AGROFLORESTA NA ESCOLA: CRIANDO ESPAÇOS DE RECONEXÃO COM A NATUREZA E EXERCITANDO A ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR

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1 1 AGROFLORESTA NA ESCOLA: CRIANDO ESPAÇOS DE RECONEXÃO COM A NATUREZA E EXERCITANDO A ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR Fabiana Mongeli Peneireiro Laboratório da Complexidade / UnB Organização do mini-curso Descrição: Resumo: Esse minicurso, voltado para aproximadamente um público de 20 professores, do ensino fundamental e médio, tem como proposta abordar as cegueiras do conhecimento, ao fazermos uma breve reflexão sobre a relação entre ser humano e natureza e seus impactos socioambientais. Nesse contexto, será discutida a questão da disciplinaridade e especialização como fatores de afastamento do ser humano da complexidade da realidade. Também aprofundaremos sobre a condição humana, ao considerarmos o ser humano como um ser biofísico e psico-sócio-cultural lançaremos um olhar sobre o nosso papel no contexto da sustentabilidade, dialogando com a identidade terrena, sobre a qual lançaremos um foco na educação para a sustentabilidade. Palavras-chave: educação para sustentabilidade; agrofloresta na escola; educação ambiental Resultados de aprendizagem: espera-se com esse espaço reflexivo, que valores venham à tona e que se perceba a importância de um espaço pedagógico como, por exemplo, uma agrofloresta na escola (ao fazer uma relação com a importância dos quintais na infância); também se pretende que se percebam alguns aspectos das cegueiras do conhecimento cartesiano para a abordagem da sustentabilidade, iniciando um exercício de planejamento interdisciplinar para se desenvolver atividades pedagógicas vinculadas à agrofloresta na escola

2 2 Contexto Esse curso deverá ser voltado para 20 professores do ensino fundamental e médio. As disciplinas envolvidas podem ser várias, mas principalmente: biologia, geografia, ciências, química, física, português. Sete saberes: O minicurso abordará mais diretamente os seguintes saberes: As cegueiras do conhecimento: identificar os equívocos gerados pela ciência moderna em sua forma compartimentalizada de ver e compreender o mundo é fundamental para repensarmos nossa forma de estar no mundo e de nos relacionar, no contexto da construção de sociedades sustentáveis. Ensinar a condição humana: refletir o ser humano nas dimensões biofísicas, como indivíduo e como ser social é fundamental para se construir referências para a sustentabilidade, quer seja na sua relação com o planeta, no nível local e global, quer seja em sua relação com as pessoas e sua multiculturalidade. Ensinar a identidade terrena: ao abordar a importância dos quintais na infância para a formação da personalidade do adulto, espera-se sensibilizar os professores para a importância de áreas semelhantes como espaço pedagógico na escola. Ao pensar o uso pedagógico da agrofloresta na escola, pretende-se fazer um exercício de se pensar um currículo interdisciplinar. Detalhamento Justificativa Adentramos ao século XXI com claros desafios que repercutem na permanência da humanidade no planeta. A crise pela qual passa a humanidade tem dimensão gigantesca, pois reflete a crise econômica, da globalização e livre mercado; a crise ambiental, com a possibilidade eminente das mudanças climáticas acarretadas pelo desmatamento, queimadas e poluição, desertificação, degradação do solo e da água, perda da biodiversidade; a crise energética, pelo esgotamento das jazidas de petróleo; a crise social, cada vez mais evidente pelas disparidades de oportunidades, pelas injustiças e pela falta condições mínimas de vida ao ser humano. Essa crise civilizatória pode ser percebida como uma crise paradigmática, de valores, que reflete a concepção positivista, racional, analítica-reducionista, na qual tem se apoiado a humanidade moderna, com desprezo a outras formas de conhecimento e relação com a vida.

3 3 Atualmente o paradigma científico moderno vem sendo questionado, apontandose para a necessidade da emergência de um novo paradigma de ciência, que considere as conexões e o diálogo entre diferentes áreas do conhecimento, bem como a interação entre as diferentes formas de conhecimento para auxiliar a busca de respostas para problemas atuais (SILVA, 2006). Vivemos uma época de reflexão, de busca de novos caminhos, de novas percepções, em todas as áreas do conhecimento, e podemos identificar essa tendência em vários autores contemporâneos, entre eles Morin, Leff e Santos, que nos apontam para a necessidade de novas abordagens na educação. Morin (2007) ressalta que precisamos pensar a educação na era planetária considerando as complexidades; Leff (2004) apresenta a complexidade ambiental na perspectiva de uma relação ser humano/natureza baseada na ética e na completude das diferenças. Educar no século XXI, no sentido de responder aos desafios colocados nos leva a Freire (1970, 1977, 1983), que educava nos círculos de cultura, a partir da leitura do mundo, caracterizando uma pedagogia da práxis. Construir o conhecimento de forma transdisciplinar, contextualizada, problematizadora, integral e propositiva para a transformação desejada orientada pela ética da vida e da equidade é a necessidade que a realidade nos coloca (GIMENO SACRISTÁN, 2000; TORRES SANTOMÉ, 1998), e nesse caso, esbarra-se numa questão fundamental: quem é capaz de educar nessa perspectiva? São os educadores educados para essa realidade com a qual nos deparamos e temos urgência de fazermos frente a ela? E quem educará os educadores? É nessa perspectiva que esse curso propõe um início de conversa com educadores na temática da sustentabilidade. Objetivos gerais Refletir sobre a necessidade e possibilidade de religação do ser humano com a vida planetária no âmbito do currículo escolar Objetivos específicos Refletir sobre a cegueiras do conhecimento e os reflexos na insustentabilidade das sociedades modernas; Refletir sobre a condição humana, procurando relacionar nosso papel no planeta como ser biológico, individual e social com a educação;

4 4 Refletir sobre a identidade terrena, construindo espaços pedagógicos e currículos voltados para a sustentabilidade. Descrição dos processos e da intencionalidade do mini-curso: Fases e etapas Acolhimento Apresentação de cada um Apresentação da proposta Sensibilização 1. vasculhando a memória e percebendo a importância dos quintais na infância 2. refletindo sobre as cegueiras do conhecimento na abordagem da sustentabilidade 3. agrofloresta como espaço e abordagem de reconexão com o planeta Planejamento 1. Breve exercício de planejar conexão entre as disciplinas escolares ao utilizar o espaço agroflorestal Fechamento e avaliação Metodologia empregada Dinâmica: como estou chegando a partir de imagens em cartões Apresentação oral da proposta Cada um deverá mergulhar na memória da infância, desenhar e compartilhar sensações Dinâmica do abertura e fechamento da visão A partir de imagens, conversar sobre os equívocos do saber reducionista A partir de vídeo e imagens, apresentar a proposta de agrofloresta e algumas experiências, dialogando com as experiências dos presentes Em pequenos grupos, os participantes planejarão como envolver as diferentes disciplinas ao tratar do espaço agroflorestal na escola Cada um fala que janelas foram abertas nesse minicurso que desejam aprofundar Recursos utilizados Cartões ilustrados Oral Papel A3 ou ¼ de cartolina para cada um Giz de cera, lápis de cor Folha de papel A4 Data show Data show com som Papel e caneta 5 folhas de flipchart, 5 pincéis atômicos (15 min para pensar em grupo e 15 minutos para 4 grupos apresentarem) Depoimento oral, em círculo Duração 10 min 5 min 45 min 5 min 20 min 50 min 30 min 25 min A partir dos saberes trabalhados, o mini-curso pode contribuir para: - O estudo dos processos e disposições psíquicas e culturais que conduzem ao erro e à ilusão.

5 5 A partir de alguns exemplos concretos, lançaremos outras hipóteses plausíveis para explicar determinados fenômenos, que a ciência não vê em função do seu método reducionista. Assim, poderemos desconstruir alguns mitos e abrir as mentes para novas possibilidades de compreensão de mundo. - A superação do conhecimento fragmentado e a apreensão da realidade de modo global, contextualizado, complexo e em seu conjunto. Ao perceber, a partir de imagens, que tudo está ligado, será conversado sobre a importância de não se fragmentar o conhecimento e de trabalhá-lo de forma contextualizada, partindo da realidade local e da trajetória de vida das pessoas envolvidas. - O reconhecimento da unidade e da complexidade humana, em sua diversidade. Partindo das próprias experiências relatadas pelos participantes, será feita uma reflexão sobre a complexidade humana. Ao se resgatar memórias sobre o quintal da infância, muitas emoções virão à tona, então perceberemos como cada um se relaciona com sua história e como essa experiência repercutiu na personalidade do adulto que é hoje. - A compreensão da atual crise civilizacional. A partir de algumas manchetes, fotos, afirmações, pretende-se fazer uma reflexão coletiva sobre a atual crise civilizacional, relacionando-a com as práticas cotidianas e principalmente nosso hábito alimentar e de consumo. Espera-se, com isso, que alguns hábitos sejam repensados e quem sabe, transformados em outros mais sustentáveis. - O enfrentamento das incertezas. Será feito um convite à aventura de experimentar o novo, e, numa abordagem da práxis, que o caminho se faz ao caminhar, que o aprendizado se constrói no processo, desde que a reflexão esteja presente sempre, e a ética da vida e da paz seja a mola propulsora para nossas ações. - O desvelamento do nosso racismo, xenofobia e desprezo. No recorte de sustentabilidade que pretendemos tratar, será abordado principalmente o hábito alimentar, no qual, em geral, se valoriza o que é chique e não o que é local; e

6 6 essa postura é insustentável do ponto de vista socioambiental, uma vez que degrada os recursos naturais, desvaloriza o saber tradicional e exclui a população tradicional. - A construção da cidadania terrestre. Ao refletir sobre nosso papel como ser biológico, individual e social no planeta, nossa corresponsabilidade para a construção de um mundo sustentável, poderemos identificar como exercer a cidadania terrestre. Avaliação do mini-curso: A avaliação será feita processualmente. Em cada atividade serão observadas as reações emocionais/afetivas das pessoas (serão anotadas as palavras-chave que representam esse aspecto), principalmente na atividade de sensibilização. Ao final pretende-se que cada um fale que aspecto relevante foi tratado no minicurso e como pretende levar avante as idéias que foram suscitadas. Recursos necessários e número de pessoas Recursos didáticos e audiovisuais necessários para a realização do mini-curso: 20 folhas de papel A3 ou 20 pedaços de ¼ de cartolina; giz de cera, lápis de cor para 20 pessoas; 20 folhas de papel A4; data show com som; 5 folhas de flipchart, 5 pincéis atômicos. Número máximo de pessoas que poderão realizar o mini-curso: 20 Referências bibliográficas FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, p.. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, p.. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, p. GIMENO SACRISTÁN, J.G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artmed p. LEFF, E. Aventuras da epistemologia ambiental: da articulação das ciências ao diálogo de saberes. Rio de Janeiro: Garamond, p. (Coleção Idéias Sustentáveis) MORIN, E.; CIURANA, E.; MOTTA, R. D. Educar na Era Planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem pelo erro e incerteza humana. São Paulo: Cortez, DF: UNESCO, p.

7 7 SILVA, M. R. Diálogo entre Saberes: uma Experiência Acadêmica no Vale do Ribeira/SP. In: III Encontro da ANPPAS. Anais. Brasília: ANPPAS, TORRES SANTOMÉ, J. T. Globalização e Interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artmed, p.