ATMOSFERA CONTROLADA PARA ARMAZENAMENTO DE MELÕES CANTALOUPE HY MARK
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- Angélica Gentil Bennert
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1 ATMOSFERA CONTROLADA PARA ARMAZENAMENTO DE MELÕES CANTALOUPE HY MARK ANESE, Rogério de Oliveira 1 ; GIEHL, Ricardo Fabiano Hettwer 2 ; WEBER, Anderson 3 ; EISERMANN, Ana Cristina 2 ; SESTARI, Ivan 4 ; BRACKMANN, Auri 5 1 Curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 2 Doutorando pelo Institut für Pflanzenernährung, Universtät Hohenhein, Stuttgart, Alemanha 3 Doutorando em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 4 Doutorando em Fisiologia e Bioquímica de Plantas pela Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil 5 Prof. Dr. do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil rogerio_anese@yahoo.com.br RESUMO O objetivo deste trabalho foi determinar condições de atmosfera controlada para conservação de melões Cantaloupe Hy Mark. O experimento foi constituído pelos seguintes tratamentos: [1] armazenamento em ambiente refrigerado (AR); armazenamento em atmosfera controlada (AC) com [2] 3,0kPa O ,0kPa CO 2 ; [3] 2,0kPa O ,0kPa CO 2 ; [4] 1,5kPa O ,0kPa CO 2 ; e [5] 3,0kPa O ,0kPa CO 2. As combinações de atmosfera controlada mais adequadas para prolongar a vida pós-colheita de melões Hy Mark são entre 1,5 a 3,0kPa de O ,0 a 15,0kPa de CO 2. Palavras-chave: Cucumis melo L.; atmosfera controlada. 1.INTRODUÇÃO O cultivo de melões (Cucumis melo L.), no Brasil, tem apresentado um aumento considerável nos últimos anos, sendo cerca de 15 mil hectares destinados para seu cultivo (AROUCHA ET AL., 2007). Essa expansão no cultivo de melões se deve em grande parte à boa aceitação do mercado interno e pelo aumento das exportações, que movimentaram mais de U$$ 150 milhões em 2008 (IBRAF, 2009), especialmente para países europeus. A produção de melões está fortemente concentrada na região Nordeste, onde as condições edafo-climáticas são mais favoráveis para o cultivo dessa espécie, permitindo até três cultivos anuais (PEREIRA ET AL., 2003). Por outro lado, na região Sul o período de produção de melões é menor, existe um grande mercado consumidor nessa região, o que torna o cultivo de melões economicamente interessante. Apesar de grande parte dos melões produzidos no Brasil serem do grupo Inodorus, o cultivo de melões reticulados, dentre eles a cultivar Cantaloupe Hy Mark, chamados de melões 1
2 nobres, vem aumentando. As principais características desses frutos são o aroma e sabor mais pronunciados em relação aos melões do grupo Inodorus (PURQUERIO ET AL., 2003). Os melões do grupo reticulados são climatéricos (BOWER ET AL., 2002) e, portanto, apresentam uma elevada produção de etileno e acentuada taxa respiratória no momento em que se desprendem das plantas (PRATT ET AL., 1977; SHELLIE & SALTVEIT, 1993). O etileno está envolvido na regulação de vários processos bioquímicos e fisiológicos do amadurecimento de frutos, como a alteração da cor, do aroma, da textura e do flavor (LELIÈVRE ET AL., 1997; ALEXANDER & GRIERSON, 2002), o que, muitas vezes, determina o potencial de conservação pós-colheita de determinado fruto ou cultivar. A síntese pós-colheita de etileno pode ser retardada, em parte, pela baixa temperatura e pelo controle das concentrações de gases (O 2 e CO 2 ) da atmosfera de armazenagem. Estas condições também reduzem a respiração dos frutos, processo este que degrada as reservas estocadas durante o crescimento, como os sólidos solúveis (SS), que, para melões Hy Mark, devem estar acima de 10ºBrix para serem aceitos pelo mercado externo (ALVES ET AL., 2000). Para melões minimamente processados, as concentrações entre 6 e 15kPa de CO 2 e 3,5 a 6kPa de O 2 reduziram a perda de qualidade após 28 dias de armazenamento na temperatura de 4,5 C (O CONNOR-SHAW ET AL., 1996). Entretanto, na literatura há uma carência de informações a respeito de condições de atmosfera controlada que possam resultar no retardamento do amadurecimento de melões in natura, e conservando a qualidade. Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi determinar as melhores condições de atmosfera controlada (O 2 e CO 2 ) para a conservação de melões Cantaloupe Hy Mark. 2.MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi realizado com melões produzidos no setor de Horticultura e armazenados no Núcleo de Pesquisa em Pós-colheita, ambos do Departamento de Fitotecnia da UFSM. Os tratamentos avaliados foram diferentes combinações de pressões parciais de O 2 e CO 2, sendo: [1] armazenamento em ambiente refrigerado (AR, 21kPa O 2 + <0,5kPa CO 2 ); armazenamento em atmosfera controlada (AC) com [2] 3,0kPa O ,0kPa CO 2 ; [3] 2,0kPa O ,0kPa CO 2 ; [4] 1,5kPa O ,0kPa CO 2 ; e [5] 3,0kPa O ,0kPa CO 2. A temperatura de armazenamento utilizada foi de 3 C ( 0,2). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com cinco repetições compostas por cinco frutos. Os frutos foram armazenados em minicâmaras de AC com volume de 0,232m -3, as quais 2
3 estavam alocadas no interior de uma câmara frigorífica com temperatura de 3 C ( 0,2). Os níveis de O 2 foram obtidos por meio da injeção, nas minicâmaras, de N 2 oriundo de um equipamento gerador de N 2, que funciona pelo princípio Pressure Swing Adsorption (PSA). As pressões parciais de CO 2 foram obtidas mediante a injeção deste gás, proveniente de cilindros de alta pressão. As pressões parciais de O 2 e CO 2, nas minicâmaras experimentais, foram analisadas e corrigidas diversas vezes ao dia por um equipamento de controle automático de gases da marca Kronenberger-Climasul. A temperatura da câmara frigorífica foi regulada automaticamente, através de termostato eletrônico, sendo acompanhada diariamente por meio de termômetro de bulbo de mercúrio da marca Incoterm, com precisão de 0,1 C, inseridos na polpa de frutos. Os frutos permaneceram nessas condições durante 30 dias. Após 30 dias de armazenamento em atmosfera controlada mais 2 dias de exposição à temperatura de 20 C foram analisadas as seguintes características de qualidade: firmeza da polpa, determinada com penetrômetro manual com ponteira de 11mm de diâmetro.; sólidos solúveis (SS), com refratômetro manual com compensação da temperatura para 20 C, expressos em graus Brix; acidez titulável (AT), com a titulação de 10 ml de suco diluído em 100ml de água e titulado com solução de NaOH até ph 8,1; cor da polpa, com um colorímetro marca Minolta (modelo CR-310) que utiliza o sistema de cores CIELAB L*, a*, b*, onde os resultados foram expressos em L*, C* e h. As médias foram comparadas entre si pelo teste de Duncan em nível de 5% de probabilidade de erro. 3.RESULTADOS E DISCUSSÃO Com relação à cor da polpa, determinado pelo índice L*, o qual mensura o escurecimento da polpa, não apresentou diferença estatística significativa entre os tratamentos, o que demonstra não haver influencia das diferentes pressões parciais de gases nessa característica (Tabela 1). Quanto à cromaticidade (C*) e o ângulo hue ( hue) também não apresentaram diferença entre as condições de AC. A firmeza da polpa, na condição com 3kPa de O kPa de CO 2 e 1,5kPa de O kPa de CO 2 se apresentou maior, no entanto não diferiu da condição com 2,0kPa de O kPa de CO 2. A perda da firmeza da polpa é resultado da desestruturação de componentes estruturais da parede celular, pela atuação das enzimas, como as poligalacturonase, pectinametilesterase (PAYASI ET AL., 2009), as quais têm sua atividade aumentada com a 3
4 presença do etileno. Provavelmente, o baixo nível de O 2 e/ou o alto nível de CO 2 destes tratamentos reduziram a produção de etileno, consequentemente os frutos mantiveram a firmeza da polpa. Quanto ao teor de sólidos solúveis, estes mantiveram-se mais elevados nas condições com 3kPa de O kPa de CO 2 e 3,0kPa de O kPa de CO 2. No entanto, não apresentaram diferença estatística das demais condições. Com o teor de SS entre 9,35 e 10,35 Brix, estes frutos estavam em um padrão adequado para a comercialização (GORGATTI NETO ET AL., 1994). Para melões minimamente processados, O connor-shaw et al. (1996) reportam que concentrações entre 3,5 a 6kPa de O 2 e 6 a 15kPa de CO 2 foram eficientes para conservação da qualidade. Os frutos em armazenamento refrigerado não foram avaliados, pois apresentavam elevada deterioração após o armazenamento, possivelmente resultante de um avançado processo de senescência. Dessa forma, todas as condições de atmosfera controlada testadas neste trabalho podem prolongar a vida pós-colheita de melões. Tabela 1: Qualidade físico-química de melões Cantaloupe Hy Mark, após 30 dias de armazenamento em condições de atmosfera controlada a 3 C mais dois dias a 20 C. Santa Maria, RS O 2 +CO 2 (kpa) Cor da polpa Firmeza de AT L* C* h polpa (N) (meq 100mL -1 ) 21,0 + 0,03 I SS ( Brix) 3,0 + 10,0 67,73 a II 48,48 a 66,05 a 17,5 b 1,05 a 10,35 a 3,0+15,0 68,00 a 48,32 a 67,90 a 25,3 a 1,07 a 10,25 a 2,0+10,0 68,06 a 47,75 a 67,33 a 20,8 ab 1,02 a 9,87 a 1,5+10,0 68,24 a 47,23 a 68,16 a 25,7 a 0,94 a 9,35 a C.V. (%) 1,44 2,67 2,10 18,68 15,33 15,33 I Frutos sob refrigeração não foram avaliados por causa da avançada deterioração. II Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Duncan, em nível de 5% de probabilidade de erro. 4.CONCLUSÃO A atmosfera controlada nas concentrações de 1,5kPa de O kPa CO 2 ou 3,0kPa de O kPa CO 2 mantém a vida pós-colheita de melões Cantaloupe Hy Mark. 4
5 REFERÊNCIAS ALVES, R. E. et al. Manual de melão para exportação. Brasília, DF: Embrapa, p. ALEXANDER L. & GRIERSON D. Ethylene biosynthesis and action in tomato: a model for climacteric fruit ripening. Journal of Experimental Botany, Lancaster, v.53, n.377, p , AROUCHA, E. M. M.; ET AL. Caracterização física e química de melão durante o seu desenvolvimento. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.29, n.2, p , BOWER, J.; ET AL. Culture conditions and detachment of the fruit influence the effect of ethylene on the climacteric respiration of melon. Postharvest Biology and Technology, Amsterdam, v. 26, p , GORGATTI NETO, A.; ET AL. Melão para exportação: procedimentos de colheita e de pós colheita. Brasília: EMBRAPA SPI / FRUPEX, 1994, 37p. (FRUPEX Publicações Técnicas, 6). IBRAF (Instituto Brasileiro de Frutas), Disponível em: < Acesso: 01 set LELIÈVRE, J.M.; ET AL. Effects of chilling on the expression of ethylene biosynthetic genes in Passes- Crassane pear (Pyrus communis L) fruits. Plant Molecular Biology, Dordrecht, v.23, p O CONNOR-SHAW, R.E; ET AL. Changes in sensory quality of sterile Cantaloupe Dice stored in controlled atmospheres, Journal of Food Science, v.61, n.4, p , PAYASI A.; ET AL. Biochemistry of fruit softening: an overview. Physiol. Mol. Boil. Plants, v.15, p , PEREIRA F. H. F.; ET AL. Poda da haste principal e densidade de cultivo na produção e qualidade de frutos em híbridos de melão. Horticultura Brasileira, v. 21, p , PURQUERIO, L.F.V.; ET AL. Efeito da concentração de nitrogênio na solução nutritiva e do número de frutos por planta sobre a produção do meloeiro. Horticultura Brasileira, v.21, n.2, p , PRATT, H. K.; ET AL. Fruit growth and development, ripening and role of ethylene in the 'Honey Dew' muskmelon. Journal of the American Society for Horticultural Science, Alexandria, v. 102, p , SHELLIE, K. C. & SALTVEIT, M. E., Jr. The lack of a respiratory rise in muskmelon fruit ripening on the plant challenges the definition of climacteric behavior. Journal of Experimental Botany, v.44, p ,
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