Daniel Guth Scientists for Cycling VeloCity Rio, 2018
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1 Daniel Guth Scientists for Cycling VeloCity Rio, 2018
2 Parceria A Bicicleta no Brasil Aliança Bike Bicicleta para Todos Bike Anjo União de Ciclistas do Brasil - UCB 2015 Investigação: capitais 10 Cidades de Grande Porte 2018 Investigação: cidades de pequeno porte
3 Por que cultura da bicicleta? Cultura tem origem no latim e deriva da palavra colo. De acordo com o historiador Alfredo Bosi (2008), colo significava, na língua romana mais antiga, eu cultivo ; particularmente, eu cultivo solo. Ou seja, a acepção da palavra estava ligada ao mundo agrário. Agricultura, por exemplo, seria a cultura do campo. A cultura, portanto, como aquilo que deve ser cultivado, segundo Bosi, era um modo verbal que tinha sempre alguma relação com o futuro. Após a conquista da Grécia pelos romanos, a palavra cultura passou a ser utilizada como sinônimo de Paideia - que significava desenvolvimento humano, ou o arcabouço de conhecimentos para se transmitir às crianças. O que propomos como narrativa para ancorar o que seria a cultura da bicicleta conserva as duas acepções de cultura: a) como algo que deve ser cultivado; e b) como desenvolvimento humano e transmissão de conhecimento e valores de uma geração para outra. Se a cultura do arroz é determinada por um conjunto de técnicas e cuidados com a terra que permitem que seu plantio se desenvolva, a cultura da bicicleta igualmente nasce, cresce, floresce e se perpetua como derivação de características de pessoas e suas relações entre si e com o território. A cultura da bicicleta, finalmente, pode ser compreendida como um conjunto de ideias e valores transmitidos. Referências: Bosi, Alfredo (2008); Cox, Peter (2015); Herlihy, David (2004).
4 Contexto 5570 municípios em todo o Brasil 56, da população vivendo em cidades com +100 mil habitantes 310 municípios têm mais de 100 mil habitantes 43, da população vive em cidades com até 100 mil habitantes 5260 municípios têm menos de 100 mil habitantes, considerados municípios de "pequeno porte". Taxas de crescimento por porte: 68% dos municípios, no Brasil, têm até 20 mil habitantes. De 50k até 100k: 2,1 Até 5k habitantes: 0,1 De 100K até 500k: 2,4 Fonte: IBGE
5 Fonte: SIMOB/ANTP (2014)
6 Fonte: SIMOB/ANTP (2014)
7 Premissas e Metodologia Afuá (PA) Tamandaré (PE) Premissa: estudar as cidades com alto índice de uso de bicicleta - Onde os fenômenos supostamente estão mais acentuados. Primeiros Passos: - Survey online: +300 cidades indicadas - Questionário p/ cidades: 80 respostas - Ranking - Modal share Políticas Públicas Interesse Seleção de 11 cidades Termos de Cooperação Técnica com Prefeituras Tarauacá (AC) Gurupi (TO) Cáceres (MT) Mambaí (GO) Pedro Leopoldo (MG) Ilha Solteira (SP) São Fidelis (RJ) Antonina (PR) Pomerode (SC)
8 Premissas e Metodologia 24 pesquisadores envolvidos, de todas as regiões do país. - Levantamento de dados primários e secundários - Levantamento socioeconômico, mobilidade, caracterização da cidade - Contagens veiculares com caracterização de ciclistas (principal via da cidade, central) - Pesquisa de Perfil de ciclistas questionários aplicados - Entrevistas com personagens e gestores públicos - Observação participante
9 Resultados preliminares
10 Divisão modal Tabela Geral por modalidade Antonina Bicicleta 2 18% 18% Moto 8% % % 3 1 Automóvel Pedestres % Caminhão 8% Ônibus Outros (Van, Utilitários, Kombi) Cáceres 7 Cáceres Mambaí de Set São João *Afuá (PA): 7 de viagens/dia de bicicleta Pedro Leopoldo Pomerode Pomerod São Ilha Tamandaré Gurupi Centro* e Malwee Fidelis Solteira Tarauacá
11 Divisão modal Tabela Geral por modalidade Antonina Bicicleta 2 18% 18% Moto 8% % % 3 1 Automóvel Pedestres % Caminhão 8% Ônibus Outros (Van, Utilitários, Kombi) Cáceres 7 Cáceres Mambaí de Set São João *Afuá (PA): 7 de viagens/dia de bicicleta Pedro Leopoldo Pomerode Pomerod São Ilha Tamandaré Gurupi Centro* e Malwee Fidelis Solteira Tarauacá
12 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CICLISTAS, DAS BICICLETAS E DO TRÁFEGO Item Total de bicicletas Antonina Cáceres Mambaí Pedro Pomerode São Fidelis Tamandaré Leopoldo Ilha Solteira Gurupi Tarauacá Calçada 1 2 Pista % 78% 9 10 Contramão Na mão % Mulheres Homens Carga/Serviço 1 Esporte % % Menores de 16 anos Maiores de 60 anos Adultos % 8 8 Com carona/garupa 1 1 Sem carona/garupa Com capacete Sem capacete % Bicicletas comuns
13 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CICLISTAS, DAS BICICLETAS E DO TRÁFEGO Item Total de bicicletas Antonina Cáceres Mambaí Pedro Pomerode São Fidelis Tamandaré Leopoldo Ilha Solteira Gurupi Tarauacá Calçada 1 2 Pista % 78% 9 10 Contramão Na mão % Mulheres Homens Carga/Serviço 1 Esporte % % Menores de 16 anos Maiores de 60 anos Adultos % 8 8 Com carona/garupa 1 1 Sem carona/garupa Com capacete Sem capacete % Bicicletas comuns
14 Durante quantos dias da semana você costuma utilizar a bicicleta como meio de transporte? Dias Cáceres Mambaí Pedro Leopoldo Pomerode São Fidelis Tamandaré Antonina Gurupi Ilha Solteira Tarauacá Afuá % % % Total Geral
15 Quanto tempo você leva em seu principal trajeto feito de bicicleta? Faixa_tempo Cáceres Mambaí Pedro Leopoldo Tamandaré Antonina Gurupi Ilha Solteira Tarauacá Afuá De 0 a 4 min 1 2 De 5 a 9 min De 10 a 14 min De 15 a 19 min De 20 a 24 min De 25 a 29 min 1 De 30 a 34 min % De 35 a 39 min De 40 a 44 min 45 min ou mais Total Geral Pomerode São Fidelis
16 Você começou a utilizar a bicicleta como meio de transporte há quanto tempo? Tempo Cáceres Mambaí Pedro Leopoldo Pomerode São Fidelis Tamandaré Antonina Gurupi Ilha Solteira Tarauacá Afuá menos de 6 meses entre 6 meses e 1 ano entre 1 e 2 anos 8% entre 2 e 3 anos 1 entre 3 e 4 anos entre 4 e 5 anos 8% mais de 5 anos Sem resposta Total Geral
17 Caracterização e Perfil de ciclistas _Mulheres pedalando. Em média 34, de todas as pessoas pedalando, nas cidades estudadas, são mulheres. Em Afuá (PA), onde o trânsito motorizado é proibido, este percentual atinge 5. Ilha Solteira e Pomerode, cada uma com 4 ou mais de viagens de bicicleta realizadas por mulheres, também se destacam. Estes dados são ainda mais surpreendentes e reveladores se compararmos com a média de de mulheres ciclistas nas grandes cidades brasileiras. _Uso de capacete. Este equipamento é praticamente inexistente nas cidades de pequeno porte, que oscilam entre 0 e de ciclistas pedalando com capacete. Mambaí é a cidade que apresentou o mais alto índice: de ciclistas com capacete. _Garupa. Cidades pequenas mantém viva a utilização da garupa da bicicleta, seja por crianças, jovens ou mesmo adultos. Em Tarauacá, por exemplo, em 1 de todas as bicicletas contabilizadas havia uma pessoa na garupa. Em Tamandaré este índice foi de 1. _Transporte. Entre todas as bicicletas contadas, 96, eram bicicletas comuns (urbanas e híbridas) utilizadas como meio de transporte. A pesquisa de perfil, que será revelada no próximo subcapítulo, aprofundará os aspecto sobre ciclistas e suas motivações para uso de bicicleta. _Calçada. O uso da calçada por ciclistas oscilou sensivelmente entre as cidades estudadas. Isto se deve a características pontuais dos locais de contagem, como é o caso de Ilha Solteira, que apresentou 2 de uso de calçada por ciclistas. O uso da pista de rolamento por ciclistas, no entanto, é o mais difundido, oscilando entre 90 e 10 em todas as cidades, excetuando Ilha Solteira. _Contramão. O uso da contramão por ciclistas, assim como a calçada, está associado a condicionantes locais e pontuais. Isto é, trata-se de um subterfúgio, um recurso acessado por ciclistas para as situações em que o desenho urbano (especialmente o viário) está em desacordo com as características do deslocamento ativo. Antonina e Pedro Leopoldo apresentaram os maiores índices de uso de contramão, com 56 e 4, respectivamente.
18 ESCOLARIDADE. 9 dos ciclistas têm até o ensino médio completo. Mambaí (GO) tem quase metade (4) de ciclistas que responderam não ter instrução. Em Antonina (PR), mais da metade (5) têm até o ensino fundamental completo. RENDA. Praticamente 2/3 de todos os ciclistas ganham entre 0 e 2 salários mínimos. A renda média per capita é de R$ 1.548,67. Em Mambaí, 4 dos ciclistas declararam não ter renda. Em São Fidelis (RJ), 38% responderam ganhar até 1 salário mínimo. Em Afuá (PA), enquanto 5 disseram receber até 2 salários mínimos, 1 declararam receber mais de 5 salários mínimos. COR E ETNIA. Mais de 2/3 (64,) dos ciclistas se autodeclaram pardos ou pretos. Brancos somam 31,6, amarelos são 2,1 e indígenas, 1,1. Afuá tem o maior percentual de respondentes pardos, 7, enquanto brancos somam 1 e indígenas,. Em Pomerode (SC), 6 dos ciclistas se autodeclaram brancos e pretos. A maior população autodeclarada preta, entre as cidades pequenas, é Gurupi (TO) com 2 de pretos. TEMPO GASTO NA PRINCIPAL VIAGEM. Com relação ao tempo gasto nas principais viagens de bicicleta, destacam-se as distâncias curtas e plenamente acessíveis. Para 63, das pessoas entrevistadas em todas as cidades, as viagens de bicicleta não superam 20 minutos de pedalada. Em Afuá, 6 das viagens de bicicleta não superam 10 minutos e nenhuma viagem dura mais do que 25 minutos. Em Pomerode, 1 afirmaram que sua principal viagem de bicicleta tem duração superior a 45 minutos. MOTIVO PARA COMEÇAR A PEDALAR. Mais de 1/3 (34,) das pessoas disseram que começaram a pedalar porque é mais rápido e prático. Para 27,, o motivo principal foi a economia deste meio de transporte. Para outros 2 dos ciclistas, o principal motivo foi a saúde. Apenas 3,1 responderam ambientalmente correto como principal motivo e 13, apresentaram outros motivos. QUANDO COMEÇOU A PEDALAR. As respostas a esta questão mostram como a bicicleta é utilizada pela população há muito tempo e desde muito cedo pelos jovens. Quase 8 dos ciclistas usa a bicicleta como meio de transporte há mais de 5 anos. Em Tamandaré (PE), esse índice foi de 9. Em Pomerode, dos ciclistas afirmaram usar a bicicleta como meio de transporte há menos de 6 meses. INTERMODALIDADE. Maioria absoluta (8) dos ciclistas, nas cidades pequenas, não combina a bicicleta com nenhum outro meio de transporte em seus deslocamentos. Cáceres (MT) e Gurupi apresentaram resultados destoantes, com 4 de ciclistas combinando viagens com outros meios de transporte, especialmente com motocicletas. Em Afuá, dos 1 de ciclistas que combinam a bicicleta com outro meio de transporte, 9 o fazem com barco. Em Pedro Leopoldo (MG), dos 18% de ciclistas que fazem intermodalidade, 6 conjugam a bicicleta com automóveis.
19 Questão urgente: crescimento desenfreado da motorização nas cidades pequenas Questões associadas: - estagnação populacional, melhoria de renda - possível migração modal bicicleta/auto/moto - externalidades negativas associadas ao aumento da motorização
20 Motocicletas A Região Norte passou de 276,6 mil motos para 2 milhões entre 2001 e aumento de 641, - e na região Nordeste a frota passou de 836,6 mil motos para 6,1 milhões, uma variação de 639,. Nas Regiões Metropolitanas houve incremento de 4,8 milhões de motos entre 2001 e Ou seja, fora das regiões metropolitanas, onde se encontram os municípios de "pequeno porte", houve um aumento de 13,5 milhões de motos, ou 73,7 de todas as motocicletas emplacadas no país entre 2001 e 2014.
21 Veículos motorizados Região UF UF Qtd em 2001 Qtd em 2017 Crescimento (2001 a Qtd por mil habitantes em 2017) 2017 Norte PA Afuá ,44 Centro-Oeste GO Mambaí ,6 267,68 Norte AC Tarauacá ,5 107,59 Nordeste PE Tamandaré ,9 178,31 Sul PR Antonina ,4 262,87 Norte TO Gurupi ,3 681,31 Centro-Oeste MT Cáceres ,0 507,08 Sudeste RJ São Fidelis ,1 433,20 Sudeste MG Pedro Leopoldo ,4 487,16 Sudeste SP Ilha Solteira ,7 674,76 Sul SC Pomerode ,28% 800,27
22 Cáceres (MT) - Divisão modal 2004/2017 Modalidade O/D 2004 (%) Contagem 2017 (%) Bicicleta 72,54 18 A pé 12,51 5 Motocicleta 7,21 34 Carro 4,1 41 Ônibus 2,45 0 Outros modos 1,19 2 Total
23 Conclusão Um Brasil em transição se evidencia nas cidades de pequeno porte: a tradição de uso da bicicleta ainda se mantém, mas vem perdendo espaço para a modernidade" motorizada, alcançada por políticas públicas que têm estimulado o uso de automóveis e motocicletas. Nas cidades grandes, especialmente nas capitais, temos visto um aumento de uso de bicicletas pelas faixas de renda mais altas da população, em detrimento das periferias, o que tem suscitado interesses diversos - mercadológicos, midiáticos, acadêmicos e do próprio ativismo. As cidades de pequeno porte, por sua vez, têm experimentado mudanças estruturais sensíveis em seus padrões e hábitos de locomoção, alterando a paisagem urbana, as relações de vizinhança; e a mobilidade ativa, tradicional e um verdadeiro patrimônio dessas cidades, vem sofrendo um acelerado processo de encolhimento. Um alerta importante e urgente para toda a sociedade.
24 Obrigado! Daniel Guth
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