FOCUS ESCOLA DE FOTOGRAFIA

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1 FOCUS ESCOLA DE FOTOGRAFIA PARTE PRÁTICA DO MÓDULO DE FOTOJORNALISMO (PAUTA: JOINVILLE, CIDADE DAS BICICLETAS) KAREN LYNNE DEJEAN Relatório apresentado como parte das exigências para conclusão do Módulo 5 do curso de Fotografia. Joinville, SC Janeiro de 2018

2 Sede da única escola do balé Bolshoi fora da Rússia, Joinville costuma ser lembrada como a cidade da dança. Mas há outra designação que seus moradores gostam de usar: a cidade das bicicletas. Arquivos históricos indicam que a história da cidade mais populosa de Santa Catarina se fez realmente sobre duas rodas mas isso não quer dizer que o município passou alheio à invasão dos carros. Até os anos 1980, 30% dos deslocamentos eram feitos de bicicleta. Hoje, segundo a Secretaria do Planejamento local, a bicicleta representa 11% dos deslocamentos (a média geral do país é de 3% para cidades com mais de 500 mil habitantes). Segundo estimativa da Administração, Joinville tem atualmente cerca de 250 mil bicicletas, resultando em 1 bicicleta para cada 2,2 pessoas. Figura 1: Fotografia de 1929 demonstrando que nem mesmo as enchentes frequentes impediam os ciclistas de circular em Joinville. A relação da cidade com as bicicletas começou há 167 anos, com a chegada dos primeiros imigrantes alemães à região, já conhecedores e usuários frequentes do meio de transporte. Embora não existam registros conclusivos, imagina-se que na primeira metade do século XX o uso de bicicletas tenha sido o maior em toda história da cidade, graças ao gosto e à falta de outras opções dos operários da indústria da cidade, que chegavam a formar verdadeiros congestionamentos de bicicletas. As filas ocorriam todos os dias durante a saída dos operários ciclistas da Tupy, a maior fundição da América Latina. A instalação da fundição na

3 região, em 1954, influenciou diretamente na forma de locomoção. Na época, cerca de 17% da população de Joinville trabalhava na empresa. Figura 2: Saída dos funcionários ciclistas da fundição Tupy. O Jornal O Globo, de 1º de setembro de 1972, exibiu reportagem de uma página dando destaque ao hábito de pedalar e à cidade com menor índice de enfartos no país - os médicos associavam ao bom estado físico dos moradores. Uma reportagem de 1975, no jornal A Notícia, registrava o seguinte título: Automóveis atrapalham bicicletas, demonstrando bem a importância do meio de transporte para a cidade. Acidentes com bicicletas começam a aparecer com maior frequência nos jornais a partir de 1964, início da ditadura militar, quando reforçou-se a política econômica de Juscelino Kubitschek baseada na indústria automobilística.

4 Figura 3: Rua Mario Lobo, em Joinville, no final da década de 60. As bicicletas começam a perder espaço para os carros. A zica (como a bicicleta é localmente chamada) permeou o cotidiano de Joinville por toda a sua história. Os aniversários da cidade geralmente contavam com grandes desfiles de ciclistas, os bombeiros voluntários utilizavam bicicletas e os operários das fábricas viraram atletas e vencedores de importantes competições. As bikes também transformaram-se em arte na mão de Juarez Machado, que hoje tem um instituto com o seu nome na cidade. A crítica de Curitiba chegou a chamá-lo de surrealista por ter pintado pessoas pedalando com guarda-chuvas nas mãos no premiado Operários do Itaum, de Mal sabiam que aqui todo mundo andava de (bicicleta com) guarda-chuva, contava Machado. Esta prática é bastante comum até os dias de hoje na cidade também famosa por seus altos índices pluviométricos. Atualmente, 52% dos ciclistas de Joinville usam o veículo para o lazer, enquanto 25% pedalam ao trabalho e 11% para ir à escola. As metas de Joinville para que a bicicleta reassuma sua posição de destaque são ambiciosas. O Plano de Mobilidade da cidade prevê que a bicicleta responda por 20% dos deslocamentos até 2025 e que os atuais 156 km de vias exclusivas para ciclistas sejam ampliados

5 para 730 km. O planejamento é o primeiro passo para que a Cidade das Bicicletas se reencontre com a sua vocação. PROPOSTA DE PAUTA FOTOJORNALÍSTICA: Repórter: FOTOGRAFO DE PLANTÃO Editoria: COTIDIANO Tema: Situação atual das ciclovias na cidade de Joinville, SC. Histórico: A bicicleta representa 11% dos deslocamentos na cidade (a média nacional é de 3% para cidades com mais de 500 mil habitantes). Segundo estimativa da Administração, Joinville tem atualmente cerca de 250 mil bicicletas e 156 km de vias exclusivas para ciclistas. Objetivo: Conforme a Prefeitura, Joinville conta atualmente com 156 km de vias exclusivas para ciclistas, que deverão ser ampliados para 730 km. Justificativa: Demonstrar que, apesar dos 156 km de ciclovias, importantes trechos da cidade não são assistidos, com diversas avenidas importantes apresentando ciclovias precárias e até sem presença das mesmas. Proposta de imagem: Imagens que mostrem a situação atual das vias destinadas aos ciclistas.

6 Figura 4: Operário saindo da Tupy, indústria de fundição responsável pelo "boom" das bicicletas em Joinville.

7 Figura 5: Ciclovia mais antiga de Joinville, separada por tijolos amarelos. Figura 6: Sinalização de ciclovia encoberta pela árvore.

8 Figura 7: "Ciclovia" em importante avenida sem qualquer demarcação. Figura 8: "Ciclovia" em outra importante avenida de circulação, sem asfaltamento.

9 Figura 9: Exemplo de união de ciclovia com calçada. Figura 10: Pedestres obstruindo ciclovia.

10 Figura 11: Ciclista usando a via destinada a carros e placa sinalizando lados para ciclistas e pedestres na calçada. Figura 12: Ciclista em exemplo de ciclovia bem sinalizada.

11 Figura 13: Exemplo de ciclovia bem sinalizada com demarcações e placas. REFERÊNCIAS:

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