DIFICULDADES INICIAIS DE AMAMENTAÇÃO NA POPULAÇÃO ATENDIDA NO AMBULATÓRIO DE AMAMENTAÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO MULLER
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1 DIFICULDADES INICIAIS DE AMAMENTAÇÃO NA POPULAÇÃO ATENDIDA NO AMBULATÓRIO DE AMAMENTAÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO MULLER 18 Autores Cristiane Santos Nascimento A Joyce Gonçalves da Silva Marques Lemos A Adriana Lima Valente B Paulo Roberto Bezerra de Mello C Gabriela De Luccia D RESUMO Estudos mostram que Cuiabá está entre as capitais de menor índice de AME (aleitamento materno exclusivo) até o sexto mês de idade do RN.Este trabalho se destina a investigar o impacto das orientações fonoaudiológicas aplicadas no Hospital Universitário Julio Muller A. Graduadas em Fonoaudiologia pelo UNIVAG. B. Fonoaudióloga. Mestre em Saúde Coletiva pela UFMT C. Médico Pediatra. Doutor em Medicina pela USP. Professor Associado do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMT D. Fonoaudióloga. Doutora em Ciências pela UNIFESP-EPM. Docente do UNIVAG (HUJM) em Cuiabá-MT. Foram analisados 201 Protocolos de consulta clínica de Mãe/RN do ano de 2010, através dos quais traçou-se- o perfil das mães que chegaram para consulta, os principais distúrbios de amamentação e a necessidade de retorno. Mais de 65% de binômios compareceram às consultas, todas as mães receberam orientações antes ou após o parto. Mães que apresentavam dificuldades que levavam à ocorrência de alterações no manejo do aleitamento antes da aplicação das orientações, após as mesmas, tiveram sucesso no processo, reduzindo assim as más posturas e pegas, traumas e ingurgitamento mamilares. As orientações e práticas Fonoaudiológicas junto a M/RN se mostraram eficazes apresentando um importante papel em benefício do desenvolvimento e saúde do RN nas práticas do aleitamento materno exclusivo. Palavra-chave: Amamentação, fonoaudiologia e orientação. ABSTRACT Studies show that Cuiabá is among the lowest rate of capital of exclusive breastfeeding until the sixth months of age the newborn.this work aims to investigate guidance the impact of applied in speech therapy on University Hospital Julio Muller (HUJM) on Cuiabá MT. Were analyzed 201 protocols of consultation clinical of Mother/Newborn of year of 2010, through which tracing the profile of mothers who came for consultation, the largest disturbances of breastfeeding and the need to return. More than 65% of binomial attended the consultations all mothers received guidance before or after delivery. Mothers who had problems that led to the occurrence of changes in the management
2 19 1. JOVENTINO, E. S.; DODT, R. C. M.; ARAUJO, T. L.; CARDOSO, M. V. L. M. L.; SILVA, V. M.; XIMENES, L. B. Tecnologias de enfermagens para promoção do aleitamento materno: revisão integrativa da literatura. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2011 mar;32(1): ALMEIDA, N. A. M.; FERNANDES, A. G.; ARAÚJO, C. G. Aleitamento materno: uma abordagem sobre o papel do enfermeiro no pós-parto. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 06, n. 03, BERNARDI, J. B.; GAMA, C. M.; VITOLO, M. R. Impacto de um programa de atualização em alimentação infantil em unidades de saúde na prática do aleitamento materno e na ocorrência de morbidade. Cad. Saúde Pública vol.27 no.6 Rio de Janeiro June ARAUJO R. M. A & ALMEIDA J. A. G. Aleitamento materno: o desafio de compreender a vivencia. Rev. Nutri. Vol.20 no.4 Campinas July/Aug SANCHES, M. T. C.; BUCCINI, G. S.; GIMENO, S. G. A.; ROSA, T. E. C.; BONAMIGO, A. W. Fatores associados à interrupção do aleitamento materno exclusivo de lactentes nascidos com baixo peso assistidos na atenção básica. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(5): , mai, 2011 of breastfeeding before the implementation of the guidelines after the same were successful in the process, thus reducing bad postures and handles, and nipple trauma engorgement. That the guidelines and practices Phonoaudiological along to mother/newborn are effective presenting an important role in benefit of development and health of the newborn in the practices of exclusive breastfeeding. Key Word: Depression, Students, Dentistry INTRODUÇÃO O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança. Constitui uma intervenção sensível, econômica e eficaz para redução da morbimortalidade infantil, além de permitir um impacto positivo na promoção da saúde integral do binômio mãe-filho. A amamentação, sendo considerada um processo complexo por envolver aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais, necessita de profissionais qualificados, pois a atuação de profissionais capacitados possui influência diretamente proporcional ao aumento da duração do aleitamento materno 1. A amamentação tem desempenhado um papel importante na saúde da mulher e da criança. O leite humano é considerado o padrão ouro na alimentação do lactente e o crescimento e desenvolvimento da criança amamentada 11. Quando alimentos complementares são introduzidos precocemente, além de haver uma redução no tempo de aleitamento, há também uma interferência na absorção de nutrientes importantes como ferro e zinco 2,3. Recente estudo mostrou que Cuiabá está entre as capitais de menor índice de AME (Aleitamento Materno Exclusivo) até o sexto mês de idade do RN 5. Este fato nos leva a pensar sobre o trabalho de apoio e orientação dos profissionais de saúde prestados as mães desde a gestação até pelo menos os primeiros dias do início da amamentação. Ações desenvolvidas nos hospitais vêm sendo reconhecidas como de fundamental importância para o início da amamentação 2,4. No Ambulatório de Amamentação do HUJM, fazem
3 20 2. ALMEIDA, N. A. M.; FERNANDES, A. G.; ARAÚJO, C. G. Aleitamento materno: uma abordagem sobre o papel do enfermeiro no pós-parto. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 06, n. 03, PEREIRA, R. S. V.; OLVEIRA, M. I. C.; ANDRADE, C. L. T.; BRITO, A. S. Fatores associados ao aleitamento materno exclusivo: o papel do cuidado na atenção básica. Cad. Saúde Pública vol.26 no.12 Rio de Janeiro Dec ARAUJO R. M. A & ALMEIDA J. A. G. Aleitamento materno: o desafio de compreender a vivencia. Rev. Nutri. Vol.20 no.4 Campinas July/Aug GIUGLIANI, E. R. J. O aleitamento materno na pratica clinica. J Pediatr (Rio J). 2000; 76 (Supl): S238-S SANCHES, M. T. C. Manejo clínico das disfunções orais na amamentação. J. Pediatr. (Rio J.) vol.80 no.5 suppl. Porto Alegre Nov CARVALHAES M. A. B. L.; CORREA, C. R. H. Identificação de dificuldades no início do aleitamento materno mediante aplicação de protocolo. J Pediatr (Rio J). 2003;79: CARVALHO, M. R & TAMEZ, R. N. Amamentação: bases científicas para a pratica profissional. Guanabara, Rio de Janeiro, GALVÃO, D. G. Formação em aleitamento materno e suas repercussões na prática clínica. Rev. bras. enferm. vol.64 no.2 Brasília Mar./Apr VENANCIO, S. I. Dificuldades para o estabelecimento da amamentação: o papel das práticas assistenciais das maternidades. J Pediatr (Rio J). 2003;79:1-2. acompanhamento das M/RN uma equipe multiprofissional composta por: pediatra, estudantes de medicina, fonoaudiólogos, estagiários de fonoaudiologia, enfermeiros e técnicos em saúde. Cada um deles desempenha um papel fundamental que tem como objetivo a adequação das alterações ocorridas durante o período de aleitamento materno em M/RN. Embora, as atividades desempenhadas pela equipe multiprofissional dependam da área de atuação de cada um deles, essas atividades tem a função de informar, apoiar, aconselhar e orientar a puérpera durante o aleitamento tendo como objetivo comum à adesão da mãe ao aleitamento materno e à nutrição adequada do recémnascido 2,5,6. Observa-se que as principais dificuldades estão relacionadas ao baixo ganho de peso e a fatores como pega alterada, posicionamento alterado, fissura mamária e ingurgitamento mamário e outro com menor ocorrência, porém não menos relevante é a alimentação artificial e hábitos considerados nocivos (uso de bicos e chupetas, águas, chás...). As ações entre mãe/bebê nas primeiras mamadas rapidamente se tornam hábitos bem estabelecidos, difíceis de mudar, principalmente em relação ao padrão de sucção do RN. Por esse motivo, a avaliação detalhada da mamada e ações específicas para a correção de alterações são muito importantes logo no início da amamentação 7,8,12,15. O trabalho fonoaudiológico se torna considerável na prática e acompanhamento de M/RN para o desenvolvimento adequado do aleitamento materno, um dos fatores importantes em relação à atuação prática fonoaudiológica na amamentação refere-se à avaliação oral no início da amamentação, para reverter padrões funcionais possíveis de serem modificados. O fonoaudiólogo poderá desenvolver um programa de acompanhamento das mães/bebês, conjuntamente com o atendimento pediátrico, onde possa ser realizada a avaliação conduta individualizada para cada mãe/bebê, se necessário realizar um segmento com mais de um retorno, até M/RN consigam reverter as dificuldades iniciais 9. Durante as orientações o fonoaudiólogo deve realizar uma comunicação simples e objetiva 2. Portanto este trabalho tem como objetivo analisar o impacto das orientações Fonoaudiológicas sobre
4 21 as práticas de aleitamento materno das mães que são atendidas no Ambulatório de Amamentação do HUJM. MATERIAIS E MÉTODOS Foram analisados 201 Protocolos de binômio mãe/rn de Consulta Clínica do Ambulatório de Amamentação do HUJM realizados no ano de A partir destes foram analisados: (1) O total de comparecimentos no Ambulatório de Amamentação, de acordo com as consultas marcadas na agenda (2). O número de retornos, também marcados via agenda (3). Os distúrbios de amamentação de caráter fonoaudiológico apresentados por M/RN encontrados nas consultas e nos retornos. Os critérios de inclusão da pesquisa foram: recém-nascidos de ambos os sexos que compareceram às primeiras consultas; M/RN que compareceram nas consultas de retorno; RN com até trinta dias de vida e M/RN que necessitaram de primeiro retorno. Foram excluídos da pesquisa: RN com comprometimento neurológico; RN com comprometimento bucomaxilofacial que impossibilitasse a correção da amamentação somente com orientações; RN com disfunções orais graves; M/RN que necessitaram do segundo ou mais retorno; M/RN que apresentaram dificuldades funcionais graves para o aleitamento; Mães que fizeram ou faziam uso de drogas ilícitas. Mães HIV positivas, mães HLTV-1 positivas; Mães que faziam uso de drogas contra indicadas na lactação. Procedimento: Foram analisados os protocolos de atendimento de consulta clínica do Ambulatório de Amamentação do HUJM visando explorar as manifestações clínicas decorrentes da dificuldade para o aleitamento materno exclusivo e análise da primeira consulta bem como do primeiro retorno verificando assim a adequação das alterações que impossibilitavam o aleitamento efetivo. Os protocolos constantes dos Anexos I (protocolo de consulta) e II (protocolo de retorno) são os instrumentos de uso corrente para consulta clínica do Ambulatório de Amamentação filiado ao Banco de Leite Humano do HUJM. Foram avaliados os protocolos do binômio M/RN, de acordo com as consultas marcadas via agenda. A primeira consulta era feita pelos estagiários do curso de medicina da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) e/ou pelas estagiárias do curso de fonoaudiologia do UNIVAG. Cada consulta durava aproximadamente 30 minutos, sendo que todos os profissionais envolvidos (cada profissional responsável por sua área de atuação) avaliavam o manejo do aleitamento de M/RN, saúde física do RN e davam orientações às mães. Quando necessário (persistindo as dificuldades), as consultas eram remarcadas via agenda.
5 RESULTADOS 22 Os resultados apresentados nas tabelas abaixo referem-se à coleta de dados retrospectivos contidos nos protocolos do Ambulatório de Amamentação do HUJM, do ano de Caracterização da amostra: Foram agendadas para consulta no Ambulatório de amamentação 308 (100%) M/RN no decorrer do ano de 2010, dos quais compareceram para consulta 201(65,25%) M/RN, todos esses protocolos analisados encontravam-se dentro do critério de inclusão. O índice de abandono apresentado foi de 107 M/RN (34,75%). Desta forma, tomamos como referência para a contagem dos dados os 201 protocolos analisados, que passam a ser nosso n final (100%). Dos protocolos analisados, 80 (39.8%) M/RN tiveram alta na primeira consulta. Do restante 121 (60,19%), necessitaram comparecer ao primeiro retorno sendo que 19 (9,4%) precisaram de mais de dois retornos. A média de idade das mães era de 25 anos e o desvio padrão foi de 6,4 anos, sendo que a mãe mais jovem tinha 13 anos e a menos jovem, 43 anos. Todas fizeram acompanhamento de pré-natal no HUJM e receberam orientação em relação ao aleitamento materno antes do parto, sendo que apenas 55 (27,36%) delas haviam amamentado pelo menos uma vez anteriormente. Dos 201 (100%) protocolos analisados 65 (32,3%) das mães tiveram parto normal e 136 (67,6%) fizeram parto cesariano. Para análise mais específica, separamos o binômio M/RN em 3 grupos: Grupo (100%), ou seja, todos M/RN que compareceram para consulta agendada; Grupo (60.1%), M/RN que compareceram para a primeira consulta necessitando de retorno; Grupo (55.7%), M/RN que compareceram ao primeiro retorno seguido de alta. Tabela I. Análise das principais queixas do ambulatório de amamentação, na primeira consulta. Grupo 1.
6 23 Dos protocolos analisados envolvidos neste estudo foram coletadas as principais queixas das M/RN que vieram para consulta do ambulatório de amamentação do HUJM, sendo o fator baixo ganho de peso do RN a principal queixa apresentando 86 (42,2%), e o menor índice obtido de alimentação artificial com 25 (12,4%). As outras alterações mostraram índices de pega alterada com 54 (26,8%), para posicionamento alterado 49 (24,3%), para ingurgitamento mamário 38 (18,9%) e para fissura mamária 36 (17,9%). Tabela II: Principais dificuldades apresentadas pelos binômios M/RN na primeira consulta, necessitando de retorno, grupo 2. Os protocolos foram analisados em relação à primeira consulta necessitando de retorno, nos quais as principais dificuldades apresentadas pelos binômios M/RN foram baixo ganho de peso seguido de pega alterada com 36 (17,9%). As demais dificuldades apresentadas foram alimentação artificial com o menor índice das alterações 8 (3,9%), posicionamento alterado com 30 (14,9%), fissura mamária com 24 (11,9%), e ingurgitamento mamário com 21 (10,4%).
7 24 Tabela III: Principais dificuldades apresentadas pelos binômios M/RN no primeiro retorno, seguido da alta, grupo 3. Após reavaliação das alterações no retorno seguido de alta, foi possível constatar que houve uma queda significativa em todos os aspectos avaliados, e que as quedas mais significativas foram de alimentação artificial com 5 (2,4%), posicionamento alterado e ingurgitamento mamário com 7 ( 3,4%), com maior índice tivemos baixo ganho de peso 14 (6,9%), pega alterada e fissura mamária com 9 (4,4%) da alterações. Tabela IV. Comparação entre as alterações das variáveis dos Grupo 1, Grupo 2 e Grupo3
8 25 5. ARAUJO R. M. A & ALMEIDA J. A. G. Aleitamento materno: o desafio de compreender a vivencia. Rev. Nutri. Vol.20 no.4 Campinas July/Aug SANTOS, V. L. F.; SOLER, Z. A. S. G.; AZOUBEL, R. Alimentação de crianças no primeiro semestre de vida: enfoque no aleitamento materno exclusivo. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. vol.5 no.3 Recife July/ Sept SANCHES, M. T. C.; BUCCINI, G. S.; GIMENO, S. G. A.; ROSA, T. E. C.; BONAMIGO, A. W. Fatores associados à interrupção do aleitamento materno exclusivo de lactentes nascidos com baixo peso assistidos na atenção básica. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(5): , mai, 2011 Após reavaliação constatamos que houve uma queda significativa em todos os aspectos, e que a queda mais significativa foi de baixo ganho de peso apresentando no início G1, 86 (42,2%) enquanto G2, 36 (17,9%) e G3, 14 (6,9%); seguidos de pega alterada que no início G1, 54 (26,8%), G2, 36 (17,9%) e G3, 9 (4,4%). Posicionamento alterado G1, 49 (24,3%), G2, 30 (14,9%) e G3, 7( 3,4%); ingurgitamento mamário G1, 38 (18,9%), G2, 21 (10,4%) e G3, 7 ( 3,4%); fissura mamária G1, 36 (17,9%), G2, 24 (11,9%) e G3, 9 (4,4%); alimentação artificial G1, 25 (12,4%), G2, 8 (3,9%) e G3, 5 (2,4%) das alterações. DISCUSSÃO Na análise de dados em relação ao índice de abandono nossos estudos mostram que 107 (34,75%) M/RN não compareceram para o primeiro atendimento pós-parto, não sendo possível afirmar que essas deixaram de amamentar. Em relação à idade materna, recentes estudos sobre alimentação nos primeiros anos de vida da criança, amostras aleatórias da população revelam que a maioria das mães estão na faixa entre 20 e 34 anos mostrando compatibilidade com nossos estudos 10,5. No presente estudo verificou-se que 201 (100%) das mães fizeram acompanhamento de pré-natal e receberam orientações relacionadas ao aleitamento materno. É fato que, isoladamente, o número de consultas de pré-natal não garante a qualidade e eficácia do AME, assim, o apoio emocional e uma abordagem mais acolhedora às gestantes e puérperas têm sido práticas preconizadas pelo atendimento à gestante no HUJM 11. Nossa pesquisa revela que um fator que pode ter influenciado na prática do aleitamento materno exclusivo pela maior parte das mães no primeiro mês de vida foi a assistência multiprofissional recebida no pré e pós-parto. De maneira geral, os resultados são unânimes em apontar desempenho da equipe multidisciplinar como elemento básico para o sucesso da amamentação (vide Tabela 4). Nessa análise verificou-se que apenas 55 (27,36%) das mães
9 26 5. ARAUJO R. M. A & ALMEIDA J. A. G. Aleitamento materno: o desafio de compreender a vivencia. Rev. Nutri. Vol.20 no.4 Campinas July/Aug GIUGLIANI, E. R. J. O aleitamento materno na pratica clinica. J Pediatr (Rio J). 2000; 76 (Supl): S238-S GALVÃO, D. G. Formação em aleitamento materno e suas repercussões na prática clínica. Rev. bras. enferm. vol.64 no.2 Brasília Mar./Apr haviam amamentado pelo menos uma vez anteriormente, fato que não influenciou no aleitamento atual já que a maior parte das mães 176 (87,5%) encontrava-se fazendo uso do aleitamento exclusivo durante as consultas no ambulatório. Algumas das mães valorizam a experiência anterior ou a oportunidade de acompanhar uma lactante. Porém é preciso considerar que essa experiência, nem sempre, irá resultar em um estímulo para a prática da amamentação 5. Para que o bebê mame corretamente às vezes é necessário ensinar tanto a mãe quanto o bebê, o que constitui colocar-se à mama de uma forma eficaz e uma das medidas recomendadas pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) é a observação e avaliação de cada dupla mãe/bebê durante uma mamada por meio de protocolo específico que permite avaliar a postura corporal da mãe e bebê, as respostas do bebê, o vínculo emocional, a anatomia das mamas e a sucção 12. O trabalho de orientação em relação ao baixo ganho de peso, quando encontrado, é feito através da conscientização das mães e familiares de que o aleitamento materno sem restrições diminui a perda de peso inicial do recém- nascido, favorece a recuperação mais rápida do peso de nascimento, promove uma decida do leite mais rápida, aumenta a duração do aleitamento materno e protege contra afecções no recém-nascido quando este não faz uso de AME 6. Em relação ao posicionamento M/RN, é imprescindível que se sintam confortáveis e que a mãe possa facilitar os reflexos orais do bebê, ajudando-o a abocanhar uma porção adequada da mama, estando o bebê bem apoiado ele pode remover o leite efetivamente deglutir e respirar livremente. O corpo do bebê deve estar próximo, todo voltado para a mãe, tórax com tórax onde o corpo e a cabeça do bebê devem estar alinhados, o braço inferior deve estar posicionado ao redor da cintura da mãe de maneira que não fique entre o corpo do RN e o corpo da mãe, devendo ainda o corpo dele estar fletido sobre a mãe com as nádegas firmemente apoiadas. Em relação à pega alterada, as mães foram orientadas de maneira que o queixo do bebê tocasse a mama, os lábios deveriam estar voltados para fora, realizando um correto selamento labial e ainda uma área maior da aréola deveria estar visível acima, e não abaixo, da boca do bebê e bochechas arredondadas 6,12.
10 27 O trauma mamilar é uma importante causa de desmame e, por isso, a sua prevenção e correção é primordial. Exposição das mamas ao ar livre ou a luz solar, para mantê-las secas, não usar sabão, álcool ou qualquer produto secante, amamentação freqüente. 2. ALMEIDA, N. A. M.; FERNANDES, A. G.; ARAÚJO, C. G. Aleitamento materno: uma abordagem sobre o papel do enfermeiro no pós-parto. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 06, n. 03, GIUGLIANI, E. R. J. O aleitamento materno na pratica clinica. J Pediatr (Rio J). 2000; 76 (Supl): S238-S CARVALHAES M. A. B. L.; CORREA, C. R. H. Identificação de dificuldades no início do aleitamento materno mediante aplicação de protocolo. J Pediatr (Rio J). 2003;79: ARANTES, C. I. S.; OLIVEIRA, M. M.; VIEIRA, T. C. R.; BEIJO, L. A.; GRADIM, C. V. C.; GOYATÁ, S. L. T. Aleitamento materno e práticas alimentares de crianças menores de seis meses em Alfenas, Minas Gerais. Rev. Nutr. vol.24 no.3 Campinas May/June MARQUES, E. S.; COTTA, R. M. M.; PRIORE, S. E. Mitos e crenças sobre o aleitamento materno. Ciênc. saúde coletiva vol.16 no.5 Rio de Janeiro May O bebê que mama frequentemente vai ao peito com menos fome, com menos chance de sugar com força excessiva, ao final da mamada a mãe deverá introduzir o dedo indicador ou mínimo pela comissura labial do bebê, de maneira que o dedo substitua, por um momento, o mamilo 6. A amamentação em livre demanda, iniciada logo após o parto aplicado a técnica correta, são medidas eficazes na prevenção do ingurgitamento. Uma vez instalado o ingurgitamento recomenda-se amamentar freqüentemente. O esvaziamento da mama é essencial, pois se o leite não for removido pode ocorrer mastite e até mesmo abcesso mamário. A alimentação artificial é vilã em relação ao tempo de aleitamento 2, o trabalho fonoaudiológico neste aspecto é realizado através da conscientização da mãe de que o leite materno é essencial para a manutenção da dieta e desenvolvimento do seu filho 8,13,14. Na tabela 1, traçou-se o perfil das alterações na entrada das mães para consulta no Ambulatório de Amamentação. Os dados nos mostram que as orientações realizadas a favor do aleitamento materno e os seus benefícios desde a gestação fizeram com que o índice de introdução de alimentação artificial caísse em relação aos outros, estando com uma taxa de 25 (12,4%) contra 176 (87,5%) de mães que estavam amamentando exclusivamente no primeiro mês de vida da criança. Nosso estudo se mostra compatível com estudos atuais que mostram que, no Brasil, a grande maioria das crianças encontra-se em AME no primeiro mês de vida 13. Em contra partida, a variável baixo ganho de peso, teve o maior índice das queixas, apresentando 86 (42,2%) ocorrências em que os RN apresentavam ganho ponderal insuficiente como conseqüência da influência do inadequado manejo das outras variáveis principalmente pega alterada que teve um índice de 54 (26,8%) e posicionamento alterado com 49 (24,3%) realizado pelas mães. O melhor indicativo da
11 28 suficiência de leite é o ganho de peso da criança. A dor sentida pela mãe na ocorrência de traumas mamilares e ingurgitamento mamário também são fatores que contribuíram para o ganho de peso insuficiente, visto que estes fatores ocorreram com menos freqüência e em conjunto com pega e posicionamento alterados na análise dos protocolos de consulta clínica. Na tabela 2, em que os protocolos analisados mostram as principais dificuldades apresentadas pelos M/RN, estando o baixo ganho de peso e pega alterada com índice de 36 (17,9%), sendo que o manejo inadequado estava prejudicando o fator ganho ponderal, e com menor índice de alteração a alimentação artificial com 8 (3,9%), em G2 observa-se um aumento de AME, já considerável, visto que em G1 tinha-se 25 (12,4%) ocorrências de alimentação artificial. Os dados revelam que algumas mães continuavam, ao final da consulta, a apresentar dificuldade no manejo ou insegurança na aplicação da técnica apresentada pelos profissionais sendo necessário a prática da técnica em casa durante uma semana e retorno para uma nova consulta e avaliação da mamada ao final de sete dias. Ao final da consulta e orientações estabelecidas pelas estagiárias sob supervisão da fonoaudióloga foi possível reduzir o número de alterações, já que 201 (100%) binômios entraram para consulta no ambulatório com um número significativo de inadequações, destes 80 (39.8%) tiveram alta após correção das alterações no dia da primeira consulta (Tabelas 1 e 2). Na tabela 3, os dados nos mostram que após as correções de pega bem como posicionamento e das dificuldades apresentadas pelas mães como fissura mamária e ingurgitamento mamário houve uma diminuição significativa das alterações em todos os aspectos, sendo que a queda mais significativa foi de alimentação artificial com 5 (2,4%). Os protocolos mostram que a intervenção precoce feitas pela fonoaudióloga com o objetivo de reduzir o uso de alimentação artificial aplicada concomitante a orientações e auxílio ao manejo do AM à M/RN fizeram com que o AME tivesse um índice maior de efetividade sendo que no começo haviam 25 mães de G1 fazendo uso de fórmulas, e ao final em G3 somente 5 mães não tiveram sucesso no AME, ou seja, ao final do retorno 80% das mães estavam amamentando exclusivamente. Nesta pesquisa observamos na Tabela 3, que o posicionamento alterado e o ingurgitamento mamário apresentaram 7 (3,4%) alterações. Isso comprova que o trabalho fonoaudiológico se torna essencial e para que se torne efetivo é necessário que se estabeleça uma comunicação simples e objetiva durante a orientação. Com maior índice tivemos baixo ganho de peso 14 (6,9%), pega alterada e fissura mamária com 9 (4,4%) das alterações. Os atendimentos são realizados com R/N de até trinta dias onde é possível estabelecer,
12 29 adequar e instalar hábitos benéficos que auxiliem na redução do desmame precoce ARAUJO R. M. A & ALMEIDA J. A. G. Aleitamento materno: o desafio de compreender a vivencia. Rev. Nutri. Vol.20 no.4 Campinas July/Aug 007. A tabela 4 mostra que todas as variáveis apresentaram uma relevante redução das alterações quando comparadas às variáveis de G1 e G2 a G3 uma a uma sendo que a mais significativa foi de baixo ganho de peso apresentando no início em G1 86 (42,2%) enquanto G2 36 (17,9%) e G3 14 (6,9%); seguidos de pega alterada que no início em G1 era de 54 (26,8%) enquanto em G2 36 (17,9%) e G3 9 (4,4%); posicionamento alterado em G1 49 (24,3%), G2 30 (14,9%) e G3 7( 3,4%); ingurgitamento mamário em G1 38 (18,9%), G2 21 (10,4%) e G3 7 ( 3,4%); fissura mamária em G1 36 (17,9%), G2 24 (11,9%) e G3 9 (4,4%); alimentação artificial em G1 25 (12,4%), G2 8 (3,9%) e G3 5 (2,4%) das alterações. Pode-se afirmar então que as orientações realizadas no ambulatório apresentaram resultados significativos fato este que nos leva a considerar de grande relevância as orientações prestadas junto ao ambulatório por uma equipe multidisciplinar. Das alterações que ainda ficaram para um segundo retorno, analisou-se que são aquelas em que M/RN necessitaram de mais de duas consultas 19 (9,4%), para a tentativa da redução do aleitamento artificial e complementos, melhora de hipogalactia, controle do ganho de peso do RN, icterícias e diagnósticos relacionados à patologias ou alterações de ordem pediátrica ou nutricional, não dependendo mais de orientações para a correção do manejo, porém adequações que vão além do campo fonoaudiológico. CONCLUSÃO As orientações e práticas Fonoaudiológicas junto a M/RN realizadas no ambulatório de amamentação do Hospital Universitário Julio Muller se mostraram eficazes apresentando um importante papel em benefício do desenvolvimento e saúde do RN nas práticas do aleitamento materno exclusivo.
13 30 Referências 1. JOVENTINO, E. S.; DODT, R. C. M.; ARAUJO, T. L.; CARDOSO, M. V. L. M. L.; SILVA, V. M.; XIMENES, L. B. Tecnologias de enfermagens para promoção do aleitamento materno: revisão integrativa da literatura. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2011 mar;32(1): ALMEIDA, N. A. M.; FERNANDES, A. G.; ARAÚJO, C. G. Aleitamento materno: uma abordagem sobre o papel do enfermeiro no pós-parto. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 06, n. 03, BERNARDI, J. B.; GAMA, C. M.; VITOLO, M. R. Impacto de um programa de atualização em alimentação infantil em unidades de saúde na prática do aleitamento materno e na ocorrência de morbidade. Cad. Saúde Pública vol.27 no.6 Rio de Janeiro June PEREIRA, R. S. V.; OLVEIRA, M. I. C.; ANDRADE, C. L. T.; BRITO, A. S. Fatores associados ao aleitamento materno exclusivo: o papel do cuidado na atenção básica. Cad. Saúde Pública vol.26 no.12 Rio de Janeiro Dec ARAUJO R. M. A & ALMEIDA J. A. G. Aleitamento materno: o desafio de compreender a vivencia. Rev. Nutri. Vol.20 no.4 Campinas July/Aug GIUGLIANI, E. R. J. O aleitamento materno na pratica clinica. J Pediatr (Rio J). 2000; 76 (Supl): S238-S SANCHES, M. T. C. Manejo clínico das disfunções orais na amamentação. J. Pediatr. (Rio J.) vol.80 no.5 suppl. Porto Alegre Nov CARVALHAES M. A. B. L.; CORREA, C. R. H. Identificação de dificuldades no início do aleitamento materno mediante aplicação de protocolo. J Pediatr (Rio J). 2003;79: CARVALHO, M. R & TAMEZ, R. N. Amamentação: bases científicas para a pratica profissional. Guanabara, Rio de Janeiro, SANTOS, V. L. F.; SOLER, Z. A. S. G.; AZOUBEL, R. Alimentação de crianças no primeiro semestre de vida: enfoque no aleitamento materno exclusivo. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. vol.5 no.3 Recife July/ Sept
14 SANCHES, M. T. C.; BUCCINI, G. S.; GIMENO, S. G. A.; ROSA, T. E. C.; BONAMIGO, A. W. Fatores associados à interrupção do aleitamento materno exclusivo de lactentes nascidos com baixo peso assistidos na atenção básica. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(5): , mai, GALVÃO, D. G. Formação em aleitamento materno e suas repercussões na prática clínica. Rev. bras. enferm. vol.64 no.2 Brasília Mar./Apr ARANTES, C. I. S.; OLIVEIRA, M. M.; VIEIRA, T. C. R.; BEIJO, L. A.; GRADIM, C. V. C.; GOYATÁ, S. L. T. Aleitamento materno e práticas alimentares de crianças menores de seis meses em Alfenas, Minas Gerais. Rev. Nutr. vol.24 no.3 Campinas May/June MARQUES, E. S.; COTTA, R. M. M.; PRIORE, S. E. Mitos e crenças sobre o aleitamento materno. Ciênc. saúde coletiva vol.16 no.5 Rio de Janeiro May VENANCIO, S. I. Dificuldades para o estabelecimento da amamentação: o papel das práticas assistenciais das maternidades. J Pediatr (Rio J). 2003;79:1-2.
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