Compras Públicas Ecológicas Um instrumento para a transição para a sustentabilidade
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- Tomás Martinho Caldas
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1 Compras Públicas Ecológicas Um instrumento para a transição para a sustentabilidade Paula Antunes 1, Rui Santos 1, Paula Trindade 2 1 CENSE Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade NOVA de Lisboa 2 LNEG Laboratório Nacional de Energia e Geologia, IP
2 Compras Públicas Ecológicas Um processo mediante o qual as autoridades públicas procuram adquirir bens, serviços e obras com um impacto ambiental reduzido em todo o seu ciclo de vida quando comparado com bens, serviços e obras com a mesma função primária que seriam de outro modo adquiridos Comunicação da Comissão Europeia sobre Contratos Públicos para um Ambiente Melhor, COM(2008) 400. Aquisições de um conjunto de bens e serviços considerados prioritários, integrando especificações e requisitos técnicos ambientais nas fases pré-contratuais, com efeito para a subsequente fase de execução contratual Estratégia Nacional para as Compras Públicas Ecológicas para 2020 (ENCPE 2020)
3 CPE no contexto das políticas públicas de ambiente Instrumento voluntário que visa incentivar a produção e o consumo de produtos com menores impactes ambientais Aproveitar poder de compra das autoridades públicas para incentivar procura por produtos e serviços mais amigos do ambiente criar escala para viabilizar produtos mais eficientes Promover a eco-inovação Autoridades públicas como agentes de mudança social Complemento de outras abordagens baseadas na regulamentação e incentivos económicos
4 ENCPE 2020 (RCM nº 38/2016) Objetivos: Promoção da eficiência na utilização de recursos Minimização dos impactes ambientais Estimular a oferta no mercado de bens e serviços, bem como a realização de projetos de execução de obras públicas com um impacte ambiental reduzido em todo o seu ciclo de vida Metas (2020) Para a administração direta e indireta do Estado: 60% dos procedimentos e do montante Setor empresarial do Estado: 40% dos procedimentos e do montante. Bens e serviços prioritários Edifícios de escritório Eletricidade Equipamentos de representação gráfica Equipamentos elétricos e eletrónicos utilizados nos cuidados de saúde Equipamentos TI para escritório Iluminação interior Iluminação pública e sinalização rodoviária Infraestruturas e equipamentos de tratamento e abastecimento de água, AR e RSU Infraestruturas rodoviárias e sinalização de tráfego Mobiliário Painéis interiores Papel de cópia e papel para usos gráficos Produção combinada de calor e eletricidade Produtos alimentares e serviços de catering Produtos e serviços de jardinagem Produtos e serviços de limpeza Sistemas de aquecimento com circulação de água Sistemas de descarga em sanitas e urinóis Têxteis Torneiras sanitárias Transportes
5 CPE e competitividade
6 CPE e competitividade Para a sociedade benefícios ambientais dos produtos mais ecológicos são valorizados pela sociedade As autoridades públicas podem realizar ganhos económicos por via de uma maior eficiência na utilização de recursos. Poupanças de materiais, energia, água e consumíveis Redução dos custos de fim de vida (eliminação, destino final,..) Efeitos diretos e de médio prazo (dinâmica de criação de escala no mercado) Para a empresas ganhos de escala, incentivo à inovação e melhor posicionamento para competir em mercados mais exigentes
7 CPE e eco-inovação
8 CPE e inovação A visão da Europa DG Environment As Compras Públicas Ecológicas são um instrumento voluntário que tem um papel fundamental nos esforços da Europa para se tornar numa economia mais eficiente na utilização de recursos. Promovem a procura de bens e serviços mais sustentáveis que de outra forma dificilmente penetrariam no mercado. As CPE constituem um grande estímulo para a eco-inovação.
9 CPE e inovação A visão da Europa DG Growth As compras públicas na Europa representam mais de 14% do PIB Europeu. O potencial das compras públicas para criar um mercado de produtos e serviços inovadores é enorme, mas permanece praticamente inexplorado. A Comissão Europeia pretende melhorar as práticas de compras públicas, estimular a procura de produtos e serviços inovadores e promover a inovação na UE.
10 CPE e inovação Qual a importância das Compras Públicas para a Inovação (PPI)? Promovem a penetração de novos produtos e serviços no mercado. Aumentam a qualidade dos serviços públicos nos casos em que o setor público é um comprador significativo. Apoiam o acesso das empresas aos mercados, especialmente PME. Contribuem para a resolução dos grandes desafios societais. A importância da PPI é sublinhada na Iniciativa emblemática no quadro da estratégia "Europa 2020: União da Inovação
11 CPE e inovação O que consideramos inovação? Uma perspetiva abrangente Produtos e serviços inovadores que estão a entrar no mercado; Investigação e desenvolvimento (I&D) de novos produtos e serviços que ainda não existem mas que podem preencher necessidades específicas. Novas combinações de produtos e serviços já existentes (novos sistemas produto-serviço, novos modelos de negócio).
12 CPE e inovação Como pode Portugal incentivar as PPI? As autoridades públicas devem atuar como primeiros clientes de produtos e serviços inovadores e promover práticas de aquisições públicas que estimulem a inovação. Mas para isso é necessário implementar políticas que promovam: Uma estratégia de compras com uma visão e ambição alargadas, Um processo de mudança de cultura, estratégia, estrutura e práticas nas organizações públicas que permita uma evolução para práticas mais complexas de compra pública; O conhecimento das tendências do mercado e o diálogo com os fornecedores - procedimentos com negociação, diálogo concorrencial e parcerias para a inovação A partilha de boas práticas entre autoridades públicas.
13 CPE e economia circular
14 Economia circular Uma economia que é restauradora e regenerativa por design, procurando manter sempre os produtos, componentes e materiais com a maior utilidade e valor, distinguindo entre ciclos técnicos e biológicos. Promove um modelo económico reorganizado, através da coordenação dos sistemas de produção e consumo em circuitos fechados de sistemas lineares a sistemas fechados e circulares Alteração sistémica da economia
15 Interação entre os critérios de CPE e as medidas do PA Europeu para a Economia Circular
16 CPE no Plano de Ação Nacional para a Economia Circular
17 CPE e economia circular Mudança de foco da compra de produtos para sistemas de produto-serviço Maior foco nos serviços em vez de produtos Maior foco no design, utilização e fim de vida dos produtos duração, manutenção e reciclabilidade Diálogo e cooperação na cadeia de valor Ex: Novos critérios para mobiliário publicados em Agosto 2017 pela CE incluem seções sobre furniture refurbishment e end-of-life services Compras Circulares (Circular Procurement)
18 Aspetos operacionais
19 Requisitos ecológicos Sucesso de CPE depende da inclusão de critérios ambientais claros e verificáveis nos processos de compras Critérios essenciais (core) Critérios globais (maior exigência) Comissão Europeia prepara propostas de critérios com base em ACV e outros estudos, que são depois ajustados pelas entidades nacionais. Critérios de exclusão Critérios de seleção Critérios de adjudicação Cláusulas de execução do contrato
20 Requisitos ecológicos Alguns obstáculos Nº muito elevado de critérios para algumas categorias de produtos Foco nos produtos prioritários são mesmo os que têm maior impacte ambiental? Dificuldade de incorporar inovação, flexibilidade e sistemas de produto-serviço Eventual complexidade dos processos de verificação
21 Critérios de adjudicação Proposta economicamente mais vantajosa solução que cumpra os requisitos identificados, nomeadamente de carater ambiental, de forma mais eficiente em termos de custos (relação qualidade/preço, analise custo-eficácia) Importante definir critérios de adjudicação que incentivem níveis de desempenho ambiental cada vez mais elevados Articulação do critério preço com a definição dos restantes critérios (riscos de dupla contagem, transparência, metodologias de avaliação...)
22 Critérios de preço Externalidades ambientais Custo de ciclo de vida (LCC - Life Cycle Costs) Preço de aquisição
23 Capacitação das entidades públicas Processos de CPE com maior ambição, mais flexíveis e mais abertos à inovação exigem mais capacidade nas entidades públicas: Formação Serviços de assistência, helpdesk, manuais,... Centralização de capacidades - contratação pública conjunta Estabelecimento de plataformas de interação e parcerias de colaboração e partilha de experiências entre entidades do SNCP
24 Sistemas de acompanhamento e monitorização são essenciais: Monitorização do cumprimento das metas da ENCPE 2020 Monitorização da aplicação dos critérios aos diferentes níveis (grupos de produtos, tipos de entidades, aspetos ambientais,...) Avaliação do seu impacto em termos ambientais, económicos e sociais efeitos no ambiente, custos e benefícios, efeitos nos fornecedores, nos serviços... Avaliação das mudanças de atitude e aprendizagem nos agentes envolvidos Dificuldades e obstáculos oportunidades de melhoria do sistema
25 CPE como fator de mudança social Entidades públicas como exemplo para a sociedade Chamada de atenção para a importância das questões de ambiente e sustentabilidade Contributo para a mudança de mentalidades e atitudes nas empresas e nos cidadãos Avaliação e disseminação de resultados e iniciativas neste domínio são fundamentais (ex. ações de divulgação, títulos ecológicos na designação dos concursos)
26 Considerações finais Consenso generalizado na sociedade sobre a relevância e o potencial das CPE, PPI, CPC, CPS Passos importantes já foram dados pela CE e pelos países membros, nomeadamente Portugal, onde existem muitos exemplos de sucesso Alargamento do âmbito e ambição das CPE (e.g. abrangendo mais entidades, mais produtos, compras circulares, aspetos de responsabilidade social - sustentabilidade). Necessidade de ajustar aspetos de operacionalização, detalhes de implementação, acompanhamento, controlo e capacitação Envolvimento das partes interessadas, diálogo construtivo e colaboração são fundamentais.
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