Superior Tribunal de Justiça

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1 RELATOR AGRAVANTE AGRAVADO ADVOGADO AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº PE (2015/ ) : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES : INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA : AGROPECUÁRIA BRITO IRMÃOS S/A : JONAS CELSO CAVALCANTI DE BRITO E OUTRO(S) EMENTA ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DESAPROPRIAÇÃO. INTERESSE SOCIAL. REFORMA AGRÁRIA. DESIMPORTÂNCIA. IMPRODUTIVIDADE DO IMÓVEL. CABIMENTO. JUROS COMPENSATÓRIOS. RESP /PI. JURISPRUDÊNCIA. STJ. STF. INEXISTÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. EXCEÇÃO. PRETENSÃO RECURSAL MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. COMINAÇÃO. MULTA. 1. O único capítulo decisório impugnado pelo INCRA nesta via regimental trata do cabimento de juros compensatórios em ação de desapropriação, por interesse social, para fins de reforma agrária, quando o imóvel for improdutivo, aduzindo, para tanto, que o art. 404, parágrafo único, do Código Civil de 2002, consigna texto legal em sentido proibitivo a isso e que deve ser considerado na espécie porque norma legal superveniente ao art. 15-A do Decreto-Lei 3.365/ Essa tese, contudo, em nenhum momento foi aduzida pela autarquia na petição do recurso especial, que nesse ponto prendia-se unicamente ao descabimento dos juros compensatórios em razão do caráter deficiente ou irregular da atividade agrária cuja ilicitude desobrigava o Estado a pagar lucros cessantes ao proprietário. 3. Desse modo, é impassível de conhecimento o regimental ante a preclusão consumativa do direito de recorrer impossibilitar a dedução de novas razões. 4. Pesa considerar, por outro lado, que a jurisprudência remansosa tanto do Supremo Tribunal Federal quanto deste Superior Tribunal de Justiça é no sentido da desimportância da improdutividade do imóvel desapropriado para o efeito de autorizar a incidência do referido acessório, ressaltada a hipótese de a propriedade mostrar-se impassível de qualquer espécie de exploração econômica, atual ou futura, em decorrência de limitações legais ou da situação geográfica ou topográfica do local onde se situa (REsp /PI, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 26/05/2010, DJe 10/09/2010, submetido ao regime do art. 543-C do CPC). 5. Assim, sem embargo de o agravo regimental não ser cognoscível, a pretensão recursal do INCRA volta-se contra jurisprudência sedimentada nesta Corte Superior no julgamento do REsp /PI pelo regime do art. 543-C do CPC, o que autoriza, também por nossa jurisprudência, a cominação de reprimenda processual, exacerbada ante a circunstância de tratar-se de recurso protelatório de demanda instaurada há quase onze anos. 6. Agravo regimental não conhecido, com a cominação de multa de meio por cento sobre o valor corrigido da causa, na forma do art. 557, 2.º, do CPC. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas, Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 10/06/2015 Página 1 de 8

2 acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado de julgamento: "A Turma, por unanimidade, não conheceu do agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." A Sra. Ministra Assusete Magalhães, os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin e Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques. Brasília (DF), 02 de junho de MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 10/06/2015 Página 2 de 8

3 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº PE (2015/ ) RELATOR AGRAVANTE AGRAVADO ADVOGADO : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES : INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA : AGROPECUÁRIA BRITO IRMÃOS S/A : JONAS CELSO CAVALCANTI DE BRITO E OUTRO(S) RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator): O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA interpôs agravo regimental contra a decisão monocrática assim ementada: ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DESAPROPRIAÇÃO. INTERESSE SOCIAL. REFORMA AGRÁRIA. ARBITRAMENTO. INDENIZAÇÃO. CONTEMPORANEIDADE. LAUDO JUDICIAL. CABIMENTO. JUROS COMPENSATÓRIOS. CORREÇÃO MONETÁRIA. TDA. VIOLAÇÃO. NORMAS FEDERAIS. CARÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL INATACADA. SÚMULA 283/STF. CABIMENTO. JUROS COMPENSATÓRIOS. EXPROPRIAÇÃO. IMÓVEL IMPRODUTIVO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO /PI. RECURSO ESPECIAL AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. A impugnação da autarquia dirige-se apenas contra a aplicação do entendimento sufragado no REsp /PI quanto ao cabimento de juros compensatórios em se tratando de desapropriação, por interesse social, para fins de reforma agrária, tendo em vista que o citado precedente não considerou a norma esculpida no art. 404, parágrafo único, do Código Civil de É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 10/06/2015 Página 3 de 8

4 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº PE (2015/ ) EMENTA ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DESAPROPRIAÇÃO. INTERESSE SOCIAL. REFORMA AGRÁRIA. DESIMPORTÂNCIA. IMPRODUTIVIDADE DO IMÓVEL. CABIMENTO. JUROS COMPENSATÓRIOS. RESP /PI. JURISPRUDÊNCIA. STJ. STF. INEXISTÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. EXCEÇÃO. PRETENSÃO RECURSAL MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. COMINAÇÃO. MULTA. 1. O único capítulo decisório impugnado pelo INCRA nesta via regimental trata do cabimento de juros compensatórios em ação de desapropriação, por interesse social, para fins de reforma agrária, quando o imóvel for improdutivo, aduzindo, para tanto, que o art. 404, parágrafo único, do Código Civil de 2002, consigna texto legal em sentido proibitivo a isso e que deve ser considerado na espécie porque norma legal superveniente ao art. 15-A do Decreto-Lei 3.365/ Essa tese, contudo, em nenhum momento foi aduzida pela autarquia na petição do recurso especial, que nesse ponto prendia-se unicamente ao descabimento dos juros compensatórios em razão do caráter deficiente ou irregular da atividade agrária cuja ilicitude desobrigava o Estado a pagar lucros cessantes ao proprietário. 3. Desse modo, é impassível de conhecimento o regimental ante a preclusão consumativa do direito de recorrer impossibilitar a dedução de novas razões. 4. Pesa considerar, por outro lado, que a jurisprudência remansosa tanto do Supremo Tribunal Federal quanto deste Superior Tribunal de Justiça é no sentido da desimportância da improdutividade do imóvel desapropriado para o efeito de autorizar a incidência do referido acessório, ressaltada a hipótese de a propriedade mostrar-se impassível de qualquer espécie de exploração econômica, atual ou futura, em decorrência de limitações legais ou da situação geográfica ou topográfica do local onde se situa (REsp /PI, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 26/05/2010, DJe 10/09/2010, submetido ao regime do art. 543-C do CPC). 5. Assim, sem embargo de o agravo regimental não ser cognoscível, a pretensão recursal do INCRA volta-se contra jurisprudência sedimentada nesta Corte Superior no julgamento do REsp /PI pelo regime do art. 543-C do CPC, o que autoriza, também por nossa jurisprudência, a cominação de reprimenda processual, exacerbada ante a circunstância de tratar-se de recurso protelatório de demanda instaurada há quase onze anos. 6. Agravo regimental não conhecido, com a cominação de multa de meio por cento sobre o valor corrigido da causa, na forma do art. 557, 2.º, do CPC. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator): As razões do agravo regimental são manifestamente improcedentes. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 10/06/2015 Página 4 de 8

5 O INCRA impugna apenas parcialmente a decisão monocrática que negou seguimento ao seu recurso especial, buscando, em suma, reformar o acórdão da origem quanto ao capítulo que reconheceu incidirem juros compensatórios na presente hipótese, qual seja, de desapropriação, por interesse social, para fins de reforma agrária. Para tanto, a autarquia prende-se à tese de que o REsp /PI, relator o Em. Ministro Castro Meira, tratou dessa temática sob o enfoque normativo da Medida Provisória 1.577/1997 e do art. 15-A, 1.º e 2.º, do Decreto-Lei 3.365/1941, mas não levou em consideração o que dispõe o art. 404, parágrafo único, do Código Civil de 2002, daí entender não ser possível a incidência de juros compensatórios em hipóteses semelhantes à presente. A tese, contudo, assenta-se em razões manifestamente improcedentes e que sequer podem ser examinadas na presente impugnação. Com efeito, o que pretende o INCRA é reinaugurar uma discussão judicial absolutamente pacificada tanto na jurisprudência deste Tribunal Superior, quanto na do Supremo Tribunal Federal, de onde partiu, aliás, a interpretação que conduziu o Em. Relator do citado precedente e a maioria da Primeira Seção vencido em parte apenas o Em. Ministro Herman Benjamin a chancelarem, com os efeitos do art. 543-C do CPC, o indigitado entendimento. Essa tentativa de reinauguração parte de uma premissa absolutamente equivocada, que é a aplicação do art. 404, parágrafo único, do Código Civil de 2002, em detrimento da legislação específica sobre a matéria, para tanto aduzindo que se trata de norma legal posterior à do art. 15-A do Decreto-Lei 3.365/1941. O equívoco é perceptível de plano primeiramente porque essa tese não foi aduzida por si na petição do recurso especial, ou seja, o INCRA em nenhum momento invocou em sua defesa a operatividade da codificação civil no lugar do decreto-lei em razão de antinomia aparente a resolver-se pelo critério cronológico, apenas e tão-somente afirmando o descabimento dos juros compensatórios em razão do caráter deficiente ou irregular da atividade agrária que, dado a ilicitude, desobriga o Estado a pagar lucros cessantes ao proprietário. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 10/06/2015 Página 5 de 8

6 Assim, o regimental não é passível de conhecimento, face a impossibilidade de inovação recursal. Por outro lado, pesa ainda contra a pretensão recursal do INCRA como, aliás, ressaltado na decisão monocrática que a temática referente ao cabimento de juros compensatórios em desapropriação para fins de reforma agrária é matéria pacificada neste Tribunal Superior, em razão do mencionado precedente, e também no âmbito da Suprema Corte, senão vejamos, por todos: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DESAPROPRIAÇÃO. QUESTÃO RELATIVA À INCIDÊNCIA DE JUROS COMPENSATÓRIOS E JUSTA INDENIZAÇÃO. IMÓVEL IMPRODUTIVO. JURISPRUDÊNCIA. VALOR DA INDENIZAÇÃO. SÚMULA 279/STF. O Supremo Tribunal Federal possui o entendimento no sentido de que os juros compensatórios são devidos, na desapropriação direta e indireta, no percentual de 12% ao ano (Súmula 618/STF e ADI 2.332), mesmo sendo o imóvel improdutivo. A imissão na posse, mesmo na vigência da Medida Provisória nº 1.577/97, não atrai a sua aplicação, tendo em conta a sua não conversão em lei no trintídio constitucional. A análise acerca do valor da indenização fixado pelo Tribunal de origem é incabível neste momento processual. Incidência da Súmula 279/STF. Agravo regimental a que se nega provimento. (RE AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 10/09/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-212 DIVULG PUBLIC ) Por força do REsp /PI, aliás, a única hipótese em que se admite serem indevidos os juros compensatórios será quando a propriedade se mostrar impassível de qualquer espécie de exploração econômica, atual ou futura, em decorrência de limitações legais ou da situação geográfica ou topográfica do local onde se situar, nos termos do entendimento sedimentado na Primeira Seção desta Corte nos autos dos EREsp /SP, de relatoria do Exmo. Senhor Ministro Teori Albino Zavascki, o que, todavia, não foi em nenhum momento cogitado no apelo raro do INCRA. Isso se presta não somente a confirmar o acerto da decisão monocrática como também a improcedência manifesta das razões deduzidas pelo INCRA, que não escondem a pretensão de estender inadvertidamente a marcha processual de uma demanda que já perdura por quase onze anos sem, no entanto, decisão definitiva, desta feita estando ainda pendente de agravo regimental que se dirige contra jurisprudência assentada sob o regime do art. 543-C do CPC. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 10/06/2015 Página 6 de 8

7 Essa quadra, aliás, autoriza a cominação da reprimenda processual prevista no art. 557, 2.º, do CPC: AgRg no AREsp /RJ (Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 25/02/2014, DJe 07/03/2014), AgRg no AREsp /PE (Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 18/02/2014, DJe 25/02/2014), AgRg no AREsp /RS (Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, julgado em 05/12/2013, DJe 12/12/2013) e AgRg no AREsp /SP (Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 05/12/2013, DJe 13/12/2013). Dito isso, não conheço do agravo regimental e sanciono o INCRA à penalidade prevista no art. 557, 2.º, do CPC, consistente em multa de meio por cento sobre o valor corrigido da causa. É o voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 10/06/2015 Página 7 de 8

8 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2015/ AgRg no REsp / PE Números Origem: PAUTA: 02/06/2015 JULGADO: 02/06/2015 Relator Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA VASCONCELOS Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI AUTUAÇÃO RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA RECORRIDO : AGROPECUÁRIA BRITO IRMÃOS S/A ADVOGADO : JONAS CELSO CAVALCANTI DE BRITO E OUTRO(S) ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Intervenção do Estado na Propriedade - Desapropriação por Interesse Social para Reforma Agrária AGRAVO REGIMENTAL AGRAVANTE : INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA AGRAVADO : AGROPECUÁRIA BRITO IRMÃOS S/A ADVOGADO : JONAS CELSO CAVALCANTI DE BRITO E OUTRO(S) CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, não conheceu do agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." A Sra. Ministra Assusete Magalhães, os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin e Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro Relator. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 10/06/2015 Página 8 de 8