VISÃO DO TEXTO LITERÁRIO NA SALA DE AULA: UM JOGO DISCURSIVO
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- Thalita Laranjeira de Barros
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1 VISÃO DO TEXTO LITERÁRIO NA SALA DE AULA: UM JOGO DISCURSIVO *SANTOS, Maria de Lourdes Arruda dos. RESUMO: A literatura, em especial, tem o papel facilitador dos conhecimentos, afinal é através dela que muitas formas de manifestações culturais podem ser apresentadas, discutidas e incorporadas. Assim, ela pode ser considerada uma garantia de liberdade e garantia de existência cultural e política no país. Por ser tão importante e servir como base na variedade de situações de vida e circunstâncias comunicativas, a leitura não pode ser apenas uma mera habilidade de reconhecimento e de manipulação de códigos. Seguindo esses pressupostos, o presente artigo busca analisar e discutir como vem sendo trabalhado o texto literário na sala de aula, bem como veio a apresentar quais implicações da Literatura para o ensino, mais especificamente, o Ensino Fundamental, das escolas pesquisadas na sede da rede pública de Sobral. PALAVRAS-CHAVES: Literatura, texto literário, ensino, leitura. INTRODUÇÃO Atualmente a escolarização da leitura literária é um assunto debatido por muitos autores. Soares (1999), por exemplo é um dos autores que serve como apoio bibliográfico na discussão deste estudo. Desse modo, retomando ao assunto, a Literatura é vista como manifestação artística concretizada na articulação entre motivações políticas, históricas, sociais, econômicas, enfim, motivações diversas que envolvem o fazer estético, portanto, não pode ser compreendida como objeto isolado, sem as inferências do leitor, sem os conhecimentos das condições de produção/recepção em que foi produzido, e nem muito menos, sem as contribuições das diversas disciplinas que perpassam a ato da leitura literária. Portanto, baseado nesses pontos, propus uma discussão sobre as implicações da literatura no ensino, tendo em vista os resultados de uma pesquisa de campo realizado nas escolas da rede pública de Sobral. IMPLICAÇÕES DA LITERATURA PARA O ENSINO A literatura acumulou na sua história um patrimônio cultural, rico de gêneros e prática textual e discursivo. O imaginário humano, através da linguagem literária, criou fábulas, contos, poemas romances. Assim, segundo afirma Maia (2001, p. 26): A
2 literatura é uma experiência estética que não representa somente a realidade, mas a recria através da linguagem. Contudo, cabe a escola formar leitores que reconheçam a profundidade, as sutilezas e o sentido da linguagem literária. Pois sabemos que transformar alunos em leitores tem sido uma tarefa histórica das escolas e, para sua realização, são discutidas as inúmeras maneiras de se construir processos de mediação que possam tornar os alunos a fim de ler, e mais ainda, que as formem sujeitos, que antes de tudo reconheçam na literatura um patrimônio cultural da humanidade, à qual, como afirma Candido (2004) deve ser dado acesso por direito. Nessa perspectiva, Evangelista (2001) comenta que formar leitores é algo que requer condições favoráveis, não só me relação aos recursos materiais disponíveis, mas, principalmente, em relação ao uso que deles se faz nas práticas de leituras. Assim o autor aponta para o fato de que a leitura se realizará com mais perfeição, de acordo com a metodologia adotada pelo o mediador da sala, ou seja, o professor. No cumprimento dessa função, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) veio a propor que a escola trabalhe com a diversidade textual, dando oportunidade ao aluno de ter acesso a textos diferentes. É com base nessas considerações que os textos literários são sugeridos como parte dessa diversidade. Entretanto, observamos que neste nível de ensino, no caso, o Ensino Fundamental, a dimensão literária dos textos e a metodologia utilizada ocupam, ainda, um espaço tímido, principalmente, nesse nível escolar, o estudo literário não faz parte dos objetivos de sala de aula. O fato é, que a leitura como estudo de texto é mais praticada em aulas de outras disciplinas do que nas aulas de língua portuguesa. Deve-se lembrar que, principalmente em escolas públicas, a leitura é dada com o auxílio do livro didático. Pode-se, dessa forma, confirmar que a Literatura aplicada nesta fase, além de ser bastante precária (visto que se junta à gramática), é também deficiente quanto a estudos aprofundados. Essa deficiência acaba repercutindo em toda a vida do aluno, pois forma nele a ideia de que leitura é algo realmente chato. Nessa proporção aponta Magda Soares (1999): É inevitável que a literatura se escolarize ao se tornar um saber escolar, já que a escolarização é a essência da própria escola. Portanto segundo essa afirmação, é importante que se realize uma escolarização
3 adequada que preserve o literário. Continuando essa reflexão, Paulino (2000) insiste que Na leitura literária, o ficcional não pode ser negligenciado nem esquecido, uma vez que a narrativa ficcional funciona como a detonadora de um jogo de significações que excita o imaginário a participar de possibilidades da composição de outros mundos. (p.53) Pois, seguindo essas considerações, a leitura é um processo ativo onde o leitor faz um trabalho de construção e significação do texto, resultado de seus próprios conhecimentos sobre o assunto, sobre o autor, sobre a língua. A palavra chave dessa concepção de leitura é compreensão. É pois, com base nesses pressupostos que, passamos a descrever e analisar a pesquisa de campo que realizamos em 03 (três) escolas da educação básica de Sobral, as referidas são: CERE- Pref. José Euclides F. Gomes, Escola Rau Monte de Ensino Fundamental I e II e a escola CAIC- Raimundo Pimentel Gomes. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS A partir das informações coletadas por meio dos questionários respondidos por dez professores das escolas de Sobral-CE, percebemos que existe o reconhecimento da importância de trabalhar com os textos literários para desenvolver a leitura e a escrita, assim como propõe os PCN. Dos dez professores que responderam ao questionário 70% acham que o processo de leitura na sala de aula é deficitário; 30% consideram que a construção se dá sistematicamente. Chama a atenção o fato de alguns professores, na verdade 25%, acatarem que as dificuldades em trabalhar a literatura nesse nível de ensino, seja uma carência de processo político pedagógico sério. Cerca de 45% acham que as dificuldades se dá pela falta de metodologia inovadora do professor, e o restante disse basear-se na falta de capacidade do educador em estimular os alunos. Para facilitar a exposição dos dados obtidos do questionário sócio-escolar respondido pelos alunos, optamos por denominar as escolas como: escola 1 (E1) e escola 2 (E2). À
4 escola 1, compreende à estadual CERE, à escola 2, as turmas do ensino fundamenta das escolas Rau Monte e CAIC. As professoras, por sua vez, serão referidas como P.1 para a escola 1 e P.2 para as escolas 2, havendo, porém, nestas escolas, o total de dez professoras que contribuíram para a realização dessa pesquisa. Para os alunos, foram preparadas cinco questões referentes ao estudo de Literatura, leitura, interpretação e outras que envolvem a língua portuguesa, como se poderá verificar nos gráficos. As professoras, também, responderam a um questionário, com cinco perguntas sobre o tempo que lecionam na respectiva escola, como tem desenvolvido suas aulas,falar o objetivo de se trabalhar com os textos literários e se a literatura tem contribuído para despertar o interesse pela leitura, dentre outras. Conforme os questionários respondidos pelas professoras, todas são graduadas em Letras e todas ministram aulas nas respectivas escolas há mais de dois anos. Vale ressaltar que as turmas de Ensino Fundamental não possuem a disciplina específica de Literatura, há somente a disciplina Língua Portuguesa. Cabe ao professor a tarefa de escolher quais livros pretende trabalhar durante o ano letivo e quando trabalhar. Conforme indicam os gráficos 1 e 2, o estudo da gramática ocupa grande destaque nas aulas de língua portuguesa. Inicialmente pesquisamos a relação de professores ao utilizar os textos literários na sala de aula e compreendemos que as práticas utilizadas representavam um espaço restrito em seu cotidiano, do qual a literatura estava distante. Nos relatos dos docentes pesquisados, percebemos a literatura como objeto didatizado: no lugar da fruição do estético havia a presença do ensino da gramática. Desse modo, percebe-se que esse tipo de atividade escolar contribui assim para matar o gosto pela literatura, que fica reduzida aos chamados livros de colégio. (PAIVA, p.16) Da análise dos dados coletados, pudemos também observar que as bibliotecas se colocam como extensão da sala de aula continuando a reforçar as funções de leituras determinadas pela escola, porém, os alunos pouquíssimas vezes as visitam. Entre os diversos achados dessa pesquisa, preocupamo-nos ainda com defasagem observada entre o que a escola propõe e os interesses e as vivências das crianças e adolescentes. O contexto sociocultural do qual participam lhes tem oferecido novas formas de leituras significativas e prazerosas que parecem ser desconhecidas ou
5 ignoradas pela escola. Na conclusão da nossa pesquisa, percebemos que novos instrumentos culturais da contemporaneidade têm se tornado mediadores de outras formas de leitura escrita, destacando aí o computador e o uso da internet. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante desse problema é necessário ressaltar que a Literatura, de um modo geral, não está nem deve estar a serviços de conteúdos alheios à sua natureza, isto é, não nasceram para ser objeto de estudo e de análise gramatical. Porém, isso não significa dizer que os recursos gramaticais sejam elementos sem importância, pelo contrário, serão eles que irão subsidiariamente nos ajudar na leitura do texto, contribuindo para a formação do aluno-leitor. Portanto, seria altamente relevante para todos os cidadãos e altamente gratificante para o professor e aluno poderem conhecer, no final da trajetória escolar, que o trabalho da escola teve grande êxito, pois foram ensinadas e aprendidas lições de programas amplos, que recebam a valorização da sociedade letrada, como gosto pela literatura, a prática de leitura, bem como a análise plural e crítica, da produção oral e escrita de textos adequados e relevantes, e além, da simpatia indiscriminada pela condição variada e mútável das manifestações linguísticas. BIBLIOGRAFIA -PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Língua Portuguesa. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, MEC/SEF, MAIA, Angela Maria dos Santos. O texto poético: leitura na escola. Maceió: Edufal, EVANGELISTA, A. M. Algumas reflexões sobre a relação literatura/escola. 24ª Reunião Anual da ANPED, Caxambu: PAULINO, Graça. Letramento literário: cânones estéticos e cânones escolares. 23ª Reunião Anual da ANPED. Texto encomendado: GT 10- Alfabetização leitura e escrita. Texto eletrônico. Caxambu: ANPED, SOARES, Magda. A escolarização da literatura infantil e juvenil. In: Evangelista et al.
6 (org.). A escolarização da leitura literária- o jogo do livro infantil e juvenil. Belo Horizonte: Autêntica, 1999, p PAIVA, Aparecida. Literatura e Letramento: espaços, suportes e interfases- o jogo do livro- 1ª Ed. Belo Horizonte: Autêntica/CEALE/FaE/UFMG,2007.
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