresenta resultados sobre avaliação de consciência segmental ou fonémica à entrada do 1.º Ciclo do Ensino Básico, a partir de uma tarefa de identificação do intruso controlada do ponto de vista linguístico; discutem-se os resultados à luz do que se sabe sobre o desenvolvimento segmental em contexto de aquisição do Português europeu como língua materna. Afonso & Freitas (Consciência fonológica e desenvolvimento fonológico: o caso do constituinte Ataque em Português europeu) trabalham sobre o processamento do constituinte silábico Ataque em contexto de avaliação da consciência intrassilábica, em crianças do ensino pré- -escolar, a partir de um instrumento de avaliação especificamente desenhado para o efeito. Os resultados obtidos são confrontados com os identificados para a aquisição do constituinte Ataque no Português europeu língua materna. Vicente (Consciência fonológica no ensino básico em Moçambique) utiliza os instrumentos também usados em Alves, Faria & Freitas (consciência segmental ou fonémica) e em Afonso & Freitas (consciência intrassilábica) para proceder à avaliação da consciência fonológica de crianças moçambicanas (3.ª e 5.ª classes), falantes do Português como língua não materna. Alves & Lacão (Aspectos de validação e de fidelidade associados à avaliação da consciência intrassilábica) visam a verificação de aspectos psicométricos e o apuramento de valores de referência para duas grelhas de avaliação da consciência intrassilábica, construídas previamente e aplicadas a crianças do 1.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Os resultados são discutidos à luz do que se sabe sobre a aquisição dos segmentos no Português europeu e sobre a relação entre estes e as suas funções silábicas. A secção I termina com o artigo de Castelo, Freitas & Miguens (Níveis de escolaridade e a capacidade de segmentação de palavras:

9 Nota Prévia 9 o efeito da extensão de palavras na identificação de segmentos), que avalia o desenvolvimento da consciência fonológica de segmentos não consonânticos em alunos dos 5.º, 7.º e 10.º anos de escolaridade e do 1.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Superior. Na secção II, incluem-se dois artigos que avaliam a consciência sintáctica em crianças do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Usando uma metodologia e uma amostra idênticas, as autoras apresentam os resultados da aplicação de duas tarefas por elas construídas: a tarefa de manipulação em Alexandre (A tarefa de manipulação na avaliação da consciência sintáctica em crianças do 1.º Ciclo de escolaridade) e a tarefa de reconstituição em Costa (A tarefa de reconstituição na avaliação da consciência sintáctica em crianças do 1.º Ciclo de escolaridade). Embora ambos os trabalhos se centrem na avaliação da consciência sintáctica em dois momentos do percurso escolar das crianças (entrada na escola e final do 1.º Ciclo), são avaliados aspectos distintos. Assim, em Alexandre, a tarefa construída e aplicada tem como objectivo avaliar a consciência de categorias sintácticas, enquanto Costa avalia a consciência de constituintes sintácticos. Os vários trabalhos reunidos no presente volume têm como objectivo comum e central a contribuição para o desenvolvimento de instrumentos de avaliação da consciência linguística controlados do ponto de vista das estruturas linguísticas testadas (propriedades segmentais; estrutura silábica; relação entre função silábica e natureza dos segmentos; extensão da palavra; padrão acentual; conhecimento lexical; categorias sintácticas; constituintes sintácticos), instrumentos esses indispensáveis para uma avaliação e uma intervenção linguisticamente rigorosas nas áreas da terapia da fala e do ensino do Português como língua materna e como língua não materna. Lisboa, Dezembro de 2010 M. João Freitas, Anabela Gonçalves e Inês Duarte