Comentários sobre a queda da MP 808/2017

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1 Comentários sobre a queda da MP 808/2017 Professora Renata Berenguer PDF PDF VÍDEO

2 Introdução: Olá futuros servidores do Tribunal Regional do Trabalho, como estão os estudos? Tenho certeza que vocês estão se dedicando bastante, não é mesmo? Aqui é a Prof.ª Renata Berenguer, professora de Direito e Processo do Trabalho do Portal Ricardo Alexandre e, a partir de hoje, estarei com vocês na jornada para o TRT. Logo após a entrada em vigor da Lei /2017, foi publicada a Medida Provisória 808, de 14/11/2017. Pela MP foram feitas mudanças pontuais, em especial nos institutos recém-criados, como o trabalho intermitente, a representação dos empregados (comissão de entendimento direto), autônomo exclusivo etc. É um ajuste fino da reforma trabalhista. O problema foi que a MP perdeu a validade e todas as modificações propostas por ela também deixaram de existir. Hoje nós estudaremos todos os efeitos oriundos da queda da MP 808/2017. Então vamos ao trabalho? #PartiuTRT2018 Página 2 de 26

3 Iconográficos: Iremos agora mostrar alguns ícones gráficos que irão ilustrar a nossa apostila, no sentido de acompanhar o nosso assunto. Esses iconográficos irão aparecer sempre para demonstrar as seguintes ideias: CAI NA PROVA DESPENCA NA PROVA ESQUEMATIZOU ACORDE PEGADINHA ESSA CONFUNDE LISTA DE QUESTÕES COMPLEMENTO DO ALUNO ATENÇÃO INTERVALO QUESTÕES COMENTADAS GABARITO Com isso, desta forma, fica bem mais fácil para você usuário poder acompanhar e entender aquilo que o professor deseja lhe passar. Basta notar alguns desses ícones para saber aquilo que virá em seguida, em sua apostila. Boa Leitura! Página 3 de 26

4 Sumário: 1 VIGÊNCIA DA REFORMA TRABALHISTA X CONTRATOS DE TRABALHO VIGENTES TRABALHO INTERMITENTE Introdução Exclusão da previsão quanto à multa de 50% pelo não comparecimento Férias do empregado intermitente Quarentena Rescisão contratual Verbas rescisórias Remuneração mínima do empregado intermitente Prazo para pagamento da remuneração Período de inatividade x remuneração Rescisão contratual por não convocação Auxílio-doença Salário maternidade JORNADA 12 POR PRORROGAÇÃO EM JORNADA INSALUBRE AUTÔNOMO REMUNERAÇÃO Gratificação de função Ajuda de custo Prêmios Gorjetas GESTANTES E LACTANTES EM ATIVIDADES INSALUBRES DANOS MORAIS Ampliação dos bens jurídicos expressamente tutelados Base de cálculo para as indenizações Ofensa idêntica Parâmetros para fixação da indenização x morte do trabalhador REPRESENTAÇÃO DOS EMPREGADOS ANOTAÇÕES Página 4 de 26

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6 1 Vigência da Reforma Trabalhista x contratos de trabalho vigentes Para não deixar dúvidas quanto à aplicabilidade das regras constantes da reforma trabalhista (Lei /2017), logo no início da MP 808 deixou-se claro que todas as regras da Lei se aplicam para os contratos de trabalho vigentes, ainda que celebrados anteriormente ao início da sua vigência: MP 808, Art. 2º O disposto na Lei nº , de 13 de julho de 2017, se aplica, na integralidade, aos contratos de trabalho vigentes. Esta previsão foi encerrada com a queda da MP 808 e não existe artigo que substitua este dispositivo na Lei /2017. Em razão da queda da MP, a reforma trabalhista deixou de prevê as regras sobre a aplicabilidade da lei, a doutrina entende que existem duas teorias distintas quanto a aplicabilidade, são elas: Contratualista Adotada pela Anamatra: Entendem que a Lei não será aplicada aos contratos em vigor, que só será aplicada aos contratos firmados a partir da lei. Assim para essa corrente, os contratos em curso continuam a ser regidos pela lei revogada. Segundo o princípio do direito intertemporal de aplicação geral e imediata (Art do CC): A lei se aplicaria dali para frente, seja para novos contratos (para os empregados admitidos depois da lei), seja para os contratos vigentes, em relação aos fatos ocorridos a partir daí, protegidos os direitos adquiridos antes da vigência da lei. 2 Trabalho Intermitente 2.1 Introdução O trabalho intermitente foi regulamentado na Lei /2017. Na MP 808, por sua vez, vários foram os pontos modificados, solucionando algumas lacunas da previsão anterior, a exemplo da época de paga33mento da remuneração, cálculo rescisório, férias, licença-maternidade etc. Abaixo analisamos cada uma das mudanças empreendidas pela MP 808 e como fica após a sua queda. Página 6 de 26

7 2.2 Exclusão da previsão quanto à multa de 50% pelo não comparecimento A MP 808, previa que seria possível que a multa fosse estipulada, no contrato de trabalho, para reparação entre empregado e empregador, portanto, não havia mais a multa de 50% para todos os casos, vejamos: CLT, art. 452-B. É facultado às partes convencionar por meio do contrato de trabalho intermitente: IV - formato de reparação recíproca na hipótese de cancelamento de serviços previamente agendados nos termos dos 1º e 2º do art. 452-A. Esta previsão foi revogada com a queda da MP 808 Agora voltou a vigorar o disposto na Lei que, se o empregado intermitente aceitar a convocação do empregador e, posteriormente, ou o empregado ou o empregador desistir sem justo motivo, haverá uma multa de 50% da remuneração que seria devida: CLT, art. 452-A, 4º Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte que descumprir, sem justo motivo, pagará à outra parte, no prazo de trinta dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da remuneração que seria devida, permitida a compensação em igual prazo. 2.3 Férias do empregado intermitente A legislação já mencionava o direito do empregado intermitente a férias de um mês, cujo período o empregado não poderá ser convocado para prestar serviços pelo mesmo empregador. A MP tinha deixado claro que seria possível o fracionamento das férias do intermitente, nos mesmos termos do que ocorre para os demais empregados celetistas: CLT, art. 452-A, 10. O empregado, mediante prévio acordo com o empregador, poderá usufruir suas férias em até três períodos, nos termos dos 1º e 2º do art Página 7 de 26

8 Esta previsão foi revogada com a queda da MP 808, sobre férias permanece apenas o disposto no 9º do Art. 452-A, vejamos 9o A cada doze meses, o empregado adquire direito a usufruir, nos doze meses subsequentes, um mês de férias, período no qual não poderá ser convocado para prestar serviços pelo mesmo empregador. 2.4 Quarentena Objetivando minimizar as chances de as empresas dispensarem seus empregados em regime de trabalho não-intermitente para, em seguida, recontratá-los como intermitentes, a MP 808 tinha estabelecido uma quarentena de 18 meses (similar à existente quanto à terceirização Lei 6.019/1974). Por exemplo: Pedro é empregado por prazo indeterminado da empresa Algobom Ltda. Se Pedro é dispensado, ele somente poderia ser recontratado, enquanto empregado intermitente daquela mesma empresa, após o decurso de 18 meses. CLT, art. 452-G. Até 31 de dezembro de 2020, o empregado registrado por meio de contrato de trabalho por prazo indeterminado demitido não poderá prestar serviços para o mesmo empregador por meio de contrato de trabalho intermitente pelo prazo de dezoito meses, contado da data da demissão do empregado. Reparem, por fim, que esta quarentena tem data para acabar: 31/12/2020. Esta previsão foi encerrada com a queda da MP 808 e não existe artigo que substitua este dispositivo na Lei / Rescisão contratual A MP 808 tinha regulamentado a rescisão por acordo ao empregado intermitente. Não sendo caso de dispensa por justa causa (CLT, art. 482) ou de rescisão indireta (art. 483), o empregado intermitente, ao ter seu contrato de trabalho extinto, receberá verbas muita parecidas com aquelas previstas na rescisão por acordo (CLT, art. 484-A): Página 8 de 26

9 CLT, art. 452-E. Ressalvadas as hipóteses a que se referem os art. 482 [justa causa] e art. 483 [rescisão indireta], na hipótese de extinção do contrato de trabalho intermitente serão devidas as seguintes verbas rescisórias: I pela metade: a) o aviso prévio indenizado, calculado conforme o art F; e b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, prevista no 1º do art. 18 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990; e II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas. Além disso, assim como na rescisão por acordo, nessa hipótese rescisória, o trabalhador intermitente não faz jus ao Seguro-Desemprego, mas pode sacar até 80% dos valores de FGTS: CLT, art. 452-E, 1º A extinção de contrato de trabalho intermitente permite a movimentação da conta vinculada do trabalhador no FGTS na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei nº 8.036, de 1990, limitada a até oitenta por cento do valor dos depósitos. 2º A extinção do contrato de trabalho intermitente a que se refere este artigo não autoriza o ingresso no Programa de Seguro- Desemprego. Esta previsão foi encerrada com a queda da MP 808 e não existe artigo que substitua este dispositivo na Lei /2017, a lei dispõe apenas que: CLT. 452-A 6o Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas: I - remuneração; II - férias proporcionais com acréscimo de um terço; III - décimo terceiro salário proporcional; IV - repouso semanal remunerado; e V - adicionais legais. 7o O recibo de pagamento deverá conter a discriminação dos valores pagos relativos a cada uma das parcelas referidas no 6o deste artigo. 2.6 Verbas rescisórias Página 9 de 26

10 Para o cálculo das verbas rescisórias do empregado intermitente, deveria ser calculada uma média dos valores recebidos. Esta média toma por base os últimos 12 meses, ou, sendo o contrato mais recente do que isso, o próprio período de vigência do contrato de trabalho: CLT, art. 452-F. As verbas rescisórias e o aviso prévio serão calculados com base na média dos valores recebidos pelo empregado no curso do contrato de trabalho intermitente. 1º No cálculo da média a que se refere o caput, serão considerados apenas os meses durante os quais o empregado tenha recebido parcelas remuneratórias no intervalo dos últimos doze meses ou o período de vigência do contrato de trabalho intermitente, se este for inferior. Além disso, o aviso prévio do empregado intermitente deveria, segunda a MP, ser necessariamente indenizado: CLT, art. 452-F, 2º O aviso prévio será necessariamente indenizado, nos termos dos 1º e 2º do art Estas duas alterações foram encerradas com a queda da MP 808 e não existe artigo que substitua este dispositivo na Lei / Remuneração mínima do empregado intermitente A MP tinha deixado mais clara a regulamentação sobre os limites mínimos à remuneração do empregado intermitente, eram dois: valor horário ou diário do salário mínimo E remuneração dos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função Reparem que eram dois limites cumulativos. Além de se vedar o pagamento de salário proporcionalmente inferior ao valor do salário mínimo (até em decorrência de regra constitucional), a remuneração do empregado intermitente não poderia ser inferior à dos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função: Página 10 de 26

11 CLT, art. 452-A, II - valor da hora ou do dia de trabalho, que não poderá ser inferior ao valor horário ou diário do salário mínimo, assegurada a remuneração do trabalho noturno superior à do diurno e observado o disposto no 12; e (..) CLT, art. 452-F, 12. O valor previsto no inciso II do caput não será inferior àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função. Com a queda da MP voltou a valer o disposto no caput do Art. 452-A, que também estabelece dois critérios mas não existe a cumulação dos dois, vejamos: Art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo ou àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ou não. 2.8 Prazo para pagamento da remuneração A MP 808 preenchia uma lacuna existente quanto ao prazo para pagamento da remuneração nas convocações para períodos superiores a 01 (um) mês: CLT, art. 452-F, 11. Na hipótese de o período de convocação exceder um mês, o pagamento das parcelas a que se referem o 6º não poderá ser estipulado por período superior a um mês, contado a partir do primeiro dia do período de prestação de serviço. Reparem que não se trata de pagamento até o 5º dia útil do mês subsequente ao vencido (como ocorre para os empregados em geral2), mas da contagem do prazo de 1 mês, a partir do primeiro dia de trabalho. Exemplo: o empregado é convocado para trabalhar por 3 meses e começa a prestar serviços no dia 20/fevereiro. Neste caso, a data para pagamento da remuneração poderia ser estipulada, no máximo, até dia 20 de cada mês. Dessa forma, para efetuar o pagamento relativo ao primeiro período de trabalho, o empregador teria, no máximo, até o dia 20/março. Mas esta era a data limite para pagamento. Dentro deste limite, cada contrato deverá prever o prazo para pagamento da remuneração: Página 11 de 26

12 CLT, art. 452-A, O contrato de trabalho intermitente será celebrado por escrito e registrado na CTPS, ainda que previsto acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva, e conterá: (..) III - o local e o prazo para o pagamento da remuneração. Esta previsão foi encerrada com a queda da MP 808 e não existe artigo que substitua este dispositivo na Lei /2017, a lei dispõe apenas que: Art. 452-A 6o Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas: 2.9 Período de inatividade x remuneração A MP tinha revogado do 5º do art. 452-A, que havia sido incluído pela Lei , e inserido uma previsão análoga no art. 452-C, 2º. A diferença básica diz respeito à previsão de que, havendo remuneração pelo período de inatividade, fica descaracterizado o regime intermitente, segue o dispositivo revogado: CLT, art. 452-C, 2º No contrato de trabalho intermitente, o período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador e não será remunerado, hipótese em que restará descaracterizado o contrato de trabalho intermitente caso haja remuneração por tempo à disposição no período de inatividade. Com a queda da MP, volta a valer o disposto no 5º do Art A, vejamos: CLT, art. 452-A, 5º O período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador, podendo o trabalhador prestar serviços a outros contratantes Rescisão contratual por não convocação Página 12 de 26

13 A MP tinha criado uma hipótese de rescisão do contrato intermitente motivada pela não convocação do empregado: CLT, art. 452-D. Decorrido o prazo de um ano sem qualquer convocação do empregado pelo empregador, contado a partir da data da celebração do contrato, da última convocação ou do último dia de prestação de serviços, o que for mais recente, será considerado rescindido de pleno direito o contrato de trabalho intermitente. O prazo era de um ano, contado dos marcos abaixo (o que for mais recente): último dia de prestação de serviços; última convocação (aplicada quando o empregado não atendeu à última convocação); data da celebração do contrato (aplicada quando o empregado nunca foi convocado). Esta previsão foi encerrada com a queda da MP 808 e não existe artigo que substitua este dispositivo na Lei / Auxílio-doença Segundo a MP, para os empregados intermitentes, o início da percepção do auxílio doença (e por conseguinte da suspensão do contrato de trabalho) se dá na data do próprio afastamento, diferenciando-se dos empregados em geral, a qual ocorre após 15 dias: CLT, art. 452-A, 13. Para os fins do disposto neste artigo, o auxíliodoença será devido ao segurado da Previdência Social a partir da data do início da incapacidade, vedada a aplicação do disposto 3º do art. 60 da Lei nº 8.213, de Esta previsão foi encerrada com a queda da MP 808 e não existe artigo que substitua este dispositivo na Lei / Salário maternidade Em geral, para os demais empregados celetistas, o empregador efetua o pagamento do salário-maternidade à empregada e depois se ressarce junto ao INSS, por meio de compensação. Para a empregada intermitente, por outro lado, a MP 808 fixava uma forma diferenciada de se operacionalizar o pagamento do salário-maternidade, que Página 13 de 26

14 deveria ser feito diretamente pela Previdência Social. Ou seja, no caso da empregada intermitente, quem pagaria o adicional não era o empregador, mas o próprio INSS: CLT, art. 452-A, 14. O salário maternidade será pago diretamente pela Previdência Social, nos termos do disposto no 3º do art. 72 da Lei nº 8.213, de Esta previsão foi encerrada com a queda da MP 808 e não existe artigo que substitua este dispositivo na Lei / Jornada 12 por 36 Com a regulamentação da MP 808, empregador e trabalhador podia estabelecer a jornada de 12 horas de trabalho com 36 de descanso apenas por meio de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, aproximando- se mais do que vinha entendendo o TST, por meio da SUM-444. O acordo individual por escrito ficava restrito aos profissionais e empresas do setor de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem etc). Com o encerramento da MP 808, volta a ser possível, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso mediante de acordo individual escrito. Vejam abaixo como ficou a redação do art. 59-A da CLT: Lei /2017 MP 808 Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 e em leis específicas, é facultado às partes, por meio de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. Página 14 de 26

15 Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput deste artigo abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o 5º do art. 73 desta Consolidação. 1º A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o 5º do art º É facultado às entidades atuantes no setor de saúde estabelecer, por meio de acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. 4 Prorrogação em jornada Insalubre Como regra geral, o art. 60 da CLT exige inspeção e licença prévia do Ministério do Trabalho para prorrogação de jornada em atividades insalubres: CLT, art Nas atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos quadros mencionados no capítulo "Da Segurança e da Medicina do Trabalho", ou que neles venham a ser incluídas por ato do Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, quaisquer prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho, as quais, para esse efeito, procederão aos necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho, quer diretamente, quer por intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em entendimento para tal fim. Parágrafo único: Excetuam-se da exigência de licença prévia as jornadas de doze horas de trabalho por trinta e seis horas ininterruptas de descanso (incluído pela Lei 13.67/2017). Por outro lado, com a Lei /2017, a CLT passou a possibilitar que negociação coletiva dispense autorização prévia para prorrogação de jornada em atividades insalubres, salvo no exercicio de jornada 12x36, que poderá ser realizado mediante mero acordo individual. Página 15 de 26

16 Reforçando a importância das regras de Segurança e Saúde do Trabalho, a MP 808 exigia que, mesmo dispensando a inspeção prévia do MTE por meio de ACT/CCT, deveriam ser seguidas integralmente as regras de SST previstas em lei ou nas Normas Regulamentadoras (NR) do MTE. A regra menciona, ainda, mencionava a possibilidade de contratação de perícia. Com o encerramento da MP, para enquadramento do grau de insalubridade por intérmedio de norma coletiva, não há qualquer critério previsto em lei que deva ser observado, vejamos: Lei /2017 MP 808 XII enquadramento do grau de XII - enquadramento do grau de insalubridade; insalubridade e prorrogação de jornada em locais insalubres, incluída a possibilidade de contratação de perícia, afastada a licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho, desde que respeitadas, na integralidade, as normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho; XIII prorrogação de XIII - (revogado); jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridadescompetentes do Ministério do Trabalho; 5 Autônomo A Lei trouxe a figura do trabalhador autônomo exclusivo, que pode prestar serviços a um único empregador de forma contínua, tendo afastada a caracterização do vínculo empregatício. Página 16 de 26

17 A MP 808, por sua vez, vedava a cláusula de exclusividade em um contrato de autônomo, mas com o seu encerramento, volta a valer a figura do trabalhador autônomo exclusivo. Lei /2017 Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação. MP 808 Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação. 1º É vedada a celebração de cláusula de exclusividade no contrato previsto no caput. 2º Não caracteriza a qualidade de empregado prevista no art. 3º o fato de o autônomo prestar serviços a apenas um tomador de serviços. 3º O autônomo poderá prestar serviços de qualquer natureza a outros tomadores de serviços que exerçam ou não a mesma atividade econômica, sob qualquer modalidade de contrato de trabalho, inclusive como autônomo. 4º Fica garantida ao autônomo a possibilidade de recusa de realizar atividade demandada pelo contratante, garantida a aplicação de cláusula de penalidade prevista em contrato. 5º Motoristas, representantes comerciais, corretores de imóveis, parceiros, e trabalhadores de outras categorias profissionais reguladas por leis específicas relacionadas a atividades compatíveis com o contrato autônomo, desde que cumpridos os requisitos do caput, não possuirão a qualidade de empregado prevista o art. 3º. 6º Presente a subordinação jurídica, será reconhecido o vínculo empregatício. 7º O disposto no caput se aplica ao autônomo, ainda que exerça atividade relacionada ao negócio da empresa contratante. Página 17 de 26

18 Reforço, todavia, que, para que tal contratação se dê legalmente, é necessário que realmente inexista subordinação em relação ao tomador dos serviços. Assim, caberá à Justiça do Trabalho avaliar, nos casos que lhe forem submetidos, a efetiva inexistência da subordinação nessas relações de emprego, ante o princípio da primazia da realidade. 6 Remuneração A parte da CLT referente ao salário e à remuneração foi significativamente alterada pela Lei /2017. Com a MP 808, tinham sido alterados, basicamente, quatro aspectos: gratificação de função, ajuda de custo, prêmios e gorjetas. 1.1 Gratificação de função A gratificação de função tinha sido expressamente prevista como parte integrante do complexo salarial, ao lado das gratificações legais Lei /2017 MP 808 CLT, art. 457, 1º Integram o salário a CLT, art. 457, 1º Integram o salário a importância fixa estipulada, as importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões gratificações legais e de função e as pagas pelo empregador. comissões pagas pelo empregador. Resumindo tais parcelas, temos o seguinte mapa: Página 18 de 26

19 1.2 Ajuda de custo A MP tinha inserido um limite máximo para pagamento da ajuda de custo. Para não ter repercussão remuneratória, a ajuda ficava limitada a 50% da remuneração mensal. Este era um mecanismo de se evitar o pagamento da ajuda de custo como mero artifício para mascarar o pagamento de parcela nitidamente contra prestativa. Com o encerramento da MP, a ajuda de custo, independente do percentual, não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário, Veja como foi a alteração: Lei /2017 MP 808 CLT, art. 457, 2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. CLT, art. 457, 2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, limitadas a cinquenta por cento da remuneração mensal, o auxílio- alimentação, vedado o seu pagamento em dinheiro, as diárias para viagem e os prêmios não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de encargo trabalhista e previdenciário. 1.3 Prêmios A Lei alterou a redação do 4º do art. 457 da CLT, passando a definir os prêmios como liberalidades concedidas pelo empregador em decorrência de bom desempenho do empregado. Exemplo: o empregador estipula que, se a equipe de empregados alcançar determinada meta de vendas, todos receberão o prêmio de R$ 5.000,00. Este valor, caso seja pago aos empregados, não terá natureza salarial. Na sequência, a MP 808 tinha redefinido os prêmios, limitado o pagamento dos prêmios (02) vezes ao ano, e possibilitado expressamente seu pagamento a terceiros não empregados. Dentro deste limite, segundo a CLT, tal verba não possuiria natureza remuneratória. Veja abaixo como foi a alteração: Lei /2017 MP 808 CLT, art. 457, 4º Consideram-se prêmios CLT, art. 457, 22. Consideram- Página 19 de 26

20 se as liberalidades concedidas pelo prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços empregador, até duas vezes ao ano, em ou valor em dinheiro a empregado ou a forma de bens, serviços ou valor em grupo de empregados, em razão de dinheiro, a empregado, grupo de desempenho superior ao ordinariamente empregados ou terceiros vinculados à esperado no exercício de suas atividades. sua atividade econômica em razão de (NR) desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades. Reunindo estas duas verbas com as demais parcelas não remuneratórias, temos o seguinte quadro: 1.4 Gorjetas A MP tinha praticamente repetido a regulamentação da gorjeta que constava da Lei , de março de 2017 ( Lei da Gorjeta ), nos 12 a 21 do art. 457 da CLT. A diferença que foi notada é que não houve restrição das regras dos 12 a 21 ao setor de bares, restaurantes, hotéis, motéis e estabelecimentos similares, como havia na Lei da Gorjeta. Com o encerramento da MP, retornou a revogação de todas as alterações realizadas pela Lei de Gorjeta e sobre o tema o Art. 457, dispõe apenas que: Página 20 de 26

21 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados. 7 Gestantes e Lactantes em atividades insalubres A MP 808 tinha redefinido, mais uma vez, as regras quanto à permanência de gestantes e lactantes em atividades insalubres. Gestantes seriam automaticamente afastadas do trabalho em locais com qualquer grau de insalubridade, excluído o pagamento de adicional de insalubridade, permitindo tão somente em grau médio e minímo, caso houvesse autorização médica. No caso das lactantes, a mudança trazida pela MP tinha sido pontual, apenas deixava mais clara a regra que deveria trabalhar em qualquer grau de insalubridade, salvo se o médico da lactante recomendar seu afastamento da atividade ou operação insalubre. Segue abaixo uma comparação com o regramento anterior: Lei /2017 CLT, art. 394-A. Sem prejuízo de sua remuneração, nesta incluído o valor do adicional de insalubridade, a empregada deverá ser afastada de: I atividades consideradas insalubres em grau máximo, enquanto durar a gestação; II atividades consideradas insalubres em grau médio ou mínimo, quando apresentar atestado de saúde, emitido por médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento durante a gestação; III atividades consideradas insalubres em qualquer grau, quando apresentar atestado de saúde, emitido por médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento durante a lactação. 1º MP 808 CLT, art. 394-A. A empregada gestante será afastada, enquanto durar a gestação, de quaisquer atividades, operações ou locais insalubres e exercerá suas atividades em local salubre, excluído, nesse caso, o pagamento de adicional de insalubridade. I - (revogado); II - (revogado); III - (revogado); Página 21 de 26

22 º Cabe à empresa pagar o adicional de insalubridade à gestante ou à lactante, efetivando-se a compensação, observado o disposto no art. 248 da Constituição Federal, por ocasião do recolhimento das contribuições incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço. 3 o Quando não for possível que a gestante ou a lactante afastada nos termos do caput deste artigo exerça suas atividades em local salubre na empresa, a hipótese será considerada como gravidez de risco e ensejará a percepção de salário-maternidade, nos termos da Lei n o 8.213, de 24 de julho de 1991, durante todo o período de afastamento 2º O exercício de atividades e operações insalubres em grau médio ou mínimo, pela gestante, somente será permitido quando ela, voluntariamente, apresentar atestado de saúde, emitido por médico de sua confiança, do sistema privado ou público de saúde, que autorize a sua permanência no exercício de suas atividades. 3º A empregada lactante será afastada de atividades e operações consideradas insalubres em qualquer grau quando apresentar atestado de saúde emitido por médico de sua confiança, do sistema privado ou público de saúde, que recomende o afastamento durante a lactação. 8 Danos morais Por meio da Lei , a CLT passou a regulamentar o dano extrapatrimonial, os chamados danos morais. Com a MP 808, tinha tido duas alterações significativas: ampliação dos bens jurídicos expressamente tutelados e alteração da base de cálculo para as indenizações. 8.1 Ampliação dos bens jurídicos expressamente tutelados A Lei /2017 tentou estabelecer de forma taxativa, quais bens jurídicos são tutelados ao empregado e quais seriam tutelados às empresas (CLT, arts. 223 C e 223 D da CLT). Com a MP 808, ofensas à etnia, idade, nacionalidade, orientação sexual e gênero passaram fazer parte da lista de danos que podem ensejar pedidos de indenizações extrapatrimoniais. Veja abaixo como foi a alteração: Lei /2017 MP 808 Art. 223-C. A honra, a imagem, a CLT, art. 223-C. A etnia, a idade, a Página 22 de 26

23 intimidade, a liberdade de ação, a nacionalidade, a honra, a imagem, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer intimidade, a liberdade de ação, a e a integridade física são os bens autoestima, o gênero, a orientação juridicamente tutelados inerentes à pessoa sexual, a saúde, o lazer e a integridade física. física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa natural. Vejamos em tabela os bens jurídicos tutelados segundo a CLT: Pessoa física (empregado) honra imagem intimidade liberdade de ação autoestima saúde lazer integridade física Pessoa jurídica imagem marca nome segredo empresarial sigilo da correspondência 8.2 Base de cálculo para as indenizações Com a MP os valores para indenização por dano moral trabalhista passaram a ser calculados tomando por base o teto dos benefícios da Previdência Social, com a queda da MP, voltam a valer a base por último salário contratual do ofendido. Veja abaixo como foi a alteração: Lei /2017 MP 808 CLT, art. 223-G, 1º Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: I ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido; CLT, art. 223-G, 1º Ao julgar procedente o pedido, o juízo fixará a reparação a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: I - para ofensa de natureza leve - até três vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social; Página 23 de 26

24 II ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido; ensa de natureza grave, até vinte vezes o salário contratual do ofendido; IV ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido. II - para ofensa de natureza média - até cinco vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social; III - para ofensa de natureza grave - até vinte vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social; ou IV - para ofensa de natureza gravíssima - até cinquenta vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. 8.3 Ofensa idêntica A MP 808 tinha definido, de forma restritiva, o que se considera ofensa idêntica: CLT, art. 223-G, 4º Para fins do disposto no 3º, a reincidência ocorrerá se ofensa idêntica ocorrer no prazo de até dois anos, contado do trânsito em julgado da decisão condenatória. Com a queda da MP a lei deixou de estabelecer o conceito de reincidência, passando apenas a dispor que: 3o Na reincidência entre partes idênticas, o juízo poderá elevar ao dobro o valor da indenização. 8.4 Parâmetros para fixação da indenização x morte do trabalhador A MP tinha excluído o tabelamento dos valores de indenização por danos morais os casos envolvendo morte do trabalhador: CLT, art. 223-G, 5º Os parâmetros estabelecidos no 1º não se aplicam aos danos extrapatrimoniais decorrentes de morte. Com a queda da MP a lei deixou de restringir, consequentemente passou a admitir os mesmos parâmetros para os casos de danos extrapatrimoniais decorrentes de morte. Página 24 de 26

25 9 Representação dos empregados A Lei /2017 regulamentou o art. 11 da CF4, que prevê a OLT Organização Local dos Trabalhadores. A MP 808 surgiu para deixar claro que a comissão de empregados não substitui a função dos sindicatos na defesa dos interesses da categoria, nem mesmo na celebração de acordos e convenções coletivas de trabalho: CLT, art. 510-E. A comissão de representantes dos empregados não substituirá a função do sindicato de defender os direitos e os interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas, hipótese em que será obrigatória a participação dos sindicatos em negociações coletivas de trabalho, nos termos do incisos III e VI do caput do art. 8º da Constituição. Este mesmo fundamento ensejou a alteração do caput do art. 611-A, da seguinte forma: Lei /2017 MP 808 Art. 611-A. A convenção coletiva e o CLT, art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência acordo coletivo de trabalho, observados os sobre a lei quando, entre outros, incisos III e VI do caput do art. 8º da dispuserem sobre: Constituição, têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: 10 Anotações COMPLEMENTO DO ALUNO Página 25 de 26

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