PODA VERDE COMO ALTERNATIVA PARA AUMENTO DA FRUTIFICAÇÃO EM PEREIRA
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1 PODA VERDE COMO ALTERNATIVA PARA AUMENTO DA FRUTIFICAÇÃO EM PEREIRA José Luiz Marcon Filho 1 ; Leo Rufato 2 ; Aike Anneliese Kretzschmar 3 ; Gilmar Ardunino Marodin 4 ; Alecir Farias Lopes 5 ; Rafael Daboit Arruda 5. 1 Acadêmico do curso de Agronomia CAV-UDESC zeluizmarconfilho@desbrava.com.br; 2 Orientador, Dr. Fruticultura, Professor CAV/UDESC, leoruffato@yahoo.com.br; 3 Orientadora, Dra. Fruticultura, Professora CAV/UDESC, a2aak@cav.udesc.br; 4 Professor Faculdade de Agronomia/UFRGS, Dr. Fruticultura, marodin@ufrgs.br; 5 Acadêmico Mestrado em Produção Vegetal CAV/UDESC. INTRODUÇÃO A região do planalto, no sul do Brasil, caracteriza-se por ser uma região colonial, onde predomina a pequena propriedade rural. A pêra se mostra como uma nova alternativa para a pequena propriedade, mas existem muitas limitações de plantio. Segundo Nakasu e Leite (1992) as principais causas limitantes para a expansão da cultura são: falta de cultivares produtoras de frutas de boa qualidade, adaptados às condições climáticas; indefinição de porta-enxertos; e o abortamento de gemas florais, que em alguns anos, dependendo da cultivar, atinge de 30 a 100% das gemas florais. Várias observações da ocorrência de abortamento, durante o outono, indicam que a possível causa do abortamento de gemas florais de pereira inicia durante o período de verão e outono (fase de desenvolvimento das gemas florais), e que o desencadeamento do problema ocorre antes do inverno (ARRUDA, 1998). A necrose dos primórdios florais já é evidente em março, intensificando-se gradativamente até atingir o índice máximo próximo da floração (MARODIN, 1998). Para Gardin (2002), a diminuição de reservas nutricionais (carboidratos) nas gemas causa o abortamento. Outros estudos foram e estão sendo realizados para melhor entender este fenômeno, dentre os quais, podas de outono e inverno (MOONEY et al., 1992), desfolhamento total das plantas, redução de gemas floríferas (HERTER et al., 2002) e controle químico (BERTON e DENARDI, 2003). Tendo em vista que a limitação da cultura não tem sido por falta de mercado, mas sim devido à falta de cultivares adaptados e a deficiência de tecnologias de manejo, sendo o abortamento floral, um dos problemas mais sérios da cultura, o qual ocasiona uma grande diminuição do potencial produtivo, o objetivo desse trabalho foi de estabelecer uma
2 metodologia de poda verde na cultivar Abate Fetel a fim aumentar a frutificação de forma a viabilizar a produção. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi desenvolvido nos pomares da Frutirol Agrícola Ltda, em Vacaria/RS. O experimento foi instalado no dia 21 de dezembro de 2006 na cultivar Abate Fetel sobre dois porta-enxertos: marmeleiro Adams e marmeleiro C. Foram estudados os efeitos de dois níveis de poda verde em três diferentes épocas de realização de poda. Os tratamentos foram: a redução de 1/3 e 2/3 do comprimento de ramos do ano, com diâmetro não inferior a 6 mm, nas épocas de janeiro, fevereiro e março e uma testemunha, sem poda verde. O delineamento adotado foi de blocos ao acaso, com 5 blocos e 2 plantas por parcela. Os parâmetros avaliados foram comprimento dos ramo do ano, obtido pela média da medida longitudinal de cinco ramos por planta, com o resultado expresso em cm; número de frutos por planta, obtido pela contagem manual dos frutos e estrutura formada no local da poda, (se vegetativa ou florífera), sendo o resultado expresso em percentagem de estruturas de frutificação. No segundo ano de condução do experimento, foi realizada a colheita dos frutos e posteriormente análises: peso médio dos frutos, resistência de polpa expressa em kg.cm²; ºBrix, ph e acidez expressa em meq.l - ¹. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, a um nível de 5% de probabilidade de erro. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se que para a variável comprimento de ramos não houve diferença significativa entre os tratamentos para as plantas cultivadas sobre o marmeleiro Adams. Porém, foi observada diferença significativa dos tratamentos para as plantas enxertadas sobre marmeleiro C. O tratamento de poda verde com redução de 2/3 do comprimento do ramo no mês de fevereiro foi o que apresentou melhor resultado no controle do vigor em relação à testemunha, sem diferir dos outros tratamentos de poda verde. Para a variável estrutura de frutificação formada após a poda, observa-se diferença entre os tratamentos nos dois portaenxertos. No porta-enxerto Adams, os tratamentos com redução de 2/3 em janeiro, 1/3 em março e 2/3 em março foram os que apresentaram maior média de formação de estruturas
3 de frutificação nos ramos podados. No porta-enxerto C, o tratamento de redução de 2/3 do comprimento do ramo em fevereiro foi o que apresentou efeito mais significativo na formação de estruturas de frutificação. Em relação à variável número de frutos, não foi observada diferença significativa entre os tratamentos para as plantas enxertadas sobre marmeleiro C. Porém, para as plantas enxertadas sobre marmeleiro Adams, o tratamento de redução de 2/3 do comprimento do ramo em março foi o que aumentou a produção de frutos, evidenciando maior controle no abortamento floral. (Tabela 1). TABELA 1 - Variação das características: Comprimento de ramos novos após a poda, percentagem de estrutura de frutificação e número de frutos por planta de Pyrus comunnis cv Abate Fetel sobre dois Porta Enxertos, submetida a diferentes épocas e intensidades de poda. Lages/2008. Tratamentos Comprimento Estrutura de frutificação (%) Número de frutos ramo (cm) Adams C Adams C Adams C 1) 08/jan 1/ a 24.3 ab 12.5 b 56.2 ab 4.0 bc 24.8 a 2) 08/jan 2/ a 21.3 ab 32.5 a 47.5 b 4.0 bc 23.0 a 3) 08/fev 1/ a 24.3 ab 22.5 ab 50.0 b 4.4 bc 21.2 a 4) 08/fev 2/ a 20.2 b 27.5 ab 76.2 a 9.6 ab 26.5 a 5) 08/mar 1/ a 22.0 ab 33.4 a 56.2 ab 3.0 bc 23.0 a 6) 08/mar 2/ a 22.3 ab 32.5 a 59.3 ab 11.9 a 25.7 a 7) Testemunha a 29.4 a c 25.7 a * Tratamentos com letras minúsculas iguais na coluna não diferem significativamente ao teste de Tukey 5% de probabilidade de erro. Nas características qualitativas dos frutos, peso médio do fruto, resistência de polpa, ºBrix, ph e acidez não houve diferença significativa entre os tratamentos para o marmeleiro C (Tabela 2). Com relação ao marmeleiro Adams os tratamentos com redução de 1/3 dos ramos em fevereiro e redução de 1/3 em março proporcionaram os menores valores de resistência de polpa em relação à testemunha. Para a variável ºBrix observou-se diferença significativa entre os tratamentos para as plantas enxertadas sobre o marmeleiro Adams, sendo que o tratamento com redução de 1/3 dos ramos em março apresentou o menor valor (Tabela 2).
4 TABELA 2 - Variação das características: Peso médio de fruto, resistência de polpa, º Brix, ph e acidez de Pyrus comunnis cv Abate Fetel sobre dois Porta Enxertos, submetida a diferentes épocas e intensidades de poda. Lages/2008. Trat Peso do Resistência de Acidez ºBrix ph fruto (g) polpa (kg.cm -2 ) (meq.l - ¹) Adams C Adams C Adams C Adams C Adams C 1) 08/jan 1/3 216,2 a 236,2 a 10,2 ab 10,0 a 11,5 ab 13,62 a 3,8 a 3,6 a 27,8 a 29,1 a 2) 08/jan 2/3 193,1 a 218,1 a 10,3 ab 10,6 a 12,9 a 12,30 a 3,7 a 3,7 a 29,1 a 26,1 a 3) 08/fev 1/3 209,6 a 251,9 a 9,7 b 11,5 a 11,4 ab 13,02 a 3,9 a 3,6 a 29,1 a 29,6 a 4) 08/fev 2/3 195,0 a 225,6 a 10,7 ab 11,0 a 12,9 a 12,72 a 3,7 a 3,7 a 27,9 a 27,0 a 5) 08/mar 1/3 231,9 a 243,1 a 9,9 b 10,8 a 9,5 b 12,72 a 3,8 a 3,7 a 25,5 a 27,5 a 6) 08/mar 2/3 231,3 a 215,6 a 11,1 a 10,4 a 11.9 ab 12,32 a 3,8 a 3,7 a 26,5 a 26,0 a 7) Testemunha 220,0 a 225,6 a 11,2 a 9,8 a 13,3 a 14,00 a 3,8 a 3,6 a 26,5 a 27,0 a CV (%) 8,04 8,35 4,36 10,611 9,60 9,69 1,98 3,07 10,35 10,47 * Tratamentos com letra minúscula iguais na coluna não diferem significativamente ao teste de Tukey 5% de probabilidade de erro. CONCLUSÕES O tratamento de poda verde com redução de 2/3 do comprimento do ramo em fevereiro, apresenta melhor controle do vigor no marmeleiro C. O tratamento com redução de 2/3 do comprimento do ramo em março resulta em maior número de fruto no marmeleiro Adams. A porcentagem de estruturas de frutificação formadas após a poda são superiores nos tratamentos com redução de 2/3 dos ramos em janeiro, 1/3 e 2/3 em março para o marmeleiro Adams e redução de 2/3 em fevereiro para o marmeleiro C. As diferentes épocas e intensidades de poda não alteram as características de qualidade de fruto para o marmeleiro Adams, enquanto para o marmeleiro C houve diferença significativa entre os tratamentos para a variável resistência de polpa e Brix.
5 REFERÊNCIAS ARRUDA, J. J. P. de, Efeitos de desfolhamento precoce, deficiência hídrica, cultivar e local, no abortamento de gemas florais da pereira (Pyrus communis, L.) f. Dissertação (Mestrado em Fruticultura de Clima Temperado) - Curso de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas-RS, BERTON, O.; DENARDI,F. Efeito do aliette e da calda bordalesa no controle do abortamento de gemas floríferas em pereira. Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.16, n.1, p , GARDIN, J. P. P. Níveis de carboidratos em Pereira, cv. Nijisseiki, durante as fases de outono/inverno, relacionados com o abortamento de gemas florais. 2002, 42f. Dissertação (Mestrado) FAEM Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2002, 42 p. HERTER,F. G.; CAMELATTO, D.; TREVISAN, R.; VERISSIMO, V.; GARDIN, J.P.; The effects of spur pruning and defoliation in the autumn on the flower bud abortion of pear tree cv Nijisseiki in Pelotas, RS, Brazil. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON ASIAN PEARS COMMEMRATING THE 100 TH ANNIVERSARY OF NIJISSEEIKI PEAR, Belgium, Proceedings... v. 1, p NAKASU, B. H., LEITE, D. L. Pirus 9 - Seleção de pereira para o Sul do Brasil. HortiSul, Pelotas, v. 2, n. 3, p , ago MARODIN, G. A. B. Época e intensidade de abortamento de gemas florais em pereiras (Pyrus comunis L.) cv. Packham s Triumph em ambientes com distintas condições climáticas. Porto Alegre, f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) Curso de Pós- Graduação em Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,1998. MOONEY, P.; KLINAC, D.; KILLEN, W. et al. Time of pruning effects on budjump of nashi. Orchadist of New Zealand, Kerikeri, v. 65. n. 5, p , _122445
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