AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ÓLEO DE MAMONA DE DIFERENTES GENÓTIPOS

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Miguel Rodrigues Sacramento
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1 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ÓLEO DE MAMONA DE DIFERENTES GENÓTIPOS Rosa Maria Mendes Freire 1 ; Romero de Lima Sousa 2 ; Luiz Saldanha 3 e Máira Milani 1 1 Embrapa Algodão, rosa@cnpa.embrapa.br; maira@cnpa.embrapa.br; 2 Universidade Estadual da Paraíba-UEPB; 3 Bom Brasil Óleo de Mamona LTDA RESUMO - O objetivo deste trabalho foi avaliar a composição do óleo da mamona (Ricinus communis L.) de diversos genótipos em relação aos seus ácidos graxos. Avaliaram-se nove genótipos superiores oriundos dos experimentos da Embrapa Algodão, conduzidos em Irecê, BA, no ano de A extração do óleo foi processada no Laboratório de Química do CNPA, nas sementes trituradas de cada material, no extrator de Soxhlet a quente, por 8 horas, utilizando-se o hexano, como o solvente. Os ácidos graxos foram analisados no Laboratório da Bom Brasil, por GLC. Pelos resultados observou-se que todos os genótipos analisados apresentaram teores de ácido ricinoléico maior que o mínimo exigido para a comercialização, destacando-se os genótipos e INTRODUÇÃO Do ponto de vista comercial o óleo é o principal componente da semente de mamona (Ricinus communis, L.), cujo potencial para a indústria química, é indispensável. Caracteriza por conter um ácido graxo predominante em sua composição, o que não ocorre com os outros óleos vegetais, devendo conter no mínimo 85% do triglicerídio do ácido ricinoléico. Possui três grupos funcionais altamente reativos, e é único ácido graxo hidroxilado, o que o torna solúvel em álcool a baixa temperatura e permite a síntese de um grande número de derivados, razão de sua versatilidade (ICOA, 2005). A qualidade do óleo é muito importante na definição do seu preço, haja vista algumas características fora das especificações exigidas poderem reduzir a eficiência das reações químicas ou comprometerem a qualidade final do produto a ser fabricado (FREIRE et al., 2006). É o produto mais importante e, também, o principal objetivo dos que exploram a cultura; seu teor na semente varia de 35 % a 55 %, sendo o padrão comercial 44 %. Os triglicerídios compõem a maior parte dos óleos e gorduras, cujas propriedades físicas dependem da estrutura e distribuição dos ácidos graxos presentes. Os óleos e gorduras naturais podem ser os únicos constituintes de um produto ou compor a mistura de diversos componentes de um composto. Há casos em que se torna necessário modificar as características desses materiais, a fim de adequá-los à determinado tipo de aplicação (CASTRO et al., 2004). O programa de melhoramento da Embrapa Algodão tem buscado selecionar além de materiais

2 com maior teor de óleo, genótipos com maior conteúdo de ácido ricinoléico, haja vista serem importantes critérios de comercialização. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade do óleo de mamona, em relação aos seus ácidos graxos. MATERIAL E MÉTODOS Nove híbridos ( , , , , , , 99-5, 99-14, 99-44) superiores oriundos dos experimentos da Embrapa Algodão, conduzidos em Irecê (BA) foram avaliados neste trabalho. O teor de óleo foi determinado nas sementes inteiras, por Ressonância Magnética Nuclear-RMN (OXFORD,1995) no Laboratório de Química do CNPA, em Campina Grande, PB. Ainda no mesmo local, a extração do óleo foi processada, nas sementes trituradas de cada material, no extrator de Soxhlet a quente, por 8 horas, utilizando-se o hexano, como o solvente, de acordo com (AOCS, 1976). As análises referentes à composição dos ácidos graxos foram realizadas no Laboratório de Qualidade de Óleo, da Bom Brasil, por GLC, de acordo com a metodologia padrão alemã (ESTEVES et al., 1995). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados de ácidos graxos dos nove genótipos analisados encontram-se na Tabela 1. Foram detectados os acidos palmítico (18:0), esteárico (18:0), oléico (18:1), linoléico (18:2), linolênico (18:3), araquídico (20:0), ricinoléico (12-OH 18:1). Com relação ao ácido linoléico, todos os materiais analisados se encontram abaixo do valor mínimo, de acordo com as especificações de referência contidas na Tabela 1(6,0 % mín.). No que se refere ao ácido ricinoléico, seu principal componente é um dos critérios de avaliação considerado no momento da comercialização; seu mínimo aceitável é 85%; nos materiais analisados todos se encontram acima. O que apresentou menor valor , com 3,8 % a mais e o mais alto com com 5,4% (Tab. 1). O aumento do teor de óleo pode influenciar na sua composição, reduzindo a quantidade de ácido ricinoléico e aumentando a síntese dos teores dos ácidos oléico e linoléico, ou seja, o conteúdo de ácido ricinoléico é inversamente proporcional ao ácido oléico (MOSHKIN, 1986 citado por FREIRE et al., 2006), fato este que pode ser observado pela Tabela 1, nos genótipos e ), que apresentaram os maiores valores 90,1% e 90,4% de ácido ricinoléico, respectivamente e, conseqüentemente, menores de ácido oléico 2,6% ( ) e 2,7% ( 99-5). Assim estes materiais são considerados promissores do ponto de vista comercial.

3 CONCLUSÕES Todos genótipos analisados apresentaram teores de ácido ricinoléico maiores que o mínimo exigido para comercialização. Os genótipos e 99-5 foram os mais promissores em relação ao ácido ricinoléico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AOCS. Official methods and tentative methods of the American Oil Chemists Society. 3.ed. Champaign, Não paginado. CASTRO, H.F. de; MENDES, A.A.; SANTOS, J.C dos. Modificações de óleos e gorduras por biotransformação. Química Nova, v.27,n.1, p , Esteves, W.; Gonçalves, L.A.G.; Arellano, D.B.``Metodologia Padrão Alemã para Análise de Gorduras e outros Lipídeos - Tradução para o português da versão inglesa'', ``Deutsche Einheitsmethoden zur Untersuchung von Fetten, Fettprodukten, Tensiden und verwandten Stoffen (DGF. Einheitsmethoden), Seções A, B, C e E'', Editora: Gráfica Vieira, Campinas, (1995). FREIRE, R.M.M.; SEVERINO, L.S.; MACHADO, O.L.T. Ricinoquímica e co-produtos. In: AZEVEDO, D.M.P.; BELTRÃO, N.E. de M. (editores). Agronegócio da mamona no Brasil. 2ed. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2006cap. 19, p ICOA. The chemistry of castor oil and its derivativies and their applications. Disponível em (acessado em 29/11/2005). OXFORD INSTRUMENTS. Instruction manual. England, p.

4 Tabela 1. Ácidos graxos do óleo da mamona em nove linhagens. Ácidos graxos LINHAGENS Coluna FFAP FFAP FFAP FFAP FFAP FFAP FFAP FFAP FFAP Preparação ME ME ME ME ME ME ME ME ME BOM SPECS % A Palmítico 0,8 0,7 0,9 0,8 0,9 0,8 0,8 0,9 0,9 1,5% máx. Esteárico 0,6 0,7 0,7 0,6 0,8 0,5 0,6 0,7 0,7 1,5% máx. Óléico 3,6 2,9 3,0 3,4 3,2 2,6 2,7 3,3 3,6 4,0% máx. Linoléico 4,0 3,4 4,3 3,9 4,0 4,0 4,1 3,9 4,3 6,0% mín. Linolênico 0,4 0,3 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5 0,4 0,4 1,0% máx. Araquídico 0,4 0,3 0,3 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2 0,4 1,0% máx. Ricinoléico 88,8 89,8 89,6 89,3 89,3 90,1 90,4 89,5 88,9 85% mín. Outros 1,4 1,8 0,8 1,2 1,1 1,2 0,7 1,0 0,8 1,5% máx. Recuperado , , % mín.

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