Taxalert. Receita Federal institui e regulamenta a Declaração País a País (PaP) Autores
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1 Taxalert Receita Federal institui e regulamenta a Declaração País a País (PaP) Autores Willem Bon Sócio de Impostos willem.bon@br.ey.com Ana Lúcia Marra Diretora executiva de Impostos analucia.marra@br.ey.com Aline Nunes Gerente sênior de Impostos aline.nunes@br.ey.com Gilda Daumichen Gerente sênior de Impostos gilda.daumichen@br.ey.com A primeira Declaração País a País será referente ao ano de e deverá ser apresentada pelos contribuintes abrangidos já em 2017, por meio da ECF. O descumprimento da nova obrigação está sujeito às mesmas penalidades aplicáveis à ECF. Sumário A Receita Federal do Brasil (RFB) publicou, em 29 de dezembro de, a Instrução Normativa nº 1681 (IN 1681/), que introduz no Brasil o chamado Country-by- 1 Country Reporting (CbCR) ou Declaração País a País (PaP), em português. A Declaração PaP está em linha com os compromissos assumidos pelo Brasil no âmbito do projeto BEPS, sigla em Inglês para Base Erosion and Profit Shifting (Erosão da Base Tributável e Transferência de Lucros). A Declaração PaP consiste num relatório anual por meio do qual grupos multinacionais deverão fornecer diversas informações e indicadores relacionados às suas atividades desenvolvidas nos vários países em que tiverem presença. Em princípio, o documento deverá ser compartilhado entre os países nos quais as entidades do grupo estão presentes, por meio de acordos para a troca automática de informações em matéria tributária, muito embora esse aspecto não seja tratado na IN 1681/. Contexto da introdução da Declaração PaP O projeto BEPS trata-se de uma iniciativa para o combate a medidas que resultem na erosão da base de cálculo de tributos sobre a renda, e na transferência de lucros entre países. Esse projeto contou com a participação dos países-membros da OCDE e dos países-membros do G-20, de modo que seu o resultado representa uma ampla coordenação internacional. 1. Até o momento a RFB não indicou que irá exigir a entrega de Master File nem de Local File.
2 Em 2015, foram aprovados os relatórios finais das 15 Ações do Projeto BEPS 2. Tais relatórios apresentam um pacote de medidas que variam desde o estabelecimento de padrões mínimos - a serem adotados de forma consistente por todos os países participantes do projeto - a revisões de padrões tributários existentes. Em particular, os padrões mínimos foram acordados para lidar com situações em que a omissão de alguns países possa gerar efeitos negativos para outros, incluindo impactos adversos na competitividade. Dentre os padrões mínimos se insere o Country-by-Country Report (Declaração País a País), conforme disposto no relatório da Ação 13, que estabeleceu um novo padrão de documentação a ser exigido dos grupos multinacionais para subsidiar, com informações a respeito de suas operações globais, as administrações tributárias dos países, em especial as áreas responsáveis pela fiscalização. A declaração também deve identificar as jurisdições nas quais os grupos multinacionais operam, indicando todas as entidades integrantes do grupo localizadas nessas jurisdições, incluindo estabelecimentos permanentes, e as atividades econômicas que desempenham. Forma e prazo de entrega da Declaração PaP Para as multinacionais brasileiras, a Declaração PaP será parte integrante da Escrituração Contábil Fiscal (ECF), no denominado Bloco W, de modo que o prazo aplicável a essa nova obrigação acessória será o mesmo previsto para a entrega da ECF. Via de regra, o prazo para entrega da ECF encerra-se no último dia útil do mês de Julho do ano seguinte ao ano-calendário de referência. Salvo qualquer alteração para 2017, o prazo de entrega da Declaração PaP no Brasil deve ser menor do que o aplicável em outros países que já implementaram a Declaração PaP. O período a ser reportado no Bloco W corresponde ao ano fiscal adotado pelo grupo, apesar de a ECF ter por referência o ano calendário. Principais regras da Declaração PaP Em linhas gerais, a IN 1681/ segue as diretrizes da OCDE para a Declaração PaP como, por exemplo, quanto às situações de dispensa e à obrigatoriedade, resumidas a seguir: Dispensa: grupos com receita global consolidada inferior a R$ 2,26 bilhões no 3 ano fiscal anterior ao ano fiscal de declaração ; Obrigatoriedade: grupos com receita global igual ou superior a R$ 2,26 bilhões no ano fiscal anterior ao ano fiscal de declaração, nas seguintes situações: 4 A controladora final de um grupo multinacional (Controladora Final) é residente fiscal no Brasil; Uma entidade do grupo multinacional é residente no Brasil, mas não é a própria controladora final, ocorrendo uma das situações abaixo: A controladora final não está obrigada a apresentar a Declaração PaP na jurisdição em que tem residência fiscal; 2. Para conhecer os relatórios do Projeto BEPS, consulte em: link OCDE. 3. Equivalente aos EUR 750 milhões conforme o relatório da Ação O controlador final de um grupo multinacional é aquela entidade que controla direta ou indiretamente uma ou mais entidades integrantes de modo que: a) seja obrigada a preparar demonstrações financeiras consolidadas sob princípios contábeis geralmente aceitos em sua jurisdição de residência para fins tributários; b) estaria sujeita a elaborar demonstrações financeiras consolidadas caso seu capital social fosse negociado publicamente (em bolsa de valores nacional ou estrangeira ou mercado de balcão, incluindo mercados locais e regionais) em sua jurisdição de residência para fins tributários; e c) não seja controlada direta ou indiretamente por outra entidade integrante conforme definido nas alíneas a e b.
3 A jurisdição em que a controladora final tem residência 2fiscal 5 possui acordo internacional com o Brasil mas não firmou o acordo de autoridades competentes 6 para fins de Delcaração PaP; Falha sistêmica na jurisdição em que a controladora final tem residência fiscal. Serão aceitos como entidades declarantes controladores finais de grupos multinacionais residentes no exterior em jurisdições que estejam em fase de implementação da Declaração PaP (como, por exemplo os Estados Unidos) e não exijam o documento em relação ao ano fiscal de declaração de, desde que essas entidades realizem a entrega voluntária da Declaração PaP às suas respectivas administrações tributárias e que certas condicões sejam atendidas. Adicionalmente, todas as entidades integrantes com residência fiscal no Brasil de um grupo multinacional devem informar à RFB a identidade e a residência da entidade que apresentará a Declaração PaP no exterior, sob pena de impedimento de entrega da ECF. Caso a entidade brasileira seja parte de grupo dispensado da Declaração PaP, deverá informar essa condição. Na Declaração PaP o grupo tem que informar dados agregados por jurisdição, na qual o grupo multinacional opera, relativos a: montantes de receitas totais e das obtidas de partes relacionadas e não relacionadas; lucro ou prejuízo antes do imposto sobre a renda; imposto sobre a renda pago; imposto sobre a renda devido; capital social; lucros acumulados; número de empregados, trabalhadores e demais colaboradores; e ativos tangíveis diversos de caixa e equivalentes de caixa. As informações de valores constantes da Declaração PaP deverão ser prestadas em uma única moeda, que deve ser a moeda do controlador final do grupo multinacional e considerando-se a totalidade das entidades integrantes, ou seja, independentemente da proporção de participação do controlador final do grupo multinacional em suas controladas. Ademais, a Declaração PaP exige a identificação de cada entidade integrante do grupo multinacional, mediante a indicação: da sua jurisdição de residência para fins tributários e, quando diferente desta, da jurisdição sob cujas leis a entidade integrante está estabelecida; e da natureza de suas principais atividades econômicas. As informações da entidade integrante controlada em conjunto e de suas controladas devem ser reportadas por um dos grupos multinacionais, conforme escolha dos investidores. 5. Qualquer acordo do qual o Brasil seja signatário que autorize a troca de informação tributária, incluindo intercâmbio automático, entre o País e outra jurisdição, ou outras jurisdições, como por exemplo a Convenção Multilateral para Assistência Administrativa Mútua em Assuntos Tributários, ratificada pelo Decreto 8.842/. 6. Acordo executivo em vigor firmado entre duas ou mais jurisdições que exija a troca automática de Declarações PaP entre tais jurisdições. O Brasil assinou recentemente o Acordo de Autoridades Competentes para a troca de Declarações PaP, firmado por outras 50 jurisdições até 7 de dezembro de. Esse acordo depende de algumas providências para produzir efeitos no Brasil.
4 Comentários Finais O descumprimento dessa nova obrigação acessória acarreta multas severas aplicáveis à ECF. Como exemplo, qualquer inexatidão, omissão ou incorreção na Declaração PaP está sujeita a multa de até 3% do valor das transações omitidas ou reportadas com inexatidão ou incorreção. Em complemento à IN 1681/, uma minuta do manual da ECF foi recentemente atualizada para incluir informações e definições complementares sobre o Bloco W. Com a publicação da IN 1681/, espera-se a publicação da versão final em breve. Por fim, as informações prestadas por meio do novo Bloco W serão passíveis de compartilhamento com outras jurisidições que, assim como o Brasil, são signatárias do acordo de autoridades competentes. Por meio deste acordo o Brasil se compromete a trocar informações, de modo automático, a partir de 2018.
5 Contatos Tatiana Ponte Sócia-líder de Tax Brasil - São Paulo tatiana.ponte@br.ey.com Sergio Fontenelle Sócio-líder de IndirectTax São Paulo sergio.fontenelle@br.ey.com Gil Mendes Sócio-líder de International Tax Services - São Paulo gil.f.mendes@br.ey.com Alexandre Hoeppers Sócio-líder de Global Compliance & Reporting São Paulo alexandre.hoeppers@br.ey.com Carlos Alberto Antonaglia Sócio-líder de Labor & Social Security Services carlos.a.antonaglia@br.ey.com Frederico H. God Sócio-líder de Business Tax Services - São Paulo frederico.h.god@br.ey.com Katherine S. Pinzón Sócia-líder de TransferPricing - São Paulo katherine.pinzon1@br.ey.com Orlando Veloci Sócio-líder de Transaction Tax - São Paulo orlando.veloci@br.ey.com Carlos Martins Sócio-líder de People Advisory Services Rio de Janeiro carlos.martins@br.ey.com Ronaldo Marsolla Sócio de Tax Campinas ronaldo.marsolla@br.ey.com Waine Peron Sócio de Tax - Belo Horizonte e Goiânia waine.peron@br.ey.com Ricardo Gomes Sócio de Tax - Rio de Janeiro ricardo.gomes@br.ey.com Maria do Carmo Leocadio Sócia de Tax Recife maria.c.leocadio@br.ey.com Bergson Pereira Sócio de Tax Fortaleza bergson.pereira@br.ey.com Evans de Siqueira Sócio de Tax Curitiba evans.siqueira@br.ey.com Andre Sancho Sócio de Tax Porto Alegre andre.sancho@br.ey.com Paulo Cesar Viana Diretor executivo de Tax Blumenau paulo.c.viana@br.ey.com Rogerio Bretas Diretor executivo de Tax Goiânia rogerio.bretas@br.ey.com Eduardo Pedrosa Gerente sênior executivo de Tax Salvador eduardo.pedrosa@br.ey.com
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