Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de Geografia
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- Raphael Galvão Leal
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1 Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de Geografia Curso: Hidrografia (FLG 1550) Professora Doutora Cleide Rodrigues Caderno de Campo Organização: Profª Drª Cleide Rodrigues e Juliana C. Mantovani (monitora) 1. Orientações Gerais a) Esse caderno visa auxiliar o aluno em diversos momentos do trabalho de campo, como por exemplo, em sua organização pessoal e nas anotações de percurso. Deverá ser utilizado nas aulas subseqüentes à excursão. b) A excursão foi planejada com a seguinte rotina: Primeiro dia: 1. Encontro as 7:45h no prédio da Geografia nos dias 22 e 23 de Outubro ou 19 e 20 de Novembro, conforme sua inscrição e confirmação com a professora; 2. Saída (impreterivelmente) às 8:00h; 3. Visita à Estação de Tratamento do Guaraú; 4. Almoço no ônibus (lanche trazido de casa); 5. Estação Elevatória Santa Inês (ESI); 6. Reservatório Paiva Castro; 7. Remanso do Reservatório; 8. Fernão Dias; 9. Observações nos reservatórios e barramentos do Jaguari / Jacareí; 10. Fernão Dias; 11. Rodovia Entre Serras e Águas; 12. Joanópolis; 13. Pernoite (custeado pelo Departamento). Segundo dia: 1. Café da manhã (custeado pelo Departamento); 2. Alto Jacareí observações sobre a morfologia de vertentes e vales, padrão dos canais, uso da terra, nascentes, etc. 3. Levantamento de dados: seção transversal, velocidade do fluxo, preenchimento da ficha de campo; 4. Retorno a Joanópolis e almoço (custeado pelo Departamento); 5. Rodovia Entre Serras e Águas; 6. Fernão Dias / Curso do rio Jaguari; 7. Encontro com técnicos da FCTH; 8. Observação dos levantes da seção transversal e velocidades do fluxo (método de barco com molinete); 9. Anotações de dados e preenchimento da ficha; 10. Fernão Dias; 11. Visita do Posto Fluviométrico do rio Jaguari a jusante do barramento; 12. Retorno à São Paulo chegada prevista para 20:00h. c) Organização pessoal: Há necessidade de providenciar com antecedência e levar para a excursão: caderno de campo (no site do Departamento e nos xerox), chapéu ou boné, roupas para frio, calor e chuva, calçados adequados ao trabalho de campo, filtro solar e produtos para higiene pessoal. Para o almoço do primeiro dia é preciso levar lanche leve. Pessoas com: diabetes, problemas cardíacos, alergias, etc., devem comunicar a professora com antecedência e providenciar medicamentos de emergência. O(a) aluno(a) deverá levar prancheta e lápis com borracha para anotações. Todas as anotações devem ser efetuadas no caderno de campo. d) Equipamento eventual: É permitido levar cartas adicionais (topográficas ou não), GPS, binóculos, máquinas fotográficas, imagens de satélite ou outras, bússola, etc., desde que o aluno se responsabilize pelo próprio material.
2 2. Informações Básicas da Área de Trabalho 2.1. O Sistema Cantareira de Coleta, Tratamento e Abastecimento de Água e suas Bacias Hidrográficas O roteiro dessa excursão foi planejado visando atender objetivos múltiplos, dentre os quais destacam-se: reconhecer um dos sistemas mais relevantes para o abastecimento de água da Grande São Paulo, demonstrar as principais técnicas de levantamento de dados fluviométricos e da dinâmica de fluxos fluviais em campo, demonstrar o aparato técnico de postos fluviométricos da rede oficial, proporcionar correlações entre os parâmetros trabalhados em gabinete na análise de bacias hidrográficas e outros parâmetros passiveis de se levantar em campo, dentre outros. A Grande São Paulo está interligada a um conjunto de bacias hidrográficas, a maior parte pertencente à unidade hidrográfica do Alto Tietê, região hoje mais reconhecida pelo sistema de gestão, como a Unidade de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (UGRHI) do Alto Tietê (UGRHI 6 Figuras em anexo). Tanto para o abastecimento de água, como para a geração de energia elétrica e outros usos, tal subdivisão original foi modificada e hoje essa grande bacia hidrográfica tem uma série de vinculações hídricas entre transposições e derivações (Figuras em anexo). Os sistemas produtores de água para abastecimento da Grande São Paulo são oito: Cantareira, Guarapiranga, Alto Cotia, Baixo Cotia, Alto Tietê, Rio Claro, Rio Grande e Ribeirão da Estiva. Juntos, perfazem 54,6 mil litros por segundo. Dessa produção, apenas o Sistema Produtor da Cantareira é responsável por, aproximadamente, mais de 50%, ou seja, por 33 mil litros de água por segundo. O Sistema Cantareira compreende um conjunto de quatro reservatórios, situados em cotas decrescentes, a saber, Jaguari/Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro, interligados por canais. Esses reservatórios formam-se a partir de bacias hidrográficas situadas, tanto no Estado de São Paulo, quanto em Minas Gerais, abrangendo municípios como: Camanducaia (MG), Extrema (MG), Itapeva (MG), Joanópolis (SP), Vargem (SP), Piracaia (SP), Bom Jesus dos Perdões (SP), Bragança Paulista (SP), Atibaia (SP), Mairiporã (SP), dentre outros. A partir de um dos braços do reservatório Paiva Castro, há a captação de água para a Estação Elevatória Santa Inês, responsável pela sobrelevação e transposição do grande divisor de águas da Serra da Cantareira, que separa parte da bacia do Alto Piracicaba com parte da bacia hidrográfica do Alto Tietê (Figuras em anexo). Comparativamente ao Alto Tietê, as bacias hidrográficas pertencentes ao Sistema Produtor da Cantareira tem sido consideradas como mananciais de qualidade alta em relação à diversos parâmetros de qualidade da água, tais como, oxigênio dissolvido (OD), carga sólida, metais pesados, etc. Nessa excursão teremos oportunidade de reconhecer as principais atividades antrópicas que podem colocar em risco essa situação atual. Na região da transposição (na Serra da Cantareira), afloram granitóides da Fácies Cantareira, uma das mais representativas do território paulista. Esses caracterizam-se por terem sido afetados pelas grandes falhas transcorrentes, geradas na segunda fase de dobramentos do Ciclo Brasiliano (há mais de 450 m. a.) e apresentam-se por vezes com contatos transicionais ou parcialmente discordantes. O vale assimétrico do rio Juqueri, pode ser explicado em parte pela disposição de dois grandes corpos graníticos, entre os quais encontram-se rochas metamórficas como filitos, metassiltitos e xistos, além de, mais restritamente, rochas sedimentares terciárias e quaternárias. Na parte esquerda do referido vale, estão posicionadas, num primeiro plano, em torno das cotas de 750 a 800, as referidas rochas metamórficas e, num segundo plano, o conjunto granítico da Serra, nas cotas superiores e em torno de 900m. Na parte direita do vale, numa extensão bem menor, já se alcançam essas cotas superiores, coincidindo novamente com o afloramento de um outro corpo granítico. Os granitóides da Fácies Cantareira caracterizam-se por textura, granulometria e mineralogia do tipo granitognáissicas, de granulação fina a média. O reservatório Paiva Castro está localizado entre o
3 granitóide da margem direita e as rochas metamórficas da parte esquerda do vale do rio Juqueri. Ao longo desse trajeto inicial, chama à atenção o alto grau de preservação da Serra da Cantareira e da maior parte do vale do Juqueri, apesar de ter sido poupado até há pouco tempo, de legislação ambiental. A parte superior das bacias hidrográficas que compõe o Sistema Produtor Cantareira, representa significativamente as áreas efetivamente produtoras, tanto do ponto de vista da estruturação rocha/relevo, quanto do ponto de vista das condições de uso, apropriação e manejo do solo. No roteiro a ser percorrido afloram, novamente, nas regiões de cimeira, corpos graníticos, e nas regiões relativamente mais baixas, rochas metamórficas diversas. Na estrada Entre Serras e Águas é possível observar a relação entre os pontos turísticos mais procurados para caminhadas e vôo livre e os referidos granitóides (Pedra do Lopo e Gigante Adormecido). Nessa estrada, também podem ser observados os vales afogados pela formação do reservatório Jaguari/Jacareí, os poucos remanescentes da cobertura vegetal florestal, a cobertura generalizada de capim para a atividade de pastagem extensiva e a apropriação típica de chácaras e sítios de final de semana. Em associação aos cortes ou aterros dessa estrada, algumas evidências de processos erosivos podem ser observadas. Além dessas, observa-se alguns escorregamentos, ravinamentos e a presença mais generalizada de sulcos e terracetes de pisoteio de gado. A esse respeito, Soares (2008), acrescenta a existência frequente de sulcos, afloramentos rochosos e ravinas, principalmente nas áreas desmatadas e de pastagem, confirmando as descrições e estudos de Ross e Moroz (1997), que caracterizaram a região com um nível de fragilidade médio (ROSS, 1994), por ser uma área que apresenta formas de dissecação média a alta, com vales entalhados e densidade de drenagem média a alta, tornando-a sujeita a forte atividade erosiva. Em anexo, poderão ser encontradas as cartas morfológica e de uso do solo da subbacia do Rio Jacareí, no município de Joanópolis, área que abrange o percurso realizado ao longo do presente trabalho de campo, elaboradas por Soares (2008) com o objetivo de compor o terceiro produto de seu estudo, representando os indicadores de degradação desta sub-bacia. BIBLIOGRAFIA E CARTOGRAFIA DE APOIO Estado de São Paulo/SICCT/IPT Mapa Geológico do Estado de São Paulo (vol. Texto/Carta). São Paulo, IPT. Estado de São Paulo/SMA/CPA/FF, Entre Serras e Águas Plano de Desenvolvimento Sustentável para a Área de Influência da Duplicação da Rodovia Fernão Dias. São Paulo, SMA. Estado de São Paulo/SRH/SABESP Ecossistema São Paulo / Abastecimento de Água na Região Metropolitana. São Paulo, SABESP/SRH. Estado de São Paulo/SENI/CAR/IGC Carta de Utilização da Terra do Estado de São Paulo / 1: (Folhas de Guaratinguetá, Santos, São Paulo e Campinas). São Paulo, IGC. Estado de São Paulo/IBGE. (datas diversas). Mapa Topográfico do Estado de São Paulo / 1: (Folhas de Guaratinguetá, Santos, São Paulo e Campinas). São Paulo, IBGE. Estado de São Paulo/SSE/SABESP Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo, SSE/SABESP. BISTRICHI, C. A Mapa Geológico / 1:25000 in Análise Estratigráfica e Geomorfológica do Cenozóico da Região de Atibaia Bragança Paulista, 2001, Rio Claro, Unesp. SOARES, F. P Cartografia Morfológica de Detalhe e Intervenções Antrópicas no Alto Jacareí: subsídios à Avaliação da Degradação Ambiental do Sistema Cantareira. São Paulo, USP. WHATELY, M Cantareira 2006: um olhar sobre o maior manancial de água da Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo, Instituto Socioambiental.
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6 Sistemas Produtores da UGRHI do Alto Tietê - Destaque: Sistema Cantareira
7 Carta Topográfica do Sistema Cantareira Municípios que compõe o Sistema Cantareira
8 Carta de Sub-bacias do Sistema Cantareira
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