EFEITO DO CONSUMO DE ETANOL SOBRE O PERFIL HISTOLÓGICO DO PÂNCREAS DE RATOS
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- Luna Coelho Madureira
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1 1 EFEITO DO CONSUMO DE ETANOL SOBRE O PERFIL HISTOLÓGICO DO PÂNCREAS DE RATOS Elvia Silvia Rizzi 1,2 ; Michele França de Almeida 2 ; Beatriz Keiko Miysato de Souza 4 ; Iandara Schettert Silva 4 ; Rosemary Matias 3 ; Doroty Mesquita Dourado 2 1 Acadêmica bolsista PIBIC/CNPq do curso de Ciências Biológicas; elviarizzi@hotmail.com; 2 Laboratório de Toxinologia e Plantas Medicinais; 3 Laboratório de Produtos Naturais da Universidade Anhanguera Uniderp - Campo Grande MS; 4 Mestrado em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste. RESUMO O propósito deste estudo foi avaliar através de modelo experimental as alterações histopatológicas dos ácinos pancreáticos e das ilhotas de Langerhans de ratos Wistar. Foram utilizados 6 ratos e divididos em dois grupos sendo 3 animais para cada: Grupo Controle(GC) - os animais receberam água e ração padrão ad libitum.grupo Alcoolizado (GA) - os animais receberam a dieta líquida e sólida ad libitum, a Vodka Orloff foi administrada via gavagem, na dosagem crescente de 0,4ml; 0,7ml a 0,9ml. Após 30 dias os animais foram eutanasiados utilizando Thiopentax. As amostras do pâncreas foram removidas e fixadas em formol tamponado a 10%, processadas e incluídas em parafina para serem seccionadas em micrótomo rotativo a 5 µm e avaliados por meio das colorações de Hematoxilina/Eosina (HE) e pela Reação do Reativo de Schiff (PAS). O grupo controle não apresentou alterações na morfologia do pâncreas. Já no grupo de animais tratados com etanol em várias proporções, observou-se que as ilhotas de Langerhans estavam diminuídas com perda celular, algumas aumentadas. Na região exócrina as hemácias nos vasos estavam congestas e os ácinos com secreção abundante, deposição proteinácea nos ductos e no tecido intersticial indícios de carboidrato neutro mostrado pela positividade ao PAS ao redor dos ácinos. Os resultados obtidos indicam que, houve interferência do etanol na morfologia do órgão, no período de 30 dias o etanol causou danos moderados tanto na porção exócrina como na endócrina do pâncreas que pode provocar por períodos maiores uma perda considerável da função do órgão. Palavras-chave: Pancreatite; perfil histológico; ácinos INTRODUÇÃO O alcoolismo pode ser definido como uma síndrome multifatorial, com comprometimento físico, mental e social (EDWARDS; GROSS, 1976; EDWARDS et al., 1976). O consumo do álcool é uma das principais causas da pancreatite crônica. Nos alcoolistas a incidência de pancreatite é 50 vezes maior que na população abstinente (SUZANNE, 1992). O abuso do álcool está diretamente associado ao desenvolvimento de injúrias pancreáticas, mas, os fatores que as determinam ainda não são bem conhecidos (CLEMENS; JERRELLS, 2004) O álcool altera as funções do sistema nervoso, o metabolismo da glicose, lipídios e proteínas e, particularmente, altera os aspectos nutricionais de órgãos como pâncreas, estômago e intestino (KORSTEN; LIEBER, 1979; HIRATA; HIRATA, 1991). O pâncreas é composto por dois tipos principais de tecidos os ácinos, que secretam sucos digestivos para o duodeno e as ilhotas de Langerhans, que secretam insulina e glucagon e outros hormônios liberados diretamente no sangue, sendo que a função desses hormônios é a regulação do metabolismo da glicose, lipídeos e proteínas. A insulina desempenha papel importante no armazenamento do excesso de substâncias energéticas (GUYTON; HALL,1997). A pancreatite aguda é uma doença que tem como substrato um processo inflamatório da glândula pancreática, decorrente da ação de enzimas inadequadamente ativadas, que se traduz por edema, hemorragia e até necrose pancreática e peripancreática,
2 2 acompanhado de repercussão sistêmica que vai da hipovolemia ao comprometimento de múltiplos órgãos e sistemas e, finalmente, ao óbito (BANK, 1997). De maneira geral, aceita-se que o tempo de ingestão do etanol necessário para o surgimento de pancreatite crônica é menor do que para o desenvolvimento da cirrose hepática, geralmente 10 a 20 anos (BISCEGLIE; SEGAL, 1984). Tem-se descrito que a pancreatite crônica pode ocorrer após 6 a 8 anos de ingestão etílica (KOCHHAR et al.,2003). O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do álcool no pâncreas, e suas complicações, uma vez que este órgão é de suma importância para o funcionamento do organismo como um todo, e avaliar as alterações do perfil histológico dos ácinos e ilhotas de Langerhans. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados 6 ratos machos adultos da linhagem Wistar, provenientes do Biotério da Universidade Anhanguera-Uniderp, campo Grande/MS. Os animais foram mantidos em gaiolas individuais, para melhor controlar o consumo de sólido e líquido. Os animais após terem o seu peso aferido, foram separados em dois grupos de 03 animais cada grupo, assim distribuídos: Grupo controle (GC) - os animais receberam água e ração padrão ad libitum. Grupo Alcoolizado (GA) - os animais receberam a dieta líquida e sólida ad libitum, administrada via gavagem, na dosagem crescente de 0,4ml; 0,7ml a 0,9ml, de Vodka de marca comercial Orloff, Lote 9230R , fabricado e engarrafado por Pernod Ricard Brasil Indústria e Comércio Ltda, Resende-RJ., duas vezes ao dia. Após 30 dias os animais foram eutanasiados utilizando Thiopentax (Tiopental sódico) na concentração referente ao peso do animal, ou seja, a cada 100g de peso corpóreo foi administrada 0.1ml (i.p.), sendo dose letal. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Uniderp - Campo Grande - MS, sob número /09 MS. As amostras do pâncreas foram removidas e fixadas em formol tamponado a 10%, em seguida processadas e incluídas em parafina para serem seccionadas em micrótomo rotativo a 5 µm e avaliados por meio das colorações de Hematoxilina/Eosina (HE) e pela Reação do Reativo de Schiff (PAS). RESULTADOS E DISCUSSÃO O grupo controle não apresentou alterações na morfologia do pâncreas. Já no grupo de animais tratados com etanol em várias proporções, observou-se que as ilhotas de Langerhans estavam diminuídas em tamanho com perda celular, algumas aumentadas. Na região exócrina do pâncreas as hemácias contidas nos vasos estavam congestas e os ácinos com secreção abundante, deposição proteinácea nos ductos e no tecido intersticial indícios de carboidrato neutro mostrado pela positividade ao PAS ao redor dos ácinos. Haber et al. (2005) demonstraram um acúmulo significante de colágeno no parênquima pancreático de ratos expostos diretamente ao etanol. Uma das possíveis causas do não aumento no depósito de colágeno intersticial seria a exposição indireta ao etanol. Os resultados obtidos no presente trabalho indicam que, de modo geral e nos períodos estudados, houve interferência do etanol na morfologia do órgão. Noel e Brás (1994) demonstraram que alcoolistas crônicos com uma alimentação pobre tinham maiores chances de apresentar cirrose hepática e/ou pancreatite crônica. Além disso, a diminuição acentuada desse órgão, por perda de ilhotas ou de ácinos provoca um decréscimo no número de células acinares, prejudicando o seu funcionamento. As enzimas que deixam de ser produzidas causam falhas graves nas funções digestivas desses animais (FIRMANSYAH, et al., 1989).
3 3 he ac A B C Figura 1 Grupo controle. Em A, verifica-se a ilhota de um animal controle () e em B, vaso sanguíneo (HE) e, em C, a região exócrina mostrando um ducto revestido com células cúbicas apoiadas em membrana basal PAS positiva (seta) e ácinos pancreáticos (ac) (x400). A B C hc D E F Figura 2 Grupo de animais tratados com etanol nas concentrações de 0,4ml; 0,7ml a 0,9ml. Em A, região exócrina mostrando secreção acinosa abundante (setas); em B e E uma ilhota diminuída (); C, hemácias congestas (HE); D, ilhota aumentada PAS positiva (); E, interstício com positividade ao PAS (setas); F, deposição proteinácea nos ductos (seta) (x400). CONCLUSÃO Conclui-se que o consumo de etanol por 30 dias causou danos moderados tanto na porção exócrina como na endócrina do pâncreas que pode provocar por períodos maiores uma perda considerável da função do órgão. AGRADECIMENTOS Universidade Anhanguera Uniderp/PROPP; CNPq. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BANK, P. A. Practice guidelines in acute pancreatitis. American Journal of Gastroenterology, v. 92, p , BISCEGLIE, A. M.; SEGAL, L. Cirrhosis and chronic pancreatitis in alcoholics. Journal of Clinical Gastroenterology, Fhiladelphia, v. 6, p , 1984.
4 4 CLEMENS, D. L; JERRELLS, T. R. Ethanol consumption potentiates virus pancreatitis and may inhibit pancreas regeneration: preliminary findings. Alcohol, v. 33, p , EDWARDS, G.; GROSS, M. M. Alcohol dependence: provisional description of a clinical syndrome. British Medical Journal, v. 1, p , EDWARDS, G.; GROSS, M. M.; KELLER, M.; MOSER, J. Alcohol-related problems in the disability perspective. Journal of Studies on Alcohol, v. 37, p , FIRMANSYAH, A.; SUWANDITO, L.; PENN, D.; LEBENTHAL, E. Biochemical and morphological changes in the digestive tract of rats after prenatal and postnatal malnutrition. American Journal of Clinical Nutrition, v. 50, p , GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 9 ed. Ed. Guanabara koogan S. A. Rio de Janeiro, p , HABER, P.; NAKAMURA, M.; TSUCHIMOTO, K.; ISHII, H. Alcohol and pancreas. Alcoholism Clinical and Experimental Research, v. 25, p , HIRATA, E. S.; HIRATA, L. C. M. Bioquímica e metabolismo do etanol. In: FORTES, J. R. A.; CARDO, W. N. Alcoolismo: diagnóstico e tratamento. São Paulo, Sarvier. p , KOCHHAR, R.; KUMAR, S. P.; SOOD, A.; NAGI, B.; SINGH, K. Concurrent pancreatic ductal changes in alcoholic liver disease. Journal of Gastroenterology and Hepatology, Carlton, v. 18, p , KORSTEN, M. A.; LIEBER, C. Nutrição no alcoólico. Medical Clinics of North America. Lawrence, v. 63, p , NOEL-JORAND, M.C; BRAS, J. A comparison of nutritional profiles of patients with alcoholrelated pancreatitis and cirrhosis. Alcohol Alcohol, v. 29, p , SHERLOCK, S.; DOOLEY, J. Alcohol and the liver. In: Diseases of the liver and biliary system. 11 a ed. Oxford: Blackwell Scientific Publications. p , SUZANNE, C. Sistema Endócrino. In: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. (Brunner e Suddarth). 7 a ed.,1992.
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