Agronegócio em Moçambique:

Transcrição

1 Agronegócio em Moçambique: Os casos do açúcar, tabaco e do ProSAVANA João Mosca e Natacha Bruna Maputo, 03 de Junho de 2015

2 Apresentação Porquê este debate. Enfoque do debate. Os modelos do agronegócio. Os casos do açúcar, tabaco e do ProSAVANA. Que modelos em cada caso. Transformação estrutural. Instituições. Integração no agronegócio internacional. As grandes questões no quadro do enfoque de análise. Lamenta-se a não referencia aspectos ambientais

3 Os modelos do agronegócio

4 Os três modelos considerados Grandes plantações Subcontratação Transformação estrutural

5

6 Agronegócio e território

7 Agronegócio internacional Localização da acumulação. Localização dos centros de decisão. económica. Transferência/domínio tecnológico. Investimento internacional. Vulnerabilidade externa. Agronegócio e a divisão internacional do trabalho

8 Os casos do açúcar, tabaco e ProSAVANA

9 As GRANDES PLANTAÇÕES: o caso do açúcar. Capital semi-intensivo, alta produtividade e inovação e mão-de-obra barata Investimento Directo Estrangeiro Contributo positivo na Balança de Pagamentos e nas receitas fiscais (se não existirem grandes benefícios locais. Basicamente para exportação com compromisso e politicas públicas de priorização do mercado interno (taxa de protecção e pressão política).

10 As GRANDES PLANTAÇÕES: o caso do açúcar. Relações intersectoriais frágeis: pouca retenção de valor local (1º transformação par facilitar a comercialização e exportação). Mão-de-obra barata e criação de emprego, principalmente sazonal. Aumento de renda. Vulnerabilidade externa reduzida devido ao acordo ACP e ao mecanismo de protecção. Não existência de conflito de terras por exploração de superfícies das antigas açucareiras.

11 As GRANDES PLANTAÇÕES: o caso do açúcar. Existência de uma instituição especializada/profissionalizada em açúcar que funciona como associação de produtores e comportamento de cartel. Existência da algumas políticas públicas Inicio e subcontratação em terras das empresas ou não, com pequenos e médios agricultores

12 Produção nacional, consumo e exportações de açúcar

13 A SUBCONTRATAÇÃO: o caso do tabaco. Tecnologia com base em introdução de insumos (sementes e fertilizantes). Investimento Directo Estrangeiro Contributo positivo na Balança de Pagamentos e nas receitas fiscais (se não existirem grandes benefícios locais. Produção para exportação com transformação local para permitir a exportação.

14 A SUBCONTRATAÇÃO: o caso do tabaco. Relações intersectorias baixas ou nulas: pouca retenção de valor local. Aumento a renda dos contratados. Produtividade variável dependendo de vários factores (tipos de produtores, extensão, suporte de investigação, infraestruturas,

15 A SUBCONTRATAÇÃO: o caso do tabaco Assimetrias na capacidade negocial. Introdução de balança electrónicas, mais organização dos produtores e controlo da classificação do produto no mercado de compra/venda da produção primária Possíveis conflitos entre produção alimentar e não-alimentar, excepto se introduzidos mais e/ou novos factores de produção. Introdução de fertilizantes e mão-de-obra assalariada. Diferenciação social não induzida. Nova fronteira agrícola. Importância da plantação florestal

16 Valores da produção de tabaco USD (Mil) Toneladas

17 A SUBCONTRATAÇÃO: o caso do tabaco Mão-de-obra barata (auto-exploração familiar ou assalariada) e pouca criação de emprego. Poucos conflitos de terras. Vulnerabilidade externa. Não existência de uma instituição pública especializada. Não existência de políticas públicas

18 A TRANSFORMAÇÃO ESTRUTURAL RÁPIDA: a proposta do ProSAVANA Sistema misto (transformação estrutural e subcontratação) Capital semi-intensivo e extensivo. Investimento estrangeiro e interno com suporte/garantias de capital externo Contribuição para a balança de pagamentos e receitas públicas. Mercado interno e exportação de excedentes (?). Podem existir relações intersectoriais.

19 A TRANSFORMAÇÃO ESTRUTURAL RÁPIDA: a proposta do ProSAVANA Possível diferenciação social induzida. Assimetria na capacidade negocial dos vulneráveis e pequenos e médios agricultores devo à estrutura dos mercados. Transformação estrutural e social com base no aumento da intensificação do capital e aumento de escala. Nova fronteira agrícola. Conflito de terras.

20 A TRANSFORMAÇÃO ESTRUTURAL RÁPIDA: a proposta do ProSAVANA Possível exclusão de uma percentagem variável (geralmente grande) de pequenos produtores. Integração nos mercados e em cadeias de valor. Competitividade económica lucratividade e politicas assistencialistas parra os não viáveis. Aumento de renda dos beneficiários e questionamento acerca da maioria vulnerável. Sem proposta de uma instituição pública especializada. Reforço orçamental

21 Transformação estrutural rápida Peso sectorial no PIB do Corredor 0,1 13 Agricultura Mineração Construção e serviços públicos Serviços

22 Pontos fortes Resumo comparativo Acúcar Tabaco ProSAVANA Tecnologia (K ou L) K e L L e K L e K Investimento (IDN / IDE) IDE IDE IDE/IDN Destino da produção (EXP- exportação/mi mercado interno) Sim Sim Sim Relações intersectoriais Moderadas Poucas Moderadas Mercados assimétricos/distorcidos Sim Sim Sim Capacidade negocial dos pequenos produtores Fraca Fraca Fraca Aumento da renda dos beneficiários Sim Sim Sim Conflito de terras Não Não Sim Diferenciação social induzida Não Moderado Sim Risco de exclusão social Não Moderado Sim Instituições públicas e/ou privadas especializadas Sim Não Não Políticas públicas Algumas Não Algumas

23 Pontos fracos Resumo comparativo Acúcar Tabaco ProSAVANA Tecnologia (K ou L) K e L L L e K Investimento (IDN / IDE) IDE IDE IDE/IDN Destino da produção (EXP- exportação/mi mercado interno) Sim Sim Sim Relações intersectoriais Moderadas Poucas Moderadas Mercados assimétricos/distorcidos Sim Sim Sim Capacidade negocial dos pequenos produtores Fraca Fraca Fraca Aumento da renda dos beneficiários Sim Sim Sim Conflito de terras Não Não Sim Diferenciação social induzida Não Moderado Sim Risco de exclusão social Não Moderado Sim Instituições públicas e/ou privadas especializadas Sim Não Não Políticas públicas Algumas Não Algumas Reforço orçamental Não Não Sim

24 Regra geral não existem modelos puros. Importância das funcionalidades entre os modelos As grandes plantações apresentam mais pontos fortes, desde que os investimentos sejam eficientes e duradouros. Os pontos fracos do modelo de subcontratação está nas assimetrias dos mercados (capacidade negocial), na possível diferenciação social induzida (exclusão) e efeitos sobre a ocupação da terra, na proporção dos vulneráveis e riscos de concentração fundiária a médio e longo prazo. Os pontos fracos da transformação estrutural rápida estão relacionados com a alocação e gestão de terras, com a proporção da exclusão social, a organização dos diferentes tipos de produtores, sobre as políticas públicas e a organização institucional. A transformação estrutural lenta atenuaria estes riscos. Os três modelos aumentam os rendimentos das famílias incluídas/contratadas variando a proporção destas.

25 Lições de políticas comuns aos três modelos Alocação e conflito de terras Introdução de tecnologia adaptação, inovação e incentivos Organização dos produtores associações e outras formas Estrutura e assimetria/distorções dos mercados Relações intersectoriais fracas políticas para a emergência do empresariado nacional Localização da acumulação no exterior Localização dos centros de decisão económica no exterior Vulnerabilidade externa Importância de políticas públicas específicas conforme os casos

26 Obrigado