TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /SC RELATORA : DES. FEDERAL LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH

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1 TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /SC RELATORA : DES. FEDERAL LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH AGRAVANTE ADVOGADO AGRAVADO : INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS - IBAMA : PROCURADORIA-REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO : LISAPLAST EMBALAGENS LTDA/ EMENTA TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. TCFA. CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DOS DÉBITOS. DECADÊNCIA. ART. 173, I, DO CTN. PRESCRIÇÃO. 1. Nos termos do art. 173, I, do CTN, não operou-se a decadência em relação aos débitos cobrados, uma vez que constituídos no prazo legal. 2. Não há falar em prescrição, tendo em vista que entre a data da constituição definitiva dos débitos e a data do despacho ordinatório da citação não transcorreu o lustro legal. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, dar provimento ao agravo de instrumento, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 23 de março de Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH Relatora Documento eletrônico assinado digitalmente por Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH, Relatora, conforme MP nº /2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico mediante o preenchimento do código verificador v2 e, se solicitado, do código CRC 6A74EE02. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): Nº de Série do Certificado: LUCIANE AMARAL CORREA MUNCH: C180 Data e Hora: 24/03/ :32:40 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /SC RELATORA : Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH AGRAVANTE : INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS

2 ADVOGADO AGRAVADO RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS - IBAMA : Procuradoria-Regional Federal da 4ª Região : LISAPLAST EMBALAGENS LTDA/ RELATÓRIO Cuida-se de agravo de instrumento, com pedido de efeito suspensivo, de decisão que em execução fiscal reconheceu a prescrição de débitos de TCFA com vencimentos de até , nos seguintes termos: Trata-se de execução fiscal ajuizada com base na Certidão de Dívida Ativa anexa à inicial, relativa a débitos de TCFA do período de 2001 a Intimado a informar a existência de causa apta a interromper ou suspender o prazo prescricional, o Exequente juntou petição e documentos às fls. 24/46, informando a inexistência de causas suspensivas/interruptivas do prazo após a notificação da empresa, ocorridas em 10/03/2005 e 04/08/2008 via correio com AR.. O presente caso reclama o reconhecimento de ofício da prescrição parcial do crédito exequendo. Muito embora até pouco tempo houvesse forte resistência à decretação de ofício da prescrição, com a promulgação da Lei nº /2004 o tema merece receber tratamento diverso. O artigo 6º da referida lei incluiu o parágrafo 4º ao artigo 40 da Lei nº 6.830/80, nestes termos: "Art. 40 (...) 4º. Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato." Portanto, percebe-se claramente que tal disposição permite a declaração ex officio da prescrição, inclusive para os processos em curso, mesmo se houver a discordância do exeqüente, cuja oitiva servirá para que informe a existência de eventuais causas suspensivas ou interruptivas do prazo prescricional, inexistentes no caso em apreço. Neste sentido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça: "TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. DECRETAÇÃO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE, A PARTIR DA LEI / A jurisprudência do STJ, no período anterior à Lei /2004, sempre foi no sentido de que a prescrição intercorrente em matéria tributária não podia ser declarada de ofício. 2. O atual parágrafo 4º do art. 40 da LEF (Lei 6.830/80), acrescentado pela Lei , de (art. 6º), viabiliza a decretação da prescrição intercorrente por iniciativa judicial, com a única condição de ser previamente ouvida a Fazenda Pública, permitindo-lhe argüir eventuais causas suspensivas ou interruptivas do prazo prescricional. Tratando-se de norma de natureza processual, tem aplicação imediata, alcançando inclusive os processos em curso. 3. Recurso especial a que se dá provimento, sem prejuízo da aplicação da legislação superveniente, quando cumprida a condição nela prevista." (STJ, RESP /RS, relator Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ de 16/05/2005, p. 270)

3 Tal posição foi robustecida pela nova redação do art. 219, 5º, do CPC, que expressamente prevê a possibilidade de reconhecimento de ofício da prescrição. Conforme se infere dos autos, a execução foi ajuizada em 19/12/2008, e diz respeito a débitos (TCFA) com vencimento entre 30/03/2001 a 31/12/2007, iniciando-se nas datas dos vencimentos o prazo prescricional, uma vez que já poderia o fisco cobrá-los. Nesse sentido: EMENTA: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. TAXA DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL-TCFA. CONSTITUCIONALIDADE. NATUREZA JURÍDICA DE TRIBUTO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Apesar do nomen iuris "taxa", imputado pela Lei nº /00, a "Taxa" de Controle e Fiscalização Ambiental - TCFA possui natureza jurídica de contribuição de intervenção no domínio econômico. Daí decorre o afastamento das regras impostas pelo regime jurídico das taxas e a legitimidade da exação instituída pela Lei nº /2000. Não se trata de lançamento por homologação, pois o fato gerador decorre do exercício regular do poder de polícia conferido ao IBAMA e independe da atuação do contribuinte, bastando que se dedique a atividades potencialmente perigosas ao meio ambiente, à flora ou à fauna. Não há falar em ausência de lançamento (art. 142 do CTN), pois o lançamento ocorreu, de ofício, de forma automática e acessível via internet, com valor previamente definido, sem ofensa ao art. 15 do Decreto nº /72 e arts. 3º e 37 da IN/IBAMA nº 08/2003, pois tais dispositivos legais tratam da ampla defesa administrativa pela lavratura de auto de infração, que difere de tributo, legal e exigível. (TRF4, AC , Primeira Turma, Relator Vilson Darós, D.E. 12/05/2009) Logo, sendo tributo, a taxa sujeita-se às regras insertas no Código Tributário Nacional, entre as quais se encontra a da prescrição quinquenal prevista no artigo 174, que se efetivou parcialmente, porquanto passados mais de 5 (cinco) anos entre a data dos vencimentos de 30/03/2001 a 30/12/2003 e a data do despacho de citação em 12/01/2009 (fl. 06). Assim, inegável o reconhecimento de que a prescrição atingiu os débitos com vencimentos até 30/12/2003, considerando-se o lapso verificado entre a data de vencimento e o despacho citatório. (...) Alega a parte agravante, em suma, que ao caso se aplica o art. 173, I, do CTN, ou seja, é a partir da constituição definitiva do crédito tributário, com a notificação do contribuinte, que passa a fluir o prazo prescricional. Antes disso flui o prazo decadencial, o qual não ocorreu na hipótese, pois a primeira notificação ( ) ocorreu dentro do quinquênio legal. Bem assim em relação à prescrição, pois entre aquela data e o despacho ordinatório da citação ( ) também não transcorreu o prazo de cinco anos. O pedido de efeito suspensivo foi deferido. Não foi apresentada contraminuta. É o relatório VOTO Ao analisar o pedido de efeito suspensivo, assim foi decidido: É pacificada a jurisprudência desta Corte no sentido de que a "Taxa" de Controle e Fiscalização Ambiental - TCFA se trata de contribuição de intervenção no domínio econômico, com supedâneo no art. 149 da CRFB/88, com a finalidade de aparelhar a defesa do meio ambiente pelo IBAMA. Logo, passa referida "Taxa" a se reger

4 pelas normas insculpidas no Código Tributário Nacional e, mais especificamente, a obedecer as regras tributárias de decadência e prescrição. Quanto à formalização da obrigação tributária, pode ocorrer por vários modos, a saber: em primeiro lugar, pelo lançamento, sendo que o Código Tributário Nacional prevê três modalidades: de ofício (art. 149); por declaração (art. 147) e por homologação (art. 150, 4º). Há também o denominado "auto lançamento", que, a rigor, não é lançamento como definido no art. 142 do CTN, mas confirmação da extinção do crédito tributário, já constituído e pago pelo contribuinte. Deve-se, ainda, distinguir os casos em que o sujeito passivo comunica a existência da obrigação tributária, como na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais - DCTF, ou de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP), ou de outra declaração desta natureza, prevista em lei. Nessa hipótese, há a constituição do crédito tributário na data da entrega da declaração, sendo o crédito fiscal exigível a partir da data do vencimento, podendo ser inscrito em dívida ativa e cobrado em execução, independentemente de qualquer procedimento administrativo. No que concerne à fixação do termo inicial do prazo decadencial para a constituição do crédito tributário, a regra geral é a do art. 173, I, do CTN. Todavia, há regra específica para os casos de tributo sujeito a lançamento por homologação, em que o prazo decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de cinco anos, a contar do fato gerador, conforme estabelece o 4º do art. 150 do CTN. Na espécie, a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental - TCFA é realizada mediante lançamento por homologação. Portanto, é do contribuinte a obrigação de apurar, informar e recolher o tributo dentro dos prazos legais previstos. Por outro lado, o art. 17-G, 1º, da Lei n.º 6.938/81, acrescentado pela Lei n.º /00, assim dispõe: A TCFA será devida no último dia útil de cada trimestre do ano civil, nos valores fixados no Anexo IX desta Lei, e o recolhimento será efetuado em conta bancária vinculada ao IBAMA, por intermédio de documento próprio de arrecadação, até o quinto dia útil do mês subsequente. A própria Lei n.º 6.938/81 (art. 17-D) também define o valor devido pelo estabelecimento, bem como a forma de recolhimento (art. 17-G). Como se pode observar, não há necessidade de qualquer tipo de participação do sujeito ativo. Entretanto, não há notícia, nos autos, de que o sujeito passivo da relação tributária tenha efetuado a declaração dos tributos. Assim, caso o contribuinte não tenha efetuado o pagamento dos débitos, como é a hipótese presente, cabe ao Fisco efetuar o lançamento de ofício. Dessa forma, aplica-se o disposto no art. 173, I, do CTN, conforme referido alhures, dispondo o IBAMA do prazo de cinco anos, contados a partir do primeiro dia do ano seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, para constituir o crédito tributário. Nesse sentido, trago à colação precedente desta 2ª Turma, de minha relatoria, verbis: "TRIBUTÁRIO. TAXA DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL - TCFA. LEI N /2000. DECADÊNCIA. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. 1. A cobrança da TCFA é realizada mediante autolançamento do contribuinte sujeito à posterior homologação do Fisco. Não tendo ocorrido o pagamento, aplica-se o disposto no art. 173, I, do CTN, dispondo o IBAMA do prazo de cinco anos,

5 contados a partir do primeiro dia do ano seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, para constituir o crédito tributário. 2. Não ocorrência da prescrição, porque não decorridos cinco anos da data da constituição definitiva do crédito." (APELAÇÃO CÍVEL Nº /PR, RELATORA: Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH, 2ª Turma, D.E. de ) No caso concreto, os débitos foram constituídos no prazo legal, tendo em vista que a primeira notificação do contribuinte do lançamento dos débitos se deu em (fl. 46v.). Portanto, não restou configurada a decadência, pois entre essa data e os vencimentos das contribuições ( a ) não decorreu o prazo de cinco anos. Também não há falar em prescrição, pois entre a constituição definita dos créditos, com a notificação editalícia do devedor, e o despacho ordinatório da citação ( ) não transcorreu o quinquênio legal. Merece guarida, pois, a insurgência da parte agravante. Ante o exposto, defiro o efeito suspensivo. Comunique-se. Intimem-se, inclusive a parte agravada para responder. Após, voltem conclusos. Porto Alegre, 28 de janeiro de Não tendo vindo aos autos novos elementos que justifiquem a alteração do entendimento anteriormente adotado, ratifico a decisão monocrática. Saliento, por fim, que o enfrentamento das questões apontadas em grau de recurso, bem como a análise da legislação aplicável, são suficientes para prequestionar junto às instâncias superiores os dispositivos que as embasam. Deixo de aplicar os dispositivos legais tidos como aptos a obter pronunciamento jurisdicional diverso do que até aqui foi declinado. Dessa forma, evita-se a necessidade de oposição de embargos de declaração tão-somente para este fim, o que evidenciaria finalidade procrastinatória do recurso, passível de cominação de multa (artigo 538 do CPC). Ante o exposto, voto por dar provimento ao agravo de instrumento, nos termos da fundamentação. Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH Relatora Documento eletrônico assinado digitalmente por Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH, Relatora, conforme MP nº /2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico mediante o preenchimento do código verificador v2 e, se solicitado, do código CRC F5F77BC5. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): LUCIANE AMARAL CORREA MUNCH:55

6 Nº de Série do 4435C180 Certificado: Data e Hora: 24/03/ :32:37 EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 23/03/2010 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /SC ORIGEM: SC RELATOR : Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH PRESIDENTE : LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH PROCURADOR : Dr(a) JANUÁRIO PALUDO AGRAVANTE ADVOGADO AGRAVADO : INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS - IBAMA : Procuradoria-Regional Federal da 4ª Região : LISAPLAST EMBALAGENS LTDA/ Certifico que este processo foi incluído na Pauta do dia 23/03/2010, na seqüência 93, disponibilizada no DE de 15/03/2010, da qual foi intimado(a) o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, a DEFENSORIA PÚBLICA e as demais PROCURADORIAS FEDERAIS. Certifico que o(a) 2ª TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU DAR PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RELATOR ACÓRDÃO VOTANTE(S) : Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH : Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH : Juiza Federal VÂNIA HACK DE ALMEIDA : Des. Federal OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA MARIA CECÍLIA DRESCH DA SILVEIRA Diretora de Secretaria Documento eletrônico assinado digitalmente por MARIA CECÍLIA DRESCH DA SILVEIRA, Diretora de Secretaria, conforme MP nº /2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP- Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico mediante o preenchimento do código verificador v1 e, se solicitado, do código CRC 6E8EE50B. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): MARIA CECILIA DRESCH DA SILVEIRA:10657

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