PRÉ-RESFRIAMENTO E IMERSÃO PÓS-COLHEITA DE MAÇÃS GALA EM SOLUÇÕES DE CLORETO DE CÁLCIO E BORO
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- Adriana Campos Meneses
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1 PRÉ-RESFRIAMENTO E IMERSÃO PÓS-COLHEITA DE MAÇÃS GALA EM SOLUÇÕES DE CLORETO DE CÁLCIO E BORO PRECOOLING AND POSTHARVEST DIP OF GALA APPLES IN SOLUTIONS OF CALCIUM CHLORIDE AND BORON Ivan Sestari 1, Auri Brackmann 2, Marlova Benedetti 3, Daniel Alexandre Neuwald 4 RESUMO Foram conduzidos dois experimentos com objetivo de avaliar o efeito do préresfriamento em água com posterior aplicação de doses de cloreto de cálcio (CaCl 2 ) e boro (bórax 11%) na manutenção da qualidade da maçã Gala armazenada em ambiente refrigerado (AR). No primeiro experimento, os tratamentos constaram do controle e doses de cloreto de cálcio (1,0 ou 2,0%). Já no segundo experimento, os tratamentos constaram do controle e doses de boro (1,0 ou 2,0%). A aplicação de cálcio e boro foi realizada após o préresfriamento dos frutos em água. Na saída da câmara, verificou-se maior acidez titulável nos frutos tratados com boro ou 2% de CaCl 2. A ocorrência de podridões foi menor nos frutos do tratamento controle, entretanto não diferiram dos frutos pré-resfriados e tratados com boro ou com a dose de 2,0% de CaCl 2. A aplicação de 2% de boro ou de CaCl 2 proporcionou frutos com maiores níveis de SST. Após 7 dias de exposição dos frutos à temperatura de 20 C, verificou-se maior firmeza de polpa e sólidos solúveis totais, nos frutos pré-resfriados e tratados com boro e CaCl 2. A acidez titulável manteve-se mais elevada quando os frutos foram pré-resfriados e imersos nas soluções com boro. Palavras-chave: distúrbios fisiológicos, qualidade, armazenamento. ABSTRACT Two experiments were carried out with the objective of evaluate the effect of the precooling in water with subsequent application of doses of calcium chloride (CaCl 2 ) and boron (borax 11%) in the maintenance of the quality of the 'Gala' apple during cold storage. In the first experiment, the treatments consisted of the control and doses of calcium chloride (1.0 1 Eng Agr. Doutorando, PPG Fisiologia e Bioquímica de Plantas, ESALQ-USP. isestari@esalq.usp.br 2 Eng Agr. Dr. Prof. Dpto Fitotecnia, UFSM, brackman@ccr.ufsm.br. 3 Eng Agr. Mestre em Agronomia. mbenedetti@bol.com.br 4 Eng Agr. Doutorando, Agronomia, UFSM, daneuwald@bol.com.br
2 Sestari, I. et al. 108 or 2.0%). In the second one, treatments consisted of control and of boron doses (1.0 or 2.0%). The control fruits were not precooled. At the opening of chambers, highest titratable acidity was obtained in fruits treated with boron or 2.0% of CaCl 2. The occurrence of decay was smaller in the fruits of the treatment control, however it did not differ of the fruits precooled and treated with boron or with the dose of 2.0% of CaCl 2. The application of 2.0% of boron or CaCl 2 it provided fruits with higher levels of TSS. Fruits precooled and treated with boron and CaCl 2 had larger flesh firmness and total soluble solids, after 7 days at 20 C. The titratable acidity was higher when the fruits were precooled and dipped in the boron solutions. Key words: physiological disorders, quality, storage. INTRODUÇÃO A interação entre cálcio e boro em plantas tem sido largamente estudada. O elemento boro é necessário para altas produções e qualidade de maçãs, sendo que tanto as baixas, quanto às altas concentrações de boro em maçãs, conferem ao fruto uma baixa capacidade para o armazenamento (WÓJCIK et al., 1999). Maçãs com baixa concentração de boro têm um curto período de armazenamento, devido à alta suscetibilidade à ocorrência de degenerescência da polpa (PERRING & SAMUELSON, 1988). Já altas concentrações de boro aumentam a incidência de desordens internas, particularmente o pingo-de-mel e a degenerescência da polpa (MARLOW & LOERSCHER, 1984). Outros efeitos associados ao alto conteúdo de boro em maçãs, como aumento da incidência de podridões e diminuição da firmeza da polpa pode ocorrer durante o armazenamento (BRAMLAGE & WEIS, 1991), o que possivelmente seja devido ao boro desempenhar um importante papel na estrutura e plasticidade da parede celular (HU & BROWN, 1994). O cálcio é o nutriente mais freqüentemente relacionado com a qualidade dos frutos, principalmente à firmeza de polpa (SAMS, 1999). Ele pode, ainda, atuar reduzindo a respiração, aumentando o conteúdo de vitamina C e diminuindo a incidência de podridões durante o armazenamento de frutos, estendendo o período de armazenamento (BANGERTH, 1979). É um componente indispensável na constituição da lamela média das paredes celulares dos frutos (POOVAIAH et al., 1993), tendo relação direta com a ocorrência de desordens fisiológicas (CONWAY et al., 1994), O cálcio é o nutriente mais comumente associado a desordens fisiológicas, principalmente devido à sua baixa mobilidade durante grande parte do período
3 109 Pré-resfriamento e... de desenvolvimento do fruto (FERGUSON et al., 1999). Entretanto, STREIF et al. (2000) e XUAN et al. (2000) verificaram que pêras Conference tratadas em précolheita com cloreto de cálcio apresentaram elevado escurecimento interno, enquanto frutos tratados com boro não apresentaram escurecimento interno da polpa, após quatro meses de armazenamento em atmosfera controlada. Além dos efeitos do cálcio aplicado na pré-colheita, pode-se melhorar a manutenção da qualidade dos frutos através da sua aplicação pós-colheita. De acordo com alguns trabalhos, a imersão dos frutos em solução de cloreto de cálcio confere maior firmeza de polpa (SAFTNER et al., 1998), sólidos solúveis totais (BRACKMANN et al., 1994) e redução da incidência de podridões no armazenamento (CONWAY et al., 1994). Entretanto, existem dúvidas entre os produtores e armazenadores quanto às vantagens do tratamento pós-colheita com cálcio e o uso do pré-resfriamento com água. Além disso, nas empresas armazenadoras de maçãs no Brasil, estas práticas nem sempre são utilizadas e, quando o são, normalmente são aplicadas de forma isolada. Devido à inexistência de informações sobre os efeitos da aplicação de boro em pós-colheita, e sobre o efeito da aplicação de cálcio associado ao pré-resfriamento, este trabalho teve como objetivo verificar o efeito da imersão pós-colheita de maçãs Gala em soluções com diferentes doses de cloreto de cálcio ou boro, na manutenção da qualidade dos frutos e ocorrência de distúrbios fisiológicos, após o armazenamento refrigerado. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido durante o ano de 2001, no Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita (NPP), do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Foram utilizados frutos procedentes de um pomar comercial, pertencente à empresa Schio, localizada em Vacaria, RS. No momento da instalação do experimento, os frutos apresentavam os seguintes valores para os parâmetros de maturação: índice iodo-amido 4,42; firmeza de polpa 73,8N; acidez titulável 4,94cmol.L -1 ; sólidos solúveis totais 12,5 Brix. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro repetições, sendo as amostras compostas de 25 frutos. Inicialmente, todos os tratamentos, exceto o controle, foram préresfriados em água, mantida na temperatura de 0,5 C. Os frutos permaneceram imersos na água em torno de 1 hora até reduzirem a temperatura, na polpa do fruto de 24,4 C até 8,0 C. Após o pré-resfriamento, os frutos permaneceram imersos durante 30
4 Sestari, I. et al. 110 minutos nas seguintes soluções que originaram os tratamentos. Experimento 1: controle (seco); imersão em solução com CaCl 2 (1,0%); imersão em solução com CaCl 2 (2,0%). Experimento 2: controle (seco); imersão em solução com boro (1,0%) e imersão em solução com boro (2,0%). Após aplicação dos tratamentos, os frutos foram armazenados no interior de minicâmaras experimentais, com capacidade de 232 litros, os quais foram mantidos na temperatura de 0,5 C. O monitoramento da temperatura foi realizado diariamente, utilizando-se termômetros com bulbo de mercúrio introduzido na polpa de frutos, permitindo-se uma oscilação de ±0,2 C. As avaliações da qualidade dos frutos foram realizadas após 7 meses de armazenamento refrigerado e após 7 dias de exposição dos frutos a 20ºC. Os parâmetros avaliados foram: firmeza de polpa, determinada com uso de penetrômetro com ponteira de 11mm de diâmetro; acidez titulável, pela titulação de 10mL de suco diluído em 100mL de água destilada com solução de NaOH 0,1N até ph 8,1; cor de fundo da epiderme, medida por meio de um colorímetro, marca Minolta, modelo CR 310, com os resultados expressos em ângulo de cor (h ). O h define a coloração básica, sendo que 0 = vermelho 90 ; = amarelo, 180 = verde (McGUIRE, 1992); ocorrência de podridões, obtida pela percentagem de frutos que apresentavam lesões com diâmetro maior que 0,5cm e com características típicas de ataque fúngico; incidência de degenerescência interna e de polpa farinácea, avaliadas por meio da contagem dos frutos que apresentavam escurecimento da polpa, baixa firmeza e pouca suculência, respectivamente. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância. Para a comparação entre médias, adotou-se o teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro. As variáveis expressas em percentagem foram transformadas pela fórmula arcoseno x / 100. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após sete meses de armazenamento refrigerado, verificou-se na saída dos frutos da câmara que a firmeza de polpa não foi influenciada pelo pré-resfriamento com posterior aplicação de doses de cloreto de cálcio. Entretanto, após sete dias de exposição dos frutos a 20 C, a firmeza de polpa se manteve maior nos tratamentos com pré-resfriamento associado à imersão em solução com cloreto de cálcio (Tabela 1). BRACKMANN et al. (1994) verificaram que a imersão de frutos em
5 111 Pré-resfriamento e... solução com cloreto de cálcio mantém a firmeza de polpa mais elevada, pois o cálcio é essencial na estruturação da parede celular (BRACKMANN & RIBEIRO, 1992). CONWAY et al. (1994) também observaram firmeza de polpa mais elevada em frutos tratados com cloreto de cálcio. De acordo com esses mesmos autores, esse fato pode estar relacionado à presença de íons Ca +2 na parede celular, tornando-a menos acessível às enzimas responsáveis pelo amolecimento. A dose de 2,0% de cloreto de cálcio proporcionou maior conteúdo de acidez titulável na saída da câmara. Porém, na avaliação realizada aos sete dias esta diferença não foi mais observada (Tabela 1). Segundo OCHEI et al. (1993), a acidez em frutos tratados com cálcio, pode ser mais elevada após o armazenamento, pois ela decresce em menores taxas em função deste mineral reduzir a respiração dos frutos (BANGERTH, 1979). O pré-resfriamento associado à aplicação da maior dose de cloreto de cálcio proporcionou maior teor de SST, em ambas datas de avaliação. De acordo com BANGERTH (1979), o cloreto de cálcio reduz a respiração dos frutos, então o maior teor de SST nos frutos pré-resfriados e tratados com CaCl 2, provavelmente, se deve ao fato dos açúcares serem substratos da respiração, cujo início de utilização ocorre somente depois de acentuado consumo de ácidos orgânicos, que também foram reduzidos pela aplicação de CaCl 2 (Tabela 1). O pré-resfriamento e posterior aplicação do cloreto de cálcio aumentaram a incidência de podridões, na saída dos frutos da câmara. No entanto, após sete dias esta diferença não foi mais observada (Tabela 2). Estes resultados estão de acordo com CRISOSTO et al. (1997), que não verificaram efeito da aplicação de cálcio na redução da incidência de patógenos em pêssegos, tanto em pré quanto em póscolheita. Entretanto, BRACKMANN et al. (1996) verificaram que a imersão de maçãs em solução com cloreto de cálcio reduz a ocorrência de podridões. O melhor resultado verificado no tratamento controle, provavelmente está relacionado ao fato de que estes frutos não foram imersos em água, evidenciando que esta prática pode propiciar uma maior infecção fúngica.
6 Sestari, I. et al. 112 Tabela 1: Parâmetros de qualidade de maçãs Gala submetidas ao pré-resfriamento e posterior tratamento com cloreto de cálcio, após o armazenamento refrigerado durante 7 meses a 0,5 C mais 7 dias a 20 C. Santa Maria, RS, Pré-resfriamento Dose de Firmeza (N) Acidez Titulável (cmol.l -1 ) SST ( Brix) Cor (h ) CaCl 2 (%) Saída dos frutos da câmara Sem 0 52,04a 1 2,02 b 12,56b 85,44 a Com 1 53,00a 2,37 b 12,92ab 83,45a Com 2 52,16a 2,76 a 13,28a 83,61a Média 52,40 2,36 12,92 84,17 C.V. (%) 4,2 13,6 2,1 2,4 Após 7 dias de exposição dos frutos a 20 C Sem 0 44,92b 2,15a 11,91b 87,33 a Com 1 50,98a 2,28a 12,22ab 87,24a Com 2 48,92a 2,29a 12,53a 86,76a Média 48,27 2,24 12,22 87,11 C.V. (%) 4,1 5,2 2,6 4,1 1 Médias não seguidas pela mesma letra, na vertical, diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro. Não houve efeito do préresfriamento e da imersão dos frutos nas soluções com cloreto de cálcio sobre a coloração dos frutos e degenerescência da polpa, em ambas datas de avaliação (Tabelas 1e 2). Não houve diferença significativa entre os tratamentos, em ambas datas de avaliação e experimentos para o parâmetro degenerescência da polpa (Tabela 2). TOMALA e DILLEY (1990) afirmam que a infiltração de cálcio, em frutos de diversas cultivares de maçãs, reduziu a degenerescência da polpa. BANGERTH et al. (1972) verificaram que a imersão de maçãs Jonathan em solução de CaCl 2 reduziu o desenvolvimento da degenerescência da polpa. De acordo com os mesmos autores, esse efeito pode ser reflexo do menor metabolismo dos frutos, uma vez que a respiração, o consumo de substratos endógenos e a perda de firmeza de polpa foram reduzidos. Para o parâmetro polpa farinácea não houve diferença significativa entre os tratamentos em ambas datas de avaliação dos experimentos (Tabela 2).
7 113 Pré-resfriamento e... Tabela 2: Parâmetros de qualidades de maçãs Gala submetidas ao pré-resfriamento e posterior tratamento com cloreto de cálcio, após o armazenamento refrigerado durante 7 meses a 0,5 C mais 7 dias a 20 C. Santa Maria, RS, Pré-resfriamento Dose de CaCl 2 (%) Podridão (%) Degenerescência da Polpa (%) Saída dos frutos da câmara Polpa Farinácea (%) Sem 0 11,00b 7,98 a 10,92 a Com 1 28,50a 2,50a 14,40a Com 2 20,25ab 7,78a 22,87a Média 19,91 6,08 16,06 C.V. (%) 19,9 76,3 35,6 Após 7 dias de exposição dos frutos a 20 C Sem 0 31,75a 61,63 a 39,24 a Com 1 28,42a 52,77a 30,90a Com 2 22,85a 66,84a 39,51a Média 27,67 60,41 36,55 C.V. (%) 46,4 13,5 19,8 1 Médias não seguidas pela mesma letra, na vertical, diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro. Tabela 3: Parâmetros de qualidades de maçãs Gala submetidas ao pré-resfriamento e posterior imersão em solução com boro, após o armazenamento refrigerado durante 7 meses a 0,5 C mais 7 dias a 20 C. Santa Maria, RS, Pré-resfriamento Dose de Firmeza (N) Acidez Titulável (cmol.l -1 ) SST ( Brix) Cor (h ) Boro (%) Saída dos frutos da câmara Sem 0 52,04a 1 2,14b 12,57a 85,45a Com 1 50,84a 2,39a 12,70a 85,80a Com 2 52,31a 2,64a 12,85a 82,23a Média 51,73 2,39 12,70 84,50 C.V. (%) 2,4 11,9 2,3 2,2 Após 7 dias de exposição dos frutos a 20 C Sem 0 45,63b 2,15b 11,86b 87,33a Com 1 49,00a 2,46a 12,44ab 86,24a Com 2 52,35a 2,36ab 13,01a 86,47a Média 49,00 2,32 12,43 86,68 C.V. (%) 6,8 6,6 3,7 6,8
8 Sestari, I. et al Médias não seguidas pela mesma letra, na vertical, diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro. Provavelmente, este resultado deve estar relacionado ao fato de que no resfriamento pode ocorrer absorção de água, afetando a degradação da parede celular e anulando o efeito do abaixamento da temperatura sobre a manutenção da mesma. Com relação ao segundo experimento, a firmeza de polpa e os SST não foram influenciados pelo préresfriamento associado à aplicação de boro, na análise realizada na saída da câmara. Porém, após sete dias a 20 C, a firmeza de polpa e os SST se mantiveram superiores quando pré-resfriados e imersos nas soluções com boro (Tabela 3). Tabela 3: Parâmetros de qualidades de maçãs Gala submetidas ao pré-resfriamento e posterior imersão em solução com boro, após o armazenamento refrigerado durante 7 meses a 0,5 C mais 7 dias a 20 C. Santa Maria, RS, Pré-resfriamento Dose de Firmeza (N) Acidez Titulável (cmol.l -1 ) SST ( Brix) Cor (h ) Boro (%) Saída dos frutos da câmara Sem 0 52,04a 1 2,14b 12,57a 85,45a Com 1 50,84a 2,39a 12,70a 85,80a Com 2 52,31a 2,64a 12,85a 82,23a Média 51,73 2,39 12,70 84,50 C.V. (%) 2,4 11,9 2,3 2,2 Após 7 dias de exposição dos frutos a 20 C Sem 0 45,63b 2,15b 11,86b 87,33a Com 1 49,00a 2,46a 12,44ab 86,24a Com 2 52,35a 2,36ab 13,01a 86,47a Média 49,00 2,32 12,43 86,68 C.V. (%) 6,8 6,6 3,7 6,8 1 Médias não seguidas pela mesma letra, na vertical, diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro. Segundo MARSCHNER (1995), o boro tem especial efeito na estrutura e integridade da membrana plasmática, bem como da parede celular, podendo assim, atuar na manutenção da firmeza de polpa. Os frutos submetidos ao préresfriamento e posterior imersão nas
9 115 Pré-resfriamento e... soluções com boro apresentaram acidez titulável mais elevada, tanto na abertura das câmaras como após 7 dias a 20 C (Tabela 3). Esse resultado, provavelmente, deve-se ao fato de que o pré-resfriamento proporcionou menor degradação de ácidos pelo processo respiratório durante o armazenamento. Com relação à incidência de podridões, cor de fundo da epiderme, degenerescência da polpa e polpa farinácea, não houve efeito do pré-resfriamento com posterior aplicação de boro em ambas datas de avaliação (Tabela 4). No entanto, WOJCIK et al. (1999) verificaram que a aplicação foliar de boro, após a floração, reduziu a incidência de podridão em maçãs e proporcionou redução nos índices de degenerescência. Esses resultados foram relacionados ao aumento na concentração de cálcio nos frutos. Em pêras Conference, o tratamento com boro reduziu a permeabilidade das membranas, aumentou o conteúdo de vitamina C e não causou escurecimento interno da polpa (XUAN et al., 2000). Tabela 4: Parâmetros de qualidades de maçãs Gala submetidas ao pré-resfriamento e posterior imersão em solução com boro, após o armazenamento refrigerado durante 7 meses a 0,5 C mais 7 dias a 20 C. Santa Maria, RS, Pré-resfriamento Dose de Boro (%) Podridão (%) Degenerescência da Polpa (%) Saída dos frutos da câmara Polpa Farinácea (%) Sem 0 11,00a 7,98a 10,92a Com 1 21,50a 5,63a 31,77a Com 2 19,00a 4,86a 19,44a Média 17,17 6,15 20,71 C.V. (%) 25,3 65,7 39,2 Após 7 dias de exposição dos frutos a 20 C Sem 0 32,50a 61,63a 39,24a Com 1 33,87a 43,00a 32,60a Com 2 23,31a 45,96a 30,88a Média 29,90 50,20 34,24 C.V. (%) 20,8 16,9 38,2 1 Médias não seguidas pela mesma letra, na vertical, diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro.
10 Sestari, I. et al. 116 Apesar de não ter sido observado efeito da aplicação de boro para os parâmetros polpa farinácea e degenerescência da polpa, verificou-se neste trabalho uma elevada ocorrência destes distúrbios fisiológicos após 7 dias de exposição dos frutos a 20 C (Tabelas 2 e 4). Estes resultados provavelmente são devidos ao armazenamento prolongado dos frutos em armazenamento refrigerado, pois de acordo com BENDER (1989), a maçã Gala pode ser armazenada sob refrigeração por até quatro meses. CONCLUSÃO O pré-resfriamento da maçã Gala em água associado à imersão pós-colheita de frutos em soluções contendo 1 ou 2% de CaCl 2 ou boro é benéfico, pois mantém uma maior firmeza de polpa, acidez titulável e sólidos solúveis totais. REFERÊNCIAS BANGERTH, F. Calcium - related physiological disorders of plants. Annual Review Phytopathology, Palo Alto, v.17, p , Science, Alexandria, v.97, n.1, p , BENDER, R.J. Frigoconservação de maçã: a atmosfera controlada. Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.22, n.1, p.56-57, BRACKMANN, A. et al. Efeito do préresfriamento e tratamento pós-colheita sobre a qualidade de maçãs, cvs. Golden Delicious e Fuji, durante o armazenamento em atmosfera normal e controlada. Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas, v.16, n.1, p.7-14, BRACKMANN, A. et al. Pré-resfriamento e tratamento químico pós-colheita de maçãs cvs. Golden Delicious e Fuji. Ciência Rural, Santa Maria, v.26, n.2, p , BRACKMANN, A.; RIBEIRO, N.D. Desordens fisiológicas em macieira induzidas por deficiência de cálcio e seu controle. Ciência Rural, Santa Maria, v.22, n.2, p , BANGERTH, F. et al. Effect of postharvest calcium treatments on internal breakdown and respiration of apples fruits. Journal of the American Society for Horticultural BRAMLAGE, W.J.; WEIS, S. A. A reexamination of the boron recommendations for apples trees in Massachussetts. Fruit Notes, n. 56, p.10-12, 1991.
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